Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

RIO DAS OSTRAS JAZZ E BLUES, UMA BREVE RESENHA

27 maio 2008

Sem dúvida o Festival de Rio das Ostras se tornou evento obrigatório para quem gosta da boa música. Um verdadeiro encontro do jazz, da bossa, do instrumental contemporâneo, do blues e das fronteiras que cercam esses estilos. Mais uma vez a produção do festival deu show de organização e na composição dos espetáculos.

E mais uma vez estive lá ! Cheguei na sexta-feira de tarde, perdi alguns shows entre eles o da Regina Carter, uma pena, mas essa frustração foi compensada pelo que assisti nos dois dias de shows seguintes.
E já cheguei direto para a Lagoa de Iriri assistir ao grupo do baterista Will Calhoum, que conhecia de nome como o baterista do Living Colour. Com uma formação chamada Native Land Experience, mostrou um som contagiante. Abriu com Afro Blue (Coltrane) e a primeira impressão foi a melhor possível. Na banda, a participação especial do sax tenor de Marcus Strickland seguindo a formação com trompete, rhodes e baixo elétrico. Uma fusão de estilos, com espaço até para um momento introspectivo onde Will abraçou a percussão acompanhado pelo rhodes e, claro, no todo, não faltou muito groove e ao final uma levada a la Billy Cobham onde realmente quebrou tudo.

Parti dali para a Tartaruga onde o grupo Bonerama ia se apresentar. Pois é, para quem diz que não há inovação no cenário musical, o grupo Bonerama está aí e contradiz. Para ilustrar, na teoria, a inovação está representada pela criação e execução e o grupo é isso aí, formação inusitada na frente com 4 trombones, liderados por Mark Mullins e Craig Harris, guitarra, bateria e tuba e a ausência do baixo. O som é o mais eclético possível, vai do instrumental ao rock do Allman Brothers, Zeppelin, Hendrix e Black Sabbath. Trombones que soavam limpos e às vezes cheios de efeitos carregados pela condução de baixo da tuba e voluptuosos solos de guitarra. Muito louco !! E como disse Mark Mullins - nunca, em lugar algum do mundo, toquei em lugar como esse - admirando, do palco, o entardecer em cima da pedra na praia da Tartaruga. O grupo voltou a se apresentar na noite de sábado.

E a noite de sexta-feira abriu com Taryn Spilman com um barrigão de oito meses e muita energia. Uma banda da pesada, com destaque para o contrabaixo de Jefferson Lescowich e a bateria de Claudio Infante. Um show bem blues e voltado para o lançamento de seu novo cd – Bluezz. No repertório, clássicos que passeavam por Billie Holiday, Aretha Franklin e, não podia faltar, a branquela Janis. E pode ter certeza que esse neném vai chegar muito musical !


Russel Malone a gente já conhece. Abraçado numa bela archtop Gibson, se não me engano um modelo L5, e uma bela sonoridade. Um show sóbrio, esperava mais do pianista Martin Bejerano, e o repertório mostrou temas próprios, mais jazzisticos, e algumas baladas pop com um arranjo jazzy como em We've only just begun dos Carpenters e tem que destacar um tema solo cheio das citações de Black Music.
Definitivamente, Malone é um eterno apaixonado ou anda na fossa, mas foi um bom show.


Masters of Groove eu esperava ansiosamente. O baterista Bernard Purdie é de uma simpatia impar, esbanjou alegria e conversou com todo mundo. Uma figura ! É um ícone da bateria na soul music e com seus 69 anos toca com muita empolgação e energia. Ao seu lado Grant Green Jr. mostrou muito ritmo e improviso, esbanjados no tema abertura do James Bond 007 e Let`s get it on e What’s going on de Marvin Gaye abraçado a sua bela archtop D`Angelico. Ainda Reuben Wilson no Hammond dando o sabor groove ao grupo que teve ainda Leo Gandelman nos sopros. Esperava Gandelman de baritono, mas revezou-se no alto, tenor e soprano.
O que eu gosto desse grupo é que, mesmo deixando de lado aquela coisa cerebral do jazz, coloca muito improviso carregado de blues e swing, em um outro formato, com muito ritmo e que não deixa ninguém parado. O grupo voltou a se apresentar na tarde de sábado na Tartaruga.

John Mayall
não me empolgou, mas não comprometeu. Apesar da sua irritação com o som do seu teclado no início do show, o público gostou. Mostrou simpatia com o público com sua própria barraquinha de CD na entrada do festival, distribuindo autógrafos e tirando fotos com os fãs. Aos 73 anos ainda é um ícone para o público blues. Mas confesso que eu tenho saudade do velho John Mayall !
E a noite de sábado prometia !
O contrabaixista Dudu Lima apresentou um espetáculo belíssimo, em quinteto com destaque para o sax de Jean Pierre Zanela e a percussão de Marcos Suzano. No repertório, uma versão de Minuano de Pat Metheny e temas bem brasileiros como Aquarela do Brasil, Trenzinho Capirinha e um Clube da Esquina de fazer chorar. Nota 10 para ele. E Dudu Lima acaba de lançar também seu DVD/CD chamado 20 anos de Pura Música, vale conferir.

Seguiu a noite com o guitarrista John Scofield, acompanhado pelo baixista Steve Swallow, o baterista Bill Stewart e os ScoHorns liderado pelo trompetista Phil Grenadier. Que show !
Scofield é realmente um monstro na guitarra e abusou de alguns efeitos além do seu habitual drive. O repertório foi focado em seu último trabalho – This Meets That – e abriu o show com o conhecido tema House of the Rising Sun com uma potente marcação dos sopros e um destaque para a balada Behind Closed Doors que calou o público em um momento de pura introspecção, e ainda teve uma versão bem ao seu estilo de Satisfaction dos Stones.
E veio James Blood Ulmer ! Com seu visual misturando Lonnie Smith e Pharoah Sanders, eu esperava um show cabeça, cheio de improvisações livres ... enfim, foi um dos melhores show de blues que já assisti, senão o melhor. Um time da pesada, acompanhado também pelo guitarrista Vernon Reid e uma cozinha com violino, harmônica, hammond e rhodes, baixo e bateria. Foi pressão do inicio ao fim dando espaço até para um momento de psicodelia quando, em quarteto com baixo, rhodes e bateria, criou uma atmosfera muito particular. Mas o show foi hard blues da pesada e, particularmente, o show do festival !

E ano que vem tem mais !

Fotos de Cezar Fernandes : Will Calhoum, Taryn Spilman, Grant Green, Bonerama, Dudu Lima, James Ulmer e John Scofield.

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