Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

11 abril 2007

RETRATOS
01. CLIFFORD BROWN (A)

Trumpetista na melhor acepção do termo, Clifford Brown tornou-se dono de sonoridade poderosa, perfeitas técnicas de respiração e digitação, precisão e rigor absolutos tanto no tempo quanto na sustentação. Músico ao mesmo tempo altamente técnico e inspirado: notas limpas, tendência a redobrar o tempo, frases longas, tratamento cuidadoso em quaisquer andamentos, são características que o tornaram um executante generoso na música, tão rigorosa quanto alegre.
Nasceu em 30/Outubro/1930 em Wilmington (Delaware), filho de família de classe média. Com 15 anos ingressa na “high school”, ganhando do pai um trumpete e inicia seu aprendizado musical com Robert Lowery, músico importante no meio jazzístico de Wilmington; estuda teoria, harmonia, piano, vibrafone, contrabaixo e bateria, além de seu instrumento permanente, o trumpete, ao qual se dedica à exaustão, o que irá garantir-lhe uma bolsa para a “Maryland State College” entre 1948 e 1949.
Em 1949 freqüenta os clubes da Filadélfia, conseguindo alguns contratos. Conhece Miles Davis e Fats Navarro, este considerado seu “ícone” no trumpete e com o qual mantem amizade.
Nesse mesmo ano chega a substituir por pouco tempo a Benny Harris, na banda de Dizzy Gillespie. Conhece J.J.Johnson, Kenny Dorham e Ernie Henry. Já é considerado localmente como muito mais que uma promessa.
Durante cerca de 1,5 ano e entre 1950 e 1951 e em função de acidente, fica afastado do cenário musical.
Em 1952, como pianista e trumpetista, entrou para a banda “Blue Flames”(R&B) de Chris Powell (percussionista e cantor). É com essa banda (sob o título discográfico de “The Five Blue Flames”) que, em 21/Março/1952 e em Chicago, Illinois, temos a primeira gravação com Clifford Brown.
Em 1953 vai para New York, fica por pouco tempo na orquestra de Jimmy Heath, é contratado por Tadd Dameron com quem grava para a Prestige em 11/Junho, 02 dias após já ter gravado com Lou Donaldson e Elmo Hope para a Blue Note, etiqueta para a qual voltaria a gravar logo em seguida com J.J.Johnson.
Ainda em 1953 e por breve temporada trabalha com Dinah Wahington.
Integra a grande orquestra de Lionel Hampton que excursiona à Europa. Hampton e sua mulher conduzem a orquestra com mãos de ferro, sempre tendo como destaque único o líder, proibindo seus músicos de quaisquer outras incursões musicais. Essa orquestra grava em Estocolmo.
Apesar da proibição Clifford e os demais músicos da banda gravam, com o concurso de músicos europeus em muitas ocasiões, em Paris, Estocolmo e Copenhaguem de Setembro até Novembro de 1953, o que lhes valerá a exclusão da banda de Hampton no retorno aos U.S.A.
Durante Fevereiro de 1954 e no Birdland, Clifford integra o quinteto de Art Blakey (com Horace Silver ao piano), chamando a atenção de Max Roach. Com este e Sonny Stitt é formado combo, com a participação de Teddy Edwards: tocam no Tiffany Club de Hollywood e gravam no Califórnia Club de Los Angeles.
Ainda em 1954 Clifford se casa em Los Angeles; grava para a Pacific Jazz com Zoot Sims.
É formado o quinteto histórico: Clifford Brown (trumpete), Harold Land (sax.tenor), Richie Powell irmão de Bud Powell (piano), George Morrow (baixo) e Max Roach (bateria), que grava no início de Agosto desse ano de 1954.
Em dezembro Clifford grava com Sarah Vaughan e Helen Merrill.
Em 1955 e em Janeiro Clifford grava com cordas (“with strings”). Em fevereiro o quinteto volta a gravar no Capitol Studio e em Maio se apresenta no Carnegie Hall.
Em Novembro o quinteto grava, já com Sonny Rollins substituindo Harold Land no sax.tenor.
Com essa nova formação o quinteto grava seguidamente em Janeiro, Fevereiro, Março, Abril e Junho de 1956.
Em 26/Junho/1956 Clifford Brown empreende viagem de automóvel para Elkhart, Indiana, com o propósito de comprar um novo trumpete; o automóvel é dirigido pela esposa de Richie Powell e ocorre o acidente fatal em que morrem os três.
Em 1957 Benny Golson compõe a balada “I Remember Clifford”.
Breve mas intensa foi a permanência de Clifford entre nós, deixando um legado inestimável que se projetou sobre trumpetistas da época e posteriores. Deixou-nos “masterpieces” em seus solos, do quilate de “Joy Spring”, “I’ll Remember April”, “What’s New”, “Once In A While”, “Jordu”, “Daahoud” e tantos e tantos outros.
A filmografia de Clifford Brown é inexistente, a menos que surjam registros arquivados (lembra-se que foi a esposa do já falecido Clifford que liberou de sua coleção particular para a Elektra/Musician gravações do quinteto ao vivo, o que possibilita a ilação de que existam filmes que possam vir a público). O filme “Trumpet Kings” narrado por Wynton Marsalis, faz referência a Clifford Brown com narrativa sobre fotos.
Já a bibliografia é extensa, dado que todas as publicações sobre Jazz pós-1956 obrigatoriamente reservam espaço para Clifford Brown: verbetes, artigos, referências, enfim, é garimpo para preservação da cultura.
Para consulta bibliográfica recomenda-se, de Luiz Orlando Carneiro, “Obras Primas do Jazz”, prefaciada por José Domingos Raffaelli, que dedica 03 páginas a “Max Roach / Clifford Brown”.
A “Gran Enciclopedia Del Jazz” (Editora SARPE, 1980, Espanha), o “Diccionario Del Jazz” (Philippe Carlos / André Clerget / Jean-Louis Comolli, 1988, França) e a “Coleção Jazz & Blues” (Barcelona, Espanha), são fontes de boa leitura com seus alentados verbetes. Via Internet a consulta aos “Depoimentos” na “Clifford Brown Jazz Foundation” é uma bela viagem.
A discografia completa (ou a ser completada / corrigida / ajustada pelos Cjubianos) é listada a partir do próximo capítulo.
(Continua)

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