Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

PIANISTAS E SUA FASE PÓS-POP-M****

22 novembro 2006

Não sou retrógrado. Sou capaz de reconhecer os benefícios e até a beleza de um teclado usado com parcimônia. Acontece que, depois de anos como pianistas consagrados de Jazz, alguns deles decidiram provar da maçã de Eva dos samplers, DX-7, Rolands e Yamahas da vida.

Alguns, felizmente, provaram da maçã e cuspiram fora. Casos como o do Bill Evans com uns poucos discos usando teclados e mesmo assim dentro de sua ambiência jazzística.

Ocorre que os teclados-samplers abriram uma fantástica e horrorosa possibilidade de criar novos timbres e os tecladistas passaram a contar com um novo filão de mercado, atraindo para si belos contratos. O Eumir Deodato embarcou nesta há décadas e se tornou um dos maiores criadores de timbres do mercado. Este é o campo bosta-pop.

Nesta onda, embarcou gente do calibre de Chick Corea e Herbie Hancock. Talvez mais sábio comercialmente, Corea soube separar as suas bandas Akoustic e Elektric, mantendo a sua produção de belas obras jazzísticas na Akoustic Band destarte a mania de criar timbres na Elektric Band. Hancock, por sua vez, passou a produzir Jazz erraticamente, caiu de boca nesse pós-pop bosta, gravando aquela série insuportável iniciada na Columbia Records desde 'Survival of The Fittest' até 'Thrust'.

A apresentação de Hancock no Festival de Jazz do Rio de Janeiro em 2006 deu bem a medida do material boiante que se jogou no público. Hancock apareceu com 3-4 engenhocas, um saxofonista da pesada, um baixista pirotécnico e uma baterista fungante. Um desrespeito a um público que adquiriu ingresso caro para um espaço de Jazz. A produção do Festival deixou passar, mais interessada no faturamento da lotação esgotada por imberbes de cabelo espetado de olhos vermelhos e vestimenta dark. Oh,yeah.

Felizmente, Ahmad Jamal ainda está vivo, bem como tantos outros que não se contaminaram com o vírus pop para faturar mais. Acima de tudo, ele estava lá naquela mesma noite, do alto de seus quase 80 anos, para mostrar o digno respeito a tudo que construiu. Há muito de Jazz acústico por aí, não há o que reclamar do mercado. Entretanto, o pecado da escolha cínica do espaço de Hancock no Festival é que realmente pegou mal.

Além de Hancock, há mais tecladistas que enveredaram pela caminho de Eva. Lembro o halterofilista George Duke, desconfigurado com aquela incrível capacidade de digitalização aliada a uma técnica estupenda a serviço do nada. Quanto desperdício! Lembro também do Bob James, que se deu bem naqueles discos da CTi vendendo que nem banana preta em fim-de-feira.

Deixo de citar outros por pura má vontade.

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