Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

UMA TARDE COM BUD SHANK E JOÃO DONATO

01 abril 2007

É o nome do récem lançado CD de João Donato e Bud Shank pelo selo Biscoito Fino.

E me surpreendeu pelo repertório e pela originalidade dos temas, das 8 composições 4 são em duo e as demais tem a companhia de Luis Alves e Bruno Araújo ao contrabaixo, Robertinho Silva, Rodrigo Scofield e Eloir de Moraes na bateria além da supresa de Ed Motta no baixo elétrico no tema Black Orchid, de Cal Tjader, um dos pontos altos do disco.

Além de Black Orchid, outros standards compõem a trilha - Night and Day (Porter), But Not For Me (Gerswhin), There Will Never Be Another You (Gordon, Warren) e Yesterday (Jerome Kern).
As demais composições foram compostas por João Donato em parceria, Gaiolas Abertas (Martinho da Vila) que abre o disco na forma meio bossa meio bolerão, Joana (Ronaldo Bastos) e Minha Saudade (João Gilberto).

E quem escreve a contracapa do disco é nosso Mestre Rafaelli, cujo texto coloco na integra :

" Tudo começou em 1968, em plena efervescência da bossa nova, quando o saxofonista-alto Bud Shank e o pianista, compositor e arranjador João Donato gravaram o álbum Bud Shank and His Brazilian Friends, em Los Angeles. Depois não se viram até 2004, quando, indicado por mim, Shank veio ao Brasil para o Chivas Jazz Festival.

Informei a boa nova ao crítico Antonio Carlos Miguel, que sugeriu que Shank e Donato revivessem aquela parceria. Toy Lima, o diretor do festival, aprovou a idéia, Shank concordou e eles tocaram Café com Pão.

Com o sucesso do reencontro, a pedido de Donato, Shank adiou seu regresso para gravarem no Rio. O resultado está neste CD gravado em 8/9 de maio de 2004.

Foi um encontro memorável no qual esbanjaram criatividade, emoção e entusiasmo. O entendimento foi instantâneo, a música fluiu com total interação, entregando-se ao sabor da evolução de suas imaginações. Shank e Donato são acompanhados por Luis Alves (baixo), Robertinho Silva (bateria) e Eloir de Moraes (percussão) em algumas faixas. O repertório inclui composições de Donato, Cal Tjader e quatro standards.

Gaiolas abertas, originalmente intitulado Silk Stop, recebe um tratamento relax sobre um ritmo bouncing latino-brasileiro; Shank inicia seu solo com frases de escalas desdobradas e Donato exibe seu vasto cabedal rítmico-harmônico.


O som de Shank assume um tom pungente em Joana, sublinhado por Donato em cada inflexão e variação, sustentando seu solo impregnado de lirismo e delicadeza. Shank expõe Black Orchid com acentuado lirismo no qual seu sax literalmente canta a melodia, embarcando numa exploração repleta de variações sugestivas, seguido por Donato, que exibe sua imaginação aparentemente inesgotável. Após introdução de piano em Minha Saudade, Shank expõe a melodia com frases articuladas, prelúdio de uma extensa improvisação; o solo de Donato é um autêntico poema tonal, lírico e introspectivo. Donato abre o caminho em Night and Day para Shank desenvolver frases que são variações temáticas e extensões harmônicas da peça. Shank fragmenta a melodia de But Not For Me antes de suas evoluções imaginativas.

O acompanhamento de Donato com acordes percussivos contrasta com o relax patriarcal do seu solo. Shank volta desacelerando a andamento, dando novo sabor à interpretação. There´ll never be another you é levado em ritmo de bossa nova. Mais uma vez, Donato exercita um dos seus artifícios favoritos - a citação de outras músicas - e Shank aprimora os embelezamentos melódicos de suas frases.

Em Yesterdays aflora a empatia e a afinidade entre os líderes dissecando as harmonias do clássico de Jerome Kern.

O sucesso dessas gravações motivou o reencontro de Bud Shank com João Donato, em novembro de 2006, para dois concertos no Mistura Fina, quando também foi gravado um DVD, que será lançado pela Biscoito Fino. "


Deixo o tema Black Orchid para audição.


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