Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

27 abril 2011

ALGUMAS POUCAS LINHAS SOBRE A
GUITARRA E OS GUITARRISTAS - 02



Entre os muitos guitarristas “chefes-de-escola” que podemos destacar no JAZZ, sem dúvida o norte-americano BARNEY KESSEL (nascido em Muskogee/Oklahoma em 17/outubro/1923 e falecido aos 80 anos, vítima de tumor cerebral, em San Diego/Califórnia no dia 06/maio/2004) merece menção especial, por diversos motivos:
- 05 (cinco) décadas de guitarra dedicada ao JAZZ (e ainda assim incursionando vez ou outra pelos mais diversos gêneros, como para o musical “Hair”, no “rock” com “One Mint Julep” e em “Yesterday” de Lennon/McCartney’ número este executado com músicos ingleses no Festival de Jazz de Montreux de 1973);
- acompanhante e solista tecnicamente superior e bem dotado, com excepcionais e personalíssimas características; como solista é um improvisador melódico inventivo, rigoroso, elegante e com claro sentimento do “blues”, enquanto que como acompanhante é soberbo pelo domínio dos acordes;
- titular ou “sideman” que alinhou ao lado de todos os músicos expoentes do JAZZ;
- discípulo direto do “modelo Charlie Christian” quanto às concepções musicais deste, que elevou a novos patamares de excelência;
- fraseado fluido com impecável articulação dentro da estética “bebop”, da qual herdou sólido domínio harmônico.



Desde os 12 anos de idade vendia jornais para poder comprar sua primeira guitarra, com a qual iniciou seu aprendizado, como auto-didata.



Aos 15 anos “debutou” em um conjunto de Muskogee, onde foi criando reputação até que em 1939 foi ouvido por Charlie Christian, de passagem pela cidade de Oklahoma visitando os pais.



Mudou-se para Hollywood, trabalhou lavando pratos e em diversos empregos, até ser contratado para a orquestra dirigida por Ben Pollack em 1943.



Foi para Los Angeles e participou em 1944 do clássico documentário “Jammin’ The Blues” junto a Lester Young, Harry “Sweets” Edison, Illinois Jacquet, Jo Jones, Red Callender e outros.



Seguidamente integrou nos anos 1945/1946 as “big bands” de Charlie Barnet, Artie Shaw, Benny Goodman, Hal McIntyre e Shorty Rogers, trabalhou para emissoras de rádio e para estúdios de gravação até, finalmente, ser convidado em 1947 pelo produtor Norman Granz para fazer parte dos concertos “JATP = Jazz At The Philharmonic" (criados por Granz, também fundador dos selos Verve, Pablo e Norgran).





É nesse contexto dos “JATP” que BARNEY KESSEL conheceu Charlie Parker, com quem gravou para o selo Dial em 26/fevereiro/1947 (Estúdio C.P.McGregor, Hollywood); foram 12 faixas em que perfilaram, ao lado de Parker e BARNEY, Howard McGhee/trumpete, Wardell Gray/tenor em sua única gravação com Parker, Dodo Marmarosa/piano, Red Callender/baixo e Don Lamond/bateria.



Importante abrir parênteses para lembrar que em 1952 BARNEY KESSEL voltou a participar de gravação com Charlie Parker, nessa ocasião para o selo Verve de Norman Granz, em histórica sessão da qual participaram, além de Parker e de BARNEY, os saxofonistas-alto Benny Carter e Johnny Hodges, os tenores Joe “Flip” Phillips e Ben Webster, o trumpetista Charlie Shavers e, completando a seção rítmica com BARNEY, Oscar Peterson/piano, Ray Brown/contrabaixo e J.C.Heard/bateria.





Em pouco mais de 01(uma) hora de registros gravados, essa seleção de craques eternizou “Jam Blues”, “What is This Thing Called Love ?”, “Medley” e “Funky Blues”.



Além das gravações (distribuídas originalmente pelo selo “Clef Records”, “Jam Session Parts 1, 2, 3 e 4” e mais tarde incorporadas ao CD nº 8 do estojo “The Complete Charlie Parker On Verve”), essa sessão de 1952 foi total e magnificamente fotografada por Esther Bubley, gerando material para o luxuoso livro lançado somente em 1995 com o título de “Charlie Parker”; uma obra prima em P&B !



BARNEY KESSELL substituiu Irving Ashby no trio do pianista Oscar Peterson.



Durante anos seguidos foi o vencedor das enquetes de crítica e de público das revistas americanas e internacionais especializadas = Metronome, Down Beat, Esquire, Playboy, Melody Maker e outras.



Como exemplos dessas enquetes, BARNEY foi o segundo mais votado pelos leitores da “Down Beat” em 1955 para, no mesmo ano, ser o primeiro na “Melody Maker”(Inglaterra) e na “Jazz Echo”(alemã).



Em enquete realizada entre os músicos pelo crítico Leonard Feather em 1956, destinada a que escolhessem seus preferidos nos diversos instrumentos, BARNEY KESSELL foi escolhido como o melhor por Georgie Auld, Nat “King” Cole, Jimmy Dorsey, Herb Ellis, Maynard Ferguson, Oscar Peterson, André Previn e Bud Shank.



Foi eleito como o melhor guitarrista nas enquetes da revista “Down Beat”, pelos leitores em 1959 e pelos críticos em 1960 e, neste mesmo ano de 1960, pelos leitores da “Metronome” e pelos leitores da “Melody Maker” e da “Jazz Hot”.



Em 1960 foi eleito como melhor guitarrista na primeira enquete de leitores do “Swing Journal” (publicação mensal japonesa com cerca de 350 a 400 páginas).



BARNEY KESSELL foi escolhido pelos leitores da “Playboy” como melhor guitarrista nos anos de 1960, 1961 e 1962.



Ao lado de Ray Brown e de Shelly Manne gravou 04 magníficos álbuns, sob o título de “Poll Winners”.



Em 1955 como acompanhante e ao lado do baixista Ray Leatherwwod, gravou com a estonteante cantora Julie London no album “Julie Is Her Name”, sucesso de vendas, inclusive no Brasil onde inaugurou verdadeiro culto à cantora, a partir do hoje clássico de Arthur Hamilton “Cry Me A River”.



Em 1958 foi lançado o álbum “Julie Is her Name – Vol. II”, desta feita sem BARNEY KESSEL (Howard Roberts / guitarra e Red Mitchell / baixo).



O escritor Ruy Castro dedicou, em artigo jornalístico de 10/maio/1977, mais tarde reproduzido em seu livro “Tempestade de Ritmos” (“Companhia das Letras”, Brasil, 2007, 415 páginas), extenso artigo sobre Julie London (no livro com 05 páginas), claro que citando BARNEY KESSELL no acompanhamento.



Ressalte-se que BARNEY acompanhou outras cantoras, do nível de Billie Holiday e Kay Starr.



Passou anos seguidos nos estúdios de Hollywood orquestrando e participando de trilhas sonoras para filmes, até retornar ao contexto jazzístico em 1974 com outros 02 guitarristas “top”: Herb Ellis e Charlie Byrd (que serão foco de futuros artigos para a presente série), criando os “Great Guitars”.



Em 1981 gravou para a etiqueta “Concord Jazz”, simultaneamente com suas atividades de professor de guitarra, escritor de método para guitarra e organizador e apresentador de seminários nos U.S.A. e por todo o mundo.



BARNEY KESSEL foi músico seminal no panorama da guitarra do JAZZ, tendo oportunidade de figurar ao lado da maior parte dos “grandes”: Louis Armstrong, Nat “King” Cole, Charlie Parker, Roy Eldridge, Woody Herman, Ben Webster, Red Mitchell, Buddy DeFranco, Georgie Auld e tantos e tantos outros.



Entre suas felizmente inúmeras gravações, é importante destacar a realizada em 1969, ladeando Stéphane Grappelli” e sob o título “I Remember Django”.



A figura física de BARNEY KESSELL é plural, dado que ao longo dos anos nós o contemplamos ora de óculos como um estudante universitário americano, ora sem óculos, ora com bigode e barba, ora sem tais adornos faciais, em algumas ocasiões de jeans, em outras de traje social, muitas vezes de paletó xadrez sobressaindo sobre calça negra, em certas fotos com fisionomia muito séria, enquanto que em outras com largo sorriso aberto, enfim, uma coleção de posturas físicas distintas.



Além de figurar obrigatoriamente em todos os livros de caráter geral e compêndios sobre JAZZ, BARNEY KESSELL consta com destaque no “The Jazz Guitar – It’s Evolution And Its Players” de Maurice J. Summerfield (“Ashley Mark Publishing Co.”, Inglaterra, 1978, 239 páginas).



