Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

DO OUTRO LADO DO JAZZ # 24

28 agosto 2007

A DANÇA E O JAZZ (final)


Talvez a primeira manifestação de dança afro-americana tenha sido o CONGO (não confundir com a conga cubana, de origem mais recente) uma dança negra das Antilhas de caráter dramático encontrada também na Louisiana.
CONGO SQUARE foi uma designação popular e oficiosa de um campo vizinho da Rampart Street em New Orleans onde se reuniam os escravos aos domingos com permissão para dançar suas tradições e ritos africanos como o congo e o voodoo. Empregavam tambores improvisados de todos os tipos e curiosos objetos como a queixada de burro. Encontrava-se também a bamboula uma dança de movimentos eróticos acompanhada por um tambor primitivo de mesmo nome muito usado pelos negros da Lousiana.
Em 1885 existiam descrições de negros de Nova Orleans dançando tão lascivos quanto o possivel, as mulheres rodando não tirando os pés do chão enquanto os homens pulavam no ar. Não se deve presumir que damas e cavalheiros das antigas Virginia e Louisiana dançassem de maneira tão desenvolta e desinibida. Acontece que existem episódios na história da dança em sociedade cheios de casos em que uma mesma maneira ou tipo de dança existe, simultaneamente em dois níveis, assumindo uma forma polida e decorosa na sociedade refinada e manifestando caráter grotesco e licencioso no seio popularesco.
As canções e as danças dos negros das fazendas constituíram, a princípio, entretenimento também para os proprietários rurais e suas famílias. Mais tarde, imitações feita por brancos que pintavam os rostos de preto levaram as coon songs e os cakewalks a divertir todo os EUA através dos imensamente populares minstrel shows.
A música saltitante, sincopada passou a ser um enorme sucesso em todos os níveis sociais sendo criados inúmeros passos de dança calcados em formas rítmicas e coreográficas imitando certas danças de origem européia como as quadrilhas, polcas, cotillons, lanciers, mazurcas e outras e que foram modificadas dentro da mais pura tradição negróide.
Em tempos idos, encontrava-se o cakewalk, também o schottisch que reporta-se a uma antiga dança de salão, talvez proveniente da Hungria, em compasso binário, portanto, semelhante à marcha e cujos passos se aproximam dos da polca (no Brasil era conhecida como a escocesa). Estas músicas junto com as do minueto e da quadrilha francesa, todas cultivadas no sul da América do Norte no século XVIII, formaram o elo europeu do Ragtime.
Depois vieram as variações como o one-step, two-step, charleston e surgiram ainda as danças que acompanhavam o swing tais como o shimmy, lindy-hop, black bottom, jitterburg e outras...
Talvez a mais marcante tenha sido mesmo o FOX-TROT muito popular desde o final dos anos 10 e anos 20 e 30 e que se utilizava também de música de Jazz. Sua popularidade foi tal que passou a assinalar até os anos 50 a música em tempo rápido (hot e sincopada) tocada pelas orquestras para dançar, fosse ou não exatamente Jazz. Quando o tempo era lento, uma balada por exemplo, chamava-se de slow-fox. O FOX TROT, literalmente o trote da raposa, possuiu inúmeras variações também relacionadas com animais como o buzzard-lope (galope de urubu), turkey-trot (trote do peru), grizzly bear (urso pardo), camel walk (passo do camelo), horse-trot (trote do cavalo), honey-bug (percevejo amável) e outros tantos passos “zoológicos”.
O CAMEL WALK por exemplo, refere-se a uma dança derivada do fox-trot com música de Jazz bastante popular entre 1917 a 1927 empregando movimentos de ombros e um vai e vem com as costas que imitava o andar do camelo.
CHARLESTON era o nome de uma dança, inicialmente negra com origem na cidade de mesmo nome, na Carolina do Sul e popularizada a partir de 1923, após o grande sucesso da composição de nome Charleston South Caroline do pianista James Price Johnson que foi usada no musical intitulado Runnin’ Wild. Foi um sucesso universal até mais comercial do que jazzístico tendo os brancos a adotado em seus salões. A característica da dança eram os passos rápidos com cruzamento dos pés para dentro e para fora e o CHARLESTON foi praticado em todo o mundo contribuindo sobremodo para difundir o rítmo sincopado da música de Jazz, particularmente das bandas dixieland.
Ressalte-se, de passagem, que o Jazz chegou a New York por várias vias, mas no ano de 1917 uma banda branca de New Orleans, The Original Dixieland Jass Band, se apresentou no sofisticado Restaurante e Café Reisenweber com fantástica aceitação, tendo sido inclusive a primeira banda que gravou um disco sob a chancela de música de Jazz neste mesmo ano. Apesar de constituída por bons músicos, não possuía o "feeling" negróide executando um Jazz algo mecânico sem as características marcantes da música negra, contudo por serem brancos, tiveram a oportunidade de se apresentar junto a um público mais refinado, melhor dotado financeiramente e assim implantar em seu meio o "vírus" do Jazz, através de uma música extremamente dançante que foi e ainda é o DIXIELAND e que mais tarde contaminou o mundo todo.
Podemos ouvir At The Jazz Band Ball (Larry Shields /Nick LaRocca) uma das favoritas dos salões de dança de New York, em gravação de 18/março/1918 com a ODJB (Victor 18457-A).


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