Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

26 agosto 2008

RETRATOS
10. ART BLAKEY
A Lenda De Um Grupo, A Força de Um Músico

(A) BIOGRAFIA - 2ª PARTE

PRIMEIRA GRAVAÇÃO COMO LÍDER - NOVO NOME
A data de 22 de dezembro de 1947 marca o primeiro registro de Art Blakey como líder, reunindo Kenny Dorham / trumpete, Howard Bowe / trombone, Sahib Shihab / sax.alto, Orland Wright / sax.tenor, Ernest Thompson / sax.barítono, Walter Bishop Jr. / piano, LaVerne Barker / baixo e Art Blakey / bateria. Nos estúdios “WOR” de New York e para o selo “Blue Note” são registradas as faixas “The Thin Man”, “The Bop Alley”, “Groove Street” e “Musa’s Vision”.
Entre 1948 e 1949 Art Blakey passa a prática totalidade de sua vida na África (Nigéria e Gana), dedicando-se ao estudo da filosofia e da religião árabes, ainda que não deixasse de atentar para as polirritmias autóctones locais. No retorno a New York assume o nome de “Abdullah Ibn Buhaina”, inclusive vestindo-se habitualmente com o “dashiki” e com certeza em atenção à então assumida nova fé religiosa, mas também e muito possivelmente para fugir à violência empregada contra os negros; muitos outros músicos seguiram seu exemplo, aderindo aos novos cânones e adotando nomes correspondentes aos mesmos (William Evans = Yousef Lateef, Edmund Gregory = Sahib Shihab, Leonard Graham = Idrees Sulieman e outros).
Essa estadia na África aponta alguns intervalos de idas a New York, onde Art Blakey grava com James Moody (outubro de 1948 e tendo Gil Fuller como arranjador), com Big John Greer (abril e junho de 1949) e com a banda de Gil Fuller (também em junho de 1949).

CAMINHANDO PROFISSIONALMENTE
Os anos de 1950 e de 1951 marcam uma sucessão de atuações com todos os expoentes musicais da época jazzística.
Em fevereiro de 1950 com o quarteto de Sonny Stitt, com o quinteto de Dick Hyman e com o sexteto de Miles Davis. Em abril desse ano novamente com Sonny Stitt, em maio e no “Birdland” com Charlie Parker, em junho e no mesmo local com Miles Davis, em dezembro outra vez com Parker e com Sonny Stitt.
Durante 1951 em janeiro é com Dizzy Gillespie e Dinah Washington no “Birdland” que Art Blakey se apresenta, seguindo-se apresentações e gravações com Sonny Stitt e Gene Amons (janeiro), Dizzy Gillespie (fevereiro e abril), Illinois Jacquet, Miles Davis, Thelonius Monk, Zoot Sims, Bennie Green e Sonny Rollins, somente citando os líderes das formações.
Em 1952 Art Blakey grava pela primera vez com Horace Silver em trio (Gene Ramey no baixo), talvez prenunciando a formação posterior dos “Messsengers”. Apresenta-se e grava com Buddy DeFranco, Zoot Sims, em sexteto com Annie Ross no vocal, Thelonius Monk e Lou Donaldson.
Durante 1952 e 1953 Art Blakey ligou-se ao combo de Buddy DeFranco, o que se por um lado garantiu-lhe a sobrevivência econômica, por outra parte significou a concessão a uma música que nada tinha a ver com seu estilo. Em 1953 Art Blakey desligou-se dessa colaboração com Buddy DeFranco e voltou a gravar para a Blue Note onde, pela primeira vez, registrou na data de 23 de novembro seu longo solo no tema “Nothing But The Soul”, em companhia de Horace Silver / piano, Percy Heath / baixo e "Sabu" Martinez / bongô e conga.
Os anos seguintes de 1953, 1954 e 1955, seguiram para Art Blakey com inúmeras apresentações e gravações, sempre com músicos de primeira linha, até a formação dos “Jazz Messengers” como está visto mais adiante, em meio a alguns rompimentos e reatamentos entre músicos, até que em 1956 o grupo passa a ser liderado apenas por Art Blakey e assume a marca “Art Blakey Jazz Messengers”.
É nesse ano de 1956 que tanto Art Blakey quanto Miles Davis assinam contrato com a Colúmbia, à época um feito significativo em função do porte da multinacional, conservadora e extremamente cuidadosa com seu “plantel”.
1956, 1957 e 1958 apontam o envolvimento de Art Blakey com as drogas, das quais se livrou, mas ainda assim não deixou de apresentar-se e de gravar em inúmeras formações, inclusive em 1957 com seu “Art Blakey Percussion Ensemble” (ou “Orgy In Rhythm”), uma experiência que reuniu Tony Williams mais outros 03 bateristas e 05 percussionistas.

COMEÇAM AS APRESENTAÇÕES NO EXTERIOR
O final do ano de 1958 assinala a primeira temporada de Art Blakey no exterior: Holanda e França (“L’Olympia” e “Club St. Germain”) com o “A.B.J.M.”.
Em 1959 o “A.B.J.M.” participa do “Newport Jazz Festival” e cumpre nova temporada no exterior: Dinamarca, França, Suécia, Alemanha
Em abril de 1960 os bateristas Philly Joe Jones, Elvin Jones, Charlie Persip e Art Blakey apresentam-se em conjunto em New York, reunião que ficou registrada em disco pelos selos “Roulette” e “Vogue”. Nesse mesmo ano outra experiência fascinante é gravada diretamente do “Birdland”: temporada do “A.B.J.M. com a participação de Buddy Rich.
No ano de 1960 além das apresentações e gravações com o “A.B.J.M.”, Art Blakey grava em quarteto com Bobby Timons, também em quarteto com Wayne Shorter e em quinteto com Lee Morgan, assim como em quinteto com Hank Mobley, para encerrar 1960 e iniciar 1961 no exterior: Suécia, Suíça, Japão, Inglaterra, França, podem apreciar os "mensageiros do Jazz" em plena forma.
Em 1962 e no studio de Rudy Van Gelder nosso retratado grava simultaneamente com “The Afro-Drum Ensemble”, com o quarteto de Grant Green e com o sexteto de Ike Quebec e, após, apresenta-se na Alemanha com o “A.B.J.M.”. Encerra 1962 e inicia 1963 com temporadas no “Birdland” em New York.
Os anos de 1963 e 1964 são de muitas apresentações mas de poucas gravações de Art Blakey, que ainda assim registra sua presença no disco com os sextetos de Lee Morgan e de Buddy DeFranco, além de gravar com formação sob o comando de Quincy Jones.
Em 1965 o “A.B.J.M.” apresenta-se na Inglaterra e na Alemanha e em 1966 é a vez do “Lighthouse Club” em Hermosa Beach / Califórnia (leia-se “Howard Rumsey”).
Art Blakey segue trabalhando com sua música, mas as gravações até 1969 são raras.

“STARS OF BOP” E “GIANTS OF JAZZ”
No final desse 1969 uma apresentação em Paris com o “Stars Of Bop” (Dizzy Gillespie, Kai Winding, Sonny Stitt - alto e tenor, Thelonious Monk, Alex Cafa e Al McKibbon), para iniciar 1970 no Japão com o “A.B.J.M.
Foi o ex-pianista, empresário e promotor de eventos George Wein que idealizou e levou à prática a reunião dos já “veteranos” do “bebop” para uma temporada nacional e internacional. Assim, “Giants Of Jazz” é o grupo com o qual se apresenta Art Blakey em outubro de 1971 em Paris (Dizzy Gillespie, Kai Winding, Sonny Stitt, Thelonious Monk e Al McKibbon), Suíça e Inglaterra.
Esse ano de 1971 é encerrado com gravações para Art Blakey na Inglaterra em trio com Thelonius Monk (Al McKibbon no baixo) e em quinteto com Johnny Griffin na França.
Em 1972 o “A.B.J.M.” apresenta-se no “Radio City Music Hall” durante o “Newport In New York 1972”. No final desse ano o grupo cumpre apresentações na Noruega e na Tunísia.
1973 a 1976 concedem a Art Blakey muitas apresentações mais poucas gravações e, assim mesmo, marca ponto em festivas de Jazz na Iugoslávia e na Itália.
Em 1977 Art Blakey pouco comparece aos estúdios de gravação, em dezembro de 1978 grava na Holanda e em 1979 no Japão e na Itália.
Foi em 1974 que Art Blakey sofreu sério baque financeiro, perdendo todos os seus bens durante incêndio em um hotel canadense, o que quase o levou a desistir de tudo; mas as temporadas no exterior (Europa, Japão e África) ajudaram a reerguer suas finanças e seu ânimo.
Entre maio e julho de 1980 com o “A.B.J.M.Art Blakey apresenta-se na Alemanha, na Holanda (“Northsea Jazz Festival”) e na Suíça (“Montreux Jazz Festival”).
No final de 1980 grava em quinteto com Dezter Gordon, no 1º semestre de 1981 apresenta-se na Suécia e na França, voltando a participar do “Aurex Jazz Festival” de Tóquio em setembro desse ano.
Em 1982 é a vez de retornar à Holanda e em 1983 os “Messengers” retornam ao festival “Aurex” em Tóquio, capital oriental que os receberá no ano seguinte no “Nakano Sun Plaza”.
Em 1985 a participação em New York do “relançamento” do selo “Blue Note” no “Town Hall”, para o magnífico Art Blakey e “All Stars Jazz Messengers” ” gravando no “One Night With Blue Note”. O “A.B.J.M.” cumpre temporada no exterior: Inglaterra e Holanda.

CAMINHANDO PARA O FINAL
A partir daí e mesmo com todo seu natural entusiasmo e dedicação musical, a saúde de Art Blakey não lhe permitia mais tantas apresentações e gravações, suportando ainda assim temporada em 1988 na Itália, Holanda e Alemanha e sua gravação final nos estúdios da “BMG” em New York.
Em 10 e 11 de abril de 1990 o “A.B.J.M.” com Brian Lynch / trumpete, Steve Davis / trombone, Dale Barlow e Javon Jackson / saxes.tenor, Geoff Keezer / piano, Essiet Okon Essiet / baixo e Art Blakey / bateria, registrou para o selo “A&M” as faixas “Here We Go”, “One For All - And All For One”, “Theme For Penny”, “You've Changed”, “Accidentally Yours”, “Medley com My Little Brown Book / Blame It On My Youth / It Could Happened To You”, “Green Is Mean”, “I'll Wait And Pray”, “Logarhythms”, “Bunyip”, “Polka Dots And Moonbeams” e “Nica's Tempo”.
O falecimento de Art Blakey poucos meses depois foi apenas uma conseqüência esperada de tantas décadas de esforço, que nos legou extensa obra de arte.
Com toda a razão a figura desse baterista é cultuada como músico e como líder de um dos mais permanentes e atuantes grupos de Jazz.

Segue em (A) BIOGRAFIA - 3ª PARTE

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