Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

DO OUTRO LADO DO JAZZ # 22

10 agosto 2007


A DANÇA E O JAZZ (parte 1)


O Jazz foi criado sobre um tipo de música extremamente dançante dentro da tradição afro e de seu berço a cidade de New Orleans, incrivelmente alegre, festiva até mesmo nos funerais!
Podemos notar que as escolas de Jazz produziram música com característica dançante indissociável. Mesmo o bebop, cuja essência de complexidades rítmicas desviava-se bastante daquela que induzia à dança, teve também seus adeptos.
Na era bebop (a partir de 45) as casas de espetáculos passaram a ocupar as pistas de dança com mesas para aumentar a audiência, já que o público passou a se interessar mais em apreciar os grandes solistas em suas extensas e livres improvisações do que arriscar passos com tal ritmo. A esta época iniciou-se a dissociação do Jazz com a dança e foi quando o Jazz passou a ser executado para ser “ouvido” realmente. A dança ficou mais associada à música “suingante” das grandes orquestras e à escola dixieland.
Tal dissociação se concretizou com o free-Jazz onde qualquer tentativa de se dançar, expressa pelo que se pode designar como tal, deva ser frustante.
A tradição africana da dança acompanhou passo a passo todo o processo pelo qual passou a música americana e suas influências européias até se formar o Jazz. Foi no ambiente do minstrell-show que surgiu a tap-dance, que conhecemos como sapateado, sendo utilizada de maneira inteiramente improvisada antecedendo ao próprio Jazz. Tal estilo de dança, tipicamente negra, acabou por ser vinculada estreitamente à música de Jazz.
Todos conhecemos o sapateado até porque os filmes musicais americanos dos anos 30, 40 e 50 o reverenciava nos pés de exímios dançarinos como Gene Kelly, Fred Astaire e Sammy Davis Jr, apesar de um tanto abastardado. Os verdadeiros exímios do tap-dancers foram Bill "Bojangles" Robinson, John W. Bubbles, Jack Wiggins, Donald "Baby" Laurence e outros "hoofers".
HOOFER é uma gíria aplicada aos sapateadores (tap dancers) que emitem ruídos semelhantes aos cascos (hoof) de um cavalo. Nos anos 30 existiu no Harlem um Hoofer’s Club que reunia dia e noite sapateadores em busca de “batalhas” ou somente para apresentar seus shows em troca de gorjetas.
Em New Orleans surgia no início dos anos 1900 o SLOW DRAG uma música de inspiração latino-americana de rítmo arrastado e acompanhada de uma dança lasciva muito apreciada pelas prostitutas negras que ficavam dançando para despertar e atrair os fregueses. O SLOW DRAG era muito comum nas espeluncas de Storyville e o pianista Jelly Roll Morton, um dos pioneiros do Jazz em New Orleans era exímio executante do SLOW DRAG (e provavelmente das moças também!)
Por volta de 1929 o SLOW DRAG tornou-se a primeira dança social afro-americana, sendo introduzida em espetáculos da Broadway escandalizando os críticos de raça branca os quais julgavam ameaçar a ordem moral e social pela sensualidade apresentada e logicamente se tornou muito popular também no Harlem.
Um dos mais conhecidos contrabaixistas de New Orleans, Alcide Pavageau (1888-1969) até 1927 atuava como guitarrista e tornou-se famoso também como dançarino ganhando o apelido de Slow Drag.
Podemos obter a idéia do que seja o slow drag na execução do tema ― Mr. Jelly Lord com o próprio autor e pianista Jelly Roll Morton acompanhado pelos irmãos Dodds, Johnny ao clarinete e Baby à bateria em gravação de 6/out/1927 - Chicago, Victor -21064-B.


Mr Jelly Lord.mp3

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