Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

O VELHO E O NOVO

09 fevereiro 2008

Estamos falando de jazz. Uma linguagem musical, mais que um gênero. Eu vejo como falso o embate entre velho e novo no jazz. Procurarei demonstrar porque.

Todo estudo de musica (instrumento,composição,arranjo) se faz observando o que já foi feito no passado. Se estudamos musica dita clássica nossas fontes serão Bach, Mozart, Beethoven, etc, ate chegar em Stravinsky, por exemplo. Na formação de um musico de jazz, qualquer musico com pretensões de tocar jazz, o passado é onde ele vai aprender a linguagem, os idiomas, sotaques e toda a sintaxe do jazz. O desenvolvimento do estudo é muito semelhante à evolução musical do jazz. Começamos, claro, pelo mais simples. E, em geral esse início soa como jazz antigo, tradicional, se preferem. E quando já mais adiantados então incorporamos ao estudo as técnicas e maneiras cada vez mais próximas de nós temporalmente. Exemplo: primeiro estuda-se blues depois bebop ou aprendemos a tocar na bateria como os bateristas da época do swing para depois incorporarmos as inovações do bebop, de Max Roach e Art Blakey. Na evolução do jazz vemos que os criadores foram transgredindo maneiras já estabelecidas de tocar e/ou compor e o vocabulário se refinando e se sofisticando.
Isso exige que se estude primeiro o mais antigo depois o mais novo. Não por questões históricas, mas por razões didáticas, do aprendizado de um instrumento musical. As escolas e estilos mais antigos soam pra nós inocentes ou simples, mas não se começa pelo final, acho que em qualquer coisa é assim.

Todo o estudo do jazz (e musica em geral) necessita que se ouça e até se copie (como estudo) o que os grandes ou os muito bons do passado faziam. E mesmo com os excelentes livros de todos os instrumentos que existem hoje sobre jazz, os registros gravados, milhares deles, são a verdadeira fonte de conhecimento para o musico de jazz. Essa a razão de muitos livros trazerem ao final uma discografia que ilustrará tudo aquilo que o autor quis transmitir, aplicações praticas da teoria. Ao estudar temos que fazer transcrições de performances e solos e isso é se debruçar sobre o passado e beber da fonte. Ao estudar um determinado musico muitas vezes temos que voltar atrás e ver suas influencias e estudá-las, assim como ele fez, e vamos nessa viagem temporal entendendo e assimilando a musica que esse musico criou de maneira muito mais profunda e completa, pra ir pra frente vamos pra trás primeiro.
Nesse estudo sobre o que já existe ou existiu é que está a possibilidade do novo aparecer. Os estilos pessoais, por mais originais que soem, são frutos dessa formação. Na verdade a maneira de aprender jazz de hoje é uma versão culta e aprimorada da maneira que os músicos do passado aprendiam sua arte. Ouvindo e tentando reproduzir, errando e acertando, até conseguir aquele resultado. Não havia um único livro sobre improvisação jazzística na época de Parker, Coltrane, Bill Evans etc. Era ir aos night-clubs ouvir e tentar assimilar, a tal da tradição oral.

Só pra ilustrar: no trompete dá pra imaginar Roy Hargrove sem Lee Morgan? Morgan sem Clifford Brown e esse sem Dizzy? E antes de Dizzy, Roy Eldridge? E dá pra pensar em tocar jazz no trompete sem ouvir, estudar e entender Louis Armstrong?
Mesma coisa sax tenor : Lester Young, depois Dexter Gordon, Stan Getz, Sonny Rollins, John Coltrane, Wayne Shorter, Joe Henderson até chegar em Michael Brecker e Joe Lovano, nossos contemporâneos. Claro que em algum momento aqueles que são gênios vão apresentar coisas realmente novas. Mas os gênios são muito, muito raros e mesmo eles estudaram os mestres que vieram antes.

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