Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

17 junho 2011

ALGUMAS POUCAS LINHAS SOBRE A
GUITARRA E OS GUITARRISTAS - 07

John Leslie Montgomery, artisticamente Wes Montgomery, nasceu em Indianápolis, estado de Indiana, em 06/março/1925, vindo a falecer em sua terra natal no dia 15/junho/1968, com apenas 43 anos e em função de problemas cardíacos;
Foi autodidata na guitarra, começando somente com 19 anos após ouvir gravações de Charles Christian, mas desenvolveu-se muito, tecnicamente e em pouco tempo.
Nesse pouco tempo de auto-aprendizado conseguiu contrato para apresentação no “Club 440” de sua cidade, para depois tocar em diversas orquestras locais.
Junto com seus irmãos Buddy e Monk Montgomery formou o trio “The Montgomery Brothers”, atuando em clubes locais.
Foi contratado pelo vibrafonista Lionel Hampton para sua “Big Band”, atuando na mesma durante 02 anos (1948 a 1950), o que lhe valeu aprendizado contínuo em função das excursões pelos U.S.A. com o grupo de Hampton além, principalmente, do contato com músicos do porte de “Fats” Navarro, Charles Mingus e Milt Buckner.
Ficou conhecido pelos músicos como “Reverendo”, já que era completamente abstêmio e de comportamento severo.
Retornou à sua terra natal em função de seu apego à família e passou a tocar nos clubes à noite (“Missile Room” e “Turf Bar”), simultaneamente com seu trabalho diurno numa fábrica de peças de rádio, rotina que se prolongou por 06 anos, até 1956.
A atividade musical noturna sempre foi em trio com seus irmãos. ou em quinteto com o pianista Richie Crabtree e o baterista Bennie Barth.
Realizou para a etiqueta “World Pacific” dois LP’s com os “Mastersounds” e mais outra gravação com o título “The Montgomery Brothers Plus Fiver Others”
Atuando em 1959 no “Missile Room” despertou a atenção do grande saxofonista Julian “Cannonball” Adderley, que o recomendou à direção da gravadora Riverside (leia-se Orrin Keepnews).
Nesse mesmo 1959 e em outubro, Wes Montgomery grava seu primeiro disco ao lado de Melvin Rhyne no órgão e Paul Parker à bateria.
Seguidamente e em janeiro de 1980 na seleta companhia de Tommy Flanagan (o grande pianista que durante tanto tempo acompanhou Ella Fitzgerald), Percy Heath (baixista que integrou durante muitos anos o “MJQ” = Modern Jazz Quartet) e Albert “Tootie” Heath (baterista e irmão mais jovem dos “Heath Brothers”), Wes Montgomery grava um dos mais emblemáticos discos de JAZZ, “The Incredible Jazz Guitar Of Wes Montgomery”, grande sucesso de público e de crítica, que lhe valeu uma série de vitórias em concursos das publicações especializadas: “Down Beat’s New Star”, “Metronome Guitar Award”, “Playboy”, “Time”, “Newsweek” e, pela “Billboard”, como o músico mais promissor do ano.
Tornou-se, assim, o guitarrista mais importante e influente dos anos 60 do século XX, excursionando por todos os U.S.A. e pelo exterior
Wes Montgomery desenvolveu uma técnica singular e pessoal, em que utilizava exclusivamente o polegar da mão direita para tocar as cordas. O polegar possuía incrível mobilidade gerando som de pureza admirável, entre o da guitarra acústica e o da amplificada eletricamente.
O fraseado melódico era muito bem equilibrado, alternando frases em “single notes”, em acordes e em oitavas, com absoluto domínio do tempo e da velocidade, precisão rítmica e perfeito sentido harmônico.
Wes Montgomery gravou com dezenas de músicos de JAZZ da mais alta categoria, podendo citar-se com exemplos: Julian “Cannonball” Adderley e seu irmão Nat Adderley (trumpetista), Harold Land (sax.alto), Vic Feldman (multi-instrumentista), Ray Brown (contrabaixo), com os pianistas Bobby Timons, Hank Jones, George Shearing, Wynton Kelly e Herbie Hancock, Jimmy Smith (organista) e tantos outros.
Infelizmente deixou-nos com 43 anos e em 1968.
Entre as muitas gravações de Wes Montgomery podemos elencar:
· The Incredible Jazz Guitar Of Wes Montgomery;
· Finger Pickin’ (com seus irmãos);
· Hymn For Carl;
· Round’ Midnight;
· Delilah;
· Full House;
· Four On Six;
· James And Wes.
Mesmo tendo uma filmografia relativamente alentada (considerando ter começado tarde na guitarra e falecido cedo), o documento em que mais se pode apreciar a musicalidade, o “feeling” e a técnica de Wes Montgomery, é o DVD da coleção “Jazz Icons” sob o título “Wes Montgomery Live In ‘65”. São apresentações na Holanda, na Bélgica e na Inglaterra, com um total de 14 temas e mais um encarte com excelentes notas (da autoria do guitarrista Pat Metheny) e bom material fotográfico.
Essa gravação na Holanda é importante por mostrar Wes Montgomery instruindo os músicos do trio local, o que surpreende em um músico que nunca “leu música”.
Em VHS temos Montgomery na 2ª parte da série “JAZZ Hero’s”, um senhor documento (essa série inclui [1] Dizzy Gillespie, [2] Wes Montgomery, [3] Gerry Mulligan, [4] John Coltrane, [5] Thelonius Monk e [6] Ella Fitzgerald).
Podemos ainda contemplar Montgomery nos DVD’s indicados a seguir (“EFORFILMS”, série “Jazz Shots From...) e que contem “takes” de diversos músicos de JAZZ:
(a) JAZZ Shots From The West Coast - Volume 1
Art Pepper, Chet Baker, Zoot Sims, Phineas Newborn Jr., Toshiko Akiyoshi & Lew Tabackin Big Band, Shelly Manne, Wes Montgomery;
(b) JAZZ Shots From The West Coast - Volume2
Wes Montgomery, Gerry Mulligan, Shorty Rogers, Paul Desmond, Lester Young, Teddy Edwards.

