Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

Histórias do Jazz – N° 25

27 fevereiro 2007

Tommy Dorsey x Severino Araújo - O “Duelo” -

De vez em quando surge um personagem qualquer da mídia e emite sua opinião sobre o propalado “duelo”. Cerra os olhos, franze a testa e dispara : “Me lembro bem,
foi uma noite memorável ! “
Daí em diante ouvimos (ou lemos) uma sequência de mentiras que o entrevistado pensa que dará lastro ao seu conhecimento.
Acontece que o famoso “Duelo”, foi realizado num sábado pela manhã, no dia 2 de dezembro de 1951, dentro do programa “Rádio Sequência G-3” que a Tupi apresentava diariamente. Era um programa que reunia música, noticiário e humorismo, esse último item com os famosos comediantes da rádio como Abel Pera, Otávio França, Matinhos, Maria do Carmo, Luiza Nazaré e outros mais.
Nesse dia a turma de Niterói acordou cedo. Pegamos a barca de oito horas esperando chegar cedo para ocupar os melhores lugares. Comigo estavam minha noiva. o guitarrista Bernard, com a perna engessada , vitimada por um acidente de carro, o percussionista Ohana, Sérgio Morenão, Reinaldo e mais uns dois ou três que a memória não ajuda a lembrar.
Chegamos na Avenida Venezuela e verificamos que deveríamos ter saído mais cedo.
As filas se alongavam e andavam morosamente . Descobrimos então que as filas eram só para os elevadores, quem quisesse podia subir pelas escadas . Subimos rápido e só fomos encontrar lugar na “ prateleira”, como chamavam a parte superior do auditório. Guardamos lugar para Bernard que usou os elevadores e aguardamos o início do espetáculo.
E foi ai que o carro pegou. O tempo passando o programa se esticando e nenhuma informação. Até que, Carlos Frias ocupou o microfone e informou que aguardavam apenas a chegada do baterista Eddie Grady . (Anos mais tarde Edson Machado me contou que Grady , de quem comprara um enorme top cymbal ,pegara um taxi e pedira ao motorista- “ Rádio Tupi. “ O esperto e inescrupuloso profissional calmamente se dirigiu para a Avenida Brasil, então local das torres de transmissão da emissora.)
Plínio Araújo nos contou ,por ocasião de “Um seis e meia” no João Caetano que, quase que teve que tocar nas duas orquestras .
O espetáculo foi organizado da seguinte maneira : Um personagem fantasiado de Zé Carioca e outro de Tio Sam eram os chefes das torcidas . Por trás das orquestras eram agitadas uma bandeira brasileira e outra americana.
Não me lembro a ordem exata mas, a banda de Dorsey executou entre outros os temas “Well git it”, “On the sunny side of the street” , “Diane”, “, “Everything I have yours”, “You and the night qnd the music” e “Lullaby of Broadway” destacando a vocalista Frances Irwin. Coube a Tabajara, entremear os temas de Dorsey com : “Um chorinho na Aldeia”, “Guriatã de Coqueiro”, “Espinha de Bacalhau”, “Um Frevo (?)” e o número que surpreendeu a todos e que logo seria um dos maiores sucesso da banda. O “Rhapsody in blue” em rítmo de samba, entre outros.
A platéia exultava após cada número e os “chefes de torcida” dramatizavam o espetáculo, abraçando os maestros e solicitando mais aplausos. Eis que Carlos Frias ocupa o microfone e informa que “em nome da grande amizade que une os dois paises” as orquestras tocarão juntas “Deus salve a América”. O que foi feito, com Bob London cantando em inglês e Déo. “o ditador de sucessos” em português. Finalmente o resultado do “duelo”seria anunciado. Surge o ator teatral Armando Nascimento, fantasiado de Presidente da República e imitando a voz de Getúlio Vargas (que era o seu forte nas revistas do Teatro Recreio ) segura o braço de Severino e proclama : “Severino, para mim você é o maior” fazendo em seguida o mesmo com Tommy Dorsey. Voltou Carlos Frias dizendo que “todos eram os maiores” e que dalí por diante espetáculos daquela natureza se repetiriam com freqüência . (O que nunca mais aconteceu!). Com a atriz Heloisa Helena informa que o espetáculo teve o patrocínio exclusivo do “Leite de Rosas” e que Dorsey tocaria outra vez as 22 horas, deu boa tarde a todos.
Soube na hora que haveria uma “Jam Session” no dancing Avenida, reunindo músicos das duas bandas. Tinha compromissos a cumprir e não pude ir. Dias depois Jonas Silva, nas Lojas Murray me deu duas fotos do evento. E foi só.
Eis a formação das orquestras participantes do duelo :
ORQUESTRA TABAJARA
Severino Araújo (cl) –
Marques, Santos, Raimundo Napoleão e Geraldo Medeiros (tps)
Manoel Araújo, Astor e Zé Leocádio (tbs)
Jaime Araújo, Jofran, Zé Bodega, Lourival e Genaldo (sxs)
Cláudio Luna Freire (p)- “Cavalo Marinho” (b)- Del Loro (g)-
Plínio Araújo(dm) e Gilberto D’Ávila (pandeiro)

ORQUESTRA DE TOMMY DORSEY
Buddy Childers, Charlie Shavers, Bobby Nichols e George Cherb(tps)
Tommy Dorsey, Nick Di Maio, Ernie Hyster(tbs)
Sam Donahue, Paul Mason, Danny Trimboli, Ted Lee e Harvey Estrin (sxs)
Fred de Land (p)- Phil Leshin(b)- Eddie Grady(dm)
Vocais : Bob London – Francis Irwin, e as “ Brown Lee Sisters”

Jam Session no Avenida: Bob Nichols, Dick Farney, Buddy Childers, Sam Donahue e Santos



Llulla

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