Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

HISTÓRIAS DO JAZZ N° 50

18 dezembro 2007

Erroll Garner ? – Muito prazer !
Essa história remonta aos anos cinqüenta e o texto que se segue faz parte do livro, ainda inédito, “Erroll Garner 88 teclas mágicas” que escrevemos com a inestimável colaboração de Pedro Cardoso . Eis o texto :
“Minha admiração pela arte de Erroll Garner ocorreu no início da década de cinqüenta , quando o rádio ainda cumpria seu primordial papel de difusor cultural. Época também em que a música de cada país mantinha suas naturais características, sem influências externas que pudessem alterar sua identidade .
Ouvia-se de tudo , do samba brasileiro, tango argentino,boleros mexicanos, valsas vienenses e francesas, canções napolitanas, às mais eruditas formas musicais como as sinfonias, concertos , óperas etc. Tudo, absolutamente tudo , ostentando um item importantíssimo : Qualidade.
Os pianistas da época eram os ingleses Charlie Kunz e a dupla Ivor Moreton & Dave Kaye
com seus “Fox-Trots Medley” de sucesso. O alemão Peter Kreuder com os “pout pourris” de operetas em ritmo de fox e, mais tarde , já radicado no Brasil , gravando boleros e chorinhos. O argentino Heriberto Muraro que manteve um programa de auditório criando músicas com apenas quatro notas escolhidas pela platéia; o misterioso Armando Dominguez, que gravou apenas um disco de grande sucesso e desapareceu (Quem não se lembra de “Momento de amor?”). O também desconhecido Pepe Carrera , que fez dois 78 rotações para a Continental , com quatro “fox-trots” de sua autoria, muito tocados nas rádios: “Uma sombra e dois cigarros”, “Pedras brancas”, “Luade mel na lua” e “Nossas pequenas coisas”.
No lado brasileiro preponderou a magnífica Carolina Cardoso de Menezes a quem a música popular muito deve. Sua história tem início quando integrou o grupo de acompanhamento da gravação do clássico “Na Pavuna”, com o famoso “Bando dos Tangarás” (Braguinha, Almirante, Noel Rosa, Henrique Brito e Alvinho) e prosseguiu com gravações preciosas de sambas e choros do nosso populário, incluindo um álbum dedicado a Ernesto Nazareth que, segundo o maestro Radamés Gnatalli, teve em Carolina a sua melhor intérprete. Sua atuação no rádio foi das mais brilhantes, liderando programa próprio em que era acompanhada por Garoto (g), Vidal (b) e Trinca (dm). Alí ouvíamos suas belas composições, desde “Preludiando” (seu prefixo), a “Tudo cabe num beijo”, “Nosso mal”, “Sempre assim”, “Esquina da vida” , “Baionando” e muitas outras.
Tivemos também o “piano de gafieira” do folclórico Gadé, cujo álbum gravado com o baterista Walfrido Silva foi bastante executado nas rádios. Começavam a surgir os famosos ” conjuntos de boite “ liderados por Robledo, Scarambone, Djalma Ferreira, Chuca Chuca, Waldir Calmon e a dupla Fats Elpidio e Leal Brito (Britinho). Dick Farney, já reconhecido como cantor começava a aparecer como pianista.
Quanto aos americanos , ouvia-se muito Buddy Cole, Cy Walter ,Eddie Duchin, Frankie Carle, Johnny Guarnieri, Stan Freeman, Joe Bushkin ,que tocou no Copacabana Pálace integrando o trio de Bud Freeman, Barclay Allen, Carmen Cavallaro, Hazel Scott e alguns outros.
Certa tarde, fui atraído para perto do rádio por uma música executada por um pianista de forma totalmente diferente do que habitualmente se ouvia. Colei os ouvidos no aparelho, aguardando o anúncio do locutor e fui premiado: -Ouvimos “Penthouse Serenade” com o pianista Erroll Garner.
Nessa época o comércio fonográfico era incipiente, principalmente no que se referia a LP’s , então escassos. Após infrutíferas buscas , fui orientado por amigos a procurar as “Lojas Murray”, onde Jonas Silva, que mais tarde fundaria o selo Imagem, importava discos sob encomenda. Por sorte lá estava o dez polegadas da Savoy com o “Penthouse Serenade”, ainda hoje um dos meus discos preferidos.
Daí para a frente, procurei adquirir tudo o que Erroll Garner gravou,principalmente os LP’s lançados no Brasil , alvo maior do trabalho que apresentamos.
Coletei o máximo possível de informações, organizando arquivo próprio com entrevistas, reportagens, “releases”, noticiário referente a estadia de Erroll Garner no Rio de Janeiro,quando se apresentou no Teatro Municipal em magnífica récita ocorrida em 10 de julho de 1970.”
Quando escuto o “Penthouse Serenade” de Garner me imagino apertando sua mão e dizendo : “Erroll Garner” ? – Muito prazer !

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