Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

COLUNA DO LOC

05 janeiro 2009

JB, Caderno B, 4 de janeiro
Por Luiz Orlando Carneiro

O ‘new kid on the block’, em matéria de sax tenor, é Donny McCaslin, 42 anos feitos em novembro último. O reconhecimento tardio começou em 2004, como integrante da orquestra de Maria Schneider, por conta do seu magnífico solo de mais de cinco minutos em Bulería, soleá y rumba - um dos pontos culminantes do premiadíssimo CD Concert in the garden (Grammy de 2005 na categoria Grande Conjuntos de Jazz). No último pleito dos críticos da revista Downbeat (agosto) foi eleito a Estrela em ascensão do ano (à frente de Chris Potter e Eric Alexander que, a propósito, já são, há muito tempo, estrelas brilhantes no céu do jazz).

A crítica especializada, de um modo geral – na música ou no futebol – é bastante lenta no processo de promoção de um player de "talentoso" à condição de "craque". E este é o caso de McCaslin, que arrasou também no belíssimo álbum subseqüente de Schneider (Sky blue, particularmente em Cerulean skies), sem falar em suas atuações como sideman na Mingus Big Band e no quinteto do consagrado e hiperativo trompetista-cornetista Dave Douglas (CD duplo Live at the Jazz Standard, seleção do selo Greenleaf dos 12 sets gravados de 5 a 10 de dezembro de 2006 no clube nova-iorquino, disponíveis na íntegra, como Álbum MP3, pronto para ser baixado, arquivado ou fatiado em Cds, à vontade do fruguês).

O mesmo selo (de Douglas) lançou, recentemente, o disco cinco estrelas de McCaslin, fruto de uma sessão de fevereiro deste ano, em trio, com Jonathan Blake (bateria) e Hans Glawischnig (baixo) - músicos que também merecem atenção e audição redobradas. Trata-se de Recommended tools, faixa-título que se soma a outros oito originais do saxofonista, além de uma bela interpretação de Isfahan (Billy Strayhorn), que nos faz lembrar a versão do grande Joe Henderson (1937-2001), em duo com o baixista Christian McBride, do CD Lush life (Verve), de 1991.

Os estilos de Joe Henderson, John Coltrane e Sonny Rollins – este cada vez mais marcante – foram devidamente degustados e decantados por McCaslin, que deles faz uso como "ferramentas" ("tools") para construir os alicerces de seus devaneios bem livres, em "moods" variados, como se pode verificar nas vertiginosas e polirrítmicas faixa-título (7m52), The champion (5m40) e Excursion (4m09). Mesmo no tratamento de baladas, como em Late night gospel (6m37) - cujo tema lembra o desenho melódico da frase inicial da Sagração da primavera, de Stravinsky – e Margins of solitude (6m20), o saxofonista não se deixa aprisionar por nenhuma regra em matéria de fluência do tempo tempo.

Depois do vitorioso álbum In pursuit (Sunnyside), do ano passado, à frente de Antonio Sánchez (bateria) Scott Colley (baixo), Ben Monder (guitarra), David Binney (sax alto) e Pernell Saturnino (percussão), McCaslin quis tirar a prova dos 9 na corda bomba do trio sem o colchão harmônico do piano, do qual o paradigma histórico é o LP Way out West, de Sonny Rollins (1957). E saiu-se tão bem do desafio como Joshua Redman, que movimentou a cena jazzística, também no ano passado, com o excelente Back East (Nonesuch), em trios diferentes com os bateristas Ali Jackson, Brian Blade e Eric Harland, casados, respectivamente, com os baixistas Larry Grénadier, Chis McBride e Reuben Rogers.

A interação de McCaslin com Glawischnig e Blake é, data vênia, ainda mais intensa e arrojada – às vezes frenética - do que a obtida por Redman e suas seções rítimicas em Back East. O fraseado melódico do tenorista é sempre surpreendente e borbulhante como champagne brut. Vale a pena encomendar e fruir o novo álbum desse músico excepcional, da mesma geração e do mesmo quilate dos mais badalados Joshua Redman, Ravi Coltrane, David Sánchez e Eric Alexander.

Um comentário:

BraGil disse...

Na mosca!
Para se manter atualizado em relação ao Jazz, basta ler a coluna do LOC.
BraGil