Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

02 janeiro 2010

RETRATOS 13 = ERROLL GARNER
Um Panorama de 88 Teclas Mágicas

(G) MINI-BIOGRAFIA - 2ª PARTE

Em New York Erroll Garner toca com Oscar Pettiford no “Three Deuces”, assim como integra combo “all-stars” no “Royal Roost”: Red Rodney, Bill Harris, Lucky Thompson e Shelly Manne.

Nessa altura Garner é vencedor do referendo anual da revista “Esquire”, assim como é o primeiro em dois anos seguidos na enquete da “Down Beat”, podendo afirmar-se que havia atingido sua maturidade de expressão técnica. Isso fica bastante evidente na gravação de julho de 1947 (selo “Blue Star”), em piano solo, de seu célebre “Play Piano Play”: defasagem rítmica entre as duas mãos, extraordinária sonoridade “orquestral”, variações harmônicas e timbrísticas, com alta carga de “swing”. Na outra face desse 78 rpm uma longa e exuberante introdução para “Don’t Worry 'Bout Me”, seguida de outra melodia sobre o tema, mas com retorno final ao original.

Em maio de 1948 Erroll Garner é um dos integrantes da “expedição” de músicos americanos, que participam da “Semana de Jazz” em Paris.

No retorno da Europa Garner toca na Califórnia e depois fixa-se em New York: “Three Deuces”, “Basin Street”, “Café Society”, “The Ember” e, principalmente, no “Birdland”, onde se torna o “pianista da casa” por seguidos anos (ainda que contratado vez por outra para atuar em Boston, Filadélfia, Chicago etc).

Em 1949 a composição “Play Piano Play” de Garner é contemplada com o “Grand Prix du Disque” na França.

Em 1952 Garner em conjunto com Art Tatum, Mead Lux Lewis e Pete Johnson, participa de turnê pelo território americano, sob o título de “Piano Parade”.

A partir do ano seguinte o pianista tem sua carreira gerenciada por Martha Glaser, que se revela competente e hábil negociadora, além de extremamente honesta (o que nem sempre é rótulo próprio no mundo dos “managers”).

A 07 de julho de 1954, em Detroit e para a etiqueta "Mercury", Garner registra em apenas 03 horas 32 magníficos solos, absolutamente diferenciados e expressivos. No dia seguinte, 08 de julho, ele acompanha o “cantor”(!!!) Woody Herman na gravação do LP “Music For Tired Lovers” (uma variação bem humorada dos temas gravados por Frank Sinatra, coqueluches da época).

No final de julho de 1954 e ainda para o selo "Mercury", Garner grava em Chicago material suficiente para 02 LP’s, ai incluída a primeira versão de uma balada de sua autoria, que posteriormente recebeu o título de “Misty” = sua composição mais famosa, composta em 1950 durante um vôo entre São Francisco e Denver, também popularizada com a letra de Johnny Burke nas interpretações de Sarah Vaughan e Johnny Mathis. Crepuscular e melancólico, o tema “Misty” revela outra faceta de Erroll Garner, a intimista (tão ignorada pela crítica), assim como leva para segundo plano ofuscados pela beleza de “Misty” outros belos temas de sua autoria, como a seguir:
- 1954 = Mambo Garner, Seven-Eleven Jump;
- 1955 = Afternoon Of An Elf, Mambo Carmel, Solitaire;
- 1956 = Dreamy, Mambo 207, Passing Through, Way Back Blues;
- 1958 = Just Blues, Left Bank Swing, Paris Bounce, When Paris Crie;
- 1960 = Moment’s Delight;
- 1961 = Dreamstreet, El Papa Grande, No More Shadows;
- 1962 = Trio;
- 1964 = Other Voices;
- 1966 = Afinidad, Mambo Erroll, That’s My Kick;
- 1967 = Nervous Waltz, Shake It But Don’t Break;
- 1968 = This Time It’s Real, Up In Erroll’s Room;
- 1970 = Mood Island, Something Happens, You Turn Me Around;
- 1972 = Eldorado, Gemini;
- 1974 = It Gets Better Every Time, Nightwind, One Good Turn;
e mais “Pastel”, “Cloudburst”, “Gaslight” (tema de filme com Ingrid Bergman) e outros.

Em 1955 Garner integra o “Birdland All-Stars”: ele mais Sarah Vaughan, Count Basie, George Shearing, Lester Young, Stan Getz e outros.

No dia 19 de setembro de 1955 Garner realiza memorável apresentação em Carmel, Califórnia, no auditório de uma velha igreja em estilo gótico e com acústica perfeita, para uma platéia composta quase que exclusivamente de fans: felizmente essa apresentação foi imortalizada no LP “Concert By the Sea”, técnica e jazzisticamente superior, com destacado êxito de vendas. Garner em trio (Denzil Best bateria e Eddie Calhoun no baixo) mostra nas faixas “Autumn Leaves”, “I’ll Remember April”, “Red Top”, “Where Or When” e nas demais que integram a gravação, a quintessência de sua arte tão pessoal. As aberturas que criam clima para o público são pérolas de criação.

Em agosto de 1956 a revista “Down Beat” publica entrevista de Errol Garner cencedida a Ralph J. Gleason (republicada no número de novembro de 1995), em que o músico afirma que:
“......não sou Art Tatum, não sou Bud Powell; limito-me a tocar o que agrada aos meus ouvidos, na esperança de que o público fique encantado; tudo aquilo que é feito com ritmo e muito swing, tem que ser maravilhoso.........”

Entre setembro de 1956 e maio de 1957 Garner grava em estúdio com orquestra. A história da verdadeira “engenharia musical” para essa gravação foi descrita na apresentação do LP “Momentos Musicais” (ou “Other Voices”, o outro título do lançamento).

Durante 1957 Garner se exibe em Cleveland e Cincinnati com orquestras sinfônicas, o que já não constituía novidade, uma vez que o pianista nutria profundo interesse pela música clássica, devendo lembrar-se que havia gravado anteriormente (julho de 1949) e para o selo "Atlantic", peças como “Pavanne”(Ravel) e “Reverie”(Debussy).

Em 1962 Garner constituiu a sua gravadora, a “OCTAVE Records”, que a partir daí passou a publicar suas gravações, sempre à base de clássicos do populário americano.

A essa altura e como acontece com artistas na crista do sucesso, Erroll Garner passa a desenvolver intensa e praticamente ininterrupta atividade, com apresentações em concertos, salas de espetáculos e teatros e, em particular, como participante cativo dos festivais de JAZZ (“remember Newport”, como o mais importante em termos de JAZZ).

Segue, após 14 de janeiro de 2010, em
(H) MINI-BIOGRAFIA – 3ª PARTE

5 comentários:

Érico Cordeiro disse...

Mestre Apóstolo,
Grandes histórias, de um dos maiores dentre os maiores!
E tem uma história deliciosa (você falou dela na primeira parte da biografia) sobre como ele tomou o lugar do Blakey no piano!
Vou contá-la na postagem sobre o baterista que estou escrevendo!
Grande abraço!

Unknown disse...

Prezado ÉRICO:
Comentei sobre a "substituição" de Art Blakey por Garner na segunda parte da "Biografia".
Estou lendo seu comentário "fora da base", já que estou visitando 03 de meus netos na "Cidade Maravilhosa", utilizando a ïdentidade de um deles.

Unknown disse...

Prezado ÉRICO:

FAvor desprezar o comentário anterior, já que, como você tinha escrito, comentei sobre GARNER substituindo BLAKEY na "primeira" parte da "Biografia" e não na "segunda".
Em agosto/2008 postei "RETRATO" sobre ART BLAKEY, indicando GARNER no grupo de BLAKEY, mas sem maiores detalhes.
Abraços e vamos em frente.

Érico Cordeiro disse...

Mestre,
Estou desconfiado de que esse PJ é uma sigla que significa Pedro Jazz.
Estou errado?
Grande abraço!

Unknown disse...

Prezado ÉRICO:

PJ são as iniciais de meu neto do Rio de Janeiro = Pedro José.
Abraços e até já.