Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

HISTÓRIAS DO JAZZ, 7: O CALOR DE BUDDY RICH

15 setembro 2006

Em março de 1961, chegava ao Rio o sexteto do baterista Buddy Rich para uma única apresentação na TV Tupi, realizada no dia 3. No mesmo dia, outra performance no Copacabana Palace. Partimos para a Urca, onde encontramos na porta da emissora os amigos Cláudio Cosme Pinto e Anfilófio Rocha Melo. Felizmente não havia problemas de porteiro e chegamos ao estúdio sem nenhuma dificuldade. Os promotores do evento, que teve o patrocínio das lojas TONELUX, ao invés de uma apresentação pura e simples, resolveram inserir Buddy Rich como personagem dos "Espetáculos Tonelux", que eram estrelados pela cantora Marlene e o humorista Hamilton Ferreira. Para tanto, criaram a velha história de um milionário que contrata o grupo americano para "animar uma festinha". Nesse tempo não havia "videotape" e o programa ia para o ar "na raça".

Aí começou o drama de Rich. Já de smoking, afinou cuidadosamente os tambores da bateria e voltou para os camarins. Faltando uns dez minutos para o início da "chanchada", os refletores foram acesos e o diretor Mário Provenzano começou a dar as instruções de praxe. Qualquer coisa fez o programa atrasar e Rich ao ver toda aquela iluminação e o calor sufocante, voltou para o palco de camiseta, colarinho e gravata borboleta e reclamando que estavam querendo arrebentar o couro dos tambores, afrouxou a afinação.

De onde estávamos víamos Rich reclamar em altos brados da desorganização e da irresponsabilidade do pessoal da TV. Finalmente, foi dado o último sinal e o espetáculo começou. Ante um diálogo ridículo entre Marlene e Hamilton Ferreira, Buddy Rich esperou a deixa e "entrou com tudo" no tema de abertura ("Clap hands here comes Charlie"). Em seu solo, a impressão que tinhamos era que despejava toda a sua raiva nos tambores, mostrando entretanto uma técnica irrepreensível.
E digo mais. Dos bateristas a que assistí, inclusive Elvin Jones, Eddie Grady, Art Blakey, Jimmy Campbell e Tony Williams, entre outros, Rich foi o que mais me impressionou em termos de técnica, divisão e desenhos rítmicos.

O elenco tentava acompanhar, fazendo caras e bocas, o acelerado ritmo do sexteto, procurando mostrar que "sabiam das coisas". Mas, o "script" não foi seguido e após mais quatro números (I Remember Clifford - Caravan - Summertime e Blowin' the Blues Away), aquela edição de "Espetáculos Tonelux" terminou. Ainda sob a forte iluminação, os músicos suavam em bicas e autografavam atendendo aos fans. Rich já sem o paletó era só simpatia e convidava a todos para o show do Copacabana Palace, incluindo a garota propaganda Neyde (Perucas Lady) Aparecida. Fui procurar Morgana King para o ultimo autógrafo e fui encontrá-la escondida atrás das cortinas fugindo da forte iluminação que poderia "derreter sua maquilagem".

Na saída Cláudio Cosme Pinto e Rocha Melo comentavam o espetáculo e pediram minha opinião. Ei-la: "Achei o grupo fantástico, Rich esplendoroso e um repertório bem escolhido. Agora com o calor eles poderiam ter homenageado um compositor brasileiro, o Braguinha e tocado "Alala ô".

Para quem quiser a formação do grupo, aqui está:
Buddy Rich(dm) - Sam Most(fl) - Mike Manieri(vb) - John Moris(p) - Wyatt Ruther(b) e Morgana King(vo).

Por enquanto é só. Depois tem mais.
llulla

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