Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

COLUNA DO LOC

12 julho 2010

JB, Caderno B, 11 de julho
por Luiz Orlando Carneiro

O piano de Moran

OS JAZZÓFILOS do eixo Rio-São Paulo ficaram deslumbrados, em 2003, no finado Chivas Festival, com o piano de Jason Moran, então com 28 anos, na proa do trio Bandwagon, interagindo vertiginosamente com os vorazes Nasheet Waits (bateria) e Tarus Mateen (baixo elétrico). Os mais entusiasmados encomendaram logo o disco-cartão de visita do trio, gravado em novembro de 2002, no Village Vanguard, pela Blue Note. E tiveram outras duas oportunidades de apreciar, ao vivo, a arte do mais bem dotado e criativo pianista da geração nascida na década de 70: no 5º Festival Tudo é Jazz (Ouro Preto), em 2006, com o mesmo trio; em maio último, no 3º Bridgestone Music Festival (São Paulo), como integrante do quarteto cooperativo Overtone, ao lado de Dave Holland (baixo), Chris Potter (sax tenor) e Eric Harland (bateria). O irrequieto Moran teve ainda participação ativa em três excepcionais álbuns gravados nesta década: Ivey-divey (Blue Note, 2004), em trio com Don Byron (clarinete, sax tenor) e Jack DeJohnette (bateria); Rabo de nube (ECM, 2007), do quarteto do saxofonista Charles Lloyd; o recém-lançado Lost in a dream(ECM, 2009), ao lado de Paul Motian (bateria) e Chris Potter.

No último referendo anual dos críticos da Downbeat (agosto de 2009), ele foi o quarto pianista mais votado, atrás de Keith Jarrett e Hank Jones, mas à frente de Herbie Hancock e Brad Mehldau.

Isto posto, recomenda-se vivamente a audição do álbum Ten(Blue Note), comemorativo dos 10 anos de nascimento do Bandwagon. São ao todo 13 faixas, quatro das quais interpretações de peças de compositores nada ortodoxos que marcaram a formação de Moran: Crepuscule with Nellie(6m), de Thelonious Monk; To Bob Vatel of Paris (6m), do seu falecido professor Jacki Byard; e duas versões bem originais do Study nº 6, do singular e pouco conhecido Conlon Nancarrow (1912-97). O pianista-líder também não esqueceu um outro mestre – o hermético Andrew Hill, com o qual compôs Play to live (4m20).

Nas suas próprias composições, Moran promove – juntamente com seus comparsas – uma aventura musical que vai dos blues e do stride do Harlem aos clusters à la Cecil Taylor, passando pela assimetria monkiana, com ecos da batida do hip hop, e até efeitos sônicos pré-gravados. Tudo isso num todo orgânico, que começa no langoroso tema gospel de Blue blocks (4m35) e no arrebatador crescendo de RFK in the land of apartheid (4m10), e termina no stride futurista de Old babies (5m43), tendo como interlúdio o solo de Pas de deux (3m30).

As faixas podem ser ouvidas, na íntegra, em First listen, no site da NPR.

Nenhum comentário: