Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

POST SEM PALAVRAS, SÓ MUSICA. E CELESTIAL

30 julho 2009

Paul Desmond (as); Jim Hall (g); Gene Cherico (b) & Connie Kay (dr).

MUSEU DE CERA # 60 – CANTORAS DE BLUES 8 – MAMIE SMITH

26 julho 2009



Mamie Smith foi a primeira cantora a gravar um Blues fato ocorrido a 10/agosto/1920 com as canções Crazy Blues e It' s Right Here for You para a Okeh Records, acompanhada pelos Jazz Hounds. A gravação, um enorme sucesso, vendeu mais de 1 milhão de cópias em menos de um ano e mais 1 milhão nos anos seguintes, abrindo as portas para um grande número de cantoras, notadamente das revistas musicais do teatro e do vaudeville.
Após Crazy Blues, houve uma grande corrida das gravadoras atrás das cantoras negras e de músicos negros para acompanhá-las, dado agora ao grande negócio ― "classical blues singers" como registravam os catálogos racistas "race records". Antes de Mamie não existiam cantoras de Blues propriamente, embora nos teatros números de Blues eram executados por vezes.
Mamie nasceu em Cincinnati, Ohio, a 26/maio/1883 cujo nome de batismo era Mamie Robinson, depois casando-se com o tenor William Smith passou a ser conhecida como Mamie Smith. Iniciou aos 10 anos no vaudeville atuando junto ao conjunto menestrel Four Dancing Mitchells e mais tarde excurcionando como estrela do Salem Tutt Whitney and Homer Tutt's Show. Mamie foi para New York em 1913 com The Smart Set Show. Depois, seguiu para o Harlem cantando em casas noturnas como o Baron Wilkin's Little Savoy Club, Leroy's, Edmunds, Percy Brown's and Banks' Place.
O pianista e compositor Perry Bradford, autor da canção Crazy Blues foi também autor da proeza de convencer os produtores da OKeh Records em New York a gravarem uma negra cantando o que até aquela época era tido nas grandes cidades como música chula de negros e sem nenhum potencial comercial. Em 1920 a Okeh já havia gravado algumas canções populares com artistas negros, mas Bradford conseguiu que uma cantora executasse apenas Blues junto a músicos de Jazz, os quais foram selecionados por Bradford sendo liderados pelo cornetista Johnny Dunn e nomeados de Jazz Hounds (hound no sentido de maníaco como gíria).
Mamie continuou gravando para a Okeh até 1923 inclusive com o Harlem Trio composto pelo clarinetista Sidney Bechet, o pianista Clarence Williams e o banjoísta Buddy Christian. Nos anos 30 participou do grupo do pianista e arranjador Fats Pichon e desde então até o início dos 40 manteve uma carreira de sucessos cantando, gravando e aparecendo nos filmes: Jail House Blues (1929), Othelo (Paradise) in Harlem (1939) produzido pelo segundo marido Jack Goldberg, e ainda Mystery in Swing, Sunday Sinners (1940), Stolen Paradise (1941), Murder on Lenox Avenue (1941) e Because I Love You (1943).
Devido à grande significância histórica Crazy Blues foi incluído no Grammy Hall of Fame em 1994 e em 2005 foi selecionado como de preservação permanente no National Recording Registry da Library of Congress.
Mamie foi o padrão para as cantoras de Blues que seguiram seus passos. Além de cantora, foi pianista, compositora, dançarina e atriz. Faleceu a 30/out/1946 em New York city deixando um legado de 49 registros fonográficos.
Historicamente o Museu não poderia deixar de apresentar Crazy Blues e selecionamos ainda uma de suas magníficas atuações em Goin' Crazy With The Blues onde mostra sua excelente voz alegre de contralto.
CRAZY BLUES (Perry Bradford)
Mamie Smith and her Jazz Hounds: Mamie Smith (vcl), Johnny Dunn (cornet), Dope Andrews (tb), Ernest Elliott (cl, st), Leroy Parker (violino) e provavelmente Willie "The Lion" Smith (pi).
Gravação original: New York, 10/agosto/1920 - Okeh 4169 (matrix 7529-C).
GOIN' CRAZY WITH THE BLUES (Andy Razaf / J.C. Johnson)
Mamie Smith (vcl) acompanhada por Tom Morris (cnt), Charlie Irvis (tb), Bob Fuller (cl), Mike Jackson (pi) e Buddy Christian (bj).
Gravação original: New York, 27/agosto/1926 – Victor 20210 – (mx 36069-1).
Fonte: CD – Mamie Smith The Essential – selo Classic Blues 200036 – 2002 - USA



Free

LANÇAMENTOS DO CJUB

20 julho 2009



O concorrido lançamento do CD "O Som do Beco das Garrafas" de David Feldman em 20 de julho de 2009, derivado de uma produção do CJUB de 31 de março de 2005, foi um sucesso com o pianista Feldman liderando seu trio com uma categoria impressionante, demonstrando sua personalidade marcante e um ritmo contagiante da bossa jazz.

Assistindo a tudo ao lado de Milton Nascimento, a veterana e magnifica cantora Jane Duboc, já trazia em mãos seu novo CD "Tributo a Ella Fitzgerald", mais uma idealização do CJUB, lançado no concerto de 7 de abril de 2006 no Mistura Fina, com o nome de Dear Ella, com produção de David Benechis.

Jane Duboc canta e Victor Biglione toca sua guitarra junto com uma banda de primeira num passeio pelas famosas canções de Ella Fitzerald como Night and Day, Stormy Weather, Ain't Got Nothing the Blues, Bonita de Jobim, Here is That Rainy Day, Autumn in New York/April in Paris/A Foggy Day, Satin Doll, Come Rain or Come Shine, Angel Eyes, Lush Life, Someone to Watch Over Me e um medley com Embraceable Yo/How Long This Been Going On/Love Is Here To Stay.

Para breve será o lançamento desse CD emocionante, mais um orgulho do CJUB que Jane e Victor se empenharam em gravar, a ser lançado pela Robdigital.














50 ANOS, NOVINHO EM FOLHA


A Columbia Records, nos anos 50, era a grande casa do jazz. Nela estavam Count Basie, Miles Davis, Benny Goodman, Charles Mingus, Louis Armstrong, Cab Calloway, Billie Holiday e Dave Brubeck. A gravadora mantinha uma política de popularização do jazz e, embora seus talentos fossem personalistas, tratava o gênero como um produto de massa.
Brubeck já estava com dezenas de discos gravados e sua popularidade era ascendente. Em 1954, foi capa da Time. Não se esperava, portanto, que o pianista californiano fosse gravar um disco tão ousado em 1959: Time Out. Mais surpreendente foi o sucesso que o álbum atingiu. Quando Miles Davis terminou de gravar Kind Of Blue, em 22 de abril de 1959, Dave Brubeck estava no estúdio ao lado de Paul Desmond (sax alto), Eugene Wright (baixo) e Joe Morello (bateria). De formação erudita - foi aluno de Darius Milhaud - , Brubeck impôs uma polrritmia inédita ao gênero. A harmonia aberta dava espaço para melodias realmente sofisticadas, um tanto européias. Brubeck tocava acordes firmes, às vezes rígidos, enquanto o sax de Paul Desmond aparecia levíssimo e maleável, com um sopro limpo. Um casamento perfeito. Estamos tão acostumados a associar Take Five a Brubeck que esquecemos de dar o devido crédito a Paul Desmond, o verdadeiro autor da faixa. Desmond era brilhante, um caso raro de saxofonista que não se deixou influenciar tanto por Charlie Parker. Sua escola vinha do estilo cool de Lester Young.
O que impressiona em Time Out é a capacidade que o quarteto demonstra em suingar sobre ritmos estranhos ao jazz, como o 5/4 de Take Five, ou o 9/8 de Blue Rondo A La Turk. A naturalidade com que esses ritmos são tocados mostra o quanto o grupo era atento à música contemporânea sem, por isso, soar difícil. Quando Time Out chegou à lojas, a crítica torceu o nariz. Achava o trabalho acadêmico, cerebral, sem suingue, pretensioso e duro. Mas as experimentações do Dave Brubeck Quartet caíram no gosto do público. E não é só por Take Five ou Blue Rondo... Three To Get Ready é de uma beleza quase singela e soa bastante camerística. Everybody's Jumpin' é exemplo de destreza de Desmond em contraponto ao piano obstinado de Brubeck. Na cozinha, Joe Morello e Eugene Wright fazem os ritmos exóticos parecerem brincadeira de criança.
Time Out alcançou 50 anos com o frescor inabalável dos clássicos. É um caso raro na história da arte em que experimentação e complexidade não se chocaram com popularidade.

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Transcrição da coluna Máquina do Som de hoje, escrita por Ranulfo Pedreiro no JL (Jornal de Londrina). ranulfo@jornaldelondrina.com.br

Manu Le Prince volta ao Velho Armazem


Na próxima quinta feira, 23 de julho, a cantora francesa Manu Le Prince retorna ao Velho Armazem de Niterói para mais uma apresentaçáo ao lado de Márvio Ciribelli. Ela é também uma das atrações do Ibitipoca Jazz Festival que tem seu início marcado para 24 sde julho. Quem gosta de boa música com aquele molho de Jazz, deve comparecer ao Velho Armazem que por certo terá mais uma noite brilhante. Certifico e dou fé.

llulla

Akio e Harvie

19 julho 2009

Akio Sasajima e Harvie S. tocam uma música que chega ao coração sem passar pelo cérebro. É o magnífico concerto de Aranjuez, dedilhado ao violão e texturizado pelo contrabaixo acústico.
Para escutar no domingo silencioso.

O SOM DO BECO - DAVID FELDMAN POR LUIZ ORLANDO CARNEIRO

Tomo a liberdade de reproduzir texto do Luiz Orlando Carneiro publicado hoje no JB, e que trata do lancamento do album do pianista David Feldman, que ocorrera amanha noite na Modern Sound


David Feldman recria com louvor sonoridade do Beco das Garrafas

Luiz Orlando Carneiro, Jornal do Brasil


BRASÍLIA - Há pouco mais de quatro anos, neste espaço, comentei o show do pianista carioca David Feldman, em trio com Rafael Barata (bateria) e Jorge Helder (baixo), no antigo Mistura Fina da Lagoa, numa noite promovida pelo CJUB (hoje o Clube de Jazz e Bossa), intitulada O som do Beco das Garrafas. Feldman – hoje com 31 anos – voltava então de uma longa estada em Nova York, onde se graduou na New School University, e se enturmou com o primeiro time do jazz da Big Apple. Naquela ocasião, cheguei a compará-lo a Jean-Michel Pilc e a Uri Caine, tecladistas que “aliam a uma postura concertística e a uma técnica apurada aquela concepção de que o jazz é, basicamente, o 'som da supresa'”, demonstrando ainda que o improvisador não se deve contentar com “o conforto da pilotagem semiautomática proporcionado pelo domínio dos acordes de base, mas desconstruir e reconstruir os temas em blocos que formam um todo pantonal e polirrítmico”.

A apreciação é mais do que aplicável ao CD editado pela EMI, com o mesmo título daquele memorável show, a ser lançado amanhã, a partir das 19h, no Allegro Bistrô da Modern Sound (Rua Barata Ribeiro, 502). No álbum – gravado em estúdio, em janeiro do ano passado – Feldman mantém o alto nível do trio de 2005, ao escalar Sérgio Barrozo (baixo) e Paulo Braga (bateria). Ele reinterpreta três temas pelos quais tem especial xodó: São Salvador (4m40), de Durval Ferreira; Sambou, sambou (5m37), de João Donato; Rapaz de bem (6m31), de Johnny Alf. Toma ainda como ponto de partida (e de chegada) Eu a a brisa (6m10), uma outra canção de Alf; Brigas nunca mais (6m10) e Só tinha de ser com você (6m08), de Tom Jobim, evidentemente; Sabe você (7m27), de Carlos Lyra, e Tristeza de nós dois (5m54), de Bebeto, Durval Ferreira e Maurício Einhorn. A faixa-título e ponto alto do CD (4m50), de autoria do pianista, é um exuberante tour de force esquentado pela bateria de Braga, e tem como introdução uma “exclamação” percussiva do trio, de menos de 15 segundos, batizada de Beco engarrafado.

Feitas as contas (excluindo-se a “bossa” acima citada), a média de duração das faixas do disco supera os seis minutos, o que já indica o esmero com que foram concebidas. Não só em termos de arranjos, mas também de divisão de espaços para as improvisações do líder e as intervenções bem dosadas, em breves solos ou troca de compassos, de Barrozo e Braga – “dois ícones em seus instrumentos”, como destaca Leo Gandelman no texto que escreveu para o álbum.

O veterano Maurício Einhorn pontifica, em outra nota: “(...) sem sombra de dúvida, ouvindo a segunda faixa (Sambou, sambou), eu já endosso o piano responsável, precocemente maduro e personalíssimo de Feldman”.

Feldman, é claro, não conheceu aquele beco na Rua Duvivier, onde floresceram – no Bottle's e no Little Club – a bossa nova e o samba jazz (ou jazz samba). Mas diz que, ainda criança, “ouvindo discos e histórias de quem esteve por lá – fui aluno do inigualável Luzinho Eça – comecei a desejar que inventassem uma máquina do tempo”. E acrescenta: “Este disco é a minha máquina do tempo particular (...)”.

Na verdade, o notável pianista não está, em O som do beco..., revivendo o passado, como quem folheia um velho “álbum de retratos”. Ele “visita” o passado, nele se inspira, e descreve suas impressões e emoções no idioma jazzístico, com referências explícitas e implícitas a Bud Powell, Thelonious Monk, McCoy Tyner e Bill Evans. Seja manipulando o tema em tempos diversos e em ângulos tonais inesperados (Brigas nunca mais), seja no tratamento meditativo, com delicados e rarefeitos achados harmônicos (Eu e a brisa).

AINDA TENS VITROLA?

Atenção colecionadores. Só para termos de comparação. Não é pra menos, são 14000 LP's de jazz, de um só dono, arrumados e catalogados em prateleiras e caixas que foram doados e levados em um caminhão para a Michael Feinstein Foundation e um arquivo público em Washington D.C.

De dar água na boca...


DOWNBEAT CRITIC'S POLL 2009

18 julho 2009




















120 críticos votaram nos melhores do ano da Downbeat. Entre parêntesis os ganhadores da categoria "Rising Stars". Incluo também o segundo mais votado para melhor comparação.

Hall of Fame - Hank Jones, Oscar Pettiford e Tadd Dameron
Artista do Ano - Sonny Rollins - Joe Lovano ( Rudresh Mahanthappa - Anat Cohen )
Disco do Ano - Sonny Rollins ( Road Shows, Vol.1 ) - Joe Lovano ( Symphonica )
Disco Histórico - Anthony Braxton ( The Complete Arista Recordings ) - Miles Davis ( Kind of Blue 50th Anniversary )
Gravadora - ECM - Blue Note
Compositor - Maria Schneider - Wayne Shorter (John Hollenbeck,Guillermo Klein)
Arranjador - Maria Schneider - Carla Bley ( John Hollenbeck - Mark Masters )
Big Band - Maria Schneider - Mingus Big Band ( Jason Lindner Big Band - John Hollenbeck )
Grupo - Keith Jarrett Standard Trio - Wayne Shorter Quartet ( Mostly Other People Do The Killing - Vijay Iyer Quartet )
Cantor - Kurt Elling - Andy Bey ( Giacomo Gates - Jamie Cullum )
Cantora - Cassandra Wilson - Dianne Reeves ( Dee Alexander - Roberta Gambarini )
Trumpete - Dave Douglas - Wynton Marsalis ( Christian Scott - Jeremy Pelt )
Trombone - Steve Turre - Roswell Rudd ( Josh Roseman - Stevs Davis )
Sax Barítono - Gary Smulyan - James Carter ( Claire Daly - Scott Robinson )
Sax Tenor - Joe Lovano - Sonny Rollins ( Donny McCaslin - Marcus Strickland )
Sax Alto - Lee Konitz - Ornette Coleman ( Rudresh Mahanthappa - Miguel Zenón )
Sax Soprano - Wayne Shorter - Branford Marsalis ( Marcus Strickland - Steve Wilson )
Clarinete - Don Byron - Paquito D'Rivera ( Anat Cohen - Chris Speed )
Flauta - James Moody - Lew Tabackin ( Nicole Mitchell - Jamie Baum )
Guitarra - Bill Frisell - Jim Hall ( Lionel Loueke - Kurt Rosenwinkel )
Piano Acústico - Keith Jarrett - Hank Jones ( Vijay Iyer - Gerald Clayton )
Piano Elétrico - Chick Corea - Herbie Hancock ( Craig Taborn - Uri Caine)
Orgão - Dr. Lonnie Smith - Joey DeFrancesco ( Gary Versace - Sam Yahel)
Baixo Acústico - Christian McBride - Dave Holland ( Esperanza Spalding - Avishai Cohen)
Baixo Elétrico - Steve Swallow - Christian McBride ( Stomu Takeishi - Richard Bona )
Bateria - Roy Haynes Jack DeJohnette( Eric Harland - Dafnis Prieto)
Percussão - Poncho Sanchez - Airto Moreira( Susie Ibarra - Daniel Sadownick)
Vibrafone - Gary Burton - Bobby Hutcherson ( Joe Locke - Stefon Harris )
Violino - Regina Carter - Billy Bang( Jenny Scheinman - Christian Howes)
Miscelanea - Toots Thielemans - Béla Fleck/Banjo ( Edmar Castañeda - Harpa - Grégoire Maret/Gaita)

Como o período de votação é o mesmo dá para comparar com a votação do JJA postada em junho.

BraGil

BOA BOSSA

17 julho 2009

O contrabaixista Gabriel Espinosa é um tremendo arranjador, dono de um ritmo e harmonia privilegiados. Como baixista fica no background, sem solos próprios, apenas fazendo uma impecável marcação, deixando os solos e improvisos para o resto da banda.

Foi assim que quis e conseguiu com seu fantástico CD "From Yucatan To Rio", que acabou de lançar pela Zoho Music em meados de julho.

A bossa nova flui de maneira competente, desde a música de abertura "Água de Beber" até o track final "Huracan".

Espinosa reuniu um time de primeira que inclui Claudio Roditi no trumpete e flugel, George Robert no sax alto, Helio Alves no piano, Romero Lubambo na guitarra, e Adriano Santos na bateria. A clarinetista Anat Cohen toca em uma das músicas e a cantora Alison Wedding canta em duas.

A arte desse CD fica por conta dos arranjos do Espinosa, onde há até um vocal harmonico de fundo como nos discos de Sergio Mendes dos anos 60.

Como acabou de ser lançado, voce pode ouvir trechos em: http://www.amazon.com/Yucatan-Rio-Gabriel-Espinosa/dp/B002AWM1DK/ref=sr_1_1?ie=UTF8&s=music&qid=1247784151&sr=8-1

50 ANOS SEM BILLIE

15 julho 2009

A carreira de Billie foi marcada por três fases, assim tão distintas, que nos passa a impressão de terem sido três diferentes cantoras. A primeira nos traz a Billie solta, relaxada, balançando ao gravar 120 canções acompanhada dos melhores músicos e solistas do Jazz na década de 30.
Em segundo a Billie depois que gravou Strange Fruit uma canção de protesto ao racismo, uma canção profundamente comprimida de dor apresentando a morte cantada com muito sentimento e emoção. Este evento alterou imediatamente o curso de sua carreira, transformando-a em uma cantora algo dramático criando então, Gloomy Sunday, God Bless The Child, I Cover the Waterfront e foi quando começou a interpretar mais e melhor o Blues.
Finalmente, nos últimos anos de sua vida na década dos anos 1950 à voz de Lady Day faltou o fulgor e a entonação anterior. Cantou em um estilo áspero, até mesmo dirty (sujo), contudo mantendo a magia da emoção.
Billie iniciou suas gravações em 1933 quando o país estava sob os efeitos da Grande Depressão Econômica e as gravações de Jazz foram reduzidas a cerca de 5% do pico de 1927. Os estilos de New Orleans/Chicago já não eram tão considerados pelo público que preferiam as valsas e as doces canções da Broadway. Alguns líderes como Ellington, Henderson, Basie, Lunceford e Goodman lutavam para manter o swing.
De encontro a este clima, o aristocrata John Hammond mantinha uma inesgotável convicção do valor do Jazz, quando descobriu a jovem Billie em um cabaré do Harlem e conseguiu convencer o turrão Benny Goodman a usá-la em sua orquestra. (Desconfia-se que Hammond tenha pago por isso) e em 27 de novembro de 1933, uma bela segunda feira – "fiat lux" - a voz radiosa porém ainda um tanto tímida de Billie foi registrada pela primeira vez em - Your Mother's Son-In-Law (Col 2856-D) com a participação de Benny Goodman, Charlie Teagarden e Shirley Clay (tp), Jack Teagarden (tb), Art Karle (st), Joe Sullivan (pi), Dick McDonough (gt), Artie Bernstein (bx), Gene Krupa (bat) e Arthur Schutt (arranjo).
A 18 de dezembro Billie volta ao estúdio e grava Riffin' The Scotch (Col 2867D).
Hammond continuando em sua inexaurível fé a crer no encantamento de Billie induz Duke Ellington a usá-la para substituir Ivie Anderson no vocal do filme de curta metragem – Symphonie in Black (out/1934) cantando Big City Blues.
Em New York a 2 de julho de 1935 Hammond promove sua primeira “sing-swing” durante a qual Billie canta acompanhada pelo pianista Teddy Wilson incluindo Benny Goodman sob o pseudônimo de John Jackson, e mais Roy Eldridge (tp), Ben Webster (ts), John Trueheart (gt), John Kirby (bx) e Cozy Cole (bat). Aqui realmente surge a glória de Billie ao interpretar com este magnífico acompanhamento jazzístico - I Wished On The Moon, What A Little Moonlight Can Do, Miss Brown To You e Sunbonnet Blue And A Yellow Straw Hat.
Teddy e naturalmente todo o grupo se encantou com Billie e nos anos de 1936 a 38 fizeram 45 registros consolidando sua carreira. Logo depois liderou um grupo e foi crooner de Basie, de resto foi o que sabemos e ouvímos até hoje.
Ressalte-se a empatia entre Billie e o saxofonista Lester Young gravando juntos a partir de dezembro de 1940 em uma jam session na emissora WNEW. Sempre foi dito que Billie usava a voz tal qual um instrumento, e qual seria? um doce e terno saxofone tenor.
O trabalho de Billie é calcado na sensualidade, na expressividade e espontaneidade, capaz de transformar radicalmente uma canção sem nenhum exagero vocal.
Eleonora Holiday faleceu a 17 de julho de 1959 – 50 anos sem Billie - mas deixando um legado marcante na história do Jazz vocal.

