Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

COLUNA DO LOC

19 maio 2011

JB, Caderno B, 15 de maiio
por Luiz Orlando Carneiro

Os jazzófilos cariocas, afinal, foram contemplados pelos organizadores do novo BMW Jazz Festival – leia-se Dueto Produções, de Monique Gardenberg. As duas maiores atrações do festival – previsto, inicialmente, apenas para São Paulo (Auditório do Ibirapuera, 10, 11 e 12 do próximo mês) – vão se apresentar também no Rio, no Teatro Oi Casa Grande, na noite do dia 13, uma segunda-feira. São eles os saxofonistas Wayne Shorter, 77 anos, e Joshua Redman, 42, expoentes das gerações que começaram a brilhar na cena jazzística, respectivamente, no alvorecer das décadas de 60 e 90.
No dia 14, com vistas a um público mais eclético, o palco do Casa Grande vai receber também a vocalista funk-soul Sharon Jones, à frente da banda Dap-Kings, e o baxista elétrico Marcus Miller, num tributo ao Miles Davis fusionista de Tutu (circa 1968) com a anunciada colaboração de Sean Jones, jovem estrela de primeira grandeza do trompete. Só tocam em São Paulo: O conjunto do saxofonista tenor Billy Harper; o tradicional grupo vocal gospel The Zion Harmonizers, de Nova Orleans; o trio (jazzístico) do refinado pianista norueguês Tord Gustavsen; o quarteto (jazzístico,de tempero mediterrâneo) do contrabaixista catalão Renaud Garcia-Fons, com o acordeonista David Venitucci; a Orkestra Rumpilezz, de raiz afro-brasileira, liderada pelo saxofonista Letieres Leite. Em setembro do ano passado, o público do 9º Festival Tudo é Jazz, em Ouro Preto, foi unânime em atestar (ou confirmar) que Joshua Redman – filho do também saxofonista Dewey, que foi sócio de Ornette Coleman – integra o triunvirato dos grandes do sax tenor em ação, ao lado de Wayne Shorter e Joe Lovano (Sonny Rollins, 80 anos, é hors-concours). Joshua não vem com a sua mais nova formação, o tão falado quarteto James Farm – grupo cooperativo que, além do “J” do saxofonista, tem o “A” de Aaron Parks (piano), o “M” de Matt Penman (baixo) e o “E” de Eric Harland (bateria). Ele vem com os também notáveis Reuben Rogers (baixo) e Gregory Hutchinson (bateria), que atuaram no ótimo álbum Compass (Nonesuch), de 2008, no qual interpretam nove composições do líder e um pequeno divertimento, Moonlight, inspirado na Sonata ao luar, de Beethoven.
O melhor grupo de jazz dos últimos anos é o quarteto de Wayne Shorter (saxes tenor e soprano), que adotou, em 2001, o nome de Footprints – peça antológica escrita por Shorter parao álbum Miles smiles (1966), de Miles Davis. Esse combo reinventa de modo free, num clima harmônico pantonal e polirrítmico
– mas com inigualável fluência interativa – temas do líder, preferencialmente. Mas também de Sibelius, de Mendelssohn e até de Villa-Lobos, dependendo do que Shorter combina, na hora, com seus comparsas, os eminentes Danilo Perez (piano), John Patitucci (baixo) e, agora, a mestre-baterista Terri Lyne Carrington (no lugar de Brian Blade). Infelizmente, os jazzófilos cariocas não terão a oportunidade de ouvir, ao vivo, o axofonista Billy Harper, 68 anos, um dos mais underrated músicos da geração pós-Coltrane, e que teve uma espécie de relançamento, nos últimos dois anos, graças a dois álbuns do trompetista David Weiss e do seu conjunto The Cookers. Coincidentemente, na edição de junho da Jazz Times,Harper é a personagem da seção Overdue ovation (Ovação mais do que devida), onde é louvado por Weiss como o “único saxofonista vivo” capaz de ombrear, no palco, com Sonny Rollins e Wayne Shorter.