Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

A TABAJARA DE SEVERINO ARAUJO - UMA GLÓRIA NACIONAL

20 fevereiro 2010

Nas livrarias o livro de Carlos Coraúcci "Orquestra Tabajara de Severino Araujo - A Vida Musical da Eterna Big Band Brasileira".
Livro importante pelo que preserva da memória de uma "instituição" como a TABAJARA, com a qual todos os que vivemos pelo menos os anos 40, 50, 60 e 70 do século passado, tivemos o prazer de dançar, ouvir ao vivo, em programas radiofônicos, na televisão e em discos.
Particularmente mantenho o carinho de ter dançado com a TABAJARA em tantos bailes de formatura, inclusive da minha primeira.
A obra passeia pela história da banda paralelamente à da vida pessoal do Maestro, Músico, Arranjador e Líder SEVERINO ARAUJO, o que é absolutamente correto já que essas histórias se confundem.
Importante o resgate de "cenas" vividas por tantos e tantos músicos, artistas e radialistas dessa época de ouro da verdadeira música brasileira, hoje em dia tão aviltada por tanta mesmice e falta de qualidade.
O desfile de músicos que integraram a banda ao longo dos anos é precioso, relembrando-nos aqueles que foram muito mais que ótimos em seus instrumentos citando-se, sem descartar outros de igual calibre, o fenomenal ZÉ BODEGA.
Uma preciosa lembrança a do "tio" LAÉRCIO DE FREITAS assumindo o piano da banda nos anos 70.
Ao final do livro diversos apêndices historiam aspectos importantes da TABAJARA e de seu líder: relação dos músicos, dos crooners, discografia (78rpm, LPs, CDs) e arranjos de SEVERINO ARAUJO.
A obra repita-se, importante por retratar a TABAJARA e o Maestro SEVERINO ARAUJO, verdadeiros baluartes da qualidade musical, tem seu "senão" por conta do "duelo" entre a TABAJARA e a orquestra de TOMMY DORSEY no sábado 01/dezembro/1951. Nesse ponto o autor, possivelmente não tendo vivido o fato e baseado em "versões", foi incompleto quanto ao ocorrido, aos temas executados e suas sequências (sem trocadilho com o programa "Rádio Sequência G-3", que apresentou o tal "duelo" na inauguração do novo auditório da Rádio Tupí), assim como ao panorama total do ocorrido.
Basta comparar-se o texto do livro (páginas 93-95) com a "História do Jazz nº 25 = Tommy Dorsey x Severino Araujo" de mestre LULA, postada há tempos aqui no CJUB, da qual permitimo-nos transcrever o trecho a seguir.
"O espetáculo foi organizado da seguinte maneira: um personagem fantasiado de Zé Carioca e outro de Tio Sam eram os chefes das torcidas. Por trás das orquestras eram agitadas uma bandeira brasileira e outra americana.
Não me lembro a ordem exata, mas a banda de Dorsey executou, entre outros, os temas “Well Git It”, “On The Sunny Side Of The Street”, “Diane”, “Everything I Have Yours”, “You And The Night And The Music” e “Lullaby Of Broadway”, destacando a vocalista Frances Irwin.
Coube a Tabajara, entremear os temas de Dorsey com “Um Chorinho Na Aldeia”, “Guriatã de Coqueiro”, “Espinha de Bacalhau”, “Um Frevo (?)” e o número que surpreendeu a todos, e que logo seria um dos maiores sucessos da banda: “Rhapsody In Blue” em rítmo de samba, entre outros.
A platéia exultava após cada número e os “chefes de torcida” dramatizavam o espetáculo, abraçando os maestros e solicitando mais aplausos.
Eis que Carlos Frias ocupa o microfone e informa que “em nome da grande amizade que une os dois paises” as orquestras tocarão juntas “Deus Salve a América”, o que foi feito com Bob London cantando em inglês e Déo, “o ditador de sucessos”, em português.
Finalmente o resultado do “duelo” seria anunciado.
Surge o ator teatral Armando Nascimento, fantasiado de Presidente da República e imitando a voz de Getúlio Vargas (que era o seu forte nas revistas do Teatro Recreio) segura o braço de Severino e proclama: “Severino, para mim você é o maior”, fazendo em seguida o mesmo com Tommy Dorsey.
Voltou Carlos Frias dizendo que “todos eram os maiores” e que dalí por diante espetáculos daquela natureza se repetiriam com freqüência (o que nunca mais aconteceu!).
A atriz Heloisa Helena informa que o espetáculo teve o patrocínio exclusivo do “Leite de Rosas”, que Dorsey tocaria outra vez às 22 horas e deu boa tarde a todos.
Soube na hora que haveria uma “Jam Session” no dancing Avenida, reunindo músicos das duas bandas; tinha compromissos a cumprir e não pude ir.
Dias depois Jonas Silva, nas Lojas Murray me deu duas fotos do evento (uma delas ao final desta “História”). E foi só.
Eis a formação das orquestras participantes do “duelo”:
ORQUESTRA TABAJARA
Severino Araújo (clarinete), Marques, Santos, Raimundo Napoleão e Geraldo Medeiros (trumpetes), Manoel Araújo, Astor e Zé Leocádio (trombones), Jaime Araújo, Jofran, Zé Bodega, Lourival e Genaldo (saxofones), Cláudio Luna Freire (piano), “Cavalo Marinho” (baixo), Del Loro (guitarra), Plínio Araújo(bateria) e Gilberto D’Ávila (pandeiro).
ORQUESTRA DE TOMMY DORSEY
Buddy Childers, Charlie Shavers, Bobby Nichols e George Cherb (trumpetes), Tommy Dorsey (líder), Nick Di Maio e Ernie Hyster (trombones), Sam Donahue, Paul Mason, Danny Trimboli, Ted Lee e Harvey Estrin (saxofones), Fred de Land (piano), Phil Leshin (baixo) e Eddie Grady (bateria), com vocais de Bob London, Francis Irwin e as “Brown Lee Sisters”
Assim a obra é altamente recomendável, sendo certo que tanto aqueles que "conheceram" a TABAJARA, quanto os que realmente querem conhecer a cultura musical nacional, devem possuí-la e guardá-la com carinho, anotando-se o "senão" relativo ao famoso "duelo", que nunca existiu.

9 comentários:

LeoPontes disse...

Graças a deus tive esta oportunidade de vê-los, ouvi-los e dançar assim como hoje fazer parte das trilhas de minha biblioteca onde exerço meu treinamentos com o contrabaixo, assim como Ben Webster, Hank Jones,Ray Brown,Fogueira Tres,Zimbo Trio entre tantos outros.
Não sei porque desta mania de se ver duelos. São escolas completamente diferentes. Culturas e sentimentos diferentes. Somos muito bons naquilo que pretendemos e cada e cada qual no seu M3 (Cúbico mesmo)
Musicos e musica são criados em 3 dimensões.

Abrçs

Bene-X disse...

Desculpe, Leo, respeito sua opinião (ainda mais vinda de um contra-baixista !), mas "desafios" entre músicos, recentemente mais no jazz, claro, pela coisa do improviso, mas até em outros gêneros (que tal o "repente, p.e.), são comuns, antiquíssimos (ocorriam nos salões da nobreza com os grandes virtuosos da música clássica, por séculos) e, francamente, deliciosos. Há vários registrados em discos. O JATP, p.e., para além da camaradagem, etc, era, também, uma permanente "battle" entre músicos. Sonny Rollins, nos revela a autobiografia de Miles, pirou quando Coltrane ocupou seu posto, na mídia, como "o nome da vez, no tenor". Então, ouçamos Tenor Madness, com os dois tocando na faixa título. Johhny Griffin tem um excepcional disco na Blue Note ("A Blowing Session", BST 1559), com H. Mobley, J. Coltrane, alinhando no tenor, mais L. Morgan (tp) e a cozinha mágica Kelly/Chambers/Blakey. Num blindfold test, do disco, toquei duas faixas, "The Way You Look Tonight" e "All the Things You Are", num dos saudosos encontros do CJUB aqui em casa. Mestre Raf matou todos os músicos, para espanto da galera.