MUSEU DE CERA # 59 – CANTORAS DE BLUES 7 – VICTORIA SPIVEY

10 julho 2009

Victoria Regina Spivey –"The Queen" - nascida em 1906 iniciou carreira aos 12 anos como pianista em um teatro-cinema em Houston, Texas seu berço natal. Expandiu sua carreira musical atuando em saloons e prostíbulos. Ao conhecer a cantora Ida Cox modelou sua própria carreira tendo Ida como espelho. Em 1926 trabalhou em St. Louis onde a gravadora Okeh Records estava a procura de novos talentos do Blues. Assim gravou duas canções de sua autoria Black Snake Blues e Dirty Woman Blues as quais se tornaram grande sucesso de vendas.
Nos próximos 2 anos seria considerada a grande estrela do Blues gravando bastante sendo acompanhada por músicos do quilate de Lonnie Johnson, Louis Armstrong, King Oliver, Clarence Williams, Henry "Red" Allen, Lee Collins, Luis Russell e muitos outros, incluindo sua irmã a vocalista Addie "Sweet Peas" Spivey.
Em 1929 participou em um pequeno papel do filme musical Hallelujah.
Com a diminuição do maior interesse dos Blues na segunda metade dos anos 30 Spivey conseguiu expandir suas atividades tocando e cantando em revistas musicais do teatro vaudeville, inclusive sendo aclamada como a grande artista de Hellzapoppin' Revue encenada em New York City. Também gravou e acompanhou Louis Armstrong & Orchestra em várias excursões.
Spivey pertenceu ao circuito tido como "one-night stands", ou seja uma apresentação por noite em cada cidade, nos anos 1930 e 40, mas nos anos 50 deixou o "show business", apenas cantando no coro da igreja próxima de sua casa no Brooklyn.
Victoria retornou às atividades artísticas em 1962, agora com sua própria companhia fonográfica a Spivey Records. Seu primeiro registro apresentou Bob Dylan como acompanhador na harmônica e Big Joe Williams à guitarra em It´s Dangerous. Spivey revitalizou sua carreira e continuou gravando e se apresentando em festivais folclóricos e de Blues, e ainda nos nightclubs entorno de New York. Foi a Europa com o American Folk Blues Festival no outono de 1963, atuou com a Turk Murphy Band de San Francisco e no US Blues Festivals de 1971.
Além do piano e canto Spivey tocava órgão, ukelele e compunha.
Faleceu a 3/out/1976 deixando 84 registros fonográficos, escolhemos 2 sendo o primeiro um trabalho excelente de um magnífico grupo liderado por Armstrong e outros grandes e no segundo com a guitarra de Lonnie a acompanhá-la.
Funny Feathers Blues (Victoria Spivey / R. Floyd) - Victoria Spivey (vcl) acc por Louis Armstrong (tp), Fred Robinson (tb), Jimmy Strong (st), Gene Anderson (pi), Mancy Cara (bj) e Zutty Singleton (bat).
Gravação original: New York, 10/jul/1929 – Okeh 8713 (mx 402525C)
Garter Snake Blues (Victoria Spivey) - Victoria Spivey (vcl) acc por Porter Grainger (pi) e Lonnie Johnson (gt).
Gravação original: New York, 28/out/1927 – Okeh 8517 (mx 81583-C)
Fontes: CD - Complete Recorded Works Vol. 1 (1926-27) e Vol. 2 (1927-1929) – selo Documents Records - DOCD 5316 e DOCD 5317.



HISTÓRIAS DO JAZZ – n° 69

07 julho 2009

Os “Metronome All-Stars"

Colocando em ordem alguns papéis, encontrei uma ficha referente ao programa “O Assunto é Jazz” de número 1527, apresentado em 13 de setembro de 1988. Nele focalizamos gravações dos “Metronome All-Stars”, grupo de músicos eleitos anualmente pelos leitores da revista, que gravavam anualmente dois temas. Houve um acordo entre as gravadoras RCA Victor e Columbia que se revezaram nas gravações ano a ano, até 1947, quando a Capitol ingressou no esquema. Como sempre fazíamos, procuramos aprofundar nossos conhecimentos, no que contamos com a preciosa colaboração do saudoso amigo Maxwell Johnstone e no conteúdo da publicação “Jazz Americana” de autoria de Woody Woodward, que herdei do mestre e amigo Sylvio Tullio Cardoso.
A primeira coisa que me chamou a atenção, foi um certo “elitismo” nos primeiros anos do concurso, onde a preferência dos votantes recaia sempre sobre músicos brancos. Como explicar que de 1940 a 1944 o eleito na categoria sax-alto foi Toots Mondello ? Como poderiam os leitores ignorar que Johnny Hodges e Benny Carter já eram astros naquele instrumento ? Até porque, Mondello era um “músico de estante”, um side man, que transitou pelas bandas de Buddy Rogers, Ray Noble e Benny Goodman e jamais liderou um grupo. O mesmo acontecia nas outras categorias onde as preferências dos votantes recaia sempre sobre os “band leaders” brancos como Jimmy Dorsey, Tommy Dorsey, Harry James, Gene Krupa, Charlie Spivak que sobrepujavam os mestres negros como Count Basie, Duke Ellington, Jimmy Lunceford e outros mais.
No período pós-guerra, 1946/1956, as coisas se acertaram, com Charlie Parker, Coleman Hawkins, Billie Holiday, Duke Ellington, Dizzy Gillespie , Harry Carney, Johnny Hodges e outros astros ocupando as primeiras colocações do concurso. Outra coisa que vim a descobrir; nem sempre os vencedores do evento gravavam o disco correspondente,porque as vezes suas agendas não permitiam, com compromissos anteriormente assumidos.
Os “Metronome All-Stars” foram reunidos doze vezes, gravando os seguintes discos :
1938 – RCA Victor – 78 rpm – Blue Lou e The Blues
1939 – COLUMBIA – 78 rpm – King Porter Stomp – All-Star Strut
1940- RCA Victor – 78 rpm – Buggle Call Rag – One O’clock jump
1941 - COLUMBIA – 78 rpm – Royal Flush – Dear old southland- I got rhythm (gravada só com os líderes)
1945 – RCA Victor – 78 rpm - Look out – Metronome all out
1946- CAPITOL - 78 rpm – Sweet Lorraine – Nat meets June
1947- CAPITOL - 78 rpm - Leap here – Metronome riff
1948- CAPITOL - 78 rpm - Overtime – Victory ball
1949- COLUMBIA- 78 rpm - Double date – No figs
1950- CAPITOL- 78 rpm - Early spring – Local 802 blues
1953- MGM- 78 rpm- St. Louis Blues – How high the moon
1956- VERVE LP - Billie’s bounce


Em nosso programa conseguimos apresentar dez das doze gravações relacionadas , faltando apenas as de 1939 e 1941, as quais nunca conseguimos. Mas, valeu.

E AGORA, JAZZÓFILOS?

Transcrevo aqui a chamada da materia do site About.com , publicada online há algum tempo. Típica dúvida nos assola. Afinal, o fato do líder supremo do Irã, o aiatolá Khamenei afirmar que GOSTA DE JAZZ, é bom ou é ruim?
Com a palavra os editores-leitores-comentaristas do CJUB, para desenvolvimento da idéia residente por trás da matéria de Jacob Teichroew. Que, aliás, a falta de tempo me impediu de traduzir, sorry.
Abraços.


"Iran's Supreme Leader Likes Jazz

I was very surprised to learn in this June 20th Washington Post article that the Supreme Leader of Iran, Ayatollah Ali Khamenei "favors jazz." This is the same Supreme Leader who consistently opposes the U.S. and the West in general.

Khamenei spurred the closing of music schools across Iran in 1996 with a fatwa that banned music education, claiming that the promotion of music in schools is contrary to the teachings of Islam. A spokesperson in a 2000 interview stated, "It is not permissible to teach beguiling music which is suitable for trifling and immoral gatherings." Immoral gatherings are the reason most people I know got into jazz in the first place!

I wonder if he listens to jazz on an ipod, and who he considers to be less beguiling: Louis Armstrong or Bix Beiderbeck? Maybe he's a fan of late Coltrane."

Image © Majid / Getty Images

MEHMARI & MIRABASSI

03 julho 2009


Londrina às vezes sofre recaídas musicais, no bom sentido. Em meio à mesmice das tais duplas sertanejas de araque, verdadeira pandemia local, ou de grupos de rock pasteurizados, alguém se levanta das cinzas e resolve fugir à regra. E foi assim, através da Casa de Cultura da UEL (Universidade Estadual de Londrina), que o pianista, arranjador e compositor André Mehmari (32) - http://www.andremehmari.com.br/ - e o clarinetista italiano Gabriele Mirabassi (42) aqui estiveram para o lançamento nacional de um CD em duo, Miramari. Mais de 500 pessoas foram conferir, aliás uma grata surpresa pela pouca tradição da cidade no quesito boa música instrumental. Em tempo, Mônica Salmaso, acompanhada por Nelson Ayres e Teco Cardoso, proporcionou na mesma semana outro show igualmente inesperado. Como se vê, uma semana musical rara em se tratando de Londrina. E tipicamente paulistana.

Tomei conhecimento de André Mehmari por acaso. E foi através de um lindo CD do baterista Tutty Moreno chamado Forças D'Alma. Mehmari estava ali não só como pianista, mas como arranjador, surpresa maior. Já com um estilo muito próprio, mostrava um piano de alto nível, não só pela agressividade criativa, com uma concepção harmônica moderna, mas pela interatividade com a proposta rítmica do álbum. Mehmari nasceu em Niterói e foi garoto com a familia para Ribeirão Preto (SP). Lá se tornou o tal menino prodígio. É também um estupendo compositor. Até aqui, nenhum exagero.

Gabriele Mirabassi nasceu em Perugia, Itália. E não seria também nenhum exagero colocá-lo, com folga, entre os melhores clarinetistas da Europa. De formação clássica, sua carreira esteve ligada no inicio a compositores mais sofisticados, como Gunther Schuller. A partir de 1992, em parceria com Richard Galliano (acordeon), seu trabalho ganhou mais adeptos. Tocou então com os melhores jazzistas italianos da época, como Stefano Battagglia, Enrico Pieranunzi e Enrico Rava. Depois de outra parceria, dessa vez com Sergio Assad, Mirabassi descobriu a música brasileira. Foi através do violonista e compositor Guinga que se aproximou de Mehmari, culminando com a gravação do CD Miramari, oficialmente lançado em Londrina (Estúdio Monteverdi, Tratore, 2009).

Miramari é um CD de jazz com condimentos rítmicos e harmônicos brasileiros. Mehmari e Mirabassi são músicos de extrema competência, profissionais no aspecto mais saudável do termo. O que foi mostrado em Londrina poderia ter como palco qualquer templo mais sagrado do jazz mundo afora. Os dois se alternam como compositores no disco, com exceção para 2 temas de Guinga. Ricardo Mosca (bateria) e Zé Alexandre Carvalho (contrabaixo) aparecem apenas em 2 faixas.

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PS: Valsa Em Forma de Árvore (Mehmari) - Som na Caixa