Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

COLUNA DO LOC

19 abril 2011

JB, Caderno B, 16 de abril
por Luiz Orlando Carneiro

A gravadora Impulse! (o ponto de exclamação é parte da logomarca) nasceu há 50 anos, com a proposta de documentar a “new wave (nova onda) do jazz”. E cumpriu a missão de maneira notável, a  começar pelo núcleo da obra revolucionária de John Coltrane – de Africa/Brass a Interstellar space, passando pelas sessões ao vivo do Village Vanguard e pela inefável suíte A love supreme.
E também ao registrar obras-primas de Charles Mingus (The black saint and the sinner lady, Mingus Mingus Mingus), de Archie Shepp (Fire music,Mama too tight) e de Albert Ayler (Live in Greenwich Village). Mas a etiqueta fundada por Creed Taylor como um ramo da ABC-Paramount (hoje parte do Grupo Verve) não se destacou, apenas, por ser A casa que Coltrane construiu (tradução do título do livro de Ashley Kahn sobre a Impulse, de 2006) e repositório de marcos do jazz de vanguarda. Seu catálogo é um tesouro de joias de artistas tão diferentes como Gil Evans, Ray Charles, Jay Jay Johnson, Oliver Nelson e Sonny Rollins. Por tudo isso, a Verve está lançando uma edição de luxo intitulada First Impulse: The Creed Taylor collection/ 50th.  Anniversary.  São quatro CDs que contêm os seis primeiros discos gravados pelo selo cor de laranja, entre os dois últimos meses de 1960 e junho de 1961: The great Kai e JJ; The incredible Kai Winding trombones; Ray Charles: Genius + soul=jazz; Gil Evans Orchestra: Out of the cool;Oliver Nelson: The blues and the abstract truth; Africa/Brass, do quarteto de John Coltrane e orquestra conduzida por Eric Dolphy.
Os dois primeiros álbuns são registros dos grandes trombonistas J.J. Johnson e Kai Winding no auge de suas carreiras, mas não são obrigatórios numa antologia tipo os 100 melhores discos de jazz de todos os tempos. Os de Ray Charles, Evans, Nelson e Coltrane-Dolphy entram, sem dúvida, nessa lista.
Meio século depois, vale a pena reapreciar o disco mais jazzístico de Ray Charles (piano, órgão e vocal em apenas três faixas), liderando a admirável big band de Count Basie (a do Segundo Testamento), em arranjos de Quincy Jones e Ralph Burns. E o que dizer de Stolen moments, Butch and Butch e das outras quatro peças do saxofonista- compositor Oliver Nelson (1932-75) por ele interpretadas em The blues and the abstract truth, ao lado de Eric Dolphy, Bill Evans, Freddie Hubbard, Paul Chambers e Roy Haynes? Pura beleza, “a joy forever”, como diria Keats. A mesma beleza que emana da escrita impressionista-pantonal de Gil Evans para a sua orquestra, nas cinco partes de Out of the cool, com realce para o lírico trompete de Johnny Coles (1926-97) em La nevada e Stratusphunk – esta uma composição bluesy de George Russell. Finalmente, Africa/Brass – álbum que inclui Africa (16m25), Blues minor (7m20) e Greensle - eves (9m55). O quarteto de Coltrane (saxes tenor e soprano), com McCoy Tyner (piano), Elvin Jones (bateria) e Reggie Workman (baixo) – reforçado pelo baixo de Art Davis nas duas primeiras peças – atua em meio à espessa e misteriosa sonoridade produzida pelos metais (nada menos de quatro trompas) e um pouco das palhetas do orquestrador Eric Dolphy.
Na edição dos 50 anos da Impulse, há ainda três faixas inéditas gravadas nessas sessões de maio/junho de 1961.

Um comentário:

pedrocardoso@grupolet.com disse...

Prezado LOC:

Ave IMPULSE !
Feliz texto que nos remete a uma "instituição" dourada, que CREED TAYLOR criou para nos legar tantas jóias.
O catálogo da gravadora é uma viagem de pura beleza.