Retornaremos à guitarra e aos guitarristas em próximo artigo

9 comentários:

MARIO JORGE JACQUES disse...

Grande Mestre Apóstolo, realmente Wes é sensacional sua técnica diferente produz harmonizações sensacionais.
Há meses atrás estava na cidade de Tiradentes e à noite num barzinho um guitarrista se apresentava e o estilo de tocar era muito parecido com Wes, executava hits da bossa nova, deu uma parada e me dirigi a êle e perguntei se conhecia Wes Montgomery. O cara deu um pulo da cadeira e me pergunta logo como eu sabia do Wes e vai por aí mantivemos um grande papo. Uma pessoa bastante humilde e fiz uns CDs do Wes e também alguma coisa do Bola 7 que às vezes lembrava um pouco e não conhecia.
É isso aí, bela resenha.
Abraços
Mario Jorge

Anônimo disse...

Mestre Apóstolo,
não estava vendo a hora de você chegar ao Wes. É meu preferido dentre todos, anteriores ou posteriores (e olhe que, como já disse aqui em algum lugar, antes de vc. se integrara ao grupo, se eu tivesse um país, pediria ao Metheny para compor e executar o hino).

Tenho um CD dele, chamado de "FUSION! Wes Montgomery with Strings" pouco divulgado, mas um 4 estrelas do AMD, cuja audição é quase que semanal. Entrou num carrossel de 51 CDs que tenho, para NUNCA MAIS sair.

Acho que para os jazzófilos de carteirinha a palavra "fusion" deve ter tido um efeito reverso, afastando-os. Se por acaso não o tiver na cdteca, ficarei feliz de gravar uma cópia e enviar pro seu endereço.

Vale cada nota.

Forte abraço.

MauNah

(p.s.: a série está empolgante!)

MARIO JORGE JACQUES disse...

Caro MauNah o CD está devidamente identificado e baixado e será objeto de um PODCAST, fui na dica ainda não ouví todo, mas realmente parece muito bom.
M Jorge

Érico Cordeiro disse...

Mestre Apóstolo, como sempre dando uma excelente visão sobre a vida e a obra de um dos maiores monstros do jazz!
Gosto bastante do Wes e a influência dele á visível até os dias de hoje. Pat Metheny, Emily Remler, Georege Benson, Jimmy Bruno, Pat Martino - apenas para citar alguns dos muitos guitarristas que ele influenciou.
O disco Fusion, que não conheço, já está na listinha (e o Ximo Tebar também).
Abração e obrigado por partilhar esse conhecimento enciclopédico conosco.

APÓSTOLO disse...

Prezados MauNah, Mário Jorge e Érico:

Em primeiro lugar e mesmo pouco divulgado o "Fusion" é coisa de gente grande; se não o citei, falhei, já que é uma das pérolas de Wes (entre tantas). Fica a indicação para todos os que não o possuem poderem completar uma CDteca indispensável.
Mais uma vez, prezado Major, a música é o ponto de encontro das mentes sensíveis; em Tiradentes, New York, Rio, São Paulo ou em qualquer lugar do mundo, Wes sempre vai pairar soberano !
Érico, "Fusion" é obrigatório e vai mostrar para você e para quem o ouvir, o impressionante domínio harmônico de Wes, o "Reverendo".
Grato pelos comentários.

Beto Kessel disse...

Mestre Apostolo,

Muito gostoso saber mais sobre este que foi um dos guitarristas mais geniais...

E uma delicia ouvir Wes Montgomery.

Obs. A proposito, falando de guitarra, coloquei como toque no meu celular o tema de Ricardo Silveira (Bom de tocar)...

Na verdade e Bom de Ouvir....

Beto Kessel

John Lester disse...

Que dedãp era aquele?

Excelente post Mestre Apóstolo. Aguardamos os próximos!

Grande abraço, JL.

John Lester disse...

Digo, dedão.

APÓSTOLO disse...

Prezado JOHN LESTER:

Mesmo sem "escola de música", o "Reverendo" sabia tudo e criou técnica pessoal.
Grato pela visita e coméntário e sou,como sempre, seguidor de seu "blog" que nos traz material de qualidade e excepcionais recomendações viti-viníferas.