Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

DOWNBEAT AGAIN

29 agosto 2008

É os italianos vão ter que esperar mais um pouco embora tenha prometido na minha reentré, mas o sucesso nessa temporada do verão europeu dessa trupe já tem garantido espaço para muitas outras resenhas ( se o Maunah souber do sucesso do Ivan Lins com o Steffano DiBatista, Paolo Fresu & Orchestra vai me proibir ) mas na verdade vou tratar de um outro assunto normalmente polêmico, que são as cotações dos críticos da DownBeat feitas na edição de Agosto em diversos "cds" , que vou repassar aqui ( alguns ) , sem qualquer ordem de preferência ou avaliação, e comentando os que já ouvi, como segue:

1) Ahmad Jamal Trio "It's Magic" ( Dreyfus ) - @@@ 1/2 - com James Cammack ( b ) e Idris Muhammad ( dr )
2) Avishai Cohen Trio "Gently Disturbed" ( Sunnyside ) - @@@@ - c/ Shai Maestro ( p ) e Mark Giulliano ( dr ), trata se de um belo disco ressaltando principalmente o Shai e assino em baixo a avaliação.
3) Martial Solal Trio "Longitude" ( Camjazz ) - @@@@ - François Moutin ( b ) e Louis Moutin ( dr ) , esse a propósito foi o objeto da última resenha e também do LOC no JB de umas 3 semanas atrás, e na minha modesta opinião um dos lançamentos do ano merecedor de uma melhor nota.
4) Willie Nelson & Wynton Marsalis "Two Men With The Blues" ( Blue Note ) - @@@ - Esse não ouvi e nem quero apesar do Wynton, e confesso que W.Nelson para mim, só se for para prisão de ventre e das fortes.
5) Esperanza Spalding "Esperanza" ( Heads Up ) - @@@@ - Leo Genovese ( p ) , Jamey Haddad ( dr ), Donald Harrison ( sax ) e Ambrose Akinmusme ( tp ), segundo trabalho dessa revelação aos 24 anos, que além de contra baixista e cantora é uma das atrações do próximo TIM já anunciada, que confesso pelos 2 cd's que a mim nada acrescentou.
6) Ellis Marsalis Quartet "An Open Letter To Thelonious" ( ELM ) - @@@ - com Derek Douget ( ts & ss ), Jason Stewart ( b ) e Jason Marsalis ( dr ), trabalho do hj menos reconhecido dos Marsalis, embora o patriarca,e que no momento esteja tocando melhor do que nunca, mas que na verdade fica devendo.
7) Steve Turre "Rainbow People" ( Highnote ) - @@@@ - Mulgrew Miller ( p ), Sean Jones ( tp & flh ) , Peter Washington ( b ) e Ignacio Berroa ( dr & pc ) , já comentei aqui esse cd e confesso não entendi tão alta avaliação, pois é mais um,meio mais ou menos.
E para terminar a maior avaliação da "DB" pelo menos nessa edição, que é o último trabalho da valente Rosa Passos "Romance" ( Telarc ) - @@@@ 1/2 - acompanhada do Lula Galvão ( g ), Fabia Torres ( p ) e Paulo Paulelli ( b & arranjos ),e vale aqui um comentário de que é a primeira violonista/cantora brasileira a ter um trabalho com essa avaliação e que surpreendentemente não teve qualquer menção na nossa imprensa, mas que aqui já teve seu merecido reconhecimento, quando declarei tratar se da maior homenagem aos 50 anos da BN.

Fui, mas volto logo.

COMENTÁRIOS, NOVIDADE & SOCORRO

28 agosto 2008

Lembram-se que havia postado aqui , dias atrás, que "A interatividade dos membros e leitores, amigos e compadres do CJUB está temporariamente comprometida pela saída total do ar do site que hospeda nossos comentários. A página do YACCS simplesmente está dando erro, denotando algo que não sei explicar, mas que deve ser de monta. Passam pela minha cabeça tanto uma mudança ou migração de servidor como algo ainda mais tenebroso."

Naquele momento, não havia o que fazer senão esperar.

Bem, voltou ao normal, está funcionando bem mas, na visita que fiz para uma revisão, lá estava a nota que eu temia há algum tempo: "Os serviços de comentários providos por este site CESSARÃO em 23 de dezembro de 2008".

Pronto, notícia final, assim, na lata! Mas pelo menos dando-nos quase três meses para que procuremos soluções técnicas. Para de alguma forma PRESERVAR o que foi escrito e também, ENCONTRAR ALGUMA ALTERNATIVA confiável para a continuidade desse canal de troca de informações.

O fato desagradável é que, tirando o sistema do próprio Blogger (que também vive enguiçando), parece não haver muitos outros sistemas desse tipo, avulsos e gratuitos.

Reitero, portanto o apelo que fizera aos Mestres Informáticos Manim e Guzz - e/ou outros quaisquer voluntários (por email) - para que nos ajudem na busca de um serviço alternativo (ou poderíamos usar o do próprio Blogger, fazendo algumas mexidas no template, quem souber...).

Aproveitei e mudei a cor de fundo da caixa de comentários apenas para lembrar-nos desse deadline.

Abraços.

VICTOR ASSIS BRASIL - 28 de Agosto

Reproduzo abaixo artigo escrito pelo Mestre Raf sobre o músico, por ocasião do seu aniversário:

*A saudade imorredoura do insubstituível Victor Assis Brasil*

por José Domingos Raffaelli

"A carreira do saxofonista Victor Assis Brasil foi um capítulo especial e memorável na história da música instrumental em nosso país. Batalhador incansável, lutou obstinadamente pela música na qual acreditava, tornando-se sinônimo de jazz em nossa terra, sem compromissos com esquemas ou modismos. Seu único compromisso foi a honestidade de propósitos ao público fiel que prestigiou sua passagem pela nossa cena musical calcada na indômita coragem de viver profissionalmente tocando jazz.

Com seu prematuro desaparecimento, em 14 de abril de 1981, aos 36 anos, após semanas de intensa batalha contra o inevitável, encerrou-se a mais importante carreira da área jazzística nacional. Ele nunca parou de aprimorar-se a cada dia, dedicando-se de corpo e alma à composição e aos seus instrumentos, voltado exclusivamente para expandir seus horizontes. Nunca dava-se por satisfeito, sempre buscando e vislumbrando novas possibilidades. Foi um pesquisador insaciável e um perfeccionista insatisfeito. Tinha consciência do seu valor, porém nunca foi convencido, considerava que ainda tinha muito a aprender, evidência aparente em todo grande músico. Modesto, simpático, prestativo, sempre disposto a prestigiar e incentivar novos valores, apoiou muitos jovens músicos que se tornaram conhecidos, inclusive internacionalmente. Quantos dele receberam a primeira e real oportunidade e um grande impulso para se projetarem ? Entre muitos outros, Helio Delmiro, Claudio Roditi, Ion Muniz, Fernando Martins, Claudio Caribé, Marcio Montarroyos, Sérgio Barrozo, Paulo Lajão, Aloísio Aguiar, Luiz Avellar, Paulo Russo, Jota Moraes, Lula Nascimento e Alberto Farah.

A vocação jazzística de Victor nasceu ainda menino, imitando com uma gaitinha de boca os solos que ouvia em discos, logo passando para o sax-alto, desenvolvendo rapidamente suas aptidões. Enquanto seu talento era atraído para o jazz, seu irmão gêmeo, o pianista João Carlos, orientou sua carreira para a música clássica. Victor dava atenção a todas as formas musicais, tendo em sua bagagem a autoria de algumas composições clássicas, de suítes para quarteto de cordas à obra ambiciosa "Suíte Para Sax-soprano e Cordas", em cuja première, na Sala Cecília Meireles, em 1976, apresentou-se com a Orquestra Sinfônica Brasileira. Versátil e sumamente inventivo, ele também compôs a trilha da novela "O Grito". Querido por todos, Victor nunca impôs suas idéias, expondo-as com naturalidade.

A biografia de Victor é conhecida. Ele começou tocando nas domingueiras do extinto Clube de Jazz & Bossa, em 1965, onde foi ouvido pelo pianista austríaco Friedrich Gulda, que o convidou a participar do concurso que promoveria no ano seguinte, em Viena. Aos 21 anos, Victor partiu para Viena, um desafio que a confiança em seus recursos superou a inexperiência internacional, alcançando um honroso 3º lugar na categoria de saxofonistas. O vencedor foi o internacionalemnte conhecido Eddie Daniels, atualmente dedicado exclusivamente ao clarinete, e do corpo de jurados faziam parte J. J. Johnson, Cannonball Adderley, Joe Zawinul e o próprio Gulda. Logo a seguir, na Alemanha, Victor foi premiado como o melhor solista do Festival de Jazz de Berlim.

O talento de Victor foi reconhecido pelo crítico Leonard Feather, ao ouví-lo no I Festival de Jazz de São Paulo, em 1978. Um ano antes, o baterista Art Blakey convidou-o a tocar no seu famoso conjunto Jazz Messengers, mas foi obrigado a recusar por razões alheias à sua vontade. Em 1979, tocou no Festival de Jazz de Monterey, ao lado de Dizzy Gillespie, Red Mitchell, Albert Mangelsdorff e outros. Em 1980, participou do Rio Jazz Monterey Festival, ao lado de Clark Terry, Slide Hampton, Richie Cole e Jeff Gardner.

Victor tocou pelo Brasil afora. Sua filosofia era procurar tocar sempre melhor. "É difícil fazer música séria no Brasil", dizia ele. "O jazz no Brasil é pouco conhecido porque sua divulgação é precária. Se os jovens tivessem tiverem acesso ao jazz, como têm a outros gêneros, pode estar certo de que gostarão".

A discografia de Victor é extensa, se conderarmos a raridade dos discos de jazz gravados por músicos brasileiros. Sua estréia em estúdios, aos 20 anos, ocorreu em "Desenhos" (Forma), despois o excelente "Trajeto" (Equipe), com formações de trio a big band. Seu projeto seguinte foi "Victor Assis Brasil Toca Antonio Carlos Jobim" (Quartin, de 1970), seguido por "Esperanto" (Tapecar, da mesma sessão do anterior, onde pela primeira vez gravou tocando sax-soprano). Depois, em 1974, foi a vez de "Victor Assis Brasil ao Vivo no Teatro da Galeria" (CID). Na fase final de sua carreira, em 1979, indicado por mim à EMI-Odeon, gravou seus dois últimos discos, as obras-primas "Victor Assis Brasil Quinteto" (lançado nos Estados Unidos pela Inner City, na Europa pela Telefunken alemã e no Japão pelo selo Skyline) e “Pedrinho”. Posteriormente houve o lançamento póstumo do CD "Luiz Eça & Victor Assis Brasil no Museu de Arte Moderna" (Imagem).

Compositor prolífico, deixou cerca de 200 obras, a maioria inéditas. Dentre elas, apreciava particularmente "Balada Pra Nadia", que escreveu sob forte impacto emocional. Seu maior objetivo era tocar seriamente. "Você deve respeitar a música que toca. Seja sincero, não importa o que toque. O essencial é que venha do coração. Sem o verdadeiro feeling, a música se deteriora".

Victor jamais tocou música na qual não tinha fé, razão pela qual rejeitou gravar em contextos comerciais. Seus princípios básicos permaneceram até o fim, um fim que - lamentavelmente - chegou cedo demais em 14 de abril de 1981. Muito moço para deixar-nos, mas foi inevitável e o imponderável prevaleceu. O destino assim o quis.

Seu irmão Paulo Assis Brasil tomou a inciativa de preservar a música de Victor, formando o Quinteto Victor Assis Brasil, integrado por Idriss Boudrioua, Alexandre Carvalho, Fernando Martins, Paulo Russo e Xande Figueiredo, que vem recriando a música do grande saxofonista. O incansável Paulo Assis Brasil teve outra grande iniciativa junto à prefeitura carioca para que fosse erigida uma estátua de Victor no Parque dos Patins, na Lagoa Rodrigo de Freitas.

Victor foi um dos maiores músicos brasileiros de todos os tempos. Tinha ainda muito a realizar, muito a oferecer, muitos projetos idealizados. Resta-nos o consolo da sua obra gravada. Uma obra inspirada, criativa e, acima de tudo, musicalmente honesta. Victor Assis Brasil deixou um grande vazio que não foi e dificilmente será preenchido, além de uma imensa saudade que nunca será amenizada no coração de todos os que tiveram a felicidade de conhecê-lo."

26 agosto 2008

RETRATOS
10. ART BLAKEY
A Lenda De Um Grupo, A Força de Um Músico

(A) BIOGRAFIA - 2ª PARTE

PRIMEIRA GRAVAÇÃO COMO LÍDER - NOVO NOME
A data de 22 de dezembro de 1947 marca o primeiro registro de Art Blakey como líder, reunindo Kenny Dorham / trumpete, Howard Bowe / trombone, Sahib Shihab / sax.alto, Orland Wright / sax.tenor, Ernest Thompson / sax.barítono, Walter Bishop Jr. / piano, LaVerne Barker / baixo e Art Blakey / bateria. Nos estúdios “WOR” de New York e para o selo “Blue Note” são registradas as faixas “The Thin Man”, “The Bop Alley”, “Groove Street” e “Musa’s Vision”.
Entre 1948 e 1949 Art Blakey passa a prática totalidade de sua vida na África (Nigéria e Gana), dedicando-se ao estudo da filosofia e da religião árabes, ainda que não deixasse de atentar para as polirritmias autóctones locais. No retorno a New York assume o nome de “Abdullah Ibn Buhaina”, inclusive vestindo-se habitualmente com o “dashiki” e com certeza em atenção à então assumida nova fé religiosa, mas também e muito possivelmente para fugir à violência empregada contra os negros; muitos outros músicos seguiram seu exemplo, aderindo aos novos cânones e adotando nomes correspondentes aos mesmos (William Evans = Yousef Lateef, Edmund Gregory = Sahib Shihab, Leonard Graham = Idrees Sulieman e outros).
Essa estadia na África aponta alguns intervalos de idas a New York, onde Art Blakey grava com James Moody (outubro de 1948 e tendo Gil Fuller como arranjador), com Big John Greer (abril e junho de 1949) e com a banda de Gil Fuller (também em junho de 1949).

CAMINHANDO PROFISSIONALMENTE
Os anos de 1950 e de 1951 marcam uma sucessão de atuações com todos os expoentes musicais da época jazzística.
Em fevereiro de 1950 com o quarteto de Sonny Stitt, com o quinteto de Dick Hyman e com o sexteto de Miles Davis. Em abril desse ano novamente com Sonny Stitt, em maio e no “Birdland” com Charlie Parker, em junho e no mesmo local com Miles Davis, em dezembro outra vez com Parker e com Sonny Stitt.
Durante 1951 em janeiro é com Dizzy Gillespie e Dinah Washington no “Birdland” que Art Blakey se apresenta, seguindo-se apresentações e gravações com Sonny Stitt e Gene Amons (janeiro), Dizzy Gillespie (fevereiro e abril), Illinois Jacquet, Miles Davis, Thelonius Monk, Zoot Sims, Bennie Green e Sonny Rollins, somente citando os líderes das formações.
Em 1952 Art Blakey grava pela primera vez com Horace Silver em trio (Gene Ramey no baixo), talvez prenunciando a formação posterior dos “Messsengers”. Apresenta-se e grava com Buddy DeFranco, Zoot Sims, em sexteto com Annie Ross no vocal, Thelonius Monk e Lou Donaldson.
Durante 1952 e 1953 Art Blakey ligou-se ao combo de Buddy DeFranco, o que se por um lado garantiu-lhe a sobrevivência econômica, por outra parte significou a concessão a uma música que nada tinha a ver com seu estilo. Em 1953 Art Blakey desligou-se dessa colaboração com Buddy DeFranco e voltou a gravar para a Blue Note onde, pela primeira vez, registrou na data de 23 de novembro seu longo solo no tema “Nothing But The Soul”, em companhia de Horace Silver / piano, Percy Heath / baixo e "Sabu" Martinez / bongô e conga.
Os anos seguintes de 1953, 1954 e 1955, seguiram para Art Blakey com inúmeras apresentações e gravações, sempre com músicos de primeira linha, até a formação dos “Jazz Messengers” como está visto mais adiante, em meio a alguns rompimentos e reatamentos entre músicos, até que em 1956 o grupo passa a ser liderado apenas por Art Blakey e assume a marca “Art Blakey Jazz Messengers”.
É nesse ano de 1956 que tanto Art Blakey quanto Miles Davis assinam contrato com a Colúmbia, à época um feito significativo em função do porte da multinacional, conservadora e extremamente cuidadosa com seu “plantel”.
1956, 1957 e 1958 apontam o envolvimento de Art Blakey com as drogas, das quais se livrou, mas ainda assim não deixou de apresentar-se e de gravar em inúmeras formações, inclusive em 1957 com seu “Art Blakey Percussion Ensemble” (ou “Orgy In Rhythm”), uma experiência que reuniu Tony Williams mais outros 03 bateristas e 05 percussionistas.

COMEÇAM AS APRESENTAÇÕES NO EXTERIOR
O final do ano de 1958 assinala a primeira temporada de Art Blakey no exterior: Holanda e França (“L’Olympia” e “Club St. Germain”) com o “A.B.J.M.”.
Em 1959 o “A.B.J.M.” participa do “Newport Jazz Festival” e cumpre nova temporada no exterior: Dinamarca, França, Suécia, Alemanha
Em abril de 1960 os bateristas Philly Joe Jones, Elvin Jones, Charlie Persip e Art Blakey apresentam-se em conjunto em New York, reunião que ficou registrada em disco pelos selos “Roulette” e “Vogue”. Nesse mesmo ano outra experiência fascinante é gravada diretamente do “Birdland”: temporada do “A.B.J.M. com a participação de Buddy Rich.
No ano de 1960 além das apresentações e gravações com o “A.B.J.M.”, Art Blakey grava em quarteto com Bobby Timons, também em quarteto com Wayne Shorter e em quinteto com Lee Morgan, assim como em quinteto com Hank Mobley, para encerrar 1960 e iniciar 1961 no exterior: Suécia, Suíça, Japão, Inglaterra, França, podem apreciar os "mensageiros do Jazz" em plena forma.
Em 1962 e no studio de Rudy Van Gelder nosso retratado grava simultaneamente com “The Afro-Drum Ensemble”, com o quarteto de Grant Green e com o sexteto de Ike Quebec e, após, apresenta-se na Alemanha com o “A.B.J.M.”. Encerra 1962 e inicia 1963 com temporadas no “Birdland” em New York.
Os anos de 1963 e 1964 são de muitas apresentações mas de poucas gravações de Art Blakey, que ainda assim registra sua presença no disco com os sextetos de Lee Morgan e de Buddy DeFranco, além de gravar com formação sob o comando de Quincy Jones.
Em 1965 o “A.B.J.M.” apresenta-se na Inglaterra e na Alemanha e em 1966 é a vez do “Lighthouse Club” em Hermosa Beach / Califórnia (leia-se “Howard Rumsey”).
Art Blakey segue trabalhando com sua música, mas as gravações até 1969 são raras.

“STARS OF BOP” E “GIANTS OF JAZZ”
No final desse 1969 uma apresentação em Paris com o “Stars Of Bop” (Dizzy Gillespie, Kai Winding, Sonny Stitt - alto e tenor, Thelonious Monk, Alex Cafa e Al McKibbon), para iniciar 1970 no Japão com o “A.B.J.M.
Foi o ex-pianista, empresário e promotor de eventos George Wein que idealizou e levou à prática a reunião dos já “veteranos” do “bebop” para uma temporada nacional e internacional. Assim, “Giants Of Jazz” é o grupo com o qual se apresenta Art Blakey em outubro de 1971 em Paris (Dizzy Gillespie, Kai Winding, Sonny Stitt, Thelonious Monk e Al McKibbon), Suíça e Inglaterra.
Esse ano de 1971 é encerrado com gravações para Art Blakey na Inglaterra em trio com Thelonius Monk (Al McKibbon no baixo) e em quinteto com Johnny Griffin na França.
Em 1972 o “A.B.J.M.” apresenta-se no “Radio City Music Hall” durante o “Newport In New York 1972”. No final desse ano o grupo cumpre apresentações na Noruega e na Tunísia.
1973 a 1976 concedem a Art Blakey muitas apresentações mais poucas gravações e, assim mesmo, marca ponto em festivas de Jazz na Iugoslávia e na Itália.
Em 1977 Art Blakey pouco comparece aos estúdios de gravação, em dezembro de 1978 grava na Holanda e em 1979 no Japão e na Itália.
Foi em 1974 que Art Blakey sofreu sério baque financeiro, perdendo todos os seus bens durante incêndio em um hotel canadense, o que quase o levou a desistir de tudo; mas as temporadas no exterior (Europa, Japão e África) ajudaram a reerguer suas finanças e seu ânimo.
Entre maio e julho de 1980 com o “A.B.J.M.Art Blakey apresenta-se na Alemanha, na Holanda (“Northsea Jazz Festival”) e na Suíça (“Montreux Jazz Festival”).
No final de 1980 grava em quinteto com Dezter Gordon, no 1º semestre de 1981 apresenta-se na Suécia e na França, voltando a participar do “Aurex Jazz Festival” de Tóquio em setembro desse ano.
Em 1982 é a vez de retornar à Holanda e em 1983 os “Messengers” retornam ao festival “Aurex” em Tóquio, capital oriental que os receberá no ano seguinte no “Nakano Sun Plaza”.
Em 1985 a participação em New York do “relançamento” do selo “Blue Note” no “Town Hall”, para o magnífico Art Blakey e “All Stars Jazz Messengers” ” gravando no “One Night With Blue Note”. O “A.B.J.M.” cumpre temporada no exterior: Inglaterra e Holanda.

CAMINHANDO PARA O FINAL
A partir daí e mesmo com todo seu natural entusiasmo e dedicação musical, a saúde de Art Blakey não lhe permitia mais tantas apresentações e gravações, suportando ainda assim temporada em 1988 na Itália, Holanda e Alemanha e sua gravação final nos estúdios da “BMG” em New York.
Em 10 e 11 de abril de 1990 o “A.B.J.M.” com Brian Lynch / trumpete, Steve Davis / trombone, Dale Barlow e Javon Jackson / saxes.tenor, Geoff Keezer / piano, Essiet Okon Essiet / baixo e Art Blakey / bateria, registrou para o selo “A&M” as faixas “Here We Go”, “One For All - And All For One”, “Theme For Penny”, “You've Changed”, “Accidentally Yours”, “Medley com My Little Brown Book / Blame It On My Youth / It Could Happened To You”, “Green Is Mean”, “I'll Wait And Pray”, “Logarhythms”, “Bunyip”, “Polka Dots And Moonbeams” e “Nica's Tempo”.
O falecimento de Art Blakey poucos meses depois foi apenas uma conseqüência esperada de tantas décadas de esforço, que nos legou extensa obra de arte.
Com toda a razão a figura desse baterista é cultuada como músico e como líder de um dos mais permanentes e atuantes grupos de Jazz.

Segue em (A) BIOGRAFIA - 3ª PARTE

PODEROSAS TROVOADAS EM BAIXAS FREQÜÊNCIAS

25 agosto 2008

Há lançamento recente nos EUA capaz de entusiasmar aos leitores mais jovens do blog, i.e., o pessoal com menos de 50 anos, que porventura tenha se aproximado do jazz pelas vias do som notadamente pop mas com evidentes raízes na arte jazzística, de grupos como o Blood, Sweat and Tears, os Doobie Brothers, o duo Steely Dan e esticando um pouco, até pelo Earth, Wind & Fire, em sua totalidade portadores, direta ou complementarmente, de brass-sections cujos arranjos tão brilhantes quanto inflamados lhes valorizavam as faixas e, ao mesmo tempo, iam acostumando a neo-ouvidos atraídos pela música dançante, aos muito bons "indícios" jazzísticos ali presentes.

Inúmeros músicos de qualidade transitaram por essa zona "cinzenta" entre o jazz (mais "acadêmico") e o pop (mais comercial), denominada fusion (e que dá discussões/confusão enormes), ainda identificável por lá como soft jazz ou ainda smooth jazz).

E é principalmente por ela que três excelentes baixistas contemporâneos decidiram caminhar e desenvolver seu récem-lançado trabalho. Trata-se do CD Thunder, editado pelo selo Heads Up (#3163), do grupo S. M. V., as iniciais de Stanley Clarke, Marcus Miller e Victor Wooten, dos mais laboriosos e qualificados baixistas do mercado musical norte-americano.

Wooten teve a idéia depois que os três se juntaram no palco do evento Bass Player Live!, em outubro de 2006, em Nova Iorque. Nessa noite, o grande premiado fora Clarke, tendo recebido um "Lifetime Achievement"- pelo conjunto da obra - como baixista. Ele vira que a integração dos sons dos três contrabaixos, que pode parecer confusa se imaginarmos três instrumentos atuando nas freqüências baixas ao mesmo tempo, dera-se como mágica e a vontade de transformar aquilo em disco ficou no ar até que, num encontro casual entre Stanley e Marcus no aeroporto no dia seguinte, este afirmou: "Precisamos fazer aquilo rápido, não?". Com a concordância de Stanley e sabendo que Victor toparia (afinal a idéia era dele), decidiram tocar o projeto que saiu às ruas no último dia 12.

Contendo composições dos três e o auxílio de músicos do quilate de Chick Corea e George Duke, além da produção cuidadosa de Marcus Miller, o que poderia parecer um grade erro musical parece vir agradando aos críticos que já resenharam Thunder. A conferir.

Disco: Thunder
Grupo: S. M. V.
Selo: Heads Up - 3163

Faixas:

1. Maestros de Las Frecuencias Bajas
2. Thunder
3. Hillbillies on a Quiet Afternoon
4. Mongoose Walk
5. Los Tres Hermanos
6. Lopsy Lu - Silly Putty (Medley)
7. Milano
8. Classical Thump (Jam)
9. Tutu
10. Lil' Victa
11. Pendulum
12. Lemme Try Your Bass? (Interlude)
13. Grits

18 agosto 2008

RETRATOS
10. ART BLAKEY
O Vigor De Um Músico Que Manteve A Trajetória Do Grupo


(A) BIOGRAFIA - 1ª PARTE

CARACTERÍSTICAS
Contrariamente ao nosso retratado anterior (09. “Fats” Navarro = Perfeição Total e Permanência Tão Fugaz), temos em Art Blakey um músico de extensa longevidade e que não restringiu sua arte ao cenário exclusivo de New York. Bem ao contrário, por todos os U.S.A. e no exterior, esse músico ora focado brindou-nos com o vigor e o entusiasmo de seu trabalho por muitas décadas.
Assim é compreensível que a biografia, a biliografia e a discografia desse músico de exceção ocupem espaço considerável, tanto sob o ponto de vista pessoal, quanto quando analisada a obra do grupo que conseguiu aglutinar ao seu redor por tanto tempo, como uma “vitrine” constantemente renovada de talentos. Antecipadamente me desculpo pela extensão do texto para esse "RETRATO".
O “drumming” de Art Blakey é poderoso, vital, visceral, sempre carregado de energia. Seus solos freqüentemente possuem um caráter espetacular, explosivo. Blakey foi de fato um “mensageiro” do jazz: tudo fazia para promover a prática do jazz e percorreu os U.S.A. e o mundo em incontáveis turnês. Visivelmente se divertia, sempre com interminável sorriso e realizando-se na música: colocava-se de corpo e alma na música que estava tocando. Lembra-se com justa razão que Art Blakey foi um “apresentador” de numerosos talentos para o universo do Jazz, por ele recrutados e que se apresentaram nos “Jazz Messengers” que ele promoveu durante décadas. Também é importante ressaltar que foi um baterista incomparável como acompanhante, quando se observa, como exemplo entre outros, a sua colaboração com Thelonious Monk, notável pelo entrosamento que consegue estabelecer com um dos pianistas mais notoriamente difícéis de acompanhar.
Marcava ritmos cruzados, dobrados e redobrados, com certeza em função de tudo o que estudou e praticou de polirritmia nas percussões africanas (ainda que declarasse no final dos anos 70 do século passado em entrevista à revista “Down Beat”, que o Jazz era criação americana sem nada a ver com a África), sem demasiado destaque, sem tocar mais que o necessário, proporcionando uma base para os solistas construírem suas linhas melódicas e despreocupados com a condução dos demais integrantes do grupo. Seu poderoso e inigualável rufo seco (“press roll”, com uma canhota insuperável) marcava os estribilhos e fortalecia a marcação para os inícios dos solos; era um mestre nos “double times”, perfeito nos silêncios em que criava suspense para súbitos reinícios, firmes suportes para longas sucessão de frases dos solistas. Característica bem particular e peculiar que sempre serviu de assinatura para Art Blakey, foi sua capacidade incansável de conectar os solistas na dinâmica do grupo.

INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA
ARTHUR “ART” BLAKEY
nasceu em Pittsburgh / Pensilvânia em 11 de outubro de 1919 e faleceu de câncer do pulmão e já quase surdo do ouvido direito, em New York no dia 16 de outubro de 1990, portanto logo após completar 71 anos.
Foi, talvez, um predestinado para a música, já que Pittsburgh foi celeiro importante de figuras do Jazz ou ligadas ao mundo dos espetáculos, bastando citar-se, por exemplos e entre outros: Ahmad Jamal, Babe Russin, Barry Galbraith, Billy Eckstine, Billy May, Billy Straihorn, Bob Cooper, Christina Aguilera, Dakota Staton, “Dodo” (Michael) Marmarosa, Eddie Safranski, Erroll Garner, George Benson, Henry Mancini, Horace Parlan, Kenny Clarke, Lena Horne, Mary Lou Williams, Oscar Levant, Paul Chambers, Perry Como, Ray Brown, Roy Eldridge, Shirley Jones, Stanley Turrentine, Stephen Foster, Tommy Turrentine e Victor Herbert.
Art Blakey não possuía memória física ou fotográfica da mãe, falecida poucos meses após seu nascimento; quanto ao pai sabe-se que se casou apenas porque havia engravidado a mãe, fugindo para Chicago logo após a cerimônia na igreja e recusando-se a reconhecer o filho (por ter a cor da pele mais escura que a sua !!!???).
Criado por uma amiga da falecida mãe, foi na residência desta e em um piano velho que dedilhou suas primeiras notas, tocando algumas peças de ouvido, para prosseguir sua iniciação, musical e na Bíblia, na igreja (“Seventh Day Adventist Family”). Anos mais tarde recusou-se a ser cristão.
Ainda muito jovem começou a trabalhar em uma mina de carvão, também fundição (lembra-se que Pittsburgh era, e ainda é atualmente, importante centro industrial), mas sem descuidar dos estudos, pois precocemente tinha a convicção de que como mineiro seria sempre um trabalhador braçal. Sempre ajudou sua mãe “adotiva” a pagar as despesas do lar.
Paralelamente ao trabalho na mina e face à permanência da crise americana de 1929, montou uma banda para atuar em clube local (“Ritz”), mantendo a estafante rotina de trabalhar pelo menos 15 horas por dia durante mais de 02 anos: “...tive que aprender a ser forte...”, recordava Art Blakey quando falava de sua infância / juventude. Esse grupo (do qual fazia parte em 1934 Erroll Garner) apresentou-se fora de Pittsburgh em pequenas temporadas e alguns dos músicos integrantes foram recrutados pelo “líder” Fletcher Henderson.
Casado com a idade de 15 anos (com Clarice sua primeira mulher, que veio a falecer em 1946), pai aos 16, Art Blakey casou-se inúmeras vezes posteriormente (04) e, talvez até pelas agruras de seu início de vida sem estrutura familiar e mesmo passando mais de 05 décadas entre excursões, estúdios de gravação, apresentações em clubes e festivais nos U.S.A. e no exterior, tornou-se um “homem de família” diferenciado: teve 08(oito) filhos e adotou outros 07(sete) ! ! ! Desses adotados a mais conhecida foi a japonesa Takashi, cujos pais morreram em um terremoto; com Blakey ela aparece em algumas capas de seus LP’s. Quando indagado sobre como cuidava da família, Blakey costumava dizer que “era realmente difícil criar uma família por controle remoto, mas que conseguia ir se arranjando”.

PRIMEIROS PASSOS PARA A MÚSICA PROFISSIONAL
Em 1939 Fletcher Henderson o incluiu na sua formação (alí já tocavam alguns músicos do grupo que Art Blakey havia montado anteriormente em Pittsburgh), onde conheceu o grande baterista “Big Sid” Catlett, 09 anos mais velho que ele. “Big Sid” de certa forma o “apadrinhou” e além da técnica ensinou-lhe algumas lições de vida (inclusive a concentrar-se no trabalho e a evitar a bebida).
Passou ainda no final de 1939 pela banda de Chick Webb, com quem também aprendeu algumas técnicas (basicamente seu futuro famoso rufo), mas logo em seguida e em 1941 passou a integrar a banda da pianista Mary Lou Williams para apresentações no “Kelly’s Stable”. Montou grupo próprio e apresentou-se em Boston no “Tic-Toc” durante bom tempo.
Passou rapidamente pela “big band” de Lucky Millinder, mas retirou-se da mesma em pouco tempo, seja porque buscava algo mais musicalmente, já seja porque a banda não era mais a sombra da “máquina” dos anos 30 do século passado.
A partir dai e em 1944 ingressou na banda de Billy Eckstine (“Mr. B”, a voz), a primeira formação orquestral do “bebop” e por onde desfilaram todas as “feras” do novo idioma: Charlie Parker, Dizzy Gillespie, Kenny Dorham, “Fats” Navarro, Gail Brockman, Miles Davis, Shorty McConnell, Sonny Stitt, Gerald Valentine, Gene Ammons, Budd Johnson, J.J.Johnson, Dexter Gordon, Wardell Gray, Leo Parker, Lucky Thompson, Oscar Pettiford, Tommy Potter, Sarah Vaughan (a divina “Sassy”), além dos primorosos arranjos de Tadd Dameron, John Malachi e Jerry Valentine.

PRIMEIRAS GRAVAÇÕES
Com esse conjunto de estrelas Art Blakey teve seu primeiro registro fonográfico e alí permaneceu até 1947, quando a banda foi dissolvida.
Com a banda de “Mr. B” Art Blakey gravou seguidamente até 1946: fevereiro e março de 1945 em Los Angeles, maio, setembro e outubro/1945 em New York, janeiro, fevereiro, março, junho e outubro de 1946 em New York e em outubro de 1946 em Hollywood (nessa ocasião “com cordas”).
Essa foi uma escola para Art Blakey, tanto sob o ponto de vista de criar um estilo próprio, como de entender que a bateria era mais um “instrumento” no todo (não meramente um instrumento “acompanhante”) e, ainda assim e enquanto ser humano, não tolerar mais a aceitação passiva do preconceito racial.
Mesmo sendo ainda integrante da banda de Billy Eckstine, em 18 de outubro de 1946 Art Blakey participou de gravação para o selo Black Lion em Hollywood / Califórnia, com a participação de Miles Davis, Gene Ammons, Linton Garner, Connie Wainwright, Tommy Potter e os vocais de Earl Coleman e Ann Baker.
No final de 1947 inicia-se a colaboração de Art Blakey com Thelonius Monk, que proporcionou uma série de registros fonográficos de alta qualidade pela “Blue Note”: em 15 de outubro Idrees Sulieman/trumpete, Danny Quebec West/sax.alto, Billy Smith/sax.tenor, Thelonious Monk/ piano, Gene Ramey/baixo e Art Blakey/bateria gravam em New York “Evonce” e “Suburban Eyes”.
Em trio e na data de 24 de outubro novamente em New York é a vez do trio Monk / Ramey / Blakey registrar “Nice Work If You Can Get It”, “Ruby, My Dear”, “Well, You Needn’t”, “April In Paris”, “Off Minor” e outros temas.
Também para a “Blue Note” e em quinteto (George Taitt / trumpete, Sahib Shihab / sax.alto, Monk, Blakey e Bob Paige / baixo) novas gravações em 21 de novembro. Na data de 22 de dezembro é um octeto sob a tutela de Monk que volta a gravar para o selo azul e branco, enquanto que em 16 de fevereiro de 1948, agora para o selo “Chazzer”, o quarteto Idrees Sulieman, Monk, Curly Russell e Blakey participa do “Festival Of American Music” e grava mais clássicos: “All The Things You Are” e “Just You, Just Me”.
Aqui assinalamos que o desempenho de Thelonius Monk foi um estímulo adequado para Art Blakey; mesmo tocando apenas em estúdios, os encontros desses dois marcam de forma indelével a cena do Jazz, já que o discurso com fraseado anguloso e acordes atonais de Monk exigia atenção concentrada de seus acompanhantes; Art Blakey conseguia mover-se sem esforço para acompanhar as idéias de Monk, com um “beat” claro e preciso marcando perfeitamente o ritmo de base. É importante assinalar que além dessa parceria musical, Art Blakey tinha por Thelonius Monk uma profunda admiração e os dois eram realmente amigos
Entre essas datas de 1947 Blakey grava para quintetos comandados por “Fats” Navarro e por Dexter Gordon.

Segue em (A) BIOGRAFIA - 2ª PARTE

DE VOLTA ...

13 agosto 2008

É isso aí, depois de muito tempo sem a senha perdida, estou de volta à nossa coluna e para falar/escrever sobre 2 assuntos: o primeiro, como não poderia deixar de ser, sobre um pianista que acabou ficando para agora muito embora seu lugar é entre os primeiros, pelo menos para mim e nem sei porque esperei tanto para falar do "magnífico" como bem o classificou o LOC em sua coluna do JB de algumas semanas atrás.
Trata se desse francês de coração e criação mas argelino de nascimento chamado Martial Solal no alto de seus 81 anos, em plena forma, sempre inovando nos "standards" e muito criativo em suas composições.
Pianista vigoroso que iniciou carreira acompanhando Django Reinhardt e Sidney Bechet, seguidor de Art Tatum e Bud Powell, mas declara que sua principal influência foi Thelonious Monk, de quem diz que todo e qualquer pianista moderno passeia e bebe na fonte Monkiana e suas ricas harmonias.
Quando Bill Evans afirmou ser Solal "The first [in the] rank of pianists", mudou o tom da crítica norte americana, que o tratava como "a very good jazz player for a european ???", principalmente pela sua mão esquerda.
Um dos seus trios foi com Nils-Henning O. Pedersen (b) e Daniel Humair (dr), com quem gravou pela Polygram francesa (MPS) algumas pérolas. Cito e recomendo entre elas "Suite for Trio" com 3 temas próprios e igual número de standards ( S'Wonderful, Cherokee & Here's That Rainy Day), escreve trilhas de filmes, inclusive premiado pelo "À Bout de Souffle" do Godard.
Atualmente, está vinculado, ou pelo menos teve seu último CD lançado pela ótima gravadora CamJazz (2008) chamado "Longitude", que foi justamente o mote da coluna do LOC, acima citada.

O segundo tema, que também está vinculado ao Martial Solal, entre muitos outros, é sobre um assunto ainda polêmico para alguns e é sobre o site "EzTorrent" (
http://www.dimeadozen.org/), que vem a ser um site cuja administração é na Alemanha e com não mais do que 100 mil usuários pelo mundo (alguns até contribuintes), onde não se tem nada gravado ou lançado oficialmente, ou seja, a quase totalidade das gravações tanto para CDs ou DVDs são de apresentações ao vivo, bem como em rádio ou televisão.
O descobridor desse site foi o nosso confrade Guzz, grande pesquisador da internet e profundo conhecedor do mundo virtual.
O Torrent não é só de jazz mas sim de musica em geral, mas seu acêrvo jazzístico é enorme e aí entra mais uma vez o Martial Solal em um concêrto com seu trio; Reggie Johnson (b) e Louis Moutin (dr) apresentando ainda o elegante Johnny Griffin (falecido recentemente), por si só já histórico, em Baltica/Alemanha (2000), que posso garantir ser de tirar qualquer um do sério, tanto pela qualidade musical como perfeito entrosamento dos musicos, com solos e improvisos de arrepiar.
É de fato um grande barato e só para se ter uma idéia de quão atual, algumas apresentações nos festivais de jazz da Europa desse verão, como os de Umbria (Itália) e Gasteiz (Espanha), já fazem parte do seu acêrvo, que pretendo divulgar entre os cejubianos (sei que temos outros usuários), objetivando maior disseminação desse nosso gosto apaixonado "graças a Deus" pelo JAZZ.

Sazz

P.S.: Na próxima (bem breve espero) vou rabiscar sobre esses italianos e seus maravilhosos instrumentos como: Rava, Fresu, Pieranunzzi, Os Stefanos, Petrella, Del Fra, etc...

12 agosto 2008

RETRATOS
09. FATS NAVARRO (E)
DISCOGRAFIA RESUMIDA - TÉRMIN
O

SOB OS AUSPÍCIOS DE NORMAN GRANZ

JAZZ AT THE PHILHARMONIC
Fats Navarro (trumpete), Tommy Turk (trombone), Charlie Parker e Sonny Criss (saxes.alto), “Flip” Phillips (sax.tenor), Hank Jones (piano), Ray Brown (baixo) e Shelly Manne (bateria).
Carnegie Hall, New York, 17 e 18/11/1949
1. Norman Granz = Introduction
2. Leap Here
3. Back Home Again In Indiana
4. Lover Come Back To Me
Selo Pablo (Norman Granz): Jazz At The Philharmonic - J.A.T.P. At Carnegie Hall 1949.
Esse JATP foi iniciado no sábado (17/09) e encerrado no domingo (18/09), tendo atuado outros músicos em outras formações, sem “Fats” Navarro. Nesse mesmo domingo e também sem Navarro o JATP voltou a apresentar-se, desta vez em Washington, DC, na “Uline Arena”.

JAZZ AT THE PHILHARMONIC
Fats Navarro (trumpete), Coleman Hawkins (sax.tenor), Hank Jones (piano), Ray Brown (baixo) e Shelly Manne (bateria).
Carnegie Hall, New York, 11/02 ou 02/11/1949
1. Norman Granz = Introduction (Coleman Hawkins com “Hawk's Idea” = “Rifftide”)
2. Sophisticated Lady
3. The Things We Did Last Summer
4. Stuffy
Selo Pablo (Norman Granz): Jazz At The Philharmonic - J.A.T.P. At Carnegie Hall 1949.

BUD POWELL'S MODERNISTS
Fats Navarro (trumpete), Sonny Rollins (sax.tenor), Bud Powell (piano), Tommy Potter (baixo) e Roy Haynes (bateria).
Estúdios WOR, New York, 09/08/1949
1. Bouncing With Bud
2. Bouncing With Bud (alternate take 1)
3. Bouncing With Bud (alternate take 2)
4. Wail
5. Wail (alternate take)
6. Dance Of The Infidels
7. Dance Of The Infidels (alternate take)
8. 52nd Street Theme
Faixas distribuidas em diversos albuns do selo Blue Note, inclusive na coletânea constante do CD duplo "The Complete Blue Note And Capitol Recordings Of Fats Navarro And Tadd Dameron": The Fabulous Fats Navarro, volumes 1 e 2, Bud Powell - Alternate Takes, Fats Navarro - Prime Source, The Amazing Bud Powell, Fats Navarro Memorial Album, Bud Powell - Bouncing With Bud with Wail e Bud Powell - Dance Of The Infidels with 52nd Street Theme. As faixas de 1 até 4 constam também do CD “Fats Navarro” da coleção “Maestros del Jazz & Blues” (Editora Planeta, 1995, 1ª Edição, Barcelona, Espanha, número 50).

COM CHARLIE PARKER

CHARLIE PARKER QUINTET
Fats Navarro (trumpete), Charlie Parker (sax.alto exceto na faixa 4), Bud Powell (piano), Curly Russell (baixo) e Art Blakey (bateria).
Apresentação no "Birdland" transmitida via rádio, New York, 15 e 16/05/1950 segundo os albuns da “Alamac” e da “Ozone” e 30/06/1950 segundo o álbum da CBS, todos indicados a seguir.
1. 52nd Street Theme, I
2. Perdido = Wahoo
3. Dizzy Atmosphere
4. A Night In Tunisia
5. Move = somente a introdução
6. 52nd Street Theme, II = incompleto
7. Rifftide = The Street Beat
8. Out Of Nowhere
9. Little Willie Leaps = sómente a introdução
10. 52nd Street Theme, III
11. Ornithology = sómente a introdução
12. I'll Remember April = somente a introdução
13. 52nd Street Theme, IV
Album da Alamac: Charlie Parker's All Stars 1950. Álbum da Ozone: Charlie Parker - Fats Navarro - Bud Powell. Album da Columbia: Charlie Parker - One Night In Birdland.
Observação: o diário de Charlie Parker (BIRD’S DIARY - THE LIFE OF CHARLIE PARKER 1945/1955, Ken Vail, 1ª Edição, 1996, Inglaterra) indica que essa gravação foi tomada em 17/05/1950 (estojo de CD’s “BIRD”, volumes 5 a 7) e não em 15 e 16/05 ou em 30/06, datas em que o diário não registra quaisquer atividades de Charlie Parker desde 02/05/1950 (ocasião em que Parker havia se apresentado no Metropolitan de Filadélfia ao lado de George Shearing e Slam Stewart).
No Brasil a CBS lançou o album duplo “Charlie Parker – One Night In Birdland”, com extensas notas em contra-capa interna dupla da autoria de Dan Morgenstern e Gary Giddins com tradução/adaptação de Mestre LULA, indicando a data de 30/06/1950: fica essa dúvida em relação à data de gravação.

CHARLIE PARKER QUINTET
Fats Navarro (trumpete), Charlie Parker (sax.alto), Bud Powell (faixa 1) e Walter Bishop Jr. (faixas 2 e 3) (piano), Tommy Potter (baixo), Roy Haynes (bateria) e 'Little' Jimmy Scott (vocal em “Embraceable You”).
Mesma apresentação anterior no "Birdland" transmitida via rádio, New York, 15 e 16/05/1950 segundo o álbum da “Alamac” ou 30/06/1950 pelo álbum da CBS.
1. Embraceable You
2. Cool Blues = somente a introdução
3. 52nd Street Theme
Albuns: Charlie Parker - One Night In Birdland (Columbia JG 34808) e Charlie Parker's All Stars 1950 (Alamac QSR 2430)
Vale a mesma “Observação” da gravação anterior, acrescentando-se que no citado LP duplo da CBS o vocal em “Embraceable You” é atribuído a Chubby Newsome.

A ÚLTIMA GRAVAÇÃO

MILES DAVIS' BIRDLAND ALL STARS
Fats Navarro e Miles Davis (trumpetes), J.J. Johnson (trombone exceto nas faixas 3 e 4), Charlie Parker (sax.alto na faixa 3),Brew Moore (sax.tenor exceto na faixa 3), Tadd Dameron (piano nas faixas 1, 2 e 4), Walter Bishop Jr. (piano nas demais faixas), Curly Russell (baixo) e Art Blakey (bateria).
Birdland, New York, 30/06/1950
1. Hot House = Miles' Midnight Breakaway
2. 52nd Street Theme
3. Conception = Deception
4. Ow! = Chubbie's Blues
5. Eronel = Overturia
6. 52nd Street Theme = Slow Broadway Theme
Albuns da Session Disc: Hooray For Miles Davis, volumes 1 e 2. Album da Beppo: Miles Davis All Stars And Gil Evans. Album da Alto: The Persuasively Coherent Miles Davis.
Observação: a série “Bird’s Eyes” do selo Philology traz em seu CD volume 7 a faixa 3 (10’56”) como tendo sido gravada no dia 18/05 e não em 30/06: fica mais essa dúvida, sendo a data de 18/05 a mais provável, já que em 30/06/1950 o diário de Charlie Parker não registra qualquer atividade; como curiosidade já observada antes, a data de 30/06/1950 é a indicada no LP duplo da CBS comentado anteriormente: “Charlie Parker – One Night In Birdland”. Esse CD da Philology traz uma faixa com 20’18” contendo as entrevistas de Charlie Parker com Marshall Steams e John Maher, devidamente transcritas no encarte do mesmo CD.

A seguir: RETRATOS = 10. ART BLAKEY
O Vigor De Um Músico Que Manteve A Trajetória Do Grupo

MUSEU DE CERA # 44 - HENRY "RED" ALLEN

O trompetista Henry James "Red" Allen Jr. era o filho do líder da Allen Brass Band da cidade de Algiers na Louisiana. Nascido em New Orleans a 7 de janeiro de 1908, ainda jovem tocou na banda do pai com o tio o clarinetista George Lewis e ainda na Excelsior Band (1924) e na Sam Morgan Band (1925). Em 1926 deixou New Orleans para tocar com os Sidney Desvigne's Southern Syncopaters no barco a vapor Island Queen fazendo a linha entre St. Louis e Cincinnati. Em 1927 juntou-se aos King Oliver's Dixie Syncopators quando de uma apresentação em St. Louis em turnê a qual não foi muito boa para Oliver retornando a New York quando então Allen fez as primeiras gravações com Clarence Williams.
No final da década de 20, retornou a New Orleans atuando com Fats Pichon e logo após juntou-se a Fate Marable no barco Capitol no rio Mississippi, nesse período foi descoberto por ‘olheiros’ da Victor, que pensaram encontrar nele uma alternativa capaz de rivalizar com o imenso sucesso da Okeh, ninguém menos que Louis Armstrong. Retornando a New York, grava quatro faixas para a Victor em 1929, acompanhado pela banda de Luis Russell, alcançando imediato prestígio entre os músicos de jazz. A partir daí, Red tornou-se o primeiro trompete das bandas de Russell de 1929 a 1932, de Fletcher Henderson de1933 a 1934) substituindo o grande cornetista Rex Stewart e da Mills Blue Rhythm Band de 1934 a 1937, estabelecendo-se como o melhor trompetista do período inicial do swing.
Após cumprir um contrato de gravações para a Victor onde fez vários registros sob seu próprio nome trabalhou com Duke Ellington, retornando então ao grupo de Luis Russell no qual defrontou-se com Louis Armstrong. Durante este período Allen fez várias gravações com Coleman Hawkins, onde cantava e executava o trompete. Permaneceu com Russel até 1940 quando passou a liderar combos atuando em nightclubs de New York e gravando com Jelly Roll Morton e Sidney Bechet em um revival de New Orleans e fazendo uma turnê com Billie Holiday. Nas décadas de 50 e 60 continuou ativo a liderar grupos em trabalhos com seus velhos amigos George Lewis, Coleman Hawkins e o trombonista Kid Ory até abril de 1967 quando sucumbiu a um câncer pancreático.
Em um artigo da Down Beat de 1965 intitulado — "Henry Red Allen o mais avant garde trompetista de New York" o crítico Don Ellis escrevia: — "Qual outro trompetista toca rítmos assimétricos em arranjo também suingante? Qual outro trompetista possui uma surpreendente variedade de cores de som, inflexões diversas, efeitos de meia- válvula, glissandos e o controle completo da emissão do som?"
Bem, Ellis naturalmente se referia a Louis Armstrong como sendo o "outro" já que Allen era com certeza o mais intenso e brilhante seguidor de Armstrong, contudo com enorme personalidade. Por vezes soa muito parecido mas se observarmos bem sua técnica é semelhante mas seu estilo é outro.
"Allen deixou marcas no início da carreira de Roy Eldridge que por sua vez influenciou Dizzy Gillespie" — "Allen é caprichosso, inquieto e altamente lírico.... seu sentimento melódico é governado quase completamente pelos blues infundindo em cada tema extenso emprego das blue notes". (Whitney Balliet).
Um de seus grandes trabalhos intitula-se — It Should Be You que escolhemos para ilustrar o Museu de Cera onde podemos atestar tudo o que foi dito acima.
Na abertura com Allen pode-se jurar que se trata de Armstrong depois desenvolve seu estilo e ainda temos Higginbotham, Holmes e Nicholas em ótimos solos.

It Should Be You - (Henry Allen) – Henry Allen & His New York Orchestra: Henry "Red" Allen (tp), J.C. Higginbotham (tb), Albert Nicholas (cl, sa), Charlie Holmes (sa), Teddy Hill (st), Luis Russell (pi,arranjo), Will Johnson (bj), Pops Foster (bx) e Paul Barbarin (bat)
Gravação original: Victor V38073 (mx 55133-3) - New York, 16/julho/1929
Fonte: LP Vintage series LPV 556 – RCA Victor , 1966 – USA

Boomp3.com

MORREU O BATERISTA LEE YOUNG

06 agosto 2008


Irmão do famoso Lester Young, Lee não teve uma carreira tão exuberante como a do irmão. Entretanto, marcou presença em alguns acontecimentos jazzísticos importantes como integrante dos primeiros conjuntos do "Jazz at the Philarmonic" , organizados pelo empresário Norman Granz para levar o Jazz ao grande público. Participou também dos primeiros concertos da série "Just Jazz", organizados por Gene Norman não só como baterista mas também como arregimentador. Integrou também o quarteto de Nat King Cole em gravaçoes para a Capitol.

O óbito ocorreu em 4 de agosto e Lee contava 91 anos.

RIP

FALECEU JO STAFFORD

05 agosto 2008

Mais que uma “lady crooner”, Jo Stafford pode ser situada entre as melhores cantoras dos anos 50. Basta ouvirmos os álbuns que gravou para a Capitol acompanhada pela orquestra do marido Paul Weston, prova maior de sua capacidade. Anteriormente, Foi uma das melhores “lady crooners” destacando-se na banda de Tommy Dorsey como integrante dos “Pied Pipers”, cantando em dueto com Frank Sinatra, e também como solista.

Jo faleceu em 16 de julho aos 90 anos, vitimada por problemas cardíacos. Junto com Helen Forrest era uma das minhas cantoras favoritas. Estou ouvindo no momento “Manhattan Serenade” com a orquestra de Tommy Dorsey e a bela voz da Jô.

R.I.P.
RETRATOS
09. FATS NAVARRO (D)

DISCOGRAFIA RESUMIDA - SEQÜÊNCIA


A PRIMEIRA GRAVAÇÃO COM TADD DAMERON

FATS NAVARRO AND HIS THIN MEN
Fats Navarro (trumpete), Leo Parker (saxofones alto e barítono), Tadd Dameron (piano), Gene Ramey (baixo) e Denzil Best (bateria)
New York, 29/01/1947
1. Fat Girl
2. Ice Freezes Red
3. Eb Pob
4. Goin' To Minton's
A Savoy inseriu essas faixas em cerca de uma dezena de albums, entre os quais: Various Artists - Opus De Bop, Fats Navarro - Fat Girl, Fats Navarro, Fats Navarro - New Trends In Jazz – volumes 5 e 6 e diversos outros. “Fat Girl” é a faixa com o apelido de “Fats” Navarro.

TADD DAMERON SEXTET
Fats Navarro (trumpete), Rudy Williams (sax.alto em “Good Bait”), Allen Eager (sax.tenor), Tadd Dameron (piano), Curly Russell (baixo) e Kenny Clarke (bateria)
Royal Roost, New York, 29/08/1948
1. Anthropology
2. Lady Be Good
3. Good Bait = número 1
Album da etiqueta Jazzland: Fats Navarro Featured With The Tadd Dameron Quintet. Album da Milestone: Fats Navarro Featured With The Tadd Dameron Band.
A faixa “Good Bait” deve ser ouvida, obrigatoriamente, com a versão número 2 gravada em 23/outubro do mesmo ano: o conjunto das duas versões constitui, a meu ver, uma obra prima.

BENNY GOODMAN = UM SENHOR "BOPPER"

BENNY GOODMAN SEPTET
Fats Navarro (trumpete), Benny Goodman (clarinete), Wardell Gray (sax.tenor), Gene DiNovi (piano), Mundell Lowe (guitarra), Clyde Lombardi (baixo) e Mel Zelnick (bateria).
New York, 09/09/1948
1. Stealin' Apples
Album do selo Capitol: Benny Goodman / Charlie Barnet - Capitol Jazz Classics – volume 15: Bebop Spoken Here. Album da Mosaic: The Complete Capitol Small Group Recordings Of BennyGoodman 1944-1955.
Observação: esse mesmo tema (“Stealin’ Apples”) foi gravado anteriormente por Benny Goodman em julho/1943 (época da greve de gravações nos U.S.A.), em um hotel; essa raríssima gravação de 1943 foi apresentada no programa “O Assunto É Jazz” de Mestre Lula em 30/05/1989, edição especial comemorativa dos 80 anos do nascimento de Benny Goodman (30/05/1909 – 13/06/1986), produzida pelo estimado e saudoso confrade Maxwell Johnstone (nosso eterno e sempre lembrado "PhD" para nós e "Por Hora Desocupado" para ele, com seu britânico senso de humor).

HOWARD MCGHEE - FATS NAVARRO BOPTET
Fats Navarro e Howard McGhee (trumpetes), Ernie Henry (sax.alto), Milt Jackson (vibrafone e piano), Curly Russell (baixo) e Kenny Clarke (bateria).
Estúdios Apex, New York, 11/10/1948
1. The Skunk
2. The Skunk (alternate take)
3. Boperation
4. Boperation (alternate take)
5. The Skunk
6. Double Talk
7. Double Talk (alternate take)
8. The Skunk
Todas as faixas em albuns pela etiqueta Blue Note: The Fabulous Fats Navarro – volumes 1 e 2, Fats Navarro - Prime Source, Various Artists - The Other Side Blue Note 1500 Series, The Complete Blue Note And Capitol Recordings Of Fats Navarro And Tadd Dameron (uma edição espetacular em CD duplo), Howard McGhee's All Stars - The McGhee-Navarro Sextet, Howard McGhee/Introducing The Kenny Drew Trio, Fats Navarro Memorial Album, Howard McGhee - The Skunk With Boperation e Howard McGhee - Double Talk - parts 1 e 2. As faixas 1, 3 e 6 constam também do CD “Fats Navarro” da coleção “Maestros del Jazz & Blues” (Editora Planeta, 1995, 1ª Edição, Barcelona, Espanha, número 50).
Faixas para todas as “mesinhas de cabeceira”. Navarro, perfeito como sempre, ao lado de outro trumpetista de ponta, Howard McGhee.

TADD DAMERON NONET
Fats Navarro (trumpete), Kai Winding (trombone em “Eb-Pob”, título que é uma inversão de “Be-Bop”), Rudy Williams (sax.alto), Allen Eager (sax.tenor), Milt Jackson (vibrafone nas faixas 3 e 4), Tadd Dameron (piano), Curly Russell (baixo), Kenny Clarke (bateria) e Chano Pozo (bongô).
Royal Roost, New York, 23/10/1948
1. The Squirrel
2. Our Delight
3. Good Bait = número 2
4. Eb-Pob
Album da etiqueta Milestone: Fats Navarro Featured With The Tadd Dameron Band. Álbuns da etiqueta Jazzland: Fats Navarro Featured With The Tadd Dameron Quintet e The Tadd Dameron Band 1948.
Com esse número 2 de “Good Bait” completa-se “a real masterpiece” iniciada em 29/08/1948.
O CD agregado ao número 26 da coleção "Os Grandes Do Jazz" (Edições del Prado S.A.,1ª Edição, 1996/1997) apresenta diversas outras faixas gravadas nas sessões do Royal Roost em datas diferentes: 29/08, 04/09, 02/10, 09/10, 16/10 e 23/10/1948. Temos nesse CD diversas “obras primas”: “Hackensack”, “Anthropology”, 02 versões de “Good Bait”, 02 versões de “The Squirrel”, “Symphonette”, “Tadd Walk”, “Dameronia”, “Our Delight” e “Eb-Pob”.

THE COMPLETE BLUE NOTE AND CAPITOL RECORDINGS OF FATS NAVARRO AND TADD DAMERON
CD nº 1
Estúdios Wor, New York, 26/09/1947
Tadd Dameron With Fats Navarro
Fats Navarro (trumpete), Ernie Henry (sax.alto), Charlie Rouse (sax.tenor), Tadd Dameron (piano), Nelson Boyd (contrabaixo) e Shadow Wilson (bateria).
1. The Chase = alternate take
2. The Chase
3. The Squirrel = alternate take
4. The Squirrel
5. Our Delight = alternate take
6. Our Delight
7. Dameronia = alternate take
8. Dameronia
Estúdios Wor, New York, 13/09/1948
Tadd Dameron With Fats Navarro
Fats Navarro (trumpete), Allen Eager e Wardell Gray (saxes.tenor), Tadd Dameron (piano), Curly Russell (baixo), Kenny Clarke (bateria), Chano Pozo (bongô nos 02 takes de “Jahbero”) e Kenny Hagood (vocal em “I Think I’ll Go Away”).
9. Jahbero = alternate take
10. Jahbero
11. Lady Bird
12. Lady Bird = alternate take
13. Symphonette
14. Symphonette = alternate take
15. I Think I’ll Go Away
New York, 18/01/1949
Tadd Dameron With Fats Navarro
Fats Navarro (trumpete), Kai Winding (trombone), Sahib Shihab (sax.alto), Dexter Gordon (sax.tenor), Cecil Payne (sax.barítono), Tadd Dameron (piano), Curly Russell (baixo), Vidal Bolado e Diego Ibarra (percussão).
16. Sid’s Delight
17. Casbah
New York, 21/04/1949
Tadd Dameron With Miles Davis
Miles Davis (trumpete), J. J. Johnson (trombone), Sahib Shihab (sax.alto), Benjamin Lundy (sax.tenor), Cecil Payne (sax.barítono), Tadd Dameron (piano), John Collins (guitarra), Curly Russell (baixo), Kenny Clarke (bateria) e Kay Penton (vocal em “Heaven’s Door Are Wide Open”).
18. John’s Delight
19. What’s New
20. Heavens’s Door Are Wide Open
21. Focus
CD nº 2
Estúdios Apex, New York, 11/10/1948
The Howard McGhee – Fats Navarro Sextet
Fats Navarro e Howard McGhee (trumpetes), Ernie Henry (sax.alto), Milt Jackson (piano e vibrafone), Curly Russell (baixo) e Kenny Clarke (bateria).
1. The Skunk = matriz em LP
2. Booperation
3. Booperation = alternate take
4. The Skunk = matriz em 78rpm
5. Double Talk
6. Double Talk = alternate take
Estudios WOR, New york, 08/08/1949
Bud Powell With Fats Navarro
Fats Navarro (trumpete), Sonny Rollins (sax.tenor), Bud Powell (piano), Tommy Potter (baixo) e Roy Haynes (bateria).
7. Bouncing With Bud = alternate take 1
8. Bouncing With Bud = alternate take 2
9. Bouncing With Bud
10. Wail = alternate take
11. Wail
12. Dance Of The Infidels = alternate take
13. Dance Of The Infidels
14. 52nd Street Theme
New York, 08/09/1948
Benny Goodman With Fats Navarro
Fats Navarro (trumpete), Benny Goodman (clarinete), Wardell Gray (sax,tenor), Gene DiNovi (piano), Mundell Lowe (guitarra), Clyde Lombardi (baixo) e Mel Zelnick (bateria).
15. Stealin’ Apples
Este CD duplo distribuido pela Blue Note é item obrigatório em uma discografia de Fats Navarro, além de contar com encarte bem cuidado de Carl Woldeck (saxofonista e professor de música na University Of Oregon). Contem faixas já citadas, mas aqui temos uma coletânea indispensável.

NOVAMENTE COM OS “METRONOME”

THE METRONOME ALL STARS (todas as faixas com arranjos de Lennie Tristano)
Fats Navarro, Miles Davis e Dizzy Gillespie (trumpetes), J.J. Johnson e Kai Winding (trombones), Buddy DeFranco (clarinete), Charlie Parker (sax.alto), Charlie Ventura (sax.tenor), Ernie Caceres (sax.barítono), Lennie Tristano (piano nas 02 versões de “Overtime”), Billy Bauer (guitarra), Eddie Safranski (baixo) e Shelly Manne (bateria).
RCA Studios, NYC, January 3, 1949
1. Overtime = versão longa
2. Overtime = versão curta
3. Victory Ball = versão curta
Albuns da RCA: The Metronome All Stars - From Swing To Be-Bop, The Metronome All Star Bands e The Metronome All Stars - Victory Ball with Overtime.
Observação - A troca de “choruses” atribuídas aos 03 trumpetistas sempre me soaram como apenas de Gillespie e Navarro, já que Miles escassamente atua nesse nível de registro. Todavia em sua autobiografia (o livro já citado, “Miles Davis – A Autobiografia” - Miles Davis e Quincy Troupe - Editora Campus - 1991 - tradução do original americano de 1989) Miles descreve a troca de choruses com a participação dele:
“...Foi um disco de m.... a não ser pelo que eu, “Fats” e Dizzy tocamos.................Mas o que a secção de trompetes tocou, acho que foi de f.......... Eu e “Fats” decidimos seguir Dizzy e tocar o que ele tocava, em vez de nossos próprios estilos. Ficamos tão perto de Dizzy que nem mesmo ele sabia bem quando saia e nós entrávamos. Cara, aqueles licks de trompete voavam por toda a sala. Foi um barato. Depois disso, muitos músicos ficaram sabendo que eu podia tocar a música de Dizzy também, além do meu próprio estilo. Eles – os fanáticos de Dizzy – passaram a me respeitar muito depois de ouvirem esse disco.”

Segue em (E) - DISCOGRAFIA RESUMIDA - TÉRMINO

ARRANJO & ORQUESTRAÇÃO, POR JOYCE

04 agosto 2008

"Vou entrar aqui num assunto meio polêmico: qual a diferença entre arranjo e orquestração? Para mim, essa diferença é claríssima. Arranjo é quando você define a forma da canção, ou a re-harmoniza, ou a modifica ritmicamente conforme seu gosto, ou ainda a recheia com referencias a outras canções. Enfim, tudo o que um músico faz quando pega uma canção e a coloca sob medida para si mesmo(a) ou outro(a). Um trabalho, digamos, de alfaiataria. Já orquestração é um pouco diferente e envolve um tipo de conhecimento bastante específico: um conhecimento de timbres, instrumentação, escrita musical (de que o simples arranjo pode eventualmente não precisa). É um trabalho mais técnico, que exige anos de estudo, enquanto o arranjo pode ser feito "de bossa", pois é um trabalho mais intuitivo, de criação mesmo. Orquestração, dependendo de quem faz, para o bem ou para o mal, pode ser alta costura. Existem geniais arranjadores/ orquestradores - já trabalhei com alguns - e aí você está no melhor dos mundos. Gente como Johnny Mandel e Dori Caymmi, por exemplo, que não só re-harmoniza e recria, como conhece toda a gama de sons de uma orquestra. Por outro lado, o grande Claus Ogerman, pela minha modesta experiencia, é mais orquestrador que arranjador. Todos os arranjos que ele assina nos discos de Tom Jobim são exatamente a tradução para grande orquestra do que o próprio Tom já havia criado no piano. Eu já tinha visto isso em discos como "Urubu", "Matita Perê" (este, com grande contribuição também do Dori) e outros. Mas não sabia que fosse sempre assim. Quando gravei com Claus em 1977, vi que ele orquestrou (lindamente, a bem da verdade) tudo que eu e meu parceiro Mauricio Maestro fazíamos com nossas vozes e violões. Ou seja, não houve neste caso uma contribuição criativa dele ao nível ritmico ou harmônico, e sim um trabalho de 'vestir' nossa música, cuja alfaiataria básica já estava pronta.
O belo tipo faceiro que tenho ao meu lado chama-se Johnny Mandel, genial arranjador/ orquestrador/ autor de algumas célebres trilhas sonoras de Hollywood/ compositor de grandes canções do Grande Songbook Norte-Americano, como 'Emily', 'The Shadow of Your Smile' e muitas outras. Esta foto foi feita durante uma visita que fiz à casa onde ele mora com a mulher em Malibu, California, há uns 4 anos atrás. O tempo voa... Nessa ocasião, tínhamos um projeto em mente, que, por muito caro, não conseguimos realizar. Ficou na vontade. Ao invés desse projeto, acabei fazendo outro logo em seguida, com meu velho amigo Dori Caymmi, arranjador/ orquestrador/ compositor igualmente de altíssimo quilate, e ainda por cima, cantor e violonista brilhante. Foi um excelente negócio, musicalmente falando, e até hoje os ecos deste trabalho ainda rolam - volta e meia nos apresentamos juntos, pelo simples prazer que a música nos dá. Por que falo tanto nesses dois, Johnny e Dori? Porque são arranjadores e orquestradores geniais, mundialmente respeitados, e que igualmente me respeitam como músico que sou. Músico: palavra sem feminino. Acontece que o fato de eu ser uma cantora (canária, na visão preconceituosa de alguns atrasados, em pleno século 21) me desabilitaria para as funções de arranjadora, que exerço normalmente em todos os meus discos desde 1980. Não me formei na Berklee, não sei dizer exatamente a extensão de cada instrumento de uma orquestra - e no entanto sei exatamente o que vai e o que não vai soar nos discos que faço. Sei qual será a melhor opção para um instrumento solista e distribuo as vozes dos sopros que irão se misturar com a minha própria voz, num só naipe. Posso criar uma introdução e um desenho rítmico que irá modificar a estrutura de alguma música já por demais batida, caso eu tenha a intenção de regravá-la (fiz isso, por exemplo, na minha gravação de "Upa Neguinho", em 1998, num arranjo do qual até o autor gostou (Edu é famoso por não gostar de quase nada), ou de "Sambou, Sambou", que Donato adorou e passou a usar também, sempre que vem tocar comigo). Posso também dar minha contribuição à harmonia da canção em questão, mesmo que seja só um acorde a mais, que não interfira na estrutura harmônica, mas faça uma graça para o autor. Tenho feito isso a vida toda, e é por isso que não me sinto canária, embora cantar seja o meu maior prazer. Mas a voz é um instrumento, como o violão também é, para melhor expressar uma idéia musical que me venha, seja essa música minha ou não. E ainda assim, já me aconteceu de um orquestrador, com quem trabalhei diversas vezes ao longo dos anos (não importa quem), utilizar alguns arranjos meus em trabalhos de orquestração dele, sem o devido crédito - e pelo contrário, assinando o arranjo como se fosse seu, inclusive para trabalhos com outros artistas. Coisa muito feia, que os grandes bambas ali de cima jamais fariam. Como gosto de ter fé na humanidade, quero crer que sendo eu, na opinião deste colega, uma simples canária, ele sinceramente acredita que os arranjos são dele..."

"Eu trabalho assim: eu vou aonde você não estiver. Meu trabalho é preencher e colorir os espaços que você deixa na música" (Johnny Mandel, explicando para mim seu método como arranjador).

DUO PIANO - BILLY TAYLOR & MONTY ALEXANDER EM JOY SPRING

02 agosto 2008

Viajando pelos caminhos do youtube, me deparei com este Duo que me lembrou uma ideia do Mau Nah para um futuro concerto do CJUB.

O tema e o belissimo JOY SPRING, composicao do trompetista Clifford Brown.

Espero que gostem.

Beto Kessel