Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

O GAROTO DE DETROIT

18 setembro 2007

Durante as leituras de fim de semana destaquei um texto onde o saxofonista Danny Bank conta um fato interessante sobre sua carreira:

“Comprei meu primeiro sax quando estava na high school, no Brooklyn. Eu olhava as vitrines das lojas de penhor e vi algo que se parecia com um sax alto. Entrei e perguntei quanto custava, o vendedor disse que o venderia por $35. E era quanto eu tinha no bolso. Paguei e levei o metal para casa.

Mas quando levei o sax para a escola, o professor de música me disse que aquilo não era um sax alto. Era um C Melody Sax com um pescoço reto, que o fazia parecer com um alto. Levei o sax de volta para a loja de penhores mas o dono não quis devolver meu dinheiro. Então tive que aprender como tocar o C melody sax, o qual é bem diferente do alto.

Basicamente o som do C melody é um pouco mais duro do que o alto Mi-bemol, mas a maior diferença é que o instrumento é afinado em Dó Maior, o qual significava que eu podia ler a pauta da música do piano por cima do ombro do professor e tocar com ele. Com o alto em Mi-bemol a música do piano tem que ser transposta para uma 6ª. Maior, antes que você consiga tocar junto. Essa transposição não é necessária com um C melody.

Eu aprendi muito da música tocando com esse instrumento, que me facilitou tocar diversos outros instrumentos de sopro como a flauta, oboé e todos os outros de uma orquestra sinfônica.

Quando me juntei a Charlie Barnet em 1942, eu tocava vários instrumentos de palheta, então Charlie me ensinou a forma de tocar do Harry Carney, o grande saxofonista barítono da orquestra de Duke Ellington. Harry era um deus para todos os saxofonistas barítonos da época, sua tonalidade era imponente e em todas as gravações ele era ouvido.

Eu me juntei a Charlie Barnet em Minneapolis. Tive que pegar o trem de Nova York para Chicago e trocar de composição. Quando cheguei ele não me procurou durante algumas semanas e, quando finalmente se dirigiu a mim, pensei que fosse ser despedido. Ao invés disso ele disse: ‘Olha garoto, você conhece Harry Carney?’

Claro que conhecia Harry. Ele era o meu herói.

Charlie me mandou trocar de metal, usar o mesmo que Harry tocava – um Conn. Ele falou: ‘Use a mesma boquilha também e as mesmas palhetas, eu quero você tocando da mesma forma que o Harry’.

Nesse meio tempo a banda viajou de Minneapolis para Detroit. Consegui falar com um especialista em reparos de instrumentos e perguntei se ele conhecia alguém que estivesse vendendo um sax barítono Conn. Ele disse que conhecia um garoto que havia recentemente comprado um metal novo e estava vendendo seu Conn. Eu pedia a ele que o mandasse a nosso local de ensaios.

O garoto apareceu e me vendeu o Conn por uns $150. O nome dele era Pepper Adams, que veio, evidentemente, a tornar-se um excelente saxofonista barítono. Eu fazia isso o tempo todo – vendia os metais. Anos mais tarde vendi meu Selmer para Serge Chaloff.

Depois de comprar o bari de Adams, adquiri a boquilha que Carney usava – uma de grande tamanho, feita pela Woodwind & Company -- e as mesmas palhetas numa loja de instrumentos musicais.

Depois de tocar com aquele Conn, Charlie me olhou, no caminho do camarim e sinalizou com um OK, esfregando o indicador no polegar para enfatizar. Aquilo me fez sentir-se grande. Aquele sinal significava que ele me tinha feito um saxofonista barítono. Antes disso eu era um bom alto e tenor, mas depois, eu sabia que seria para sempre, um barítono. Eu me apaixonei por aquele metal”.

Veja o vídeo para ver o que aconteceu com aquele garoto que vendeu o saxofone barítono para Danny Bank. A música é Dyland’s Delight.

Essa música apareceu no “Addams Effect” (1995), com Frank Foster (st), Tommy Flanagan (p), Ron Carter (b) e Billy Hart (d). Que Som!

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