Como titular ou “sideman”, BARNEY KESSELL gravou profusamente, mas indicamos alguns poucos clássicos desse guitarrista, a saber:
- “Tenderly”, 1952, com Oscar Peterson;
- “Lullaby Of Birdland”, 1953;
- “Barney’s Blues”, 1954;
- “Jordu”, 1957;
- “Carmen”, 1958;
- “Autumn Leaves”, 1958;
- “Minor Mistery”, 1959;
- “I Remember Django”, 1969, com Stéphane Grappelli;
- “Friends”, 1973;
e dezenas de outros.



Para desfrutar da arte de BARNEY KESSELL basta acessar o “Youtube” e assistí-lo em “Misty”, “Cherokee”, “Autumn leaves”, “Just Friendes” e tantos outros.



No Brasil e em edição nacional a “MPO Vídeo” distribuiu, em VHS e dentro da série “O Melhor do Jazz” (que conta com títulos de “Bill Evans”, “Dexter Gordon”, “Chet Baker”, “Phil Woods” etc), o vídeo “Great Guitars”, em que BARNEY KESSELL apresenta-se ao lado de Herb Ellis e de Charlie Byrd, em clássicos como “Outer Drive”, “Favela”, Tangerine”, “Alfie”, “The Days Of Wine And Roses”, “On Green Dolphin Street”, “Meditation” e outros.



Nesse filme é importante comparar as diferenças de estilo entre os 03 guitarristas, cada um com sua maestria



Retornaremos à guitarra e aos guitarristas no próximo artigo desta série (03)


10 comentários:

Beto Kessel disse...

Caro Apostolo,

Ja tinha lido textos diversos sobre Barney Kessel, mas este foi conclusivo...

Barney foi um grande guitarrista e tenho um grande prazer de ter o mesmo sobrenome dele. Quem sabe nao tenho algum parentesco distante com a turma de Oklahoma.

A gravacao de cry me a river com Julie London no album Julie is her name e sempre citada pela garotada dos anos 60 (Baden Powell , Roberto menescal, Eumir deodato e tantos outros)como um daqueles discos de vinil que furavam de tanto serem tocados.

Barney, Wes e Joe Pass sao meus favoritos.

Abracos,

Beto Kessel

pedrocardoso@grupolet.com disse...

Prezado Beto KESSEL:

Chegaremos a Wes e Pass proximamente.
Caso sua "árvore genealógica" tenha raízes em Barney, com certeza isso terá influenciado suas preferências jazzísticas.
Abraços.

MauNah disse...

Mestre Apóstolo,
vai ter uma passadinha pelo mago Toots Thielemans também?
Abração

pedrocardoso@grupolet.com disse...

Prezado MauNah:

Honestamente nas primeiras pouco mais de 03 dezenas, não tinha me ocorrido Toots, em função de seu "instrumento principal".
Mas terei que considerá-lo.
Grato ! ! !

pedrocardoso@grupolet.com disse...

Em tempo:

Em função da correção para postagens, onde aparecia minha assinatura como "apóstolo", agora passei a ser "grupolet".
Coisas de minha desinformatização...

MARIO JORGE JACQUES disse...

Excelente resenha, Barney é realmente um dos maiores guitarristas. A lista é longa aguardemos os outros.
Mario Jorge

Guzz disse...

salve mestre Apostolo !
maravilha de biografia de um dos gigantes da guitarra no jazz

abs,

renajazz disse...

sobre barney kessell gostaria de incluir um disco mas moderno gravado em 1987 SPONTANEUS COMBUSTION gravado em quarteto com trio do exelentíssimo pianista MONTY ALEXANDER ,JOHN CLAYTON. JEFF HAMILTON

pedrocardoso@grupolet.com disse...

Prezado RENAJAZZ:

Com certeza o "Spontaneous Combustion" (selo Contenporary) é gravação da mais alta qualidade, mais uma com a participação de Barney Kessell que poderia ter sido citada.
Grato !

renajazz disse...

caro pedro eu sou o renato te conheço da AND estou ouvindo este guitarrista que descobri num sebo chamado JOE COHN gostei muito deste cd eu realmente não conhecia

http://www.mediafire.com/?576akp05lzcs1lk
forte abraço e tenha um bpm domingo