Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

ENRICO RAVA

30 agosto 2006

É bem verdade que pensei em resenhar o 2o. set de sábado (26/08) no BIS Espaço Musical, do encontro e lançamento do CD "Lua do Arpoador" da Leny Andrade com nosso principal violonista, na minha opinião, Romero Lubambo, que está cada vez ousando mais e indo além do que pode seu tradicional instrumento, ou então escrever sobre o show também de lançamento do CD "Acariocando" do Ivan Lins, domingo (27/08) no velho Canecão, um dos melhores lançamentos do ano segundo a opinião de alguns críticos e da qual compartilho e acrescento ainda, ser hoje fácil o maior baladeiro, ou como dizem, cancioneiro da MPB. Com uma super banda onde destaco Leonardo Amuedo (guitarra), Marco Brito (teclados), Nema Antunes (baixo), Marçalzinho (percussão) e o ótimo trio vocal Folia de 3, Ivan faz um belo passeio musical, em um concerto que certamente vai rodar o Brasil e o exterior.

Mas decidi escrever hoje sobre um DVD que acabei de assistir pela segunda vez, e que só posso definir como uma verdadeira aula de Jazz, com o Quinteto do "Enrico Rava" ao vivo, no Jazzbaltica (2004).

Realmente o grupo do italiano é composto só por feras da boa musica, como Andrea Pozza (piano), Gianluca Petrella (trombone), Rosario Bonnacorso (baixo) e Roberto Gatto e dão um verdadeiro espetáculo jazzístico na veia, melhor inclusive do que a recente apresentação aqui no Rio, que já tinha achado o ponto alto daquele festival.

De início são 3 temas do Rava, "Sand", "Rain" e "Algir Dalbughi", onde é notória a perfeita integração do conjunto bem como as variações em cada solo individual, principalmente do Rava, Petrella e do Pozza nesta fase. O 4o. número é o standard "Nature Boy", dedicado pelo líder após a execução, a Nicole Kidman, por quem se diz apaixonado, mesmo sem saber se é correspondido(???).

Nas 2 musicas seguintes, "Happiness Is To Win A Big Prize In Money" e "Art Deco", ambas do próprio Rava, que abre total espaço para os improvisos de todos, sem no entanto perder a verve e a harmonia das suas canções.

Vale registrar o tema o que diz ter composto ao receber um belo prêmio em $$$, na Dinamarca, como melhor musico europeu de 2004.

Para encerrar, Rava convocou ao palco, segundo êle como um presente para a platéia, a cantora Roberta Gambarini (a quem assisti no Mistura Fina sem grande entusiasmo), que arrebatou o público e a mim desta vez, com uma interpretação genial de "Estate", com direito a um duelo vocal x instrumental (imitando um sopro com a boca) com o Rava e Petrella, para fechar em grande estilo a apresentação, digna de @@@@@.

É só, fui.

CONTINENTRIO NO RIO DE JANEIRO EM 29.08.2006

28 agosto 2006

O Rio de Janeiro não poderia ficar de fora, e assim teremos nesta terça feira (29.08.2006) às 21:00 a chance de ver os irmãos Continentino (Kiko ao Piano, Alberto ao Baixo, e Jorge nos sopros) tocando juntos novamente.

O show será no ARMAZÉM DIGITAL, no RIO DESIGN LEBLON (Rua Ataulfo de Paiva 270 Leblon).

A chance de vê-los juntos reeditando o ContinenTrio é uma oportunidade única tendo em vista a agenda atribulada dos músicos.

Até lá logo mais !!!

HISTÓRIAS DO JAZZ 4: "O AUTÓGRAFO"

27 agosto 2006

Corria o ano de 1977 e a grande atração do Jazz foi a chegada ao Rio de Janeiro dos "Jazz Messengers", do baterista Art Blakey. Atuaram nos dias 13, 28 e 29 de março no Teatro João Caetano em maravilhosas performances, encantando a todos que os assistiram. Houve porém um problema com o trumpetista Valery Ponomarev. Russo de nascimento e ao que parece ainda não tinha a cidadania americana, teve problemas com o visto do passaporte. Houve um jeitinho brasileiro e anunciaram para a imprensa que o trumpetista era Joe Gardner (Coutinho conhece bem a história). Outro fato importante foi o convite feito por Art Blakey a Victor Assis Brasil para que esse integrasse o seu grupo, não apenas como músico mas também como diretor musical, o que infelizmente Victor não pode aceitar por ter compromissos a cumprir em sua agenda. Esse episódio foi confirmado por ele quando o entrevistei, por ocasião do lançamento do seu LP "Victor Assis Brasil Quinteto" nos estúdios da Odeon.

Na noite de estréia, o publico vibrava com os temas executados e os magnificos solos de Dave Schnitter (ts), Bob Watson(as) e Walter Davis Jr. (p), sem falar, é claro, nas intervenções
firmes da bateria do líder.

Terminado o show fomos para os bastidores para a caça de autógrafos e logo no primeiro músico abordado tivemos uma decepção. Negou-se peremptoriamente a assinar a
"Encyclopedia of Jazz" de Leonard Feather. Estava meio sem jeito e talvez com medo de que sua assinatura revelasse a algum agente da KGB que não era Joe Gardner e sim o Valery Ponomarev.

Os outros músicos nos atenderam com simpatia. Walter Davis Jr. sorriu quando lhe mostramos seu primeiro autógrafo dado em 1956, quando aqui esteve com a banda de Dizzy Gillespie. Blakey, sempre sorrindo, autografou sobre a sua foto. Já Dave Schnitter ficou encantado com o livro. Chamou Bob Watson e mostrou os autógrafos de Armstrong, Ellington, Sarah, Hawkins e outros mais. E disse sorrindo que agora se sentia "mais importante". O russo Ponomarev, que a tudo assistia, aproximou-se e fez menção de também autografar a enciclopédia.

Fechei o livro lentamente, pedi desculpas e saí sem permitir que o autógrafo fosse dado. Hoje não sei se fiz bem. Mas, a recusa inicial de Ponomarev me transtornou e ponto final.

Para quem quiser anotar, eis aqui a formação da banda:
Art Blakey (dr) - Dave Schnittrer (ts) - Bob Watson (as) - Valery Ponomarev (tp) - Walter
Davis Jr. (p) - Dennis Irwin(b).

Por enquanto é só. Depois tem mais.
llulla

TIM FESTIVAL 2006 DIVULGA PROGRAMAÇÃO

24 agosto 2006

O TIM Festival 2006 já tem elenco e local definidos.
O evento terá edições no Rio de Janeiro na Marina da Glória e em São Paulo no Anhembi e Auditório Ibirapuera durante os dias 27, 28 e 29 de outubro.
Também estão programadas apresentações especiais em Curitiba e Vitória.

No Rio, o festival mantém o formato anterior com quatro espaços - TIM Club, destinado ao jazz; TIM Lab, música experimental; TIM Stage, para as grandes estrelas e artistas consagrados e TIM Village, área comum de convivência do festival.

A organização do evento ainda não divulgou os dias da venda de ingressos, mas afirma que será a partir de setembro.

A programação de jazz no TIM CLUB no RIO DE JANEIRO :
Dia 27 de outubro
Ivan Lins em Tributo, Jennifer Sanon e Maria Schneider;
Dia 28 de outubro
André Mehmari Trio, Roy Hargrove e Charlie Haden;
Dia 29 de outubro
Stefano Bollani, Ahmad Jamal e Herbie Hancock;

E nos outros estados :

SÃO PAULO
Auditório Ibirapuera
Dia 27 de outubro - Stefano Bollani, Ahmad Jamal e Herbie Hancock;
Dia 28 de outubro - Ivan Lins/Tributo, Jennifer Sanon e Maria Schneider;
Dia 29 de outubro - André Mehmari Trio, Roy Hargrove e Charlie Haden.

VITÓRIA
Teatro Universitário da UFES
Dia 27 de outubro- Roy Hargrove;
Dia 28 de outubro- Yamandu Costa e Herbie Hancock.

Mais novidades em breve !

ALGUNS ÓBITOS

Alô amigos,
Navegando na Internet fui descobrir que muita gente boa já foi para o outro lado. Senão vejamos:
O excelente pianista Ross Tompkins faleceu em 29 de junho aos 68 anos de idade vitimado por um cancer de pulmáo.
O veteraníssimo pianista de Frank Sinatra, Bill Miller, aos 91 anos. Óbito ocorreu em 11 de julho
resultante de um ataque cardíaco.
Finalmente o trombonista Don Lusher, um dos melhores músicos da Inglaterra, com trabalhos marcantes nas bandas de Joe Daniels, "The Squadronaires", Jack Parnell e Ted Heat, faleceu em 5 de julho aos 82 anos.
R.I.P
llulla

FALECIMENTO DE MAYNARD FERGUSON

Num rápido momento de consulta a notícias em tempo real, li um breve comentário sobre o falecimento de Maynard Ferguson.

Acessei o Website e reproduzo abaixo matéria publicada no mesmo.

Maynard Ferguson May 4, 1928 - August 23, 2006
August 24, 2006
Maynard Ferguson passed away yesterday, at the age of 78. Here is the statement released by Maynard's management.

LEGENDARY MUSICIAN MAYNARD FERGUSON DIES
Grammy Nominated Trumpeter Known for "Gonna Fly Now"
Theme To Movie "ROCKY" was 78

Ojai, CA (August 24, 2006) - Walter "Maynard" Ferguson, one of the most influential musicians and band leaders in the history of Jazz, passed away August 23rd at 8:00 pm Pacific Time at Community Memorial Hospital in Ventura, California. He was 78 years old. His death was the result of kidney and liver failure brought on by an abdominal infection. Mr. Ferguson's four daughters, Kim, Lisa, Corby, Wilder and other family members were at his side when he passed away after this brief illness. He spoke by phone with his friend and manager Steve Schankman from St. Louis, longtime tour manager Ed Sargent, and friend, and fellow trumpeter Arturo Sandoval.

Mr. Ferguson had recently returned home to California from New York after several sold out performances in July at the famed Blue Note Club. During this time, Ferguson and his Big Bop Nouveau band also recorded a new album at Bennett Studios in Englewood, New Jersey.

Maynard Ferguson, born May 4th 1928 in Montreal, started his career at the age of 13 when he performed as a featured soloist with the Canadian Broadcasting Company Orchestra. He played with some of the great Big Band Leaders of the 1940's including Count Basie, Duke Ellington, Dizzy Gillespie, Charlie Barnett, Jimmy Dorsey and Stan Kenton. In 1945, at age 17, Ferguson became the leader of his own Big Band. The 78-year old musical phenomenon went on to record more than 60 albums, receiving numerous honors and awards including the GRAMMY® nomination for "Gonna Fly Now." In 2005, Ferguson was awarded Canada's highest civilian honor, the "Order of Canada" from the Right Honorable Governor General Adrienne Clarkson. In addition to those accolades, Ferguson has been the recipient of DownBeat Magazine's prestigious "DownBeat" Award.

"The Boss," as Ferguson is known, has been performing for packed houses for decades. His recent DVD release, "Live at The Top," captures one of his most memorable performances, a concert held at the Plaza Hotel in Rochester New York in 1975, with Ferguson performing alongside fellow music pioneers Stan Mark, Ernie Garside and Bruce Johnston. Most recently, Ferguson and Big Bop Nouveau Band had been touring the United States. He was preparing for a Fall Tour beginning mid-September in Tokyo, Japan. He had also been invited to play for the King of Thailand's 80th birthday in January.

Mr. Ferguson's body will be cremated in his hometown of Ojai, California. Memorial contributions can be made to the Maynard Ferguson Music Scholarship Fund at University of Missouri - St. Louis, which was established by Steve Schankman at Maynard's 75th birthday celebration. Mr. Schankman and the Ferguson family are planning a memorial concert to take place in St. Louis which will feature many of the band's alumni and friends who Mr. Ferguson performed with during his more than 60-year musical career.

Mr. Ferguson's latest, and last, recording will be released later this year as a legacy to the life of Maynard Ferguson.

JAMIE CULLUM: TEMPORADA COMEÇA POR CURITIBA

23 agosto 2006

O cantor e pianista inglês Jamie Cullum, que faz jazz com pitadas da música pop (ou vice-versa), iniciará uma turnê pelo Brasil em Curitiba. Cullum se apresenta no dia 2 de setembro no Teatro Guaíra e depois segue para Belo Horizonte (dia 4), São Paulo ( 5 ), Porto Alegre ( 10 ) e Rio de Janeiro ( 13 ). O cantor tem laços "afetivos" com a capital paranaense: a namorada dele é curitibana.
Aos 27 anos, Cullum tem três álbuns gravados, mais de cinco milhões de cópias vendidas e um Grammy no currículo. No Brasil, músicas com o cantor foram incluídas nas trilhas das novelas "Belíssima" (Mind Trick) e "Páginas da Vida" (Our Day Will Come). Em Curitiba, os preços dos ingressos variam entre R$ 100,00 e R$ 200,00. As entradas estão disponíveis através do Disk Ingressos (41-3315-0808) e nas bilheterias do Teatro Guaíra. A meia-entrada é vendida somente mediante apresentaçãode carteira de estudante ou identidade no caso de maiores de 65 anos. Informações: (41) 3304-7900.

HISTÓRIAS DO JAZZ 3: “AMERICAN JAZZ FESTIVAL” - 1961

22 agosto 2006

Não há dúvidas de que a troupe do “American Jazz Festival” foi o melhor grupo a se apresentar no Rio de Janeiro até hoje. A turma das “Lojas Murray” ficou agitada ao saber, por intermédio de Sylvio Tullio e Estevão Hermann, que as datas de 17 e 18 estavam acertadas para as apresentações do grupo, que tinha entre outros: Coleman Hawkins, Al Cohn, Zoot Sims, Kenny Dorham, Roy Eldridge, Jo Jones e Tommy Flanagan.

A estréia seria na noite de 17 de julho no Teatro Municipal e a corrida para a aquisição dos ingressos foi rápida, com a “Niteroi Crew” saindo na frente. A ansiedade era tanta que às 11 horas do dia da estréia a turma já estava entrincheirada no Aeroporto Santos Dumont. Chegou o avião vindo de São Paulo, onde o grupo já se apresentara e através dos vidros pudemos identificar os músicos que desciam as escadas da aeronave e se aproximavam da salão de desembarque

Meu arsenal consistia no LP n° 001 da gravadora Bethlehem, com a loiríssima Chris Connor acompanhada pelo trio de Ellis Larkins, um 78 rpm de 12 polegadas da gravadora Shelton com o quarteto de Coleman Hawkins (Eddie Heywood, Oscar Petiford e Shelly Manne) interpretando “Sweet Lorraine” e “The Man I Love” e a inseparável “Jazz Encyclopedia”, de Leonard Feather.

Chris Connor autografou o disco ainda no salão enquanto Hawkins só o faria em pleno ônibus que levaria o grupo para o Hotel Guanabara, onde ficariam hospedados. Nessa ocasião, mostrou o disco para Roy Eldridge e disse : “Parece que sou conhecido por aqui.” A Encyclopedia recebeu os demais autógrafos (todos) no lobby do hotel, onde a alegria era geral.

Sylvio Tullio conversava com Joe Jones e nos aproximamos para ouvir uma das muitas histórias contadas pelo baterista. Dizia ele que durante a guerra a sua companhia chegou em uma cidade italiana que fora ocupada pelos alemães. As ordens eram para todos terem cuidado com os franco-atiradores. Mas, disse Joe, um deles por trás de uma janela atirou em mim e só por sorte a bala não me atingiu. Pus a cabeça para fora e gritei: “Ei alemão, cuidado, eu sou o baterista Joe Jones” e de longe o alemão respondeu :”Oh, Mr. Joe Jones, excuse me!” Gargalhada geral.

Os músicos se recolheram e, para comemorar, fomos todos para o Amarelinho tomar chope e comer alguma coisa. Foi quando Robert Celerier nos convidou para sua casa para ouvirmos discos até a hora do show. Foi o que fizemos. De volta ao Teatro e devidamente acomodados, aguardamos com ansiedade o início do show. Quem não viu, pelo menos poderá ouvir, por intermédio dos dois CDs da Imagem, “Jazz no Muncipal”, o que foi aquela noite.

O time de Niterói, escalado com Carlos Tibáu, Nelson Reis, Raymundo Flores da Cunha (Mr.Jones), Luiz Fernando de Pinho e este escriba, junto a outros atletas da Murray, vibrava com o que via e ouvia. "Mr. Jones" me pergunta se Al Cohn e Zoot Sims tocariam “The Red Door”. Antes de responder que não sabia, a dupla atacou em cima o tema preferido do Mr.

No intervalo, encontrei Sylvio Tullio que de olhos arregalados disse: “Depois do Body and Soul de Hawkins tenho que tomar um whisky, senão tenho um infarto”.

Terminado o “show” fomos, como de hábito, falar com os músicos nos bastidores. E aí aconteceu algo que eu só soube depois, por intermédio de Nelson Reis que viu e participou do acontecimento: uma roda foi formada em torno de Kenny Dorham e Curtis Fuller. As perguntas se sucediam e entre uma resposta e outra, passei meu braço em volta do ombro de Curtis Fuller e nem notei que ele de imediato abaixou a cabeça e se afastou. Nelson Reis percebeu alguma coisa e foi falar com o trombonista, que estava com olhos marejados de lágrimas. Ao ser interrogado, Curtis disse que se emocionara porque pela primeira vez fora abraçado por um branco. Aí Nelson explicou que aqui a amizade e a admiração que todos tinham pelos músicos não permitiriam qualquer tipo de discriminação o que, segundo Nelson, não foi suficiente para conter as lágrimas de Fuller. Repito, só fui saber disso depois.

Estevão Hermann e Sylvio Tullio Cardoso engrenaram com o empresário Monte Kay, que acompanhara o grupo, uma terceira exibição, que aconteceu no Cinema Eskye na Tijuca. Só que, além de não terem ido todos os músicos, o espetáculo foi devidamente estragado com a invasão de “Monsueto Menezes, suas mulatas e passistas”, na segunda parte. Dia seguinte, um idiota de plantão escreveu no jornal que “o samba venceu a batalha contra o Jazz” mas, esqueceu de mencionar que quem pagou para ver Jazz se retirou, ou seja, oitenta por cento da platéia.

Para quem quiser anotar, eis aí a formação da “troupe”:

MC – Willis Connover (Voice of America);
Coleman Hawkins , Al Cohn, Zoot Sims (ts)- Kenny Dorham e Roy Eldridge(tps)- Herbie Mann(fl)- Curtis Fuller(tp)- Ronnie Ball e Tommy Flanagan(p)- Ben Tucker e Ahmed Abdul Malik(b)- Dave Bailey e Joe Jones(dr)- Ray Mantilla(perc) - Chris Connor (vo).

Por enquanto é só. Depois tem mais.
llulla

JOÃO DONATO, UMA VEZ ORGANISTA

21 agosto 2006

O vibrafonista Cal Tjader (1925/1982) sempre foi um admirador da chamada música latina. Se não tinha a mesma técnica de um Gary Burton, era respeitado pelo bom-gosto e experiências com ritmos não usuais entre os americanos. Pelo menos dois de seus álbuns foram parcialmente dedicados à música brasileira. Um deles, "Amazonas" ( Fantasy, 1975), trouxe a seu lado músicos como Egberto Gismonti, Hermeto Pascoal, Raulzinho, Robertinho Silva, Aloísio Milanez e Airto, entre outros, com temas de Donato, Airto, Hermeto, Sérgio Mendes e até Orlan Divo (“Tamanco no samba”). Outro anterior, talvez o mais elaborado, foi "The Prophet" (Verve, 1969), com Don Sebesky nos arranjos, além de Ed Thigpen na bateria e Red Mitchell no baixo. Tjader incluiu 3 temas de João Donato, que participou do disco como organista - Tjader achava que, pela concepção do álbum, cairia melhor. Donato, porém, estranhou o convite, já que muitos americanos dominavam o instrumento muito mais do que ele próprio. Chegou até a sugerir Jimmy Smith. Mas Tjader explicou que se chamasse Jimmy, ele talvez tomasse conta do disco, por seu incontrolável virtuosismo. Por isso a escolha de Donato, um estilo muito mais intimista e econômico. E foi assim que Donato virou organista de ocasião pela primeira vez em sua carreira – ele me contou isso pessoalmente. Aliás, "The Prophet" foi na época lançado no Brasil. Com muito esforço, consegui a edição japonesa remasterizada em CD. A versão de "Valsa" (Aquarius), Donato, valeu o investimento.

PANDEIRO JAZZ: SCOTT FEINER NO MISTURA FINA

Olá Amigos,
Quem ainda não teve a oportunidade de conferir Pandeiro Jazz, esta quarta-feira tem mais uma oportunidade. Com músicos de primeiro escalão (Marcelo Martins - sax, João Castilho - guitarra e Alex Rocha - baixo), Scott mostra uma maneira diferente de tocar jazz e pandeiro. Recomendo.
Abraços,

JAZZ PARADISO II - O PARAÍSO É AQUI

20 agosto 2006

Para quem não teve a oportunidade de ouvir na última quinta às 22 horas, aqui está o segundo programa da série que o nosso Mestre Goltinho está fazendo na Rádio Paradiso, FM 97,5. Ficou tão sensacional quanto o primeiro, com peças preciosas de seu imenso e raro acervo. Basta clicar no player à esquerda e recuperar o tempo - e a audição perdida.

E uma outra ótima notícia, essa para o povo de Londrina que ama o jazz, é que o também nosso JoFla voltará ao ao em setembro próximo com seu programa Londrina Jazz Club, na Rádio Universidade FM, que pertence à Universidade Estadual daquela cidade, a UEL. Segundo ele, em pesquisa realizada, as quase cem apresentações do seu programa em parceria com Pedro Franciscon até 2003, ainda estavam muito nítidas nas cabeças dos ouvintes, com o maior índice de aprovação entre estes. Para o nosso Embaixador Plenipotenciário para Assuntos Jazzísticos de Sampa Para Baixo, muito sucesso na retomada dessa paixão pela música de qualidade -a dita "música dos músicos" - que tanto o move.

Abraços,

(*) Foto de Mario Vieira Fo.

DOWNBEAT 54th ANNUAL CRITICS POLL

Como venho fazendo ultimamente, transcrevo abaixo as principais nomeações dos críticos da "DB" na sua edição de Agosto e relativa aos melhores de 2006; sem choro, nem vela, e entre parenteses o número de votos:

A) Jazz Artist Of The Year - 1) Sonny Rollins (103); 2) Andrew Hill (94) e 3) Wayne Shorter (68)
B) Jazz Album - 1) Andrew Hill "Timelines" (70); 2) Wayne Shorter "Beyond The Sound Barrier" (67) e 3) Sonny Rollins "Without A Song" (42)
C) Historical Album - 1) Thelonious With Coltrane "At Carnegie Hall" (369); 2) Dizzy Gillespie & Charlie Parker "Town Hall" (182) e 3) John Coltrane "Live At The Half Note (120)
D) Big Band - 1) Maria Schneider Orchestra (219); 2) Dave Holland (156) e 3) Mingus Big Band (120)
E) Bass - 1) Dave Holland (254); 2) Christian McBride (100) e 3) Charlie Haden (77)
F) Clarinet - 1) Don Byron (291); 2) Marty Ehrlich (105) e 3) Paquito D'Rivera (87)
G) Drums - 1) Jack DeJohnette (193); 2) Roy Haynes (177) e 3) Paul Motian (111)
H) Guitar - 1) Bill Frisell (190); 2) Jim Hall (159) e 3) John Scofield (112)
I) Keyboards - 1) Joe Zawinul (232); 2) Uri Caine (130) e 3) Herbie Hancock (125)
J) Organ - 1) Joey DeFrancesco (322); 2) Larry Goldings (204) e 3) Dr. Lonnie Smith (178)
k) Percussion - 1) Ray Barretto (134); 2) Poncho Sanchez (132) e 3) Zakir Hussain (82)
L) Piano - 1) Keith Jarrett (160); 2) Hank Jones (88) e 3) Brad Mehldau (84)
M) Alto Sax - 1) Phil Woods (168); 2) Lee Konitz (154) e 3) Greg Osby (135)
N) Baritone Sax - 1) James Carter (224); 2) Gary Smulyan (175) e 3) Hamiet Bluiett (150)
O) Soprano Sax - 1) Wayne Shorter (278); 2) Dave Liebman (166) e 3) Branford Marsalis (122)
P) Tenor Sax - 1) Sonny Rollins (246); 2) Joe Lovano (184) e 3) Wayne Shorter (124)
Q) Trombone - 1) Steve Turre (200); 2) Robin Eubanks (135) e 3) Roswell Rudd (133)
R) Trumpet - 1) Dave Douglas (208); 2) Wynton Marsalis (159) e 3) Roy Hargrove (94)
S) Vibes - 1) Bobby Hutcherson (302); 2) Gary Burton (193) e 3) Stefon Harris (166)
T) Vocalist / Male - 1) Kurt Elling (253); 2) Andy Bey (173) e 3) Mark Murphy (143)
U) Vocalist / Female - 1) Cassandra Wilson (200); 2) Dianne Reeves (182) e 3) Dee Dee Bridgewater (100)
V) Arranger - 1) Maria Schneider (235); 2) Carla Bley (111) e 3) Gerald Wilson (74)
X) Composer - 1) Maria Schneider (162); 2) Andrew Hill (152) e 3) Wayne Shorter (102)

