Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

FESTIVAL TUDO É JAZZ - 2007

20 setembro 2007


Maria Alice Martins produz o melhor festival de jazz do Brasil. Em tudo e por tudo, ambiente, som, programação e respeito ao público e aos artistas. Generosos espaços para o bis, e 30 minutos de intervalo entre os sets. Além disso, tem um pacto com São Pedro, pois foram 4 lindos dias de sol e temperatura primaveril.


Qualquer festival tem seus bons e maus momentos, surpresas positivas e negativas, dependendo do gosto do freguês.
Não perderei tempo com o pior ( um patético grupo funk do Wallace Roney e uma medíocre Madeleine Peyroux ), nem com o Duofel que não é jazz.


João Donato e Bud Shank tocaram como se esperava, ou seja, uma reprodução do último cd que já conhecemos.


Oscar Castro Neves, muito simpático, tocou bem e cantou mal. Um show médio.


O Sambajazz Trio, é bom e gostei do piano do Kiko Continentino, mas é muito mais samba do que jazz.


O grande show brasileiro foi do Mauro Senise tocando Edu Lobo, muitíssimo bem acompanhado. Um set relax, competente, com solos inspirados, principalmente do nosso Paulo Russo.


Omer Avital é um baixista de qualidade, seu quinteto muito entrosado e a música intensa e alegre, enfim uma festa sem conseqüências, fugaz.


Aaron Goldberg foi para mim a grande surpresa positiva do festival. Pianista de técnica apurada, boas composições e solos refinados, “jogou” em várias posições.
Tocou 2 músicas convidado por Joshua Redman, completou o quarteto de Ingrid Jensen e liderou seu trio formado na última hora por Omer Avital e Willie Jones III. Seu set baseado no último cd “Worlds“, foi de ótima qualidade com uma personalíssima interpretação de Inútil Paisagem, um dos melhores momentos do festival.


Ingrid Jensen é na minha opinião o melhor flugel do jazz atual. Toca cada dia melhor e não é a toa que é a solista principal do naipe de metais de Maria Schneider. Introduzindo de maneira recatada sons eletrônicos em seus solos, deu um espetáculo de alta qualidade baseado no último cd “Nordic Connect” avidamente disputado pelos jazzistas após o show. Por sorte divina, “substituiu” Ivan Lins no concerto de La Schneider, solando o medley final de Rio de Maio e Lembra de Mim.


Espetacular, fantástica, de tirar o fôlego, foi a apresentação do Joshua Redman Trio!
Quem viu, nunca mais verá, pois foi o único show sem câmeras do festival, quem não viu, perdeu talvez a melhor exibição que um conjunto de jazz já realizou no Brasil. O set foi baseado no cd “Back East” e os músicos estavam “encapetados”. Greg Hutchinson na bateria foi um monstro e Joshua Redman em dia de gênio! Ouvimos boquiabertos a melhor interpretação de Angel Eyes de todos os tempos!! Nem ele conseguirá repetir a obra prima que perpetuou em Ouro Preto dia 13/09/07. Sem dúvida, o melhor momento do festival.


Domingo, no palco armado no Largo do Rosário, tivemos o encerramento apoteótico do Tudo é Jazz. Maria Schneider ensaiou por uma semana uma orquestra de 22 músicos brasileiros para apresentar um concerto inesquecível para o público, para os músicos e certamente para ela também.


Como cheguei bem cedo ao local, pude acompanhar a passagem do som e observar o perfeccionismo da maestra, tanto em relação a posição e volume dos microfones, quanto a intensidade do sopro do naipe de trumpetes ou o tempo de corte de uma nota.


O espetáculo começou com Allégresse e terminou em Hang Gliding, passando por composições mais antigas ( Last Season e Green Piece ), o Love Theme de Spartacus ( um presente para o tenor Cleber Alves), Concert in the Garden e Dança Ilusória. Foram mais de duas horas de puro prazer musical. No bis, a presença de Ingrid Jensen como mencionei acima.


Não vou falar de toda a orquestra mas devo mencionar os solistas privilegiados nos arranjos da maestra. Daniel Alcântara - trumpete, Cleber Alves e Chico Amaral - tenores, Vitor Santos - trombone, Magno Alexandre - guitarra. Impressionante os solos de André Mehmari - piano e Toninho Farraguti - acordeão em Concert in the Garden, e espetacular o trabalho de André Limão e Max Robson acrescentando um molho brasileiro na bateria e percussão.


Chamada ao palco depois do bis, La Schneider disse ao público não ter nada mais ensaiado, mas pediu ao Farraguti para tocar alguma coisa. Ele começou devagar e de repente atacou com um baião arretado ! A platéia incendiou e pouco a pouco os demais músicos se juntaram numa fenomenal jam session cabocla. Até o tímido Vitinho e a recatada Ingrid arrasaram no forró, para deleite da platéia incluindo Maria.

Só faltaram os sinos da Igreja do Rosário para anunciar que Ouro Preto se rendia ao talento e simpatia de Maria Schneider.

Atenção Cjubianos : o show foi gravado pela TV Rede Minas ! Quem consegue uma cópia ?
Bragil

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