O próprio CJUb sempre teve esse projeto de montar um festival de desafios entre músicos de jazz. E ainda faremos.

Abs.,

LeoPontes disse...

Não precisa se desculpar afinal como sempre faço questão de frisar,sou e serei sempre um aprendiz.Concordo que há alguns desafios musicais e muita vaidade entre instrumentistas,principalmente entre os profissionais e virtuoses de plantões assim como alguns estilos como os repentistas citado por ti.Algo sempre me leva a sentir quando penso em duelos e não creio que eles existam semanticamente. Pra mim o sentimento é outro. Atualmente creio que tocar com menos notas e em lugares certos, respeitando a sonoridade e as interpretações de outros participantes já é um grande desafio. E fico rezando pra quando a minha hora chegar eu esteja a altura e performance de todos os outros executores. Por isso penso que todos complementam o Todo, cada um e cada qual no seu espaço.

Abrçs

Bene-X disse...

O tema é interessante. Penso, sinceramente, que quando um musico faz o outro 'comer poeira', giria corrente, esse outro recebe um estímulo a mais pra estudar, se aplicar com mais afinco ou, como v. bem disse, achar um outro meio, quem sabe sua 'propria' linguagem, com menos notas e quiçá 'mais expressao'. O exemplo típico é o do próprio miles que, substituindo Gillespie no quarteto de Parker, numa das primeiras giga, quando Dizzy foi convidado a dar uma canja, foi literalmente sacaneado por Birks, que tocou num uptempo impensável para o garoto Miles. Davis sacou logo e diz isso explicitamente: "ele fez de propósito; sabia que eu nunca poderia tocar tão rápido quanto ele". Foi a deixa pro Miles ignorar a busca por um virtuosismo que ele nunca atingiria e partir pro som cool que influenciou e ainda influencia, "apenas", todos os trompetistas que depois dele vieram. Abs,

John Lester disse...

Prezado Mestre, impossível esconder meu orgulho quando observo todos os cd's da OT em minha estante. Belíssima instituição brasileira. Viva Severino!

Grande abraço, JL.

Anônimo disse...

parabens pelo blog...
Na musica country VIRGINIA DE MAURO a LULLY de BETO CARRERO vem fazendo o maior sucesso com seu CD MUNDO ENCANTADO em homenagem ao Parque Temático em PENHA/SC. Asssistam no YOUTUBE sessão TRAPINHASTUBE, musicas como: CAVALEIRO DA VITÓRIA, MEU PADRINHO BETO CARRERO, ENTRE OUTRAS...
é o sonho eterno de BETO CARRERO e a mão de DEUS.

Anônimo disse...

parabens pelo blog...
Na musica country VIRGINIA DE MAURO a LULLY de BETO CARRERO vem fazendo o maior sucesso com seu CD MUNDO ENCANTADO em homenagem ao Parque Temático em PENHA/SC. Asssistam no YOUTUBE sessão TRAPINHASTUBE, musicas como: CAVALEIRO DA VITÓRIA, MEU PADRINHO BETO CARRERO, ENTRE OUTRAS...
é o sonho eterno de BETO CARRERO e a mão de DEUS.

APÓSTOLO disse...

???!!!...

Celijon Ramos disse...

Meu querido Apóstolo, desculpe-me o atraso em render cumprimentos após nossa visita a tua casa.
Mas eis que o faço logo nessa tua excelente resenha e logo sobre quem: a nossa maravilhosa Orquestra Tabajara?! Estou agora mesmo revendo-nos na sala e tu nos mostrando tin-tin por tin-tin cada página da bela escrita do nosso jazz e ainda pudemos ver juntos coisas belíssimas que nossa música brasileira produziu; coisas excelsas como a orquestra de Spok e a sempre inesquecível Tabajara. Tens razão: há que se ter o livro e tudo o mais que se puder da orquestra de mestre Severino Araújo.
Obrigado por nos permitir, a mim e aos amigos Érico e Washington, privar de tua hostitalidade, conhecimentos e carinho. Rogo poder retribuir-lhe quando puderes visitar-nos em São Luís. Que isso não demore acontencer.
Um fraterno abraço, de teu amigo.