Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

O AMADOR QUE VIRA PROFISSIONAL

28 maio 2011

O bom amador, que decide em algum momento dar à sua arte um sentido profissional, sabe que vai ter que se defrontar com um “mercado de trabalho”. Assim sendo, ele sabe que po-derá no curso da atividade ter que “quebrar barreiras e/ou preconceitos”, para sua sobrevi-vência pessoal, através do que irá faze-lo sujeito aos “ossos do ofício”. Por este motivo, ele sabe que por razão de profissionalismo – em alguns casos – terá que defrontar-se com a falta de predileções e conveniências, de estilo ou ambiente.
Imagine-se, numa noite tocando jazz – que você tem prazer e executa – em um “night club”de boa qualidade de freqüência, em que as pessoas foram ali para ouvi-lo, mas sabendo que na manhã do dia seguinte terá que entrar num estúdio para gravar um “gingle” para venda de um produto popular qualquer, onde o período estimado de tempo da gravação possa não ser tão rígido e, à noite deste dia seguinte, terá que viajar para local distante para tocar cha-cha-cha, em uma “provável espelunca”. Poderá ter que ficar hospedado de forma, às vezes, inconveniente. e, ainda ter depois que ir fazer parte do acompanhamento musical num programa de calouros de auditório.
Isto faz parte da estrada, enquanto seu nome não vai para o “gaslight”, onde a imagem aci-ma produzida não é de todo fictícia e, em assim ocorrendo, muitos poderiam até sentir-se com grande satisfação, porque o pior é quando não aparece o trabalho, as contas à pagar não podem esperar e, os patrocinadores do“musical entertainment” tornam-se escassos.
Então, a força de vontade, necessidade e o amor à arte, tentam romper todos os obstáculos e, as superações ocorrem quando, o show deve continuar.
Tivemos a oportunidade, em certa época, de acompanhar o profissionalismo de dois grandes confrades ligados à “nobre arte do jazz”, de saudosa memória, que infelizmente já nos dei-xaram.
Refiro-me a José Santa Rosa e a Eloir de Moraes. O primeiro, um excelente contrabaixista e, o segundo bom baterista. Ambos ligados à arte do jazz amador e que ao longo do tempo profissionalizaram-se e, que aqui rendemos nossas homenagens pelos bons momentos jazzísticos por eles proporcionados, de formas amadorística e profissionalmente, enquanto estiveram em nosso convívio.

2 comentários:

APÓSTOLO disse...

Prezado NELSON:

Excelente retrato da transição "amadora" (espeluncas e tocar-qualquer-coisa) para a "profissional".
Bela lembrança e homenagem de/para 02 músicos que nos encantaram e viveram essa transição, com todas as barreiras possíveis.

José Domingos Raffaelli disse...

Prezado Nelson,

Felicito-o por integrar-se ao CJUB e por sua estréia relembrando Santa Rosa e o extraordinário Eloir de Moraes. Conheci ambos muito bem, ouvindo-os tocar e convivendo com eles em várias ocasiões. Ambos foram seres humanos hors concours, em todos os sentidos.

Sobre Eloir, sempre alegre e disposto a uma piada, contarei três episódios gozadíssimos que ocorreram por conta de sua personalidade volátil e despojada, sempre deixando-nos rir com suas tiradas.

1) Quando a cantora Nancy Wilson veio nos anos 60, seu trio era integrado por Duke Pearson, Reginald Workman e Mickey Roker.

Numa tarde alguns músicos levaram o trio para conhecer o centro da cidade, parando nos Arcos da Lapa. Duke Pearson ficou encantado com o local e com o bondinho lá em cima, manifestando o desejo de viajar nele. Incorporados, todos se aboletaram no bondinho e fizeram aquela viagem na maior alegria. Empolgadíssimo, Duke registrou tudo com sua filmadora e na volta da viagem perguntou a Eloir como chamava-se o bondinho, o que respondeu com seu habitual sorriso: BONDE AMARELO. Duke pediu que escrevesse o nome em português; gozador inveterado, Eloir escreveu: "BUNDA AMARELA". Voltando a New York, Duke Pearson gravou o LP "The Phantom", para a Blue Note, e lá consta a faixa-homenagem ao bondinho: "BUNDA AMERELA - Little Yelow Street Car". Pode conferir isso.

2) O baterista Elvin Jones tocou no Rio em novembro de 1973 e Eloir aprontou outra das suas. Há uma pequena rua no centro do Rio chamada Rua da Ajuda (cerca de 50 metros, se tanto), que liga a Av. Rio Branco à Nilo Peçanha. Naquela época, aquela rua chamava-se RUA MELVIN JONES e Eloir não fez por menos. Deu-se ao trabalho de raspar o nome MELVIN das duas placas da rua e levou Elvin Jones para conhecer "a rua em sua homenagem". Elvin não ficou apenas surpreso, mas muito emocionado, manifestando o desejo de agradecer ao prefeito do Rio pela homenagem. Foi um custo Eloir fazê-lo desistir da idéia, alegando que o prefeito estava fora da cidade....

3) O baixista Edson Lobo reunia semanalmente no Teatro Tereza Raquel vários músicos que eram evangélicos como ele, tocando música brasileira de qualidade. Entre outros, tocavam João Donato, Paulinho Trompete e Hélio Delmiro. Uma noite Edson anunciou "hoje teremos um dos mais conhecidos músicos brasileiros que conheceu Jesus recentemente: o baterista Eloir de Moraes". Alegre e sorridente como sempre, Eloir entrou acenando com entusiasmo e gritando: "Aleluia, irmãos"! Poucos vezes eu ri tanto....

Keep swinging,
Raffaelli