Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

PABLO ZIEGLER - CCBB, SÁBADO, 9/6/07

10 junho 2007

Pelas graças do amigo e confrade CJUBiano Bené-X, caíram-me nas mãos, na última hora mas em horário confortável ainda, dois ingressos que ele tinha conseguido para o recital de Pablo Ziegler e seus dois excepcionais acólitos, para a noite de sábado, no Centro do Rio.

Casa lotada, Teatro III do CCBB, entulhado de mesas numa disposição tal que me fez rezar fervorosamente - e vejam, sou um agnóstico de carteirinha - para que nenhuma fagulha ou faísca ocorresse ali, fora do palco, ou seria o fim, ao som de Piazolla, ao menos. Não entendo como o Corpo de Bombeiros permite aquilo, mas, vamos ao que interessa.

Ziegler, que dispensa apresentações (e quem não o conhece, pode ler uma ótima entrevista sua neste link AQUI) domina com largueza a técnica do piano jazzístico. Suas composições são calcadas no sentimento tristonho e denso do tango novo, como inventado por seu principal mentor e líder por inúmeros anos, Astor Piazolla - que ao final dos anos 60, "expulsou-se" para a Europa, em vista das críticas dos tradicionalistas portenhos. Ziegler, pianista de seu quinteto quando retornou a Buenos Aires, já dava vazão, nas interpretações dos temas de Astor - motivo principal, segundo ele mesmo, de sua contratação - aos improvisos e a um fecundo encontro entre as marcações cadenciadas do tango, principalmente na região mais grave do teclado, às filigranas de tempos e vozes, muito ricas, do bandoneón. Ainda segundo Ziegler, era Piazolla quem o incentivava a "alegrar" as execuções atravpes dos improvisos, que só bem depois ele mesmo adotou.

Na apresentação de ontem, assim como na anterior, no Mistura Fina, há dois anos, esta tarefa esteve a cargo do excepcional Walter Castro, jovem músico que estudou com o grande Nestor Marconi e que domina por completo o instrumento, trocando de andamentos e fôlegos com o líder por telepatia. Os improvisos encadeados de ambos em torno das temáticas sombrias as tornam mais instigantes e ricas e agem como sopros de vitalidade sobre elas, sem perder nada de sua dramaticidade intrínseca.

A arte de ambos é secundada pela segurança e o talento do não menos competente guitarrista Armando de la Vega, cuja biografia o menciona como o Diretor Pedagógico do Instituto Superior de Música Popular, da Sociedade Argentina de Músicos. E que, tocando, é isso tudo aí mesmo. Suas bases foram criativas e integradoras e seu dedilhado, mesmo que bastante sutil no toque, me pareceu (nas raras oportunidades de destaque) extremamente inteligente e instigador, denotando um fervilhar de idéias que poderiam, em outras circunstâncias, ter bem mais espaço.

O belo concerto, que alternou temas de Piazolla e Ziegler, teve Michelangelo 70, Fuga y Misterio, Chin Chin, e Libertango, do primeiro e La Fundición, Blues Porteño, Buenos Aires Report, Milonga del Adiós, Muchacha de Boedo e La Rayuela, de Ziegler, criou uma atmosfera mágica e estimulante, e o bom público presente aplaudiu os artistas de pé, exigindo um bis, que se não me engano, foi o tema Inverno Porteño, de Piazolla.

Cotação:@@@@

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