Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

HISTÓRIA DO JAZZ n° 33

17 abril 2007

“ASSÉDIO NA SUEBRA”

Essa aconteceu no longínquo ano de 1955, exatamente no dia 22 de Janeiro. Guardo a data porque o fato ocorreu sete dias antes de meu casamento. Estávamos na época dos LPs, ainda no formato de dez polegadas. Alguns sebos começaram a mostrar alguma coisa mas o grosso do estoque estava mesmo nas lojas tradicionais como a famosa “Palermo & Irmão e Cia”. Certa ocasião, passando pela Rua São José, olhei para a vitrine da “Discolandia” e não resisti. Invadi a vitrine e peguei três álbuns que me chamaram a atenção. O quinteto de Jimmy Raney, com Stan Getz tocando sob o pseudônimo de Sven Coolson e a rítmica integrada por Hal Overton, pianista que tinha uma coluna sobre musica clássica na Down Beat, Red Mitchell e Frank Isola; o concerto de Oscar Peterson no Carnegie Hall com acompanhamento de Ray Brown, que tinha como destaque absoluto a faixa “Carnegie Blues” que ocupava todo um lado do disco e um trio de Art Tatum do selo Decca, com a presença de Slam Stewart e Everet Barksdale. Não precisa dizer do cartão amarelo que tomei do empregado da loja por ter entrado na vitrine. Depois fui saber que o piso era de madeira muito fina e poderia ter quebrado. Mas, depois da clássica discussão sobre os preços e o pedido de desconto como freguês assíduo da loja, tudo terminou em paz.

Contei esse caso para mostrar como a coisa funcionava naquele tempo. Dia 22 de janeiro de 1955 ia eu pela rua Senador Dantas quando me deparei com uma loja que ainda não conhecia. Era a Suebra.

Como a outra, sua vitrine estava recheada de elepês de Jazz e eu não tive alternativa senão entrar e escolher dois que me chamaram a atenção. O primeiro era o volume dois do famoso Concerto do Town Hall, promovido pelo Barão Timme Rosenkrantz com os All-Stars de Red Norvo, Flip Phillips, Teddy Wilson etc., e o do quarteto do trumpetista Bill Coleman. O segundo era o volume nove da serie "Jazz at the Philarmonic" com a troupe de Norman Granz, que trazia na faixa “Perdido”o famoso duelo entre Flip Phillips e Illinois Jacquet.
Fui atendido por um rapaz forte, de grosso bigode e com voz de tenor. Me encaminhou à cabine,
ligou a “vitrola” para que eu ouvisse os discos e saiu. Ouvi o lado A do Town Hall e em seguida o Jazz at the Philarmonic. Foi quando o rapaz voltou e perguntou se eu estava gostando das gravações. Respondi afirmativamente enquanto soavam no aparelho os tenores de Flilp Phillips e Illinois Jacquet. Terminada a música, coloquei o disco na capa enquanto ele novamente indagou se eu gostara dos discos. Respondi que sim mas que, infelizmente, o dinheiro só dava para comprar um. Foi como o moço tivesse sido tocado por uma varinha de condão. Colocou um pé na frente do outro revirou os olhos, balançou o corpo e “enchendo a mão” perguntou com voz fina: “Quer levar os dois ?” O susto que levei ultrapassou qualquer expectativa e me desvencilhando rapidamente do “predador”, fui direto ao balcão, estendendo o Town Hall Concert para que fosse embrulhado, enquanto corria para a caixa para efetuar o pagamento.

E nunca mais voltei à Suebra.

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