E para terminar o artista em ascensão (Rising Star Jazz Artist) - 1) Vijay Iyer (53); 2) Chris Potter (51) e 3) Jason Moran (40)

É isso aí.

MESTRE LOC E SEUS ESCRITOS: COLUNA DO JB DE HOJE

18 agosto 2006

Mestre LOC agrada sempre, mesmo sem precisar fazer força para isso.

Hoje no JB nos brinda - e a mim, adorador dos barítonos, especialmente - com uma coluna sobre os saxes mais graves da coleção (e vamos deixar a exceção do sax baixo de fora, pela raridade absoluta; se bem que há, neste blog, um post sobre o dito, bem lá nos arquivos do passado), e nos fala de Serge Chaloff, a quem fui apresentado há menos de 4 anos pelos meninos da Arquivo Musical. Há tempos apreciador de Mulligan, Chaloff apareceu na minha vida via o seu disco Blue Serge (que aliás não traz esse tema). Logo depois, Mestre Raf, citado na matéria, me recomendou exatamente o Boston Blow Up! e comprei uma cópia japa do dito. Agora saio em busca da edição americana, que é disco para jazzófilo nenhum sequer imaginar que não precise ter.

"JAZZ FESTIVAL 2006" - 21 A 23 DE AGOSTO - TEATRO CARLOS GOMES

17 agosto 2006

(Por Wilson Garzon, transcrito de clubedejazz.com.br)

Pela primeira vez no Brasil, um evento de jazz ocorre de forma simultânea em seis capitais: Curitiba, Brasília, Belo Horizonte, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo.

Num período de dez dias, entre 14 e 23 de agosto, irão ocorrer seis edições do Jazz Festival, nas seguintes capitais brasileiras: Curitiba (14, 15 e 16/8); Brasília (15, 16 e 17/8); Belo Horizonte (17, 18 e 19/8); Recife (19 e 20/8); Rio de Janeiro e São Paulo (21, 22 e 23/8). Na realidade, o Festival de Jazz 2006 corresponderia à quarta edição do Jazz Gerais. O Festival, belorizontino de origem, começou pequeno, através dos sonhos e das iniciativas dos músicos Marcelo Costa e Rodolfo Padilha, que com o apoio da Fundação Palácio das Artes, colocaram em pé o primeiro festival brasileiro voltado para o jazz tradicional (ragtime, dixieland, new orleans e swing).

Em 2005, a terceira edição o festival passou a ser promovido pela empresa mineira Soltz Comunicação, tendo como com curador o músico e especialista em jazz Marcelo Costa. Nesse ano, o festival passou a ter duas edições: o Jazz Gerais em Belo Horizonte e o Festival de Jazz em Brasília. As atrações foram o clarinetista Bob Wilber, a pianista Judy Carmichael, os uruguaios Ensemble de Jazz Francês e Maria Noel Taranto e a banda Bonus Track, o grupo argentino La Creole Jazz Band e o All Stars Jazz Band, de Belo Horizonte.

(...)

Atrações do Jazz Festival 2006

Judy Carmichael (EUA)
A pianista californiana é considerada a melhor dentro do estilo stride, que foi popular nas décadas de 1920 e 1930 ( os mestres James P. Johnson e Fats Waller). Além de estar acompanhada por um trio de músicos, terá como sideman o trompetista Randy Sandke.

Randy Sandke (EUA)
É considerado como um dos melhores trompetistas americanos do jazz tradicional. Com mais de 20 álbuns gravados, Sanke já escreveu arranjos para Sting e transcrições para Wynton Marsalis e a Orquestra de Jazz do Lincoln Center.

Ray Gelato (Inglaterra)
O cantor e saxofonista inglês Ray Gelato, tem um estilo único e canta e toca de maneira envolvente, alegre e muito intensa. Estará acompanhado por uma banda formada por músicos do primeiro time.

La Antiqua Jazz Band (Argentina)
Big band especializada na difusão do tradicional jazz negro americano. Fundada em 1968, foi responsável pela introdução e popularização do jazz na Argentina. Durante o show, seus integrantes se alternam no palco e se apresentam em solos, duos e trios.

Swiss College Dixie Band
Fundada em 1975 por professores suíços radicados no Brasil, pesquisa e toca o jazz estilo Dixieland, típico da cidade de New Orleans. Atualmente, a formação conta também com brasileiros.

The Perfect Gentlemen (EUA)
Grupo formado por Phil Gold, Dan Jordan, Tim Reeder e Jim Campbell, desde 1998, sua marca de harmonia e humor se destaca de outros grupos vocais. Enquanto mantém a tradição do vaudeville, tem reunido cuidadoso repertório, que cobre 100 anos de variados estilos musicais.

All-Stars Jazz Band (Brasil)
O jazz tradicional dos anos 20 e o swing dos anos 30 são os principais estilos da banda. È formada pelos instrumentistas Nick Payton (clarineta, sax alto e sax tenor), Marcelo Costa (trompete e voz), Lídio Júnior (piano), Lúcio Gomes (contrabaixo) e Bo Hilbert (bateria).

Maria Noel Taranto (Uruguai)
A cantora traz ao Brasil o espetáculo Divinas Divas, no qual interpreta grandes intérpretes da música como Edíth Piaf e Billie Holiday. Na apresentação, canta acompanhada da Orquestra do maestro Raul Medina.

Segunda - 21/08:
All-Stars Jazz Band
Maria Noel Taranto


Terça - 22/08:
Judy Carmichael & Randy Sandke
La Antigua Jazz Band


Quarta - 23/08:
Perfect Gentlemen
Ray Gelato Giants


Data: 21/08/2006 a 23/08/2006
Local: Teatro Carlos Gomes: Pça.Tiradentes, s/n - Centro.
Horário: Segunda a Quarta, às 19h30.
Informações: Tel.: (021) 2232-8701/2224-3602.
Ingresso: R$ 25,00.

De cima para baixo: Judy Carmichael, Randy Sandke, Swiss College Dixie Band, The Perfect Gentlemen e Ray Gelato.

VOLTA FELDMAN: MAIS BOSSA-JAZZ

16 agosto 2006


Depois de sua apresentação em janeiro, no Mistura Fina, em companhia de Duduka da Fonseca e Nilson Matta, o pianista David Feldman volta a apresentar no IBEU de Copacabana, o seu show - e bota show nisso - O Som do Beco das Garrafas, originalmente apresentado em 2004, quando a formação de seu trio incluía Jorge Helder no contrabaixo e Rafael Barata na bateria. Ora formando com Sergio Barrozo e Paulo Braga, Feldman volta ao cenário carioca para mostrar seu ótimo swing nessa mistura perfeita entre a bossa-nova e o jazz.

Como tem viajado por todo o país acompanhando a cantora Leila Pinheiro, tem sido difícil revê-lo tocando e assim esta apresentação no próximo dia 24 se afigura um ótimo programa para os cultores do estilo. A entrada é franca, portanto, cheguem cedo.

A propósito, Feldman vai se apresentar, em solo, pilotando o Steinway do IBAM (Humaitá), no dia 19 de setembro. Segundo o próprio, "esse vai ser legal!".

Avisados estão todos, portanto.

CENTRO CULTURAL IBEU
Av. N. Sra. de Copacabana, 690 - 9º andar
Tel.: 3816-9400


IBAM - Instituto Brasileiro de Administração Municipal
Largo do IBAM, 1 - Humaitá.
Tel.: 2536.9797

Abraços,

NOSSA BIG-BAND DECOLA DE NOVO

Lançamento do CD "Paisagens do Rio"

Nesta quinta-feira, 17 de agosto, às 18:30h, acontecerá o lançamento do CD "Paisagens do Rio", da UFRJazz Ensemble. O evento será no Salão Leopoldo Miguez, Escola de Música, Rua do Passeio 96, Centro. A apresentação faz parte da comemoração do 158° Aniversário da Escola de Música da UFRJ.

O CD conta com obras e arranjos inéditos de Gilson Peranzzetta, Wagner Tiso, Vittor Santos, Carlos Malta, Jovino Santos Neto, Nivaldo Ornellas, Thiago Trajano, Henrique Band, Guinga, Simone Guimarães, Francis Hime, Hamilton de Holanda e Hermeto Pascoal.

O Brasil tem som de big-band!! Este é o 3° CD da Ufrjazz Ensemble. Este pertence a uma série “2006 Selo Rádio MEC” e das comemorações dos 70 anos da rádio, com parceria da Petrobras. O Maestro José Rua preparou a banda e convidou alguns dos nossos principais compositores contemporâneos a olhar o conjunto com jeito de Brasil.

A ENTRADA É FRANCA.

Produção do CJUB, "DEAR ELLA", com JANE DUBOC e VICTOR BIGLIONE, volta em nova temporada no Mistura

15 agosto 2006

(cf. veiculado pelo Mistura Fina)




A cantora Jane Duboc e o guitarrista virtuose Victor Biglione apresentam o espetáculo "Dear Ella", uma visita à obra de Ella Fitzgerald, uma das mais influentes cantoras de todos os tempos. A diva do jazz será lembrada nos espetáculos que acontecem nos dias 18 e 19 de agosto, no Mistura Fina. O repertório irá contemplar sua relação com geniais compositores, além de seus registros com os mais importantes jazzmen. O belo timbre de Jane se une às frases precisas de Biglione num concerto necessário e imperdível.

MÚSICOS:
VICTOR BIGLIONE - GUITARRA
MARCO TOMMASO - PIANO
SÉRGIO BARROZO - CONTRABAIXO
ANDRÉ TANDETA - BATERIA

Parabéns ao Mistura pela bela iniciativa e lembrando que, após apresentações em SP e em outros importantes palcos do Brasil, "DEAR ELLA" deve estar mais "azeitado" do que nunca, mostrando coesão ainda superior a de sua estréia, por nós co-produzida.

HISTÓRIAS DO JAZZ, 2: O CHARUTO

Alô moçada, aí vai a segunda história da série.

"O Charuto"

Em 17 de agosto de 1974 ocorreu no Rio de Janeiro um fato absolutamente inédito.
Numa mesma noite apresentavam-se dois gigantes do Jazz, surpreendendo até mesmo aos mais otimistas. O Quinteto de Dizzy Gillespie escalado para o cine Bruni-Flamengo e o grupo de Charles Mingus para o Teatro Municipal.

Nosso grupo optou por assistir Mingus, cujo espetáculo mostraria o repertório dos seus últimos álbuns. Para mim, particularmente, foi um dos piores shows de Jazz a que assistí. Talvez não estivesse preparado para as diatribes musicais de Mingus, com o sax-tenor tirando som de barítono e o barítono tirando som de alto. Ainda assim, era de lei ir aos camarins para a caça de autógrafos. E a "gang" de Niterói penetrou ansiosa nos bastidores e sem nenhum problema obteve os autógrafos dos músicos de Mingus, mas, o do líder, só no camarim.

Muita gente formava uma fila para falar com o contrabaixista que, exibindo um constante mau humor assinava com um "quase desprezo" os programas e LPs que os fans apresentavam. Fumava um grosso charuto exalando baforadas que enchiam o pequeno ambiente de fumaça.

Apresentei o LP de 10 polegadas, "Jazz Collaboration", no qual ele lançara o trumpetista Thad Jones pelo seu selo DEBUT. Deu o autógrafo e levantou-se atendendo a chamada de alguém. Fiquei frustrado pois afinal de contas faltava o autógrafo na "Encyclopedia of Jazz", de Leonard Feather, já assinada por gente importante como Dizzy, Armstrong, Ella, Sarah, Horace Silver, Woody Herman e tantos outros.

O chamado era para que Mingus fosse posar para fotografias junto ao piano, no palco do teatro. Não podia perder aquela oportunidade e com algum receio aproximei-me e solicitei o autógrafo. Olhou para mim como se dissesse: "você é um chato" e assinou sob sua foto. Missão cumprida, fomos todos para a saída nos fundos do teatro para a volta a Niteroi.

Fizemos a verificação se todos estavam alí e faltava Geraldo Fernandes a quem carinhosamente chamávamos de "Geraldo Crioulo". Passados quinze minutos informei que iria embora, não adiantava esperar Geraldo. E se ele tivesse saido pela porta da frente, e não tivesse nos encontrado, e ido embora?

De repente surge Geraldo com um sorriso que ia de orelha a orelha. Demos a esculhambação de praxe na base do "sempre se espera pela pior figura" e os demais também iniciaram as reclamações pela demora quando, Geraldo ainda rindo explicou o atraso: "Pôxa moçada, eu só estava esperando o homem acabar de fumar para pegar a guimba do charuto como recordação!" E tirando do bolso a peça exibiu-a como se fosse um troféu. Aí resolvemos todos ir tomar um chope para comemorar a "grande conquista" de Geraldo.

Para quem quiser anotar, eis a formação do grupo de Mingus: Charles Mingus(b)- Danny Richmond(dr)- George Adams(ts)- Hamiet Bluiett (bs), Don Pullen (p).

Por enquanto é só. Depois vem mais.

llulla

JAZZ PARADISO - GOLAÇO DO COUTINHO E DO JAZZ

13 agosto 2006

Foi arrasadora a estréia do nosso Goltinho na FM Paradiso na última quinta-feira. Um programa dedicado aos amantes do jazz e ponto. Sem concessões. Falando o necessário, e apresentando os temas e seus executores, nosso Mestre montou para a data uma pequena homenagem a quem será o patrono de seu programa (além de ter sido seu amigo pessoal), Dizzy Gillespie. E foi com dois temas da big-band de Dizzy tocando aqui no Rio, que iniciaram-se os trabalhos, que vocês poderão escutar se clicarem no player à esquerda. Um verdadeiro presente pelo Dia dos Pais, coisa que a que grande maioria dos aficionados pelo jazz já deve ser.

Além de Dizzy, a seleção contou ainda com Barney Kessel, Mel Tormé, Bud Powell e Duke Ellington Orchestra. Ou seja, um timaço de expoentes do jazz para ninguém botar defeito.

A brilhante iniciativa da Paradiso FM deverá carrear, para o grupo dos já interessados em música mais elaborada uma quantidade crescente de pessoas, dada a sua ótima penetração entre o público um pouco mais jovem e à veiculação, no programa, desses temas escolhidos a dedo pelo nosso Goltinho, equilibrando "standards" com execuções não muito comuns, o que sem dúvida servirá para atiçar a curiosidade dessa faixa de público e consolidar uma audiência bastante variada para seu programa.

Por outro lado, a disponibilização que pretendemos fazer do programa da semana anterior aqui, vai servir como um recurso para aqueles que não puderam ouví-lo pelas mais diferentes razões e que ficariam, claro, frustrados com a perda. Dessa maneira, esperamos contar com o apoio da estação para esta iniciativa, certos de que estamos ajudando a difundir não apenas a "música dos músicos", mas também o seu oportuno esforço nesse segmento.

Ficamos, por outro lado, atentos a qualquer comentário por parte dessa, caso não concorde com a veiculação do programa como aqui disponibilizado, ou diante de quaisquer problemas que isso porventura venha a acarretar.

Com vocês, o Jazz Paradiso! Um verdadeiro oásis...

Cliquem no "player" prateado na coluna de esquerda, para escutar a bela voz do Goltinho e a programação que foi ao ar na última quinta, dia 10/08.

Obs: não é recomendável, neste caso, o uso da função shuffle, para não haver a mistura dos comentários que antecedem ou são complementares às execuções de cada música.

Divirtam-se.

NOSSOS PAIS MUSICAIS - PARTE 1

Para além da integridade absoluta; da honestidade incondicional; da solidariedade que não faz distinção de qualquer espécie; da importância de saber reconhecer os erros; da coragem de defender os pontos de vista - e da paixão pelo Flamengo (como ainda adoro ouvir a história do gol do Valido, no 1º tricampeonato) - sem contar tudo quanto de melhor em valores e virtudes com ele aprendi, descobri em Marcos Benechis meu primeiro e mais importante pai musical.

Aos 16 anos, após um princípio de adolescência naturalmente seduzido pelo pop/rock, aceitei, um tanto relutante, seu convite para atender ao recital de Heitor Alimonda no Salão Leopoldo Miguez, da Escola Nacional de Música, na Rua do Passeio. Nunca mais fui o mesmo. Desde os 13, adorava música e já me sabia um melômano, mas, daquele dia em diante, e pelos dois anos seguintes, larguei as patéticas tentativas dos "progressivos" de fazer música clássica travestida de rock, e mergulhei nos LP's dele, onde estava a fonte de tudo: the real shit, dir-se-ia na gíria jazzística.

Em compositores como Chopin, Beethoven, Bach, Scarlatti, Schubert, Schumann, Liszt, Brahms, Paganini, entre outros, e nos músicos, principalmente pianistas, de uma era romântica do século passado (Malcuzynski, Cziffra, Horowitz, Gieseking, Benda, Ricci, etc.), anteriores à febre dos anos 80, dos "instrumentos de época" e da "busca da intenção do autor", neles descobri a verdade musical maior, que faz a ligação direta entre a alma e a lágrima, e que dá sentido ao dito bíblico: Deus realmente fez o homem "à Sua imagem e semelhança".

Papai, meu primeiro pai musical, meu primeiro ídolo, é pianista clássico e seu modo de tocar, de intepretar, assim como a emblemática coleção de discos, foram, para mim, uma "caixa de Pandora" às avessas: aberta, ao invés de males e pecados, libertou os mais emocionantes segredos e poemas que os Gênios, com sua Música, resolveram, para graça dos demais mortais, dividir conosco.

Minha homenagem, hoje, é, em especial, para você, Benechis Pai e já Avô.

Mas, afortunado, ganhei, com os anos - e ainda recentemente - outros pais musicais: Luiz Paulo Horta, José Domingos Raffaelli, Arlindo Coutinho, Luiz Orlando Carneiro e Luiz Carlos Antunes, de quem falarei, um a um, nos próximos posts.

Por enquanto e desde logo, a todos vocês, obrigado e um feliz Dia dos Pais !

RUFUS HARLEY - MORRE AOS 70

11 agosto 2006

Rufos foi o primeiro músico a tocar jazz numa gaita de fole escocesa. Foi em novembro de 1963, quando jovem músico, olhava os funerais de John Kennedy pela TV. O som das gaitas de fole na procissão fizeram Rufus se interessar pelo instrumento.

Ele tentou replicar o som através do seu saxofone. Não satisfeito, ele buscou em todas as lojas da Filadélfia por uma gaita de fole, mas não encontrou nenhuma.

Quando fez sua primeira viagem a Nova York ele acabou comprando o instrumento e, assim, alterou o curso do jazz para sempre.

Rufos era negro, nascido na Carolina do Norte em 1936, descendente Afro-Americano-Cherokee. Na escola aprendeu a tocar vários instrumentos e utilizou o sax até se apaixonar pela gaita de fole.

Já no início da sua carreira, Rufus tocou com os melhores: Sonny Rollins, Sonny Stitt, Herbie Mann, entre outros.

OUTRO MESTRE DE HOJE: LOC NO JB, SOBRE GETZ

Outro dos Mestres que nos são tão caros, em sua semanal aula no Jornal do Brasil, Luiz Orlando nos brinda com um artigo sobre o saxofonista Stan Getz (para mim o mais "romântico" dos não-melosos, escolhido por nove entre dez apreciadores do jazz quando em busca de um fundo musical propício para uma conquista mais relevante).

Se falamos aqui do que nos ocorre quase sempre quando o ouvimos tocar, nosso Guru vai além e traz-nos uma súbita e bem-vinda visibilidade sobre essa "jóia", em cuja interpretação Getz sai totalmente fora do padrão a que se acostumaram em geral, os seus ouvintes históricos, como eu, que desde já saio correndo atrás do mencionado CD.

É assim mesmo. Para aprender, só lendo os "clássicos". Divirtam-se.

HEAVENLY JAM: AGORA FOI-SE O MONSTRO DUKE JORDAN

Recebi esta manhã uma mensagem do nosso Mestre Raf e decidi transcrevê-la para todos poderem tomar conhecimento do seu teor e ensinamento. Espero que ele não fique chateado com a publicidade dada à sua aula.

Tudo bem ?

Uma perda irreparável: morreu Duke Jordan, um dos maiores e mais inventivos pianistas da história do jazz, que marcou época ao integrar o famoso quinteto de Charlie Parker, cuja obra imortal deixou para a posteridade mais de 50 obras-primas.

Pianista original do mais alto sentido melódico, toque claro e preciso, criador de introduções geniais em standards que passaram a fazer parte integrante das interpretações dessas composições, deixou uma obra maravilhosa em seu nome que só os verdadeiros conhecedores sabem apreciar.

Irving Duke Jordan (1922-2006) - ao contrário de vários pianistas badalados estereotipados que sempre estão na mídia mas não se comparam a ele nem de longe - lamentavelmente desaparece virtualmente desconhecido pelas novas gerações de fãs, que só e interessam pelo que é novo, de hoje, de agora.

Mais uma vez - como aconteceu com os 50 anos da morte de Wardell Gray (2005), 50 anos da morte de Fats Navarro (2000), 20 anos da morte de Benny Goodman (julho/2006), 40 anos da morte de Bud Powell (31/07/2006), centenário de nascimento de Johnny Hodges (Junho/2006) e, muito provavelmente, acontecerá com os 50 anos da morte de Art Tatum, e o centenário de nascimento de Tommy Dorsey - passará em branco na imprensa brasileira o falecimento de Duke Jordan. (depois da dica, talvez não, Mestre, talvez não. Vamos ficar de olho...)

Nunca esquecerei em julho de 1982, quando ouvi Duke Jordan ao vivo, no Knickerbocker, em New York, que, ao apresentar-me como brasileiro, no set seguinte dedicou-me "Garota de Ipanema", tocando a bridge inteiramente improvisada, dando outra e notável demonstração da sua imensa criatividade.

Para mim, Duke Jordan é um dos 10 maiores pianistas da história do jazz e sua obra imortal ficará na eternidade artística.

Abraços
Raf

(Se isso não é uma verdadeira aula, então eu nunca soube o que é uma...
P.S.: A festinha lá em cima deve estar animadaça.)

CARLOS CALLADO: FALANDO DE JAZZ NA FOLHA DE SP

08 agosto 2006

Tomo a liberdade de reproduzir no blog a matéria publicada hoje no Jornal Folha de SP, na qual Carlos Callado escreve sobre Festivais de Jazz em locais como Londrina, Joinvile, Rio das Ostras, Manaus, Guaramiranga, Fortaleza, Ouro Preto e Búzios.

Festivais de jazz crescem fora do circuito Rio-SP
CARLOS CALADO
Colaboração para a Folha de S.Paulo

"Foi-se o tempo em que apenas as capitais do eixo Rio-São Paulo, com raras exceções, tinham acesso a shows de astros da cena internacional do jazz. Nesta década, festivais do gênero têm surgido em diversos Estados do país com uma característica comum: apoiados por órgãos governamentais, esses eventos buscam ampliar o turismo nessas regiões.

"Jazz é sinônimo de música de qualidade", diz a produtora Maria Alice Martins, que criou o festival Tudo É Jazz a pedido do Centro de Artes da Universidade Federal de Ouro Preto. A intenção era melhorar o nível dos turistas que visitavam essa cidade histórica mineira, prejudicada por constante dilapidação de seu patrimônio cultural.

Cerca de 1.700 pessoas acompanharam a estréia do Tudo É Jazz, em 2002. Hoje a previsão é que 8.000 freqüentem os concertos, oficinas e outros eventos, de 