Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

COLUNA DO LOC, CLAUDIO RODITI

06 julho 2008

por Luiz Orlando Carneiro
JB Caderno B
Domingo, 6 de julho de 2008
cadernob@jb.com.br

CLAUDIO RODITI
­ Trompetista lança "Impressions" pela Sunnyside


O TROMPETISTA carioca Claudio Roditi comemorou, no último mês, 62 anos, dos quais mais de 30 nos Estados Unidos, onde completou sua formação musical no Berklee College, em Boston. Fixou-se em Nova York, em 1976, e acabou por conquistar Dizzy Gillespie, que o levou, em 1988, para a sua United Nations Orchestra. Em 1992, um ano antes da morte do founding father do bebop, Roditi foi um dos sete eminentes pistonistas que se reuniram em torno do mestre, no clube Blue Note, e com ele gravaram o álbum To Dizzy with Love (Telarc). Os outros seis eleitos eram Doc Cheatham (então com 87 anos), Jon Faddis, Wynton Marsalis, Red Rodney, Wallace Roney e Charlie Sepulveda.
Depois de uma série de três discos produzidos, entre 2003 e 2005, pelo sofisticado selo Nagel-Heyer, de Hamburgo, com o pianista alemão Klaus Ignatzek e o baxista belga Jean-Louis Rassinfosse (Light in the dark, 341 e Reflections), o internacional Roditi aproveitou uma estada no Rio, em 2006, para uma sessão bem relaxada ­ mas muito especial ­ na companhia de quatro outros brilhantes jazzmen, velhos companheiros de palco e de estúdio: o saxofonista Idriss Boudrioua e o pianista Dario Galante, nascidos na França e na Itália, respectivamente, mas cariocas por opção há mais de 20 anos; o grande baterista Pascoal Meirelles; o refinado baixista Sérgio Barrozo. O registro dessa cativante sessão está no CD Impressions, recém-lançado pela Sunnyside, com as 10 faixas já disponíveis nas lojas virtuais, no todo ou selecionadas à vontade do freguês. A faixa-título (6m26) é o hipnótico tema modal de John Coltrane, que é cultuado, com respeitosa intimidade, em outras três gemas de sua lavra: Moment's Notice (6m29), Naima (6m40) e Giant Steps (4m10). Roditi contribui com The Monster and the Flower (7m54) e Bossa de Brooklyn (6m47). Os demais temas ­ todos recriados com intensa participação de todos os integrantes do quinteto, em solos e trocas de compassos, com muita verve e extrema articulação ­ são os standards Bye, Bye Blackbird (7m15), Speak Low (9m35) e Come Rain or Come Shine (7m06), além de A Rã (6m57), de João Donato.
Claudio Roditi e seus pares não pretendem conceitualizar coisa alguma nesse novo CD. Nem têm mais nada a provar. Com base em arranjos do trompetista ­ cujo fraseado é sempre fluente, de uma elegante eloqüência, jamais overdressed, em qualquer tempo ou mood ­ o grupo privilegia o swing sambante enfatizado pelos címbalos de Meirelles, sobretudo em Moment's Notice. Impressions merece um adequado tratamento harmonicamente denso, e contém inspirado solo de Galante (com uma inserção de Misterioso, de Thelonious Monk). Idriss Boudrioua dispensa maiores apresentações e é a estrela da mais bela balada de Trane, Naima, escrita para a sonoridade plangente do sax soprano (nas demais faixas, Boudrioua toca sax alto).
A graciosidade da batida bossa nova sustenta os solistas em Bossa de Brooklyn e A Rã. O reverenciado Giant Steps tem uma breve e original introdução, e a obra é desenvolvida pelos solistas em tempo médio. Com o trompete assurdinado, Roditi relembra o Miles Davis dos tempos de Relaxin' (1956), em Bye, Bye Blackbird. Em suma, o disco de Roditi é uma beleza, na linha do singelo e célebre verso de Keats: "...a thing of joy for ever".

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