Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

HISTÓRIAS DO JAZZ N° 30

27 março 2007

Os “Críticos” e uma "Visão" distorcida

Já comentamos algumas vezes o que aconteceu com o Jazz no Rio de Janeiro quando surgiram os festivais. Com a mistura de gêneros na programação,com absoluta prevalência para música descartável, os seus adeptos, entusiasmadíssimos colocaram a beca de “críticos” de Jazz e partiram para o novo ofício. No final da década de setenta e inicio da de oitenta a coisa praticamente ultrapassou tudo aquilo que se possa imaginar em matéria de ignorância sobre determinado assunto, principalmente em uma forma de arte como o Jazz. Jornais, revistas, tablóides e até rádios foram ocupados por jovens que escreviam e diziam o que queriam sem pensar nas conseqüências que suas informações poderiam causar. Irresponsabilidade total e absoluta de quem deveria zelar pela credibilidade de seus veículos de comunicação entregando a qualquer um pauta e microfone.
Sempre tive um comportamento baseado na seguinte assertiva : “Se você lê ou ouve barbaridades sobre determinado assunto e não aponta esses erros você é conivente. Peca por omissão pois as besteiras poderão ser encaradas pelos leigos como verdades”. Então, nas audições de “O Assunto é Jazz”, quando surgiam as besteiras, nós inseríamos uma dose de humor para tornar mais leve a crítica, embora algumas fossem batizadas de “relincho”.

Eis alguns exemplos:
De um “crítico” de “O Globo”, comentando um show de Pat Metheny:
“Metheny está vivendo a glória criativa chegando ao cúmulo de citar pianistas – de Fats Navarro a Oliver Nelson – nos improvisos em que o sintetizador surgia.
Dias depois, o mesmo “crítico” em “O Globo” de 9 de agosto de 1985 :
“Sonny Rollins tem 55 anos de idade e, até o surgimento de John Coltrane era considerado a grande influência do sax-baritono."
De um autêntico “intelectual” do “Jornal do Brasil”:
“Afinal cada época do jazz tem o bordado elétrico adequado. Stanley Jordan é um Charlie Christian que ouviu muito Jimmy Hendrix e Wes Montgomery”.
Sem falar no nosso carro-chefe, autêntica zurrada do “jazz educator” na “Tribuna da Imprensa” ao disparar: "Para quem não sabe, Ben Webster foi um dos músicos prediletos de Billie, com quem ela conviveu social e artisticamente durante toda a sua carreira. Foi Ben Webster inclusive, que passou a chamá-la de “Lady Day”, enquanto Billie apelidou-o de “Pres”, abreviatura de presidente.”

Bem, isso não é nem dez por cento do material contido na minha pasta de recortes mas vamos esperar outra ocasião para prosseguirmos com as clássicas mancadas. Nunca esquecendo duas batatas quentes emitidas por uma voz feminina no rádio: “ao contrabaixo está um major chamado Holley”, para semanas depois, no mesmo programa informar que na gravação que se seguia havia a presença do importante contrabaixista francês George Duvivier.”

Não poderíamos deixar de mencionar a mancada de um conhecido comediante da TV que resolveu fazer um programa de Jazz no rádio. Como comediante gostava de fazer piadinhas quando apresentava as gravações. Só que, em determinada tarde, ao anunciar a composição “I can’t get started” (Ira Gershwin e Vernon Duke) inovou e disse: “em uma noite, George Gershwin e Duke Ellington, junto ao piano compuseram “I can’t get started”.

Evidentemente os meus comentários causavam raiva nos “críticos” e sempre que podiam o torpedo era enviado. Tentaram me desmoralizar inventando mentiras e me jogando contra outras pessoas mas, fora algum aborrecimento, tirava de letra algumas atitudes. De um famoso escriba que escreveu, reescreveu, afirmou e reafirmou que Billie Holiday não era uma cantora de Jazz , a forra veio através de um comentário que fez sobre um disco de Sarah Vaughan, cuja contracapa traduzi e adaptei. Encerrava o artigo informando que a contracapa traduzida por Luiz Carlos Antunes era ruim e o disco merecia coisa melhor. Seus leitores devem ter achado o máximo.
A outra veio de maneira insólita e totalmente inesperada. Ao terminar minha palestra sobre Charlie Parker no primeiro “São Paulo/Montreux Jazz Festival”, fui efusivamente cumprimentado pelos presentes e entrevistado por alguns jornalistas. Dois chilenos que cobriam o festival pelo jornal “La Nacion” e pela repórter Dulce Tupi, em trabalho para a revista Visão.
Semana seguinte, ao ler a tal revista, verifiquei que a minha palestra fora omitida. Era como se nem tivesse acontecido. Dias depois encontrei a jornalista na sala de Ézio Sérvulo na gravadora Phillips e perguntei o que tinha havido. Ela, surpresa, não soube informar e nem sabia que haviam me omitido da matéria. Comentando o fato numa roda de amigos um deles me informou:
“Lula, o dono da Visão é pai do jornalista que você sempre critica no “O Assunto é Jazz”.
Trágico. Se não fosse cômico. Até porquê, no jornal em que o moço cobria o festival uma enorme matéria foi feita com Luiz Carlos Antunes descrevendo seu encontro, por toda uma tarde, com músicos como Jimmy Rowles, Benny Carter, Roy Eldridge e Frank Rosolino, incluindo as caricaturas de pianistas de Jazz feitas por Jimmy Rowles. Trabalho do jornalista José Nêumane Pinto. Pois é.

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