Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

31 dezembro 2009

RETRATOS 13 = ERROLL GARNER
Um Panorama de 88 Teclas Mágicas

(F) MINI-BIOGRAFIA - 1ª PARTE
Erroll Louis Garner, artisticamente Erroll Garner, nasceu em 15 de junho de 1921 na cidade de Pittsburgh, na Pensilvânia., a mesma cidade natal de tantos e tantos outros nomes importantes no JAZZ e nos espetáculos, que citaremos mais adiante.

A família era musical: o pai era tenor na Igreja e um diletante do piano e de outros instrumentos(guitarra e bandolim, em um conjunto amador), que tocava de ouvido; seu irmão mais velho, Linton, tocava trumpete, piano e fazia arranjos, tendo chegado a colaborar com Billy Eckstine ("Mr. B") e Dizzy Gillespie; as irmãs mais jovens, Martha e Ruth, estudaram piano. Em contrapartida Garner teve um irmão gêmeo, Ernest, que para desespero da família nasceu retardado e viveu muito tempo em um instituto de reabilitação psico-física.

Nesse ambiente a educação musical do menino Garner estava garantida e ele logo demonstrou possuir audição e memória musicais extraordinárias: o irmão Linton, em seguidas ocasiões, observou com indisfarçável inveja que o menino, mesmo sem conhecimento musical, era capaz de tocar qualquer música após ouví-la uma única vez.

Sua irmã Ruth declarou a James M. Doran, biógrafo de Garner, que quando este estava tomando lições de música, ao invés de aprender a ler as partituras memorizava os exercícios tal como a professora os executava no teclado; depois os tocava sem respeitar as notas do pentagrama, mas à sua maneira, com digitação “heterodoxa” e interpretação toda pessoal. Segundo a família, Garner com nada mais que 03 anos de idade já executava com as 02 mãos trechos de Art Tatum, Teddy Wilson, Earl Hines e “Fats” Waller: ouvia os discos e os reproduzia de ouvido ao piano.

Claro que depois de cansativas e infrutíferas tentativas de ensinar a maneira “correta” ao menino Garner, a professora recusou-se a prosseguir ensinando-o, até porque o interesse maior do seu aluno era o beisebal.

Deixado à sua sorte Garner saiu-se muito bem, se confirmada a versão de que já aos 10(dez) anos participava de uma orquestra de jovens, a “Kan-D-Kids”, que se apresentava regularmente na rádio local (emissora KDKA).

Aos 11(onze) anos o menino Garner tocou nos “riverboats” do rio Allegheny.

Na escola e entre outros que o encorajaram a “ir para a estrada”, destacaram-se seu amigo Dodo Marmarosa e o então bem jovem Billy Strayhorn (ambos já então com sólida formação musical), assim como Fritz Jones (leia-se Ahmad Jamal), que foi um de seus principais seguidores musicais.

Tantos músicos como contemporâneos ? ? ? Claro que sim; Pittsburgh foi importante celeiro de figuras do JAZZ ou ligadas ao mundo dos espetáculos, bastando citar-se, por exemplos e entre outros, os seguintes nativos:
Ahmad Jamal - Art Blakey - Babe Russin - Barry Galbraith - Billy Eckstine - Billy May - Billy Strayhorn - Bob Cooper - Christina Aguilera - Dodo(Michael) Marmarosa - Dakota Staton - Eddie Safranski - George Benson - Henry Mancini - Horace Parlan - Kenny Clarke - Lena Horne - Mary lou Williams - Oscar Levant - Paul Chambers - Perry Como - Ray Brown - Roy Eldridge - Shirley Jones - Stanley Turrentine - Stephen Foster - Tommy Turrentine - Victor Herbert . . . . ufa, que seleção ! ! !

Garner não se exercitava muito e era do tipo que gostava de viver muitíssimo bem, mesmo sem possuir um piano à sua disposição. A quem lhe perguntava qual era o segredo de uma técnica, respondia:
“....basta sentar-me ante o piano e pedir às mãos que façam seu trabalho....”

Sempre será lembrada sua declaração( revista “Melody Maker”, dezembro de 1952) de que:
“....se posso soar melhor sem ler música, porque deve mudar meu estilo???... para mim é suficiente escutar, sentir a música - deixo a leitura para os outros....”

A carreira precoce a partir de então estava delineada e prosseguiria sem obstáculos. Em 1934 incorporou-se a uma orquestra de baile, dirigida por Art Blakey, então apresentando-se como pianista e baterista, mas que, ante os dotes de Garner ao teclado, passou a concentrar-se na bateria (o que veio a garantir-lhe celebridade posterior com seu “ABJM” – Art Blakey Jazz Messengers - e para todos nós um excepcional baterista e um não menos extraordinário pianista).

Nos anos seguintes Garner participou de diversas formações, até ser engajado pelo saxofonista Leroy Brown, mediante longo e importante contrato.

Durante 1941 e com 20 anos Garner exibiu-se pela primeira vez, ainda que rapidamente, em New York, retornando a Pittsburgh para acompanhar Ann Lewis e outras cantoras em cabarés locais (“Red Door”, “Mercur’s Music Bar” e outros).

Somente em 1944 ele voltou a New York e exibiu-se no “Spotlite” e no “Famous Door”, até consagrar-se entre os grandes com apresentações na Rua 52, no “Three Deuces”, então um dos principais “quartéis generais” do “Bebop”. Ali ele teve a oportunidade de suceder a Art Tatum no trio comandado por Slam Stewart, chegando a tocar com Dizzy Gillespie e Don Byas (com quem mais tarde gravou um disco).

No final de 1944 Garner estreou em estúdio de gravação e à frente de um trio excelente: John Simmons no baixo e Harold “Doc” West à bateria. A fórmula de trio viria a ser particularmente feliz para o pianista, que a ela sempre se manteve ligado.

Ainda mais significativa foi a sessão para a etiqueta Savoy em 30 de janeiro de 1945, com quarteto liderado por Slam Stewart ao contrabaixo e completada por Mike Brian (guitarra), “Doc” West (bateria) e, obviamente, Erroll Garner ao piano. As faixas “Play Fiddle Play” e “Laff Slam Laff” mostram claramente e em toda a sua evidência, o modo característico de acompanhamento da mão esquerda, que marca os 04 tempos com acordes, à maneira de Freddie Green (lembrar a "All American Rhythm Section" da banda de Count Basie = Basie / piano, Freddie Green / guitarra, Walter Page / baixo e Jo Jones / bateria) , com grande variedade de nuances. Garner nunca fez mistério dessa vocação para guitarrista, nem de sua admiração por Segóvia (a quem dedicou homenagem bem original com o tema “Salud Segovia”, registrado pelo selo Mercury em 1955). Tampouco fica menos evidente a sutil defasagem em relação à mão direita, possuidora de grande sentido de “rubato” e impressionante acentuação do “swing”.

Segundo o historiador e crítico Leonard Feather (conforme notas do encarte do CD “The Erroll Garner Collection, Volume 3 – Too Marvelous For Words”), Garner tocava no clube “Tondelayo’s” da Rua 52, na “Big Apple”, quando o então jovem dinamarquês Barão Timme Rosenkrantz o levou para o seu apartamento, onde o pianista gravou alguns acetatos, sobre os quais a namorada do Barão, Inez Cavanaugh, colocou sua voz (essas gravações não foram editadas até o momento). Esse fato teria ocorrido entre outubro e novembro de 1945, mas a primeira sessão oficial de gravação de Garner em 1945 foi para a “Black & White Records”, enquanto que seu primeiro êxito de vendas (ao redor das 500.000 cópias do 78rpm) foi com o clássico “Laura” para a etiqueta Savoy, já em setembro de 1945 (e que algumas fontes afirmam como sendo de novembro seguinte).

Essa gravação de “Laura” abriu as portas de diversas gravadoras para Garner: “Dial”, “Signature”, “Jazz Selection”, “Blue Star” e outras.

Lembramos que esse sucesso não elimina, não se contrapõe ou invalida a afirmação de Roger Kay (contra-capa do primeiro LP de Garner lançado no Brasil, “Passaporte à Fama”), segundo a qual e com ênfase ele aponta a importância de Art Ford e de Robert Sylvester para a decolagem do sucesso de Garner. Poucos meses após em fevereiro de 1946 Garner voltou a gravar “Laura”, já então para os “V-Disc” (veja detalhes dos "discos da vitória" produzidos para animar as tropas aliadas na IIª Gerra Mundial, nas páginas 484/485 do "Glossário do Jazz" do cjubiano MÁRIO JORGE JACQUES, já em sua 2ª edição, 2009, Editora Biblioteca 24x7, 530 páginas).

Data desse período artigo da revista “Down Beat”, comentando ser Garner
“......o único pianista com duas mãos desde “Fats” Waller........”.

Em 19 de fevereiro de 1947 e a par de colecionar triunfos nas salas de espetáculo e nos cabarés de Los Angeles, Garner com seu trio (à época com Red Callender no baixo e “Doc” West na bateria) é levado pelo produtor Ross Russell (mais tarde biógrafo de Charlie Parker) a gravar pelo selo Dial, no estúdio C.P.McGregor em Hollywood, com Charlie Parker, recém-saido do Hospital de Camarillo. Martha Glaser (inicialmente secretaria e mais tarde empresária de Erroll) dá como versão que isso foi feito para aumentar a venda das gravações de Parker. Lembra Martha Glaser que então (final dos anos 40 do século passado), Garner não recebia menos de US$ 500.00/semana em clubes (outros pianistas ficavam na média dos US$ 150.00/semana), chegando a cobrar US$ 1,500.00 por espetáculo de teatro na Broadway. Em meados dos anos 50 dificilmente Garner cobrava menos de US$ 1,000.00/semana para atuar em clubes e cabarés. Nessa sessão de gravação com Parker e talvez pelo tempo alucinante de “Bird’s Nest” (03 “takes”), Garner parece um pouco “deslocado”, enquanto que no tema “Cool Blues” (04 “takes”, sendo o terceiro com 3’07”, em andamento um pouco mais lento), ele alça vôo como “boper” mas mantendo sua sonoridade própria e, por felicidade e para complementar seu ótimo solo, Parker desfila esplêndida improvisação. Ainda na mesma sessão foram gravados os temas “This Is Always” (02 tomadas, a primeira com vocal de Earl Coleman) e “Dark Shadows” (04 tomadas, a última das quais também com vocal de Earl Coleman).

Sucesso seguido foi o concerto de Passadena, organizado por Gene Norman (produtor e organizador da série “Just Jazz”), com um Garner soberbo no clássico “Blue Lou”, ao lado de Wardell Gray e executanto a longa suíte “One-Two-Three-Four-O-Clock Jump”, devidamente assistido por Howard McGhee, Vic Dickenson e Benny Carter. Também magnífico no tema “Lover Man”, Garner diverte-se em torno da melodia e ressalta as acentuações rítmicas do guitarrista Irving Ashby.
Segue em
(G) MINI-BIOGRAFIA – 2ª PARTE

KEEP ON SMILING !!!!

29 dezembro 2009

A cantora-pianista canadense Carol Welsman, setembro 29, 1960, Toronto - a foto dela é pro MauNah e para ampliar, chefe, basta clicar nela -, acaba de lançar um CD chamado I Like Men (ainda bem), o 8º de sua carreira, em homenagem à Peggy LeeNorma Deloris Egstrom, 1920/2002. Quase todos os sucessos de Peggy foram reconstruídos com muito bom-gosto, o que não é novidade em se tratando de Mrs. Welsman. A faixa mais agradável, sob a minha ótica, é “When You’re Smiling”, onde a letra não deixa de ser uma mensagem a todos nessa passagem de ano, inclusive, claro, cejubianos e visitantes. Cheers!!
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WHEN YOU'RE SMILING
(Shay / Fisher / Goodwin)
When you're smiling
When you're smiling
The whole world smiles with you
When you're laughing
Keep on laughing
The sun comes shining through
But when you're crying
You bring on the rain
So stop your sighing
Be happy again
Cause when you're smiling
Keep on smiling
The whole world smiles with you
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Gravações mais conhecidas:
Seger Ellis - 1924
Louis Armstrong - 1929 (re-recorded 1932 & 1956)
Ted Wallace & His Campus Boys - 1930
Jimmy Noone & His Jazz Band (vocal: Georgia White) - 1930
Cab Calloway & His Orch. - 1934
Teddy Wilson & His Orch. (vocal: Billie Holiday) - 1937
Red Norvo Orch. - 1940
Woody Herman's Second Herd - 1948
Erroll Garner - 1959
Peggy lee - 1961
Barbara Long - 1961
Jessie Powell - 1961
Billie Poole - 1961
Andy Williams - 1963
Eddie Condon – 1964
Roberta Flack & Quincy Jones - 1971
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Som na caixa, via post MaJor, a quem adradeço : When You're Smiling (Reflections Of Miss Peggy Lee - 2009)
Carol Welsman - vocal, piano, arranger
Ken Peplowski - clarinet
Rene Camacho - bass
Jimmy Branly - drums
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PS. “Although Carol Welsman has moved to the Los Angeles area, she is best known in her native Canada. While frequently identified with smooth jazz, she has also recorded vintage standards and can swing in straight-ahead jazz settings, too. Her father was a big jazz fan with a large record collection, introducing his daughter to jazz. Not only did she hear his records, but from the age of 12 she often accompanied him to concerts, developing a love for the singing of Peggy Lee, Frank Sinatra, and Mel Tormé. Welsman played guitar from the age of ten, accompanying her singing of bossa novas and folk music. She began to perform jazz more in her late teens. Welsman attended the Berklee College of Music during 1980-1981 and studied voice in France with Christiane Legrand.”(AMG)
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PS II. “Welsman is the rarest of discoveries: a fully formed artist with the musicality, imagination and looks to cruise to the top of the jazz vocal genre.” - Los Angeles Times
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www.carolwelsman.com (Nesse site há um video bem interessante da Welsman "duelando" ao piano com Herbie Hancock em Cantaloup Island)

O SOM DE CAROL WELSMAN



26 dezembro 2009

RETRATOS 13 = ERROLL GARNER
Um Panorama de 88 Teclas Mágicas

(E.5) O MELHOR DE GARNER
Em resumo, Erroll Garner teve lançados no Brasil 20(vinte) álbuns como líder (três em 10” com 26 faixas e dezessete em 12” com um total de 182 faixas), sendo que dois desses álbuns foram reeditados: “Concert By The Sea” e “Momentos Musicais” (este com novo título, “Other Voices”). Em antologias e coletâneas, liderando ou como “sideman”, Garner está representado em 07(sete) álbuns com um total de 16 faixas.
Escolher as melhores execuções de Garner é tarefa bem próxima do impossível, dado o alto nível de qualidade desse mestre do teclado, mas tentamos a seguir algumas indicações.

a. Penthouse Serenade do LP “Jóias de Erroll Garner”; esta versão nada fica a dever à gravada para a “Savoy”; tão marcante a primeira frase que ainda hoje é citada por outros pianistas (vide Bobby Henríquez no vídeo do quinteto de Richie Cole no “Harvest Jazz”).
b. Misty do LP “Jazz Masters – Volume 11 - Misty”; qualquer versão de “Misty” pelo autor é sempre um primor.
c. Pavanne do LP “The Greatest Garner”, mostra a intimidade de Erroll com as formas impressionistas de Ravel e Debussy.
d. Autumn Leaves do LP “Concert By The Sea”, é versão instrumental definitive para o clássico de Kosma & Prevert.
e. Over The Rainbow do LP “Solitaire”, autêntica peça de concerto para piano e orquestra, com Garner desempenhando os dois papéis.
f. Dreamy do LP “Play It Again Erroll”, original de Garner que nada fica a dever ao seu “Misty”, embora menos popular.
g. The Way Back Blues do LP “Garota dos Meus Sonhos”; para os que duvidam da intimidade de Garner com os “blues”, bastaria essa interpretação para encerrar o assunto; simplesmente magnífica.
h. Erroll’s Bounce do LP “Great Jazz Pianists” é mais uma pérola retirada do estojo de interpretações de Garner; um original despretencioso que define com precisão o gosto de Garner pelo teclado.
i. Laura do LP “Play It Again Erroll”; a exemplo de “Penthouse Serenade” a gravação da “CBS” nada fica a dever à original, registrada para a “Savoy”, até porque “Laura” é “Laura” e Erroll é Erroll.
j. Play Piano Play do LP “Jóias de Erroll Garner” é a composição que deu a Erroll Garner o “Grand Prix du Disque” da França em 1949 e, portanto, dispensa maiores comentários sobre a sua importância; Garner absoluto, dominando técnicas e estilos do piano no JAZZ.

O original de GarnerSeven Eleven Jump” (gravado em Chicago a 27 de julho de 1954, com Wyatt “Bull” Ruther / baixo, Eugene Heard / bateria e Candido Camero / conga, acompanhando Erroll Garner / piano), embora não conste de nenhum LP lançado no Brasil, foi incluído na seleção da “VERVE” (série “VERVE 50th Anniversary”) para o CD “Jazz Masters 7” e, por constituir-se em um primor com seus 7’17”, também vai aqui indicado.

Segue em
(F) MINI-BIOGRAFIA – 1ª PARTE

FELIZ ANO NOVO!!!

Por motivos alheios à minha vontade, não pude vir aqui deixar meus - e do CJUB - votos de Feliz Natal a todos os que nos seguem, editores, colaboradores, amigos, leitores, eleitores, enfim, todos os que conhecem o blog ou por aqui acidentalmente transitam. Sorte que o Manim botou um post (não tive tempo ainda de ouvir a música!!!) que serviu para a troca dos desejos de alguns para com os demais.

Antes que seja tarde e que eu pareça mais deseducado do que sou (e enquanto espero a chefa terminar de secar o cabelo, aquela tortura esguelada em contínuo si-bemol) chego até aqui rapidamente, para deixar o meu desejo a todos de um excepcional ano próximo, esperando que o velho Noel tenha sido generoso com todo mundo. E que vocês estejam, neste exato momento, ouvindo seus artistas prediletos a tocar os seus temas preferidos.

E que, com muita SAÚDE, o '10 de todos seja nota 20!!!

A TODOS, um Feliz Ano Novo!!!!

PEDRO PAULO - TROMPETISTA DO BOSSA RIO TOCA EM 27.12 AS 20:00 EM IPANEMA

24 dezembro 2009

Gostaria de transcrever abaixo o texto do flyer que divulga a presenca do musico PEDRO PAULO, trompetista que tocou no saudoso Sesteto Bossa Rio, do pianista Sergio Mendes.

Pedro Paulo, imortal trompete da Bossa

O historico musico do Bossa Rio (Sergio Mendes), que a musica emprestou a medicina, grava suas maos para o acervo calcada da fama de ipanema e faz a apresentacao musical com seu grupo.

Domingo - 27 de dezembro 20:00 hs
Livraria Toca do Vinicius
centro de Referencia da Bossa Nova
Rua Vinicius de Moraes, 129
Ipanema

Beto Kessel

23 dezembro 2009

RETRATOS 13 = ERROLL GARNER
Um Panorama de 88 Teclas Mágicas


(E.4) APRESENTAÇÃO COMENTADA DOS LP’s
Final

xvii. Close-Up In Swing
Os próximos registros de Garner lançados no Brasil datam de 1961, assinalando uma lacuna de quatro anos dentro de sua discografia.
A “Companhia Brasileira de Discos”, representando a “Phillips”, lançou os dois álbuns seguintes.
12” Phillips, SLP-9127, “Close-Up In Swing
Erroll Garner / piano, Eddie Calhoun / baixo, Kelly Martin / bateria
New York, julho e agosto de 1961
Faixas:
You Do Something To Me
My Silent Love
All Of Me
Shadows
St. Louis Blues
Some Of These Days
I’m In The Mood For Love
El Papa Grande
The Best Thisgs In Live Are Free
Back In Your Own Back Yard

xviii. Dreamstreet
Das mesmas sessões anteriores realizadas em julho e agosto de 1961, com a mesma formação do trio, foi o segundo álbum “Phillips” editado pela “CBD”.
12” Phillips, SLP-9143, “Dreamstreet
Erroll Garner / piano, Eddie Calhoun / baixo, Kelly Martin / bateria
New York, julho e agosto de 1961
Faixas:
Just One of Those Things
I’m Getting Sentimental Over you
Blue Lou
Come Rain Or Come Shane
The Lady Is A Tramp
When You’re Smiling
Sweeet Lorraine
Dreamstreet
Mambo Gotham
Oklahoma Medley - Oh, What A Beatiful Morning / People Will Say Were In Love / The Surrey With The Fringe On Top

xix. Erroll Garner Quartet
A “Imagem” foi a responsável pelo lançamento seguinte de Erroll Garner no Brasil. Uma gravação realizada, possivelmente na Itália e em 1976, com o grupo de Garner tendo o mesmo tipo de formação com que visitou o Brasil em 1970 (trio piano / baixo / bateria mais conga).
12” Imagem / SAAR, LP-6000, “Erroll Garner Quartet
Erroll Garner / piano, Willy Richardson / baixo, George Jenkins / bateria, Johnny Pacheco / conga
Italia, 1976
Faixas;
The Shadow Of Your Smile
The Girl From Ipanema
Misty
There Will Never Be Another You
Misty nº 2
Variations On Misty
Yesterday
I’ll Remember April
Tell It Like It is

xx. Erroll Garner Plays Gershwin & Kern
Finalmente, o último LP de Garner como líder lançado no Brasil, veio por meio da “Polygram”, representando a “Emarcy”, em registros de 1964 e 1965, onde Garner presta homenagem a George Gershwin e a Jerome Kern.
12” Polygram / Emarcy, LP-826224-1, “Erroll Garner Plays Gershwin & Kern
Erroll Garner / piano, Eddie Calhoum / baixo, Kelly Martin / bateria
New York, 05 e 06 de agosto de 1964
Faixas:
Lovely To Look At
Can’t Help Love That Man
Only Make Believe
Ol’ Man River
Dearly Beloved
A Fine Romance
Mesma formação e local, em 19 de agosto de 1965
Faixas:
Strike Up The Band
Love Walked In
Someone To Watch Over Me
A Foggy Day
Nice Work If You Can Get it
Erroll Garner / piano, Ike Isaacs / baixo, Jimmy Smith / bateria, Jose Mangual / conga
New York, 05 e 06 de agosto de 1964
Faixa;
I Got Rhythm

ERROLL GARNER EM “ANTOLOGIAS” E “COLETÂNEAS”
Esporadicamente as gravadoras lançaram álbuns reunindo trabalhos de diversos músicos, coletados ou não de gravações originais. A seguir listamos aquelas em que Erroll Garner participou, como líder ou “sideman” de outros músicos.

xxi. The Very Best Of Bird
Trata-se de album duplo em que Erroll Garner é “sideman” de Charlie Parker, um dos luminares do JAZZ. Esse álbum duplo mostra parte das célebres sessões de Parker para o selo “Dial” do produtor Ross Russel (também seu biógrafo no livro "Bird").
2x 12” WEA, LP-56004/5, “The Very Best Of Bird
Charlie Parker / sax.alto, Erroll Garner / piano, Red Callender / baixo, Harold “Doc” West / bateria
Hollywood, 19 de fevereiro de 1947
Faixas:
Bird’s Nest
Cool Blues

xxii. Modern Jazz Piano
Essa foi a primeira coletânea lançada entre nós pela “RCA Victor”, reunindo oito fantásticos números executados por importantes solistas, incluindo uma obra prima de Garner em piano.solo.
10” RCA, LP-355676, “Modern Jazz Piano”
Faixas:
TONK - Duke Ellington & Billy Strayhorn
Ghost Of A Chance - Lennie Tristano
Margie - Oscar Peterson
Indiana - Andre Previn
Cherokee - Art Tatum
Fifht Dimension - Mary Lou Williams
I Only Have Eyes For You - Beryl Booker
Erroll’s Bounce - Erroll Garner (New York, 22 de abril de 1947)

xxiii. Great Jazz Pianists
Essa coletânea em 12” constitui preciosa antologia lançada pela “RCA” entre nós, reunindo a nata dos pianistas básicos da história do JAZZ. Nela encontram-se Earl Hines, Mead Lux Lewis, Jelly Roll Morton, Albert Ammons, Pete Johnson, Fats Waller, Art Tatum, James P. Johnson, Jess Stacy, Duke Ellington, Mary Lou Williams, Oscar Peterson e, naturalmente, Erroll Garner que, nessa coletânea, apresenta a mesma faixa do álbum anterior, um de seus mais brilhantes originais.
12” RCA / CAMDEN, LP-328, “Great Jazz Pianists
New York, 22 de abril de 1947
Erroll Garner / piano.solo
Faixa:
Erroll’s Bounce

xxiv. US$ 64,000.00 Em Jazz
Outra antologia lançada sob os auspícios da “CBS”, fazendo alusão a um programa de televisão nos Estados Unidos, onde o Reverendo Alvin Kershaw ganhou o prênio de US$ 64,000.00 respondendo sobre JAZZ. A faixa de Garner incluída neste álbum já havia sido editada entre nós (álbuns “Jóias de Erroll Garner” e “Play It Again, Erroll”).
Erroll Garner / piano, John Simmons / baixo, Shadow Wilson / bateria
New York, 11 de janeiro de 1951
Faixa:
Laura

xxv. JAZZ - The Best Of - Volume 1
Essa foi a primeira antologia montada no Brasil pela “CBS”, sob a orientação de Paulo Santos (decano dos produtores radiofônicos de JAZZ no Brasil), trazendo a público uma faixa de Erroll Garner em trio e até então inédita no Brasil.
12” CBS, “JAZZ - The Best Of - Volume I
Erroll Garner / piano, Wyatt “Bull” Ruther / baixo, Fats Heard / bateria
New York, 27 de fevereiro de 1953
Faixa:
Lullaby Of Birdland

xxvi. Music For Tired Lovers
Um interessante, curioso e raro álbum da “CBS”, intitulado “Music For Tired Lovers”, apresenta o maestro Woody Herman cantando, acompanhado pelo trio regular de Erroll Garner. Também comentamos sobre esse álbum na “Mini-biografia”.
12” Columbia, LPCB-31.41, “Music For Tired Lovers
Woody Herman / vocal, Erroll Garner / piano, Wyatt “Bull” Ruther / baixo, Fats Heard / bateria
Detroit, 08 de julho de 1954
Faixas:
My Melancholy Baby
I Hadn’t Anyone Till You
Let’s Fall In Love
Moonglow
I Don’t Know Why
You’ve Get Me Crying Again
If I Could Be With You
I’m Beginning To See The Light
As Times Goes By
After You’ve Gone
I’ll See You In My Dreams

xxvii. JAZZ - The Best Of - Volume 2
O segundo volume da antologia “JAZZ - The Best Of”, também montado pela “CBS” brasileira com a colaboração de Paulo Santos, “pinçou” do álbum “Concert By The Sea” um dos números mais aplaudidos.
12” CBS, “JAZZ - The Best Of - Volume 2
Erroll Garner / piano, Eddie Calhoun / baixo, Denzil Best / bateria
Carmel Auditorium / California, 19 de setembro de 1955
Faixa:
It’s All Right With Me


Segue em
(E.5) O MELHOR DE GARNER

MUSEU DE CERA # 66 - SÉRIE VINIL (4)




JAMES P JOHNSON............................................BUNK JOHNSON..........................................GEORGE LEWIS

Série dedicada a LPs reeditados digitalmente em computador.


ÁLBUM: HISTORY OF CLASSIC JAZZ – RIVERSIDE (RLP 12-1131- 1956)
Com esta postagem encerra-se a amostra deste álbum espetacular, assim foi escolhido:
Do volume VIII - HARLEM
O STRIDE PIANO é nome dado a uma escola de Jazz essencialmente pianística criada no Harlem entre os anos 20 e 30. Refletia uma modernização do Ragtime e tecnicamente consistia em fazer alternar uma nota baixa (grave) sobre um tempo forte (3º) e um acorde sobre os dois tempos fracos (2º e 4º). Empregavam bastante o intervalo de décimas, no entanto, é incontável o número de variações produzidas pelos pianistas daí o nome STRIDE que significa flanar, vaguear. Grandes nomes como Fats Waller, Art Tatum, Earl Hines, Duke Ellington, Count Basie e modernamente Errol Garner, Oscar Peterson e Thelonious Monk foram bastante influenciados pelo STRIDE. Os principais criadores da escola foram os pianistas James P. Johnson (1894-1955), Luckey Roberts (1887-1968), Eubie Blake (1883 -1993, isto mesmo 100 anos!), dentre outros... Bem, podemos ouvir o pianista James Price Johnson em rolo de pianola gravado em 1921 e transposto para o piano.
Do volume IX – NEW YORK STYLE:
A primeira influência branca no Jazz de New York foi a Original Dixieland Jazz Band após o que o Jazz despertou na cidade na década dos anos 1920 ― A Era do Jazz. Um dos grupos mais influentes deste período foi liderado pelo cornetista Red Nichols ― California Ramblers grupo criado pelo cantor Ed W. T. Kirkeby (1891-1978) somente para gravações contando com 9 a 14 músicos atuando de 1921 a 1937. Alguns membros iniciavam proeminente carreira como os Dorseys. Gravaram bastante em vários selos e foram pioneiros no estilo de big band no Jazz.
Do volume X – NEW ORLEANS REVIVAL:
Movimento de recriação e resgate do Jazz tradicional e de seus músicos veteranos ocorrido a partir de 1937 estendendo-se até o final dos anos 40. Foram reencontrados músicos como: Bunk Johnson (tp), George Lewis (cl), Mutt Carey (tp), Jim Robinson (tb) e renovadas as forças de outros como Kid Ory (tb), Sidney Bechet (cl, ss), Tommy Ladnier (tp), Albert Nicholas (cl), Jelly Roll Morton (pi) e dos brancos do dixieland como: Eddie Condon (gt), Bud Freeman (st), Muggsy Spanier (ct, tp), Eddie Miller (st), Bobby Hackett (tp) e ainda o francês Claude Luter (cl, bldr), o inglês Humphrey Lyttelton (tp, cl, bldr) e outros...
Bunk Johnson liderou um grupo dos mais representativos do movimento contando com George Lewis, Pavageau, Baby Dodds, Marrero e Purnel, nomes consagrados do Jazz de New Orleans, e pode-se ouví-los encerrando o álbum ― HISTORY OF CLASSIC JAZZ.

1. HARLEM STRUT (George & Hersal Thomas) – James Price Johnson - piano solo
Gravação original (QRS PIANO ROLL – 101014) – maio/1921 – New York
2. SWEET MAN (J.P.Johnson) – CALIFORNIA RAMBLERS – Red Nichols, Bill Moore (cornet), Tommy Dorsey (tb), Jimmy Dorsey, Arnold Brillhardt, Freddy Cusick, Bobby Davis (saxes e clarinete), Irving Brodsky (pi), Tommy Fellini (banjo) e Stan King (bat).
Gravação original (Victor – teste sem numeração) – 7/out/1925 – New York
3. MAKE ME A PALLET ON THE FLOOR (Tradicional) - Bunk Johnson (tp, lider) – Jim Robinson (tb), George Lewis (cl), Alton Purnel (pi), Lawrence Marrero (banjo), Alcide Pavageau (bx) e Baby Dodds (bat).
Gravação original (Metronome B531 – mx T3) – 2/fevereiro/1945 – New Orleans

Um alegre e feliz Natal a todos e um 2010 com saúde e muita tranquilidade.





Tempo total 9:07min

TRAGÉDIA NO HOT CLUBE DE PORTUGAL

22 dezembro 2009

O Hot Clube de Portugal, o mais importante centro de jazz de Lisboa, situado na Praça da Alegria, sofreu um incêndio nesta madrugada.

O HCP fez 60 anos em 2008 e funcionava num prédio velho, pouco cuidado.
O lounge de jazz situava-se no porão, que foi inundado pela enorme quantidade de água usada pelos bombeiros.

Os jazzófilos portugueses lamentam enormemente a perda desta casa e estão em negociação com as autoridades responsáveis para que possam ganhar um novo local.

FELIZ NATAL E BOM ANO NOVO

Muito jazz e bossa para 2010!!!

20 dezembro 2009

RETRATOS 13 = ERROLL GARNER
Um Panorama de 88 Teclas Mágicas
(E.3) APRESENTAÇÃO COMENTADA DOS LP’s 2ª Parte

xi. Romantic & Swinging
Este álbum lançado pela “Polygram” sem muita pretensão, já que não estava incluído em suplemento especializado, permitiu ao colecionador no final de 1980 a oportunidade de ouvir duas famosas sessões de Garner, realizadas para a “Mercury” em 1954 e 1955. A segunda dessas sessões foi de piano.solo e fora anteriormente lançada (na década de 60) sob o título de “Solitaire”, e que é comentada em “xiv. Solitaire”
12” Polygram / Mercury, LP-9279113, “Romantic & Swinging
Erroll Garner / piano, Wyatt “Bull” Ruther / baixo, Fats Heard / bateria
Chicago, 27 de junho de 1954
Faixas:
Misty
Exactly Like You
You Are My Sunshine
My Heart Sings
Lady, Be Good
Erroll Garner / piano.solo
Faixas St. James Infirmary
That Old Feeling
I’ll Never Smile Again
Solitaire
Love In Bloom

xii. Erroll
As sessões de 27 de julho de 1954 e de 14 de março de 1955 já estavam representadas no catálogo doméstico por intermédio de um raríssimo álbum da “Emarcy”, editado pela “Mocambo”, dando destaque às faixas gravadas por Garner com o percussionista Candido Camero. Curiosamente um erro da “Emarcy” foi parcialmente corrigido pela “Mocambo”; trata-se da faixa “Sleep”, ausente do álbum, substituída pela faixa “Imagination” - a capa do LP nacional corrigiu o erro na parte frontal da capa, mas manteve o erro na contracapa.
12” Mocambo / Emarcy, LP-30010, “Erroll
Erroll Garner / piano, Wyatt “Bull” Ruther / baixo, Fats Heard / bateria
Chicago, 27 de julho de 1954
Faixa:
Oh, Lady Be Good
Mesmo local e data anteriores, mesma formação com mais Candido Camero / conga
Faixas:
Sweet And Lovely
Imagination
Erroll Garner / piano.solo
New York, 14 de março de 1955
Faixas:
Who
Salud Segovia
When A Gipsy Makes His Violin Cry
Yesterdays

xiii. Concert By The Sea
Se formos pesquisar sobre êxito comercial de algum disco de JAZZ, certamente estaremos buscando “agulha no palheiro”.
Quando utilizamos a expressão “êxito comercial” nos referimos a exemplares que tenham figurado nas lista de “best sellers” durante algum tempo (via-de-regra a vendagem de qualquer disco de JAZZ mede-se pela permanente reedição do mesmo, ao longo de muitos e muitos anos).
Mas, por incrível que pareça, três pianistas conseguiram isso com seus respectivos trios: (1º) André Previn com o álbum “My Fair Lady” (“Contemporary Records”), (2º) Oscar Peterson com “West Side Story” (“VERVE Records”) e (3º) Erroll Garner com o seu “Concert By The Sea”, ainda hoje, após mais de 50 anos, um dos maiores sucessos da “CBS” (atual “Sony Music”).
O “Concert By The Sea” foi lançado pela “CBS” no final da década de 50 do século passado, obtendo no início da década de 90 uma reedição, já então como integrante da série “Columbia Jazz Masterpieces”.
12” Columbia LPCB-42035, “Concert By The Sea
Erroll Garner / piano, Eddie Calhoun / baixo, Denzil Best / bateria
Carmel Auditorium, Califórnia, 19 de setembro de 1955
Faixas:
I’ll Remember April
Teach Me Tonight
Mambo Carmel
Autumn Leaves
It’s All Right With Me
Red Top
April In Paris
They Can’t Take That Away From Me
How Could You Do A Thing Like To Me
Where Or When
Erroll’s Theme

xiv. Solitaire
Em 1955 Erroll Garner teve a oportunidade de graver em solo, sem preocupação com o tempo de gravação e em completa liberdade para criar, dando asas à sua ilimitada imaginação.
Solitaire”, mais que simples álbum, é um compêndio de beleza e de criatividade, veerdadeira enciclopédia musical que só o gênio de Garner poderia escrever.
Quem ousaria, antes dele, transformar “Over The Rainbow” numa autêntica peça de concerto ? ? ? . . .
12” CDB / Mercury, LP-6023, “Solitaire
Erroll Garner / piano.solo
New York, 14 de março de 1955
Faixas:
I’ll Never Smile Again
Them You Never Been Blue
Talk Of The town
Solitaire
A Cottage For Sale
That Old Feeling
Over The Rainbow

xv. Garota dos Meus Sonhos
Em nossa opinião a melhor formação de Garner em todos os tempos foi a do trio organizado para essa gravação, com o contrabaixista Al Hall e o baterista Specs Powell, músicos com larga experiência e que logo compreenderam não ser Garner um pianista comum mas, antes de tudo, um músico com imensa criatividade, possuidor de brilhante estilo orquestral, projetando em cada número, original ou “standard”, toda a gama de seu gênio musical. A participação desses músicos no álbum “Girl Of My Dreams”, editado pela “CBS” no final dos anos cinqüenta do século passado, valorizou bastante o desempenho de Garner.
12” Columbia, LPCB-31140, “Garota dos Meus Sonhos
Erroll Garner / piano, Al Hall / baixo, Specs Powell / bateria
New York, 07 de junho de 1956
Faixas:
But Not For Me
Full Moon And Empty Arms
Time On My Hands
Girl Of My Dreams
Alexander’s Ragtime Band
O’l Man River
Mesma formação e local, em 11 de setembro de 1956
Faixas Mambo 207
The Way Back Blues
Passing Througj

xvi. Momentos Musicais = Other Voices
Após “Garota dos Meus Sonhos” o álbum seguinte realizado por Garner, ainda na “CBS”, necessita de alguma explicação pois, pela primeira vez, ele gravou com grande orquestra, fato então considerado impraticável, uma vez que Garner não lia nem escrevia música.
O “Momentos Musicais”, que mais tarde foi reeditado no Brasil som o título de “Other Voices”, teve preciosas notas de contracapa de Martha Glaser, secretária de Garner de 1950 a 1957 (mais tarde foi sua empresaria, o que é comentado na “Mini-Biografia” adiante apresentada), explicando minuciosamente todo o desenvolvimento da idéia até a sua concretização.
Utilizamo-nos desse texto para deixar o leitor, que porventura não possua o disco original, completamente inteirado do trabalho de Erroll Garner / Mitch Miller / Nat Pierce, bem como quanto ao assessoramento do “staff” da “Columbia”, dirigido por George Avakian. A seguir esse texto.
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<< Para se narrar a história deste LP inicial de Erroll Garner em gravação com orquestra completa, é preciso retroceder sete anos ou mais em sua vida musical. A gravação de “Momentos Musicais” foi completada em New York, em 31 de maio de 1957, ás cinco horas da tarde, no estúdio da Columbia na East 30th Street.
Mas as sementes desta gravação remontam a Pittsburgh, cerca de 20 anos atrás, quando um jovem pianista não conseguia emprego em nenhuma orquestra por não conhecer nem ler música. Tocando de ouvido, o jovem Erroll Garner rodou Pittsburgh em sua adolescência, tocando em “riverboats”, estações de rádio (emissora “KDKA”) e “night clubs” locais. Quando necessário, tocava como solista. E durante todo o tempo, Erroll sonhava em tocar com uma orquestra. A necessidade de tocar com uma orquestra tornou-se um impulso no desenvolvimento musical de Garner. Seus coloridos revelavam o som de todas as seções de uma orquestra.
Por volta de 1930 a fama de Garner como solista de piano havia crescido e se espalhado por Pittsburgh e, como um jovem “Johnny Applessed”, viajou e tornou-se conhecido entre músicos, afccionados e alguns críticos dos quadrantes do país - Sacramento, San Diego, Los Angeles, San Francisco e, finalmente, New York.
Por volta de 1940 estreou na famosa “Swing Street”. Em 1946 já se tornara um favorito do público. Tocava prodigamente e gravava em muitos lugares e, em diversas ocasiões, nem sabia que sua música estava sendo gravada. Tocava durante horas, quando e onde quer que fosse. Tocava sempre, quer sendo pago, que pelo simples prazer de tocar e jamais pensava no amanhã.
O sucesso de Garner crescia cada vez mais e ele ainda permanecia no campo do solo, duo ou trio. Sempre arriscava sugestões e pedidos para gravar com orquestra, e pulava de contentamento quando era convidado a pequenas aparições em grandes orquestras (e ainda o faz - suas tournées só estão completas quando Woody Herman, Les Brown, Duke Ellington ou Dizzy Gillespie o convidam para tocar em suas orquestras).
Antes de 1950 havia poucos elementos conscientemente construtivos na vida pessoal ou musical de Garner, que pudessem auxiliá-lo na maior realização de seu potencial criativo. Seu talento andou a passos largos, embora a vida profissional de Erroll fosse de natureza aventureira e impensada.
Quando o século vinte atingiu sua metade, sucederam-se vários êxitos na vida do então Garner de 27 anos de idade. Em 1950 estreou em corcerto no “Town Hall”, assinou seu primeiro contrato com a “Columbia” e começou a estabilizar seus esforços para gravações. E nesse mesmo ano, o que é importante, trabalhou na “Columbia” com Mitch Miller, que se tornou seu guia musical e grande amigo. Desde o início da sua amizade, Mitch insistentemente encorajava Erroll a estender sua musicalidade em várias direções, incluindo um trabalho com orquestra. Erroll nessa época ainda não estava preparado, mas o fato de um músico como Mitch Miller pensar assim, influiu na personalidade de Garner. De acordo com Miller, Garner estava apto a tocar com orquestra em 1951. Mas Erroll tinha que “senti-lo”, e isso levaria tempo e maturação.
No período 1950-1957 a transformação da personalidade de Garner foi-se evidenciando gradativamente. Em 1955 começou a compreender que tinha algo a dizer como compositor, assim como pianista:
- Naturalmente compus muitas coisas durante muitos anos – diz Garner – mas apenas as toquei e já as esqueci.
O tema “Play, Piano Play” ganhou o “Grand Prix du Disque” na França em 1949. “Gaslight”, “Trio” e “Misty” são algumas de suas composições mais conhecidas.
O apoio da “Columbia” crescia. George Avakian, produtor da gravadora, descobriu novos talentos em Garner e, também, empenhou-se em gravá-lo com orquestra. A expressão “façamos um algum com orquestra, Erroll”, substituiu o “alô” quando Avakian encontrava Garner.
Esse sonho tornou-se realidade quando Errol voltou a New York em setembro de 1956. Era preciso apenas mais um passo - Erroll teria que encontrar o músico com o qual deveria desenvolver suas criações, pois ele não save escrever música (ou lê-la). Erroll tinha em mente um bom pianista-arranjador, cuja concepção e habilidade seriam justamente o que necessitava para transmitir seus arranjos e idéias para o papel e para a orquestra. Esse homem era Nat Pierce (pianista-arranjador de Woody Herman durante quatro anos e atualmente dono de seu próprio conjunto). A contribuição de Nat para o album foi incalculável.
Erroll decidiu gravar um “single” com orquestra conduzida por Mitch Miller, com os temas “Dreamy” e “On The Street Where You Live”. Foi tal o sucesso do primeiro lançamento que ele foi convidado a fazer todo o album nesse estilo.
Como Nat Pierce transmitiu para o papel aquilo que Garner tentava destinar a uma orquestra ? Assim o conta Nat:
- Erroll primeiro tocava o tema, eu tomava nota; tocava depois as mudanças e sugestões de acordes para as diversas seções da orquestra; finalmente, fazia as introduções definitivas e algumas passagens, e eu tentava concatenar todos esses elementos, conservando o arranjo ondulante e cheio, sem me afastar das concepções básicas de Erroll; tocava também as partes de piano no primeiro ensaio com a orquestra, para que Erroll pudesse ouvir a produção inteira e lembrar os arranjos. Enquanto eu examinava os trechos com orquestra, Erroll discutia a concepção das frases com Mitch Miller, que regia a orquestra antes de cada número, orientando os músicos e contando como “ouvia e sentia o trecho”. Assim, com gemidos, movimentos de sobrancelhas, suor, expressões fisionômicas e sua extraordinária projeção pianística, Erroll comunicou inteiramente a Mitch e a toda a orquestra o seu fraseado, seu colorido, sua concepção. Sinto-me feliz e orgulhoso em contar a emoção dos arranjos, e Erroll tem completa liberdade; está sempre no piano, mas sempre com a orquestra. A personalidade musical de Erroll é tão forte, que ele domina completamente cada uma das situações musicais em que se encontra; essa é a sua orquestra; eles o sentem; ele tocou junto com eles. Casualmente, incluindo alguns originais de Garner, elaboramos os arranjos num total de quatro noites. Ele já tinha os temas bem definidos em sua mente durante o trabalho, e muitas outras idéias surgiram enquanto trabalhávamos -
O trabalho de Mitch, Nat e Erroll era algo a ser admirado. Mitch descreve as execuções como uma de suas mais agradáveis experiências: parecia executar passos de “ballet” enquanto regia.
Erroll observava Mitch, Nat e a orquestra, e parecia estar ouvindo de várias direções enquanto improvisava suas próprias partes (os ouvintes devem lembrar que uma sessão de gravação dura três horas). Garner nunca ficava completamente sentado (mais tarde explicou que havia esquecido seu catálogo telefônico para sentar-se em cima e o banco era muito baixo). Andava nervosamente pelo estúdio nos intervalos, para dentro e para fora da sala de controle, ouvindo, sugerindo, falando observando, gemendo. A unidade desta gravação, embora realizada em três sessões, é um tributo ao grande trabalho criador de todas sas partes componentes.
Os instrumentistas foram cuidadosamente selecionados e corresponderam perfeitamente à difícil situação de tocar partes escritas com temas improvisados ao piano. A idéia de que a bateria, os instrumentos de sopro e as partes rítmicas “enterrariam” Garner foi completamente abandonada; e o entrosamente entre violinos e Garner foi tão grande que constituiu um encantamento inesperado. A Mitch deve-se a habilidade especial de “fundir” a produção inteira.
Garner compôs cinco dos temas desse álbum: “Dreamy”, “Moment’s Delight”, “Misty”, “Solitaire” e “Other Voices”. Garner selecionou também as demais músicas, de acordo com sua sensibilidade: - Eu as sentia.
Seus arranjos, sua execução e concepção possuem tão grande variedade, que fizeram dessa gravação um disco de alta qualidade, destinado a ser ouvido inúmeras vezes. Entretanto, cada trecho destaca-se por si, segundo Garner: - Tentei obter um amálgama entre minha voz interior – o piano – e a minha exterior, ou outra voz, a orquestra.
No final da entrevista ele ainda disse: - Ainda não sei explicar como tudo isso foi feito, mas estou emocionado, agora que chegamos ao fim, pois tivemos a oportunidade de demonstrar algumas de minhas idéias.
George Avakian observou no final das gravações: - Esta é a primeira vez em que um solista de JAZZ realmente “tocou” com uma grande orquestra, em vez de acompanhá-la. Creio que o conjunto aqui se aproxima do efeito ouvido nos concertos clássicos. O esforço disciplinado e trablhoso empregado na gravação deste LP, está bem longe daquele espontâneo e acalorado Garner que nunca ensaiava para tocar sua parte. Sua técnica foi adquirida em performances. Com medo de perder sua liberdade musical, Garner aprendeu a manter sua liberdade de solista dentro de uma grande estrutura musical, de sua própria criação. Este LP é um marco na composição de um dos mais jovens gigantes musicais da América.
Embora Erroll esteja agora “escrevendo” algumas suítes de “ballet”, algumas obras maiores e ainda material para um show musical, suas próximas iniciativas neste gênero ainda são imprevisíveis. A ingenuidade e a surpresa são, porém, parte de sua permanente fascinação. Parece que Garner agora está em permanente estado de revelação de sua personalidade. A metamorfose criadora de Garner deverá ainda revelar muitas outras fases.
Martha Glaser, secretária de Erroll Garner (1950-1957)
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12” Columbia, LPCB-30017, “Momentos Musicais”
12” Columbia, LPCB-188006, “Other Voices” - reedição
Erroll Garner / piano, Al Hall / baixo, Specs Powell / bateria
Bernie Glow, Edward Reider, Ray Copeland e Burt Collins nos trumpetes
George Monte, Eddie Bert e James Dahl nos trombones
Sam Marowitz, Hal McKusick, Herbie Mann, John Hafer e Charles O’Kane nas palhetas
Julius Held, Arnold Eidus, Max Hollander, Julius Schachter, Daniel Guilet, Seymour Moroff, Sylvan Schulman, Harvey Shapiro, Eugene Orloff, Harry Glickman nos violinos
Isadora Zir e Harold Colleta nas violas
Maurice Brown e Milton Losmak nos cellos
New York, 02 de setembro de 1956
Faixas:
Misty
Dreamy
On The Street Where You Live
Erroll Garner / piano, Milt Hinton / baixo, Osie Johnson / bateria
Bernie Glow, Alvin Goldberg, Doug Mettome e Burt Collins nos trumpetes
Urbie Green, Frank Rehak e James Dahl nos trombones
Gene Allen, Aaron Sachs, John Hafer, Anthony Ortega e Dick Meldonian nas palhetas
Julius Held, Arnold Eidus, Julius Schachter, Paul Winter, Daniel Guilet, Seymour Moroff, Max Hollander, Harry Urbant, Mex Ceppos, Harry Melnitoff nos violinos
Isadora Zir e Harold Colleta nas violas
Maurice Brown e Arthur Winogred nos cellos
New York, 27 de maio de 1957
Faixas:
Solitaire
Other Voices
Moment’s Delight
In Might As Well Be Spring
Mesma formação (Al Hall substituindo Milt Hinton no baixo) e local anteriores, em 31 de maio de 1957
Faixas:
I Didn’t Know What Time It Was
The Very Though Of You
This is Always

Segue em
(E.4) APRESENTAÇÃO COMENTADA DOS LP’s - Final

17 dezembro 2009

RETRATOS 13 = ERROLL GARNER
Um Panorama de 88 Teclas Mágicas


(E) LP’s LANÇADOS NO BRASIL

(E.1) LISTA SEQUENCIAL DOS LANÇAMENTOS
A idéia de relacionar apenas os LP’s de Erroll Garner lançados no Brasil, fundamenta-se no fato de que todos eles são originais, contendo preciosos textos de contracapa, com fatos nem sempre constantes dos livros e das biografias de Garner.
Além do mais existe o incontentável fascínio pelo “vinil”(33 1/3, 10 ou 12”), hoje considerado “objeto de desejo” de colecionadores, conforme atestam as revistas especializadas, os apelos constantes via “Internet” e até, “last but not least”, livros inteiramente dedicados à reprodução das capas e contracapas de LP’s.
Em contrapartida a distribuição de CD’s no mercado nem sempre têm obedecido ao plano original da gravação, amontoando sessões de diversos álbuns, gravados em épocas distintas e omitindo informações básicas para os admiradores do artista.
Buscamos também apresentar, da melhor maneira possível, as gravações de Garner em ordem cronológica de seus registros originais(obviamente não coincidente com a de seus lançamentos no Brasil), iniciando com os LP’s desse Mestre para, depois, abordar as “coletâneas”
Desta forma e a seguir são apresentados os LP’s seguintes.

Garner como líder:
i. Passaporte à Fama
ii. Erroll Garner
iii. Erroll Garner Volume 2
iv. Jazz Masters Volume 11, Erroll Garner – Misty
v. Rapsódia
vi. That’s Jazz Volume 4, The Greatest Garner
vii. Erroll Garner - Piano
viii. Erroll Garner Toca, Você Dança
ix. Play It Again, Erroll
x. Jóias de Erroll Garner
xi. Romantic & Swinging
xii. Erroll
xiii. Concert By The Sea (02 lançamentos)
xiv. Solitaire
xv. Garota dos Meus Senhos
xvi. Momentos Musicais (02 lançamentos)
xvii. Close-Up In Swing
xviii. Dreamstreet
xix. Erroll Garner Quartet
xx. Erroll Garner Plays Gershwin & Kern

Garner em “Coletâneas” ou como “sideman”:
xxi. The Very Best Of Bird
xxii. Modern Jazz Piano
xxiii. Great Jazz Pianists
xxiv. US$ 64,000 em Jazz
xxv. Jazz / The Best Of, Volume 1
xxvi. Music For Tired Lovers
xxvii. Jazz / The Best Of, Volume 2

(E.2) APRESENTAÇÃO COMENTADA DOS LP’s

1ª Parte

i. Passaporte à Fama
A discografia de Erroll Garner no catálogo doméstico foi iniciada no final da década de cinqüenta do século passado, quando a gravadora "Copacabana", à época com a representação da “Atlantic Records”, lançou este álbum de dez polegadas (10”) “Passaporte à Fama”.
Segundo informações de Roger Kay, que assina as notas da contracapa, os números incluídos no disco foram retirados de velhos acetatos, gravados em 1944 por Garner e sob sua direção, para o selo “Rex”.
Roger Kay informa ainda que duas pessoas foram responsáveis pelo lançamento de Garner: a primeira foi Art Ford, que sabendo da existência dos mencionados acetados, os copiou e fez rodar durante semanas em seu então famoso programa de rádio “Milkman’s Matinée”(foi ele, também, que sugeriu o título do “Passaporte à Fama”, prevendo o rápido sucesso do jovem pianista de Pittsburgh); a segunda pessoa foi o jornalista Robert Sylvester (redator do “New York Daily”), que muito ajudou a Garner no início de carreira pois, possuidor que era de grande sensibilidade musical, dedicou inúmeras de suas colunas ao nome e ao estilo de Garner.
Afirma categoricamente Roger Kay que a Art Ford e Robert Sylvester pode-se dar o mérito de terem lançado, com sucesso e em tão pouco tempo, o então jovem Erroll Garner.
As execuções de Garner nesse álbum já nos mostram sua característica essencial, qual seja, o proposital atraso da mão direita em relação ao acompanhamento fornecido pela esquerda e, ainda, um fato raro em cua carreira: a execução de um “boogie woogie”.
10” Copacabana / Atlantic, CLP-2012, “Passaporte à Fama”
Erroll Garner/piano, Edgar Brown/baixo, Harold “Doc” West/bateria
New York, 18 de dezembro de 1944
Faixas:
-Perdido
-Everything Happens To Me
-Soft And Warm
-Blues I Can’t Forget
-I Get I Kick Out Of You
-I’m In The Mood For Love
-Boogie Woogie Boogie
-All The Things You Are

ii. Erroll Garner
Como já mencionado tentamos apresentar as gravações de Garner em ordem cronológica que, obviamente, não coincide com a de seus lançamentos no Brasil
O selo nacional “Imagem”, representando no Brasil a “Everest Records”, lançou no início dos anos setenta dois álbuns de Garner (este ora comentado e o seguinte) representativos de suas longas sessões para a importante gravadora “Savoy”, realizadas entre 1945 e 1949.
O lado, se assim podemos dizer, “comercial”, foi intensamente explorado pela gravadora, pois todas as músicas gravadas por Garner são conhecidos “standards”, muito embora revigorados pela técnica e imaginação do pianista.
12” Imagem / Everest, LP-5015, “Erroll Garner”
Erroll Garner / piano, John Levy / baixo, George de Hart / bateria
New York, 25 de setembro de 1945
Faixa
-Somebody Loves You (apesar da capa e do selo do disco indicarem esse título, na verdade o tema executado é o clássico de Gershwin “Somebody Loves Me”)
Erroll Garner / piano, John Simmons / baixo, Alvin Stoller / bateria
Los Angeles, verão de 1949
Faixa
-On The Sunny Side Of The Street
Los Angeles, 29 de março de 1949
Faixas
-I Can’t Believe That You’re In Love With Me
-Stompin At The Savoy
-Red Sails In The Sunset
Los Angeles, 20 de junho de 1949
Faixas
-She’s Funny That Way
-Stormy Weather
-This Can’t Be Love
-Moonglow
-Confessin’

iii. Erroll Garner, Volume 2
Esse foi o 2º dos dois albums Imagem / Everest
12” Imagem / Everest, LP-5055, “Erroll Garner – Volume 2”
Erroll Garner / piano, John Levy / baixo, George de Hart / bateria
New York, 25 de setembro de 1945
Faixas
-Star Dust
-Laura
-Indiana
Erroll Garner / piano, Leonard Gaskin / baixo, Charlie Smith / bateria
New York, 20 de junho de 1949
Faixa
-Starway To the Stars
Erroll Garner / piano, John Simmons / baixo, Alvin Stoller / bateria
Los Angeles, 29 de março de 1949
Faixas
-Cottage For Sale
-All Of me
-I’m In the Mood For Love
-The Man I Love
-September Song
-All The Things You Are
-Undecided
-Over The Rainbow

iv. Jazz Masters - Volume 11 - Misty
Coube à antiga “Phonogram”, hoje “Polygram”, lancer através da série “Jazz Masters”, outro interessante álbum de Erroll Garner, aproveitando quadro sessões gravadas para a “Mercury” entre 1946 e 1954. Aí vamos encontrar a versão original de “Misty”, a mais importante composição de Garner, que aliás deu título ao álbum.
12” Polygram / Mercury, LP-6338 911, “Erroll Garner – Misty”
Erroll Garner / Piano, Red Callender / baixo, Lou Singer / bateria
Los Angeles, 14 de julho de 1946
Faixa
-Where Or When
Hollywood, primavera de 1946, Nick Fatool substitui Lou Singer á bateria
Faixa
-Frantonality
Erroll Garner / piano, Leonard Gaskin / baixo, Charlie Smith / bateria
New Yorkm 08 de setembro de 1949
Faixas
-What Is This Thing Called Love ?
-Again
-Through A Long And Slepness Night
Erroll Garner / piano, Wyatt “Bull” Ruther / baixo, Fats Heard / bateria
Chicago, 27 de junho de 1954
Faixas
-Misty
-Exactly Like You
-You’re My Sunshine
Erroll Garner / piano.solo
New York, 14 de março de 1955
Faixas
-Love In Bloom
-That Old Feeling

v. Rapsódia
Retornamos á época dos álbuns de dez polegadas, buscando sempre aproximação com a ordem cronológica.
Coube à “Copacabana”, ainda exercendo a representação da “Atlantic Records”, editar “Rapsódia”, com a famosa sessão de 08 de setembro de 1949, na qual o pianista iniciava uma prática adotada em todo o restante de sua carreira, qual seja, a execução dos temas denominados “clássicos”.
“Pavanne” ganhou ousada interpretação de Garner, não menos importante que “Impressions” que, no dizer do próprio Garner, é sua visão de “Clair de Lune”, a segunda em sua trajetória, se nos reportarmos a um antigo 78rpm gravado para a “Polydor”, sob o título de “Moonlight Moods”.
10” Copacabana / Atlantic, CLP-3041, “Rapsódia”
Erroll Garner / piano, Leonard Gaskin / baixo, Charlie Smith / bateria
New York, 08 de setembro de 1949
Faixas
-Flamingo
-The Way You Look Tonight
-Reverie
-Twilight
-Skylark
-I Can’ Give You Anything But Love
-Blue And Sentimental
-Pavanne
-Impressions
-Turquoise

vi. The Greatest Garner - That’s Jazz - Volume 4
Se os discos de dez polegadas, editados pela “Copacabana”, sumiram do mercado (vez que outra podendo ser encontrados nos “sebos” e, ainda assim, em precário estado de conservação), o álbum “The Greatest Garner” editado pela “WEA” supre em parte essa carência, pois reuniu faixas daquelas sessões, devidamente remasterizadas e apresentando indiscutível qualidade técnica.
12” Atlantic / WEA, LP-30077, “Erroll Garner - The Greatest Garner”
Erroll Garner / piano, Leonard Gaskin / baixo, Charlie Smith / bateria
New York, 08 de setembro de 1949
Faixas
-The Way You Look Tonight
-Turquoise
-Pavanne
-Impressions
-Skylark
-Flamingo
-Reverie
-Blue And Sentimental
-I Can’t Give You Anything But Love
Erroll Garner/ piano, John Simmons / baixo, Harold Wings / bateria
New York, 12 de maio de 1950
Faixas
-I May Be Wrong
-Confessin’
-Summertime

vii. Erroll Garner Piano
Completando a série de dez polegadas editados pela “Copacabana” (representante da “Atlantic”), temos o LP “Piano” com o restante da sessão de 12 de maio de 1950.
10” Copacabana / Atlantic, LP-3042, “Erroll Garner - Piano”
Erroll Garner/ piano, John Simmons / baixo, Harold Wings / bateria
New York, 12 de maio de 1950
Faixas
-Margie
-Lullaby Of The Leaves
-There Is No Greater Love
-The Sheik Of Araby
-I May Be Wrong
-I’ll Be Seeing You
-Serenade In Blue
-Trees

viii. Erroll Garner Toca, Você Dança
Chegamos á fase da “Columbia” (“CBS”, atual “Sony Music”), onde Garner gravou a maior parte de seus discos. Pena que a “CBS” não tenha cuidado melhor das edições nacionais da obra de Garner, inclusive quanto aos CD’s, editados em coletâneas e sem as informações básicas.
12” Columbia, LPCB-3104, “Erroll Garner Toca, Você Dança”
Erroll Garner / piano, John Simmons / baixo, Shadow Wilson / bateria
New York, 07 de outubro de 1950
Faixas
-The Petite Waltz
-The Petite Waltz Bounce
Mesma formação e mesmo local em 03 de Janeiro de 1952
Faixa
-Out Of Nowhere
Mesma formação em Hollywood, 02 de julho de 1951
Faixas
-It’s The Talk Of The Town
-Please Don’t Talk About Me When I’m Gone
Erroll Garner / piano, Wyatt “Bull” Ruther / baixo, Fats Heard / bateria
New York, 20 de março de 1953
Faixas
-Y’ve Got My Love To Keep Me Warm
-Can’t Help Love That Men (em 27 de fevereiro de 1953
-Stompin’ At The Savoy
-Sweet Sue, Just You
-Cheek To Cheek (também em 27 de fevereiro de 1953)

ix. Play It Again, Erroll
Precioso álbum duplo editado pela “CBS”, cobrindo nove sessões diferentes produzidas pelo trio de Garner ou em piano.solo, entre 1950 e 1956, com quatro formações distintas. A exemplo da “Savoy”, também a “Columbia” americana cuidou bastante do aspecto mercadológico dos discos de Garner, em sua maioria compostos de “standards” que, se privam o colecionador de seus famosos originais, em contrapartida fornecem aspectos musicais inusitados nos temas que formam os repertórios dessas sessões.
12”, álbum duplo Columbia LPCB-225048/49, “Play It Again, Erroll”
Erroll Garner / piano, John Simmons / baixo, Shadow Wilson / bateria
New York, 28 de junho de 1950
Faixas
-Poor Butterfly
-My Heart Stood Still
Mesma formação e local, 07 de outubro de 1950
Faixa
-Lover
Mesma formação e local, 11 de janeiro de 1951
Faixas
-Honeysuckle Rose
-Laura
Mesma formação em Los Angeles, 02 de julho de 1951
Faixas
-You’re Blasé
-Ain’t She Sweet
Erroll Garner / piano, Wyatt “Bull” Ruther / baixo, Shadow Wilson / bateria
New York, 03 de Janeiro de 1952
Faixas
-Music Maestro Please
-Am I Blue
-I Never Knew
-You’re Driving My Crazy
-Summertime
Erroll Garner / piano.solo
New York, 29 de fevereiro de 1952
Faixa
-Dancing In The Dark
Erroll Garner / piano, Wyatt “Bull” Ruther / baixo, Fats Heard / bateria
New York, 27 de fevereiro de 1953
Faixas
-Avalon
-Can’t Help Love That Man
Mesma formação e local, em 30 de março de 1953
Faixas
-Easy To Love
-Mean To Me
-St. Louis Blues
-Love For Sale
Erroll Garner / piano, Al Hall / baixo, Specs Powell / bateria
New York, 07 de junho de 1953
Faixas
-Dreamy
-The Man I Love

x. Jóias de Erroll Garner
Na metade da década de 50 do século passado, a “CBS” editou um de seus melhores álbuns de Garner, contendo três sessões com duas das mais importantes formações de trio da carreira do pianista.
12” Columbia LPCB-31024, “Jóias de Erroll Garner”
Erroll Garner / piano, John Simmons / baixo, Shadow Wilson / bateria
New York, 11 de janeiro de 1951
Faixas
-Indiana
-I’m In The Mood For Love
-The Way You Look Tonight
-Penthouse Serenade
-Play Piano Play
-Laura
-Body And Soul
-I Cover The Waterfront
Mesma formação e local, 03 de janeiro de 1952
Faixa
-Lady, Be Good
Erroll Garner / piano, Wyatt “Bull” Ruther / baixo, Fats Heard / bateria
New York, 30 de março de 1953
Faixas
-Easy To Love
-Frenesi
-Mean To Me


Segue em
(E.3) APRESENTAÇÃO COMENTADA DOS LP’s - 2ª Parte

TRIBUTO A JOSÉ SANTA ROZA

15 dezembro 2009

No próximo sábado, 19 de dezembro de 2009, as 21:30h, o Charles Rio Jazz Group fará sua última apresentação deste ano.

E pela primeira vez, sem o seu baixista titular, José Santa Roza, que, no último dia 03/12, nos deixou e partiu para o outro plano espiritual musical.

A banda tocará em sua homenagem, com os seguintes músicos amigos:

Charles Rio - piano digital
Peter O'Neill - saxes tenor e soprano
Ronaldo Alvarenga - bateria
Augusto Mattoso - contrabaixo.

Outros solistas (feras) amigos do Santa foram convidados, embora ainda não confirmaram presença:Altair Martins, Idriss Boudrioua e Guilherme Dias Gomes.

O local: Espaço Rio Carioca, um anexo, composto de livraria, restaurante e espaço musical, do interessante conjunto arquitetônico conhecido como "Casas Casadas", em Laranjeiras, construido pela família Leite Leal, em 1883 (site http://www.espacoriocarioca.com.br/).

Endereço: Rua das Laranjeiras, 307 - entrar pela Rua Leite Leal.

Telefone para reservas: 2225 7332

Couvert artístico: R$ 20,00

Data: 19/12/09 as 21:30h.

Esperamos vocês neste show imperdível.

Um abraço do Charles Rio

P.S. - Nos chega agora um comunicado do saxofonista Idriss Boudrioua, que será realizada uma homenagem para o Santa Roza na Modern Sound no dia 7 de Janeiro, a partir da 17 horas.
Diversos músicos irão tocar nessa confraternização a fim de arrecadar fundos para a viúva Monica e seus dois filhos pequenos.
Compareça, ouça música da melhor e ajude.

EXCELENTE O SHOW DE ADRIANO GIFFONI


De muita qualidade foi o show de Adriano Giffoni na noite de dez do corrente no "Velho Armazem". Com ele estavam Tino Jr.(st), Felipe Poli(g) e Cesar Machado (dm) e o anfitrião Márvio Ciribelli aos teclados. Após os excelentes "All the things you are" e "Solar", entramos no repertório do último CD de Adriano, "Quixadá Acústico". Ganhamos o disco e em casa pudemos avaliar a sua alta qualidade. Adriano toca música brasileira com a acentuação jazzística que todos apreciam. Uma gama de ótimos músicos se reveza de faixa para faixa, dando uma ótima demonstração de conhecimento dos nosos rítmos. Adriano é perfeito tanto nos solos, inclusive com arco, como nos acompanhamentos. Foi mais uma noite agradável , com boa música e bons amigos no "Velho Armazém".

HELVIUS VILELA

O meu amigo pianista,compositor e arranjador Helvius Vilela esta precisando da nossa solideriedade. Ele esta com cancer nos pulmões.Esta sendo tratado no INCA e assim que estiver mais forte podera se submeter a um tratamento de quimioterapia. Como no momento não esta podendo trabalhar peço aos amigos que depositem o valor que for possivel na seguinte conta:
HELVIUS VILELA BORGES
CPF 242.899.147-72
BANCO ITAU
AGENCIA : 0311
CONTA : 10.484-8

A musica agradece.

COMPARTILHANDO COM OS AMIGOS

14 dezembro 2009

O Beltrão tem milhares de CD's ocupando um quarto inteiro, cheio de prateleiras, mais centenas de LP's de oito, dez e doze polegadas, fora as fitas cassette, sei lá.

Para mim a arte de colecionar discos é algo do século XX e um colecionador tem agora, no século XXI, o microcomputador como seu melhor aliado para poder disfrutar de toda a música que guarda nas estantes, sem sequer levantar-se da cadeira.

Com a enorme capacidade de armazenamento de hoje em dia, o Beltrão pôde compactar em MP3, sem perda de qualidade para um ouvido normal, os milhares de CD's e vinis utilizando um programa de computador que, facilmente, pode tocar em sequencia todas as gravações de "Autumn in Paris" ou "Sophisticated Lady", de centenas de interpretes, ou lhe dizer quantas composições de Duke Ellington ele possui.

Fora isso é só a diversão de pegar CD por CD, compactar no Hard Disk e catalogar no software. O futuro é isso aí, comparar as discotecas com os amigos em termos de Gigabytes ou até Terabytes.

Beltrão, assim que terminares de por tudo em MP3, estarei te mandando um Hard Disk de 500 Gigabytes para voce me copiar sua discografia - eu sei que tem coisa muito boa para se ouvir.
RETRATOS 13 = ERROLL GARNER
Um Panorama de 88 Teclas Mágicas

(D) INFLUÊNCIAS, ESTILO, SEGUIDORES

Essa diversidade de apreciações, ainda que em síntese final coerentes, deve-se ao fato de que na história do “piano–jazzErroll Garner é caso único, impossível de enquadramento em qualquer escola: sempre ficará fora das “correntes”, da “moda”.

Pode-se dizer que, no início, recebeu alguma influência dos “boppers” então dominando a cena jazzística e que, naquele momento/movimento, também constituia seu envolvimento. Mas ainda que sua participação naquele cenário fosse de ligação e de adaptação à linguagem revolucionária de Charlie Parker, sempre ficou muito nítida a marca de sua personalidade musical, personalidade, de resto, calcada no mais absoluto talento natural: não lia música e tampouco diferenciava tonalidades ! Mas foi capaz de cunhar um estilo absolutamente inconfundível, destinado a alcançar sucesso extraordinário.

Os contrabaixistas e bateristas que atuaram com Garner por muito tempo sempre o consideraram um “monstro”, quando não um “gênio”, nunca abaixo de um Art Tatum, ou de Oscar Peterson, ou de George Shearing (que chegou a declarar publicamente haver buscado adaptar seu estilo ao do colega Garner), ou ainda de Teddy Wilson, de Earl Hines ou de Duke Ellington. Em sua proverbial introspecção e poucas palavras, Thelonius Monk admitia o fascínio que sentia por Garner.

Em seu livro “Jam Session – An Anthology Of Jazz” (1958, U.S.A., reeditado em 1961 para os membros do “Jazz Book Club” da Inglaterra), Ralph J. Gleason reprisa artigo que havia publicado anteriormente na revista “Down Beat”, para afirmar que Erroll Garner com seus “.....cascading chords, lilting rhythm, romântic melodies and all-out, free-wheeling swing have made him into one of the major influences on jazz pianists in the past decade....”.

Obviamente e sem desprezar outras influências, podemos citar como seus “descendentes” diretos ou um tanto mais remotos, entre outros, Ahmad Jamal, Red Garland, Carl Perkins, Ellis Larkins e Phineas Newborn.

Idolatrado pelo público(e de modo particular pelo “grande público”, que logicamente sempre ficou extasiado com suas miríades de efeitos e de “truques”), Garner sempre obteve escassa consideração por parte da crítica, habitualmente disposta a tratá-lo como um “super-pianista de entretenimento”, mas via-de-regra reservando-lhe espaço acanhado na história do JAZZ.

Quando Garner faleceu em janeiro de 1977, enquanto os jornais de grande circulação em todo o mundo davam grande destaque à triste notícia (confirmando a enorme popularidade de que desfrutava seu nome), boa parte das revistas especializadas, ao contrário e como se a popularidade fosse inversamente proporcional aos seus méritos, minimizava o fato. Essa foi a posição, por exemplo, de Arrigo Polillo na revista “Música Jazz” de fevereiro de 1977: “.....salvo poucas coisas boas no primeiro ano de sua carreira, a produção restante de Garner é música de consumo......”.

Esses críticos em nada nos espantam porque, aqui, reportamo-nos a James Lincoln Collier em seu livro “JAZZ – A Autêntica Música Americana”(Jorge Zahar Editor, 1993, página 243), que no capítulo dedicado aos “críticos”, salienta com muita propriedade que em todas as 03 grandes gerações de críticos de JAZZ ( -inicialmente aqueles que tiveram formação acadêmica, - seguidos dos que nasceram pela paixão da música de seu tempo, mais viscerais que técnicos – - para desembocar na geração de Martin William, Whitney Balliett, Gary Giddins, Nat Hentoff, Stanley Crouch, Dan Morgenstern, Gunter Schüller, Leonard Feather e Stanley Dance, muito mais comentaristas, articulistas, freqüentadores de seminários, conferências e que de tempos em tempos publicam livros, que “conhecedores musicais” de JAZZ), parece que os críticos supõe-se superior ao que criticam = os músicos. Collier arremata de maneira fulminante ao afirmar que, com exceção de Leonard Feather e Gunter Schulller, nenhum desses “críticos” teve razoável formação musical (em alguns casos nenhuma), muitos não sabem ler música ou tocar um instrumento musical com um mínimo de técnica; diz ele que a pura verdade é que existem milhares de estudantes de música nos U.S.A., que conhecem mais teoria musical que os "críticos" de JAZZ do primeiro time.

Ainda o historiador James Lincoln Collier em seu importante livro “The Making Of Jazz”(Granada Publishing/Inglaterra, 1978, página 392), diz textualmente que (tradução livre) “......George Shearing, Oscar Peterson e Erroll Garner constituem uma sub-escola do moderno piano-jazz......”, no sentido de que fizeram escola a partir de outros mestres do teclado.

Se consultarmos o precioso livro de Len LyonsThe Great Jazz Pianists”(Da Capo Press, 1983, páginas 40, 100, 105, 115 e 116, 157, 175, 182 e 183, 190, 206, 211, 225 e 232), veremos que tanto nos comentários do autor, quanto nas apreciações de pianistas do quilate de George Shearing, Dave Brubeck, Ahmad Jamal, Jimmy Rowles, Billy Taylor, “Jaki” Byard, Ramsey Lewis, “Randy” Weston, Bill Evans e Steve Khun, Erroll Garner é referência indissolúvel de origens e/ou de estudo.

Na verdade e na sua aparente (nunca real) limitação de “aproach”, Garner possuía amplo senso de organização sonora, o que lhe permitia desempenho pianístico com sonoridade de grande orquestra, a par de ter sido um dos grandes improvisadores do JAZZ.

Os que tiveram a ventura de acompanhá-lo quase nunca sabiam o que seria executado. Seu repertório, constantemente renovado, era vastíssimo e mesmo quando retornava a um tema, modificava o tempo, ou a harmonia, ou a tonalidade, conferindo execução inteiramente diferente da(s) anterior(es). Um dos clássicos exemplos disso são as 04(quatro) versões que deixou registradas de “St. Louis Blues”.

Uma escuta atenta e uma análise aprofundada do extenso patrimônio discográfico que Garner nos legou, nos faz descobrir, sob a superfície luxuriante carregada de tons rapsódicos, de arpégios e aparência barroca, um admirável domínio da vizinhança de todos os estilos pianísticos: é um pequeno universo do “piano-jazz”.

Do “stride-piano” de James P. Johnson e “Fats” Waller (escute-se a versão de Garner em setembro de 1945, do clássico “I Know That You Know”), ao “boogie-woogie”(“Boogie Woogie Boogie” de dezembro de 1944) e ao largo emprego dos “block-chords”(1953, “I’ve Got My Love To Keep Me Warm”), Garner está sempre a vontade.

Mesmo não sendo um devoto do “Blues” dos quais poucos registrou, ainda assim e como demonstrou na gravação de “Way Back Blues” em 1956, possuía um “feeling” exato.

De resto suas mãos se multiplicam: ataque poderoso com as duas, impressionante rapidez e destreza com a direita (ouvir sua versão de “Honeysuckle Rose” de janeiro de 1951), inconfundível e característica defasagem (ligeiro atraso) da direita em relação à esquerda(“Undecided” de março de 1949 é um primeiro de múltiplos exemplos) e completa independência entre as duas – o que lhe permitia combinar ritmos diferentes com absoluta naturalidade (ouça-se o registro de 1956 para “But Not For Me”). Permanente carga de “swing”, alimentando incessantemente sua improvisação com inesgotável fantasia criativa, desenvolvendo ao infinito qualquer melodia, mesmo se banal, enriquecendo-a com adornos, tessituras rapsódicas, variações de timpbre, até literalmente transfigurá-la.

Como episódio esclarecedor das execuções de Garner, lembramos a exclamação de Jerome Kern após escutar as peças de sua autoria, “Who” e “Yesterdays”, gravadas por Garner em março de 1955 (texto da capa do LP “Erroll”, EmArcy MG 36.069):
..........será possível que tudo isso seja obra minha ? ? ? .............”.

É importante lembrar as magníficas “introduções” de Garner, sempre inovadoras e imprevisíveis mesmo para ouvintes preparados, provocando a curiosidade e criando suspense até que, quando ele atacava o tema com seu inconfundível “Garner beat”, o auditório não podia fazer menos que explodir em ovação, descarregando a tensão acumulada e deixando-se envolver pela impressionanate cascata de notas.

Simples é ouvir e deliciar-se com a música de Erroll Garner, mas complexo é analisá-la. Transvrevemos a seguir em tradução livre e adaptada, uma pequena parte do artigo de Mini Clar (revista “The Jazz Review” de janeiro de 1959, páginas 06 a 10), gentilmente cedido pelo amigo no JAZZ Carlos Augusto Tibau Ribeiro.

........Analisar a música de Erroll Garner envolve o exame, não de um, mas de vários estilos de tocar. Talves mais que qualquer outro pianista de JAZZ, ele sempre prosseguiu desenvolvendo seu estilo. De um início razoavelmente simples, Garner forjou continuamente a produção de uma crescente complexidade de idéias e de sons. Sem importar o quanto seu desenvolvimento foi radical, ele sempre manteve identidade musical marcante em todo o seu trabalho.
Três influências(ou raízes) são identificáveis no estilo de Garner, a saber: (1) Ragtime, (2) Impressionismo e (3) o “Stride-piano” do Harlem à “Fats” Waller. As harmonias luxuriantes e as sinuosidades sonhadoras, nas baladas em tempo lento de Garner, vêm do Impressionismo; o balanço e a jovialidade nas faixas em “up-tempo” derivam do Ragtime; a vitalidade robusta e o humor insinuante que permeiam seu toque, vem de “Fats” Waller e da sua escola “Stride”. Observe-se que essas raízes são puramente pianísticas, sem influência de estilos conseqüentes dos instrumentos de sopro. O estilo Garner pode ser sub-dividido pelos 10 pontos seguintes(que não estão vinculados a nenhuma cronologia):
1º estilo “stride” = balanço, tom baixo, enfeite de notas, “clusters”, uso de décimas;
2º estilo do swing primitivo / tempo médio ou “up-tempo” = sonoridade emergente nos inícios de frases;
3º estilo fluido = uso de pedal, balanço nos tons baixos, décimas;
4º estilo latino = balanço do “beguine”, melodias com a mão esquerda, arpégios;
5º estilo impressionista = baladas lentas, acordes “volumosos”, som luxuriante;
6º estilo Bebop = concentração na mão direita, sonoridade de instrumentos de sopro;
7º estilo contemporâneo = acordes em estacatos com a esquerda, balanço;
8º estilo “balanço muito lento” = sub-divisão em partes mínimas;
9º estilo mambo = balanço do mambo;
10º estilo orquestral = intensificação e utilização de recursos pianísticos.
Uma aproximação bem satisfatória para o estudo do estilo de Garner pode ser obtida considerando: melodia / harmonia / ritmo / cores tonais / expressão emocional.
Melodicamente Garner utiliza cada recurso possível em sua improvisação: as duas mãos executam papéis melódicos (padrões para a mão esquerda, trabalho de mãos cruzadas e freqüente alternância de fragmentos melódicos). Em execuções com um único dedo Garner emprega notas de enfeite, apogiaturas simples e duplas, arpégios ascendentes e descendentes, escalas cromáticas e diatônicas, escalas pentatônicas e repetição de notas. A repetição constante de notas da melodia é uma marca registrada de Garner: notas ou acordes são repetidos duas ou três vezes por tempo.....


Segue em
(E) LP’s LANÇADOS NO BRASIL