Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

COLUNA DO LOC

03 maio 2011


JB, Caderno B, 1 de maio
por Luiz orlando Carneiro

Filho de pai jamaicano e mãe natural de Trinidad, Talid Kibwe nasceu no Bronx, New York, há 57 anos. Como o seu nome era de pronúncia e lembrança difíceis, ele adotou o nome artístico de T.K. Blue quando começou a gravar como líder para o selo Arkadia (Another blue, 1998; Eyes of the elders, 2000). T.K. já tinha se destacado, como saxofonista (alto), flautista e “diretor musical” do jazz giant Randy Weston, em dois discos excepcionais do pianista- compositor para a Antilles/ Verve, em colaboração com a arranjadora Melba Liston: The spirit of our ancestors, 1991, e Volcano blues, 1993. Depois de parecer, novamente, no African Rhythms Sextet de mestre Weston no festejado álbum The storyteller (Motéma, gravado em dezembro de 2009, no Dizzy’s Club), T.K vem de lançar, para a mesma etiqueta, o atraente CD Latin Bird.
Como está claro no título, trata-se de um tributo à temática bebop de Charlie Bird Parker (1920-55), com o aquecimento rítmico caribenho por conta dos percussionistas Roland Guerrero e Willie Martinez, que circundam o baterista-âncora Lewis Nash e o baixista Essiet Okon Essiet. O pianista Theo Hill atua em 10 das 11 faixas, e Steve Turre (trombone e búzios) é o convidado especial em três. Das nove peças de Parker escolhidas e arranjadas por T.K, cinco são ícones constantes das históricas matrizes Savoy (1945-48): Blue bird (6m18), Barbados (4m), Stee plechase (4m), Donna Lee (4m48) e Parker’s mood– esta retocada (mas com o tema original mantido), e listada como de autoria de Blue como Moods of Parker (4m30). As outras quatro do Bird são Chi chi (5m), com o arranjocalcado no de Lee Konitz para o seu noneto dos anos 70; Si si (4m36), cujo tema é tocado a capella pelo sax alto, e logo animadamente desenvolvido num groove de montuno; Visa (4m28), com solo-introdução do baixo de Esset e participação exuberante do líder, de Hill, e da dupla Martinez-Guerre; Buzzy (3m36), a única faixa em que o líder apela para um overdub (três saxes), na apresentação do tema. Há duas peças em Latin Bird que não têm tempero “latino”: Round about midnght (7m55), de Thelonious Monk, interpretada por T.K, Hill e Esset, sem instrumentos de percussão; He flew away to soon (2m35), um sentido tributo solitário do saxofonista- líder ao trombonista Benny Powell, seu velho companheiro no sexteto de Randy Weston, e que morreu, aos 80 anos, em junho do ano passado, seis meses depois daquele concerto gravado no Dizzy’s, acima mencionado.
Vale a pena lembrar que Charlie Parker não foi infenso à onda afrocubana que seduziu, principalmente, Dizzy Gillespie, o outro grande founding father do bebop. Em dezembro de 1950, Bird participou da orquestra do percussionista Machito, que gravou a Afro-Cuban Jazz suite, de Chico O’Farrill. Paralelamente, ele fez, para o produtor Norman Granz, registros, em quinteto, da temática latina (La cucaracha, Tico tico, Begin the beguine, La Paloma, constantes do LP South of the border, Verve).
Além do mais, composições de Parker como Barbados e Visa já nasceram com aquela Spanish tinge a que já se referia Jelly Roll Morton (1890-1941).

Nenhum comentário: