Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

TERENCE BLANCHARD – “ UM HORROR !"

16 setembro 2009


NOTAS

TERENCE BLANCHARD – “ UM HORROR ! ”
Não que não estivéssemos preparados para esse tipo de “coisa”. Já sofremos anteriormente com os shows do “Weather Report” no Municipal (1972), de Albert Mangelsdorf no MAM (1973), os dois de Charles Mingus, no Municipal (1974) e no João Caetano (1977) . Isso sem falar no de Miles Davis no Municipal que não vimos e não gostamos. Naquele tempo os jornais tinham críticos que conheciam a coisa e houve uma unânime malhação a qual me incorporei de imediato. Nos ensina o maestro Leonard Bernstein no precioso disco “Isto é Jazz” que essa arte sonora tem como pressupostos o “beat”, o “swing”, e a improvisação.
No “show” de Blanchard, apenas o último item foi apresentado, ainda assim de forma escandalosamente livre, permitindo aos solistas as indefectíveis demonstrações de técnica e altos vôos . Já no primeiro número que teve a exata duração de 30 minutos, prevíamos o que viria em seguida. Um solo de baixo de aproximadamente 10 minutos, com homeopáticas intervenções do piano e um incessante trabalho da bateria em demonstração polirrítmica. Chegam os sopros e a coisa se desenvolve por mais vinte minutos com as características já descritas. E o resto do show foi exatamente igual , com números de longa duração, cansando os ouvidos dos pacientes espectadores.
Chegamos a conclusão que os efeitos do Katrina atingiram violentamente a música nascida em New Orleans. Até as “blue notes” foram abolidas dos discursos melódicos, dando a impressão que ouvíamos outro tipo de musica. Isso fez com que muita gente saísse antes do final, enquanto o lado moderno da platéia aplaudia calorosamente . Não esperamos o indefectível bis. Saímos do teatro com a estranha sensação de que o Jazz passou longe da Cecília Meireles. Quanto aos músicos, realmente ótimos mas, com um discurso totalmente diverso do que se chama Jazz.

18 comentários:

figbatera disse...

Infelizmente, é o que mais anda acontecendo nos atuais festivais de "jazz"; não sei o que passa pela cabeça desses caras querendo uma programação mais "moderna", misturando tudo.

Andre Tandeta disse...

Sugiro que os amigos se limitem a apresentações de jazz tradicional(Dixeland ou swing ,por exemplo) ou os dissabores se repetirão.
Charles Mingus se apresentou em 1974 no Municipal ,unica vez que esteve no Brasil. Em 1977 quem se apresentou no João Caetano foi Art Blakey. Estive nas duas e tenho otimas lembranças ,foram muito boas as apresentações.
Abraço

Beto Rocco disse...

"A vanguarda é o último refúgio dos incompetentes."
Joyce Moreno

Anônimo disse...

Alô Tandeta,
Felizmente não sou um inventor de shows. Charles Mingus atuou no Municipal em 17 e 18 de agosto de 1974. Mas, veio também em 1977 quando no dia 23 de maio apresentou-se com seu grupo integerado por Rick Ford(st)-Jack Walrath(tp)- Robert Neloms(p) e Danny Richmond (dm). Por acaso tenho o programa devidamente autografado pelos músicos.
Sorry,
llulla

Mario disse...

Blanchard já tinha me desanimado na penultima vez que veio ao Rio, motivo pelo qual tomei a decisão de não me aventurar nesta aventura.
Vejo que minha decisão foi acertada, evitando o artista com seus projetos vanguardistas e pseudo intelectuais no jazz.

Mario disse...

Sorry, aventura demais.

Andre Tandeta disse...

Desculpe ,Lula.
Eu logo apos verifiquei na internet e voce esta completamente certo.
Abraço

Beto Kessel disse...

Lendo os comentarios sobre a suposta performance de Blanchard,a impressao e que venderam um artista que brilhou no inicio dos anos 80, que no entanto nao entregou o produto combinado.

Tive a oportunidade de ir, mas foi bom ter ficado em casa..

A proxima atarcao de outubro e outor trompetista..arturo sandoval...sera que ira tocar Jazz ou salsa

Andre Tandeta disse...

Sobre a frase de Joyce em relação a vanguarda gostaria de lembrar que Charlie Parker e Tom Jobim,só pra ficar em dois exemplos,tambem foram considerados vanguarda,nas decadas de 40 e 50 respectivamente. Seriam incompetentes?

Gustavo Cunha disse...

Bom, estive lá no show e tenho que concordar com mestre llulla, quem foi procurar blues e siwng não achou

Eu gosto desse som com uma roupagem "moderna" (o que é moderno?!), fora do contexto tradicional do jazz, o som fusion como muitos classificam ... tá certo que era um quinteto acústico porém o que muito me irrita é o uso de efeitos nos instrumentos de sopro, pra mim são totalmente dispensáveis; Blanchard usou desse recurso, e abusou.

Destaque para o sax tenor de Bryce Winston e a bateria de Kendrick Scott;
De todos os temas apresentados, eu fico com o "bis", belísssimo, compensou o todo !

No geral, eu também esperava mais do show

sazz disse...

Vou por partes como "Jack", não vamos confundir vanguarda com guarda na van, esse papo de "não vi e não gostei" é falta de argumento ou covardia mesmo.
Vamos parar com esse falso puritanismo de que jazz é só Charlie Parker, Gillespie, Monk e outros, que não mais aqui estão e que tiveram sua importancia, mas a bem da verdade o jazz mudou sim e vai continuar em mutação graças a Deus alçando outros caminhos e que sejam sem fim, e não necessariamente o novo ou muderno como queiram definir.
Quanto ao Blanchard, é mais um que se encaixa nesse tom, mantendo o "touch" e atingindo a sensibilidade de cada um nos seus improvisos ( apesar dos excessos nos efeitos ), sem fugir no entanto do mais importante, como dizia meu maestro soberano Antonio Carlos de "vanguarda" Jobim, da HARMONIA.
O resto é blá,blá blá sem swing e sonoridade...

Sazz

Seguirei na coluna do Benex.

edú disse...

Esse espírito de discussão franca, aberta e principalmente PARTICIPATIVA que garantiu a perenidade (com bons e não tão bons momentos) do blog em todos os sete anos de vida.Que ele impere sempre.São meus sinceros votos.A propósito,Blanchard - q vi três vezes (uma em NY,outra New Orleans e a ultima em SP) è sempre ótimo.Suas trilhas , com forte influência de Alec Wilder, permitem q se assista, com menos tédio, aos debilitados filmes recentes de Spike Lee.Da mesma forma discordo, respeitosamente, de Mestre Llulla.Temos críticos nos jornais q entendem de jazz, sim.Cito o exemplo do experiente (sem estigma de veterano) João Marcos Coelho ,do Estado de São Paulo, o melhor texto a respeito do tema em nossa imprensa há pelo menos duas décadas.

llulla disse...

Alô Sazz,
Se a crítica do Rio que naquela época existia, baixou o sarrafo no show de Miles Davis, porque eu iria discordar da mesma ? Não fui e não gostei não é covardia é simplesmente uma expressão que concordou com a crítica. Sylvio Tullio Cardoso, Ary Vasconcellos e outros foram unânimes em escrever que o Jazz desapareceu naquela noite do Municipal. Como já sabia o que ia acontecer, embora tivesse ingressos como convidado preferí me manter no recesso do lar.
That's all.
llulla

Anônimo disse...

Considerações...

1) Eu acho o Terence Blanchard MUITO chato. Ele nunca teve swing ou beat. Quem foi ao espetáculo esperando swing ou beat desconhece completamente o trabalho do Terence. Ignorância completa da obra do rapaz.

2) 'Não vi e não gostei' é assinar cheque em branco ou atestado de 'sei lá o que'.

3) A frase da Joyce sobre a vanguarda é a coisa mais idiota do mundo (contemporâneo). O vento leva as frase tolas junto com as folhas de outono.

4) Isso aqui continua sendo, com raras exceções, o Jazz Museum.

Clodoaldo.

llulla disse...

Volto a citar Duke Ellington : "If don't mean a thing, if it ain't got that swing. "
llulla

Bene-X disse...

Mestre Llula, v. sabe e de mim já ouviu inúmeras vezes, que meu bordão é o mesmo: "If don't mean a thing, if it ain't got that swing." Cansei de falar isto, e muitas vezes fui criticado por reclamar de músicos que desprezam - repito - desprezam o blues e o swing. Há vários e hoje em dia, basta juntar piano, baixo e bateria acústicos para qualquer vagabundo dizer que "é jazz".

Acho bom apenas salientar o sentido da máxima ellingtoniana. Ele fala em "THAT swing". Aquele swing, um swing diferenciado. Nisto está falando, para mim, não de qualquer "swing". E Terence, para mim, teve muito no concerto de 2a., não no sentido superficialmente musical ou de roupagem, DAQUELE swing a que Duke se referia. O swing do jazz que é a história da cultura do negro americano. Não à toa, lembremos, o próprio Ellington ultrapassou, em várias composições, usando ou não sua orquestra, o conceito fechado do blues e do genérico swing. Mas uma coisa é certa: Duke foi jazz a vida toda. O maior de todos. Sempre com THAT swing.

Abs, Mestre.

JoFlavio disse...

Mr. Tandeta

A frase da Joyce foi retirada isoladamente de um texto e tinha outra conotação. Ela se referia a alguns, realmente sem consistência musical, que se promovem sob o manto fictício de uma vanguarda às vezes mandrake. Isso é muito comum em São Paulo - vide Tom Zé. Arrigo Barnabé e Itamar Assumção sempre foram considerados a mais legítima vanguarda da música paulistana. Os dois sairam de Londrina. Eram músicos amadores, sem a mínima noção de harmonia, swing, etc... Na falta de um rótulo adequado (dodecafonia?),viraram "vanguarda".
Abs.

Andre Tandeta disse...

Colega,
perfeito. Como conheço Joyce de longa data fiquei um pouco cabreiro com a frase mas imaginei, pelo visto corretamente,que estaria fora de um contexto. Esta sua explicação com exemplos que realmente ilustram confirma isso . Sempre achei esses caras um pouco, digamos,exoticos. Sabemos,voce e eu,que pra fazer o novo é sempre muito bom conhecer muito bem harmonia,swing,composição,arranjos e outros quesitos imprescindiveis pra se fazer boa musica com real substancia. E Joyce tem de sobra. É só ver a obra dela, hoje em dia conhecida mundialmente.
Quando voce vira ao Rio? Sera um prazer papear com voce.
Abraço