Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

HISTÓRIAS DO JAZZ – 16

19 dezembro 2006

Herb Geller em Nictheroy

Tudo começou quando Sylvio Tullio Cardoso informou pela sua coluna :“Benny Goodman passa pelo Rio”. Depois, detalhando a notícia , dizia que Goodman ia para a Argentina liderando uma orquestra de vinte músicos para se apresentar na TV e em seguida voltaria ao Brasil para exibições em São Paulo. Entre os músicos integrantes da banda estavam Nick Travis, Buck Clayton (tps), Sonny Russo (tb), Herb Geller(sa),Mouse Alexander(dm) e a vocalista Maria Marshall. Ano de 1961 e a frustração de não ver Goodman no Rio de janeiro, o que aliás já acontecera com Lionel Hampton em dezembro de 1960 fazendo a linha Argentina/São Paulo.
Dias depois quando ia pegar a lancha para cumprir mais um dia de trabalho, passa pela minha frente um táxi e Sérgio Mendes bota a cabeça para fora da janela e grita : “Lula, vai la´ para casa, Herb Geller está aqui.” Não hesitei. Voltei para casa,mudei de roupa, peguei a “The Jazz Encyclopedia” de Leonard Feather e fui para o Edifício Nilo Peçanha, perto de minha casa, onde morava Sérgio.
Lá chegando, fui logo apresentado ao simpático saxofonista ao mesmo tempo que via Arino Matos montando um gravador. Pensei que faria entrevista com Geller mas logo depois descobri que o objetivo era mostrar ao saxofonista músicas cantadas por indios do Brasil, xavantes, gorotires etc. Arino era uma espécie de gurú de Sérgio. Tudo que dizia o Mendes cumpria, inclusive atirar com uma espingarda 22 no sino da Igreja do Ingá,só para infernizar o Padre Amaral .
A fita não rodou cinco minutos pois Herb Geller disse alto e bom som :” I don’t like indian music ! “. Aproveitando o “breque”, solicitei o seu autógrafo na enciclopédia e em seguida tentei iniciar uma conversa sobre Jazz. Falei em Thelonius Monk e foi como se tivesse tocado o saxofonista com uma varinha de condão. Sorriu, sentou-se ao piano e desfilou uma série de temas de Thelonius, tocando inclusive,a meu pedido, “Ruby my dear”. Sabia tudo de Monk a quem não cansou de elogiar. Novidade para mim, imaginando que Geller, naquela época, estivesse moldado no estilo “West Coast” . Sérgio conversava com Arino e deu pouca importância ao nosso diálogo. Até que veio a grande surpresa. Geller me pediu que cantarolasse ou assoviasse “Manhã de Carnaval”. Pegou uma caneta, uma folha e a cada frase que ouvia ,escolhia o acorde e anotava na pauta. Na última frase agradeceu, sorriu e preparou-se para ir embora.
Pensei que Sérgio fosse levá-lo, pelo menos até a parada do trolley (nesse tempo Niterói tinha ” trolley bus” ). Limitou-se a uma despedida formal. Aproveitei a oportunidade e desci com Geller. Levei-o até a parada, embarquei com ele até o centro e lá indiquei-lhe como pegar a lancha.
Dia seguinte fui para o “Bottle’s” pois Geller daria canja com o Mendes. Se não me engano, a seção rítmica era integrada por Manuel Gusmão e Edson Machado. Não me lembro qual foi o tema mas não me sai da memória a cena em que Herb Geller, em pleno solo,irritado chegou ao piano e tocou dois ou três acordes mostrando a harmonia para o Mendes. Isso deu o que falar.
Por enquanto é só, depois tem mais.

Nenhum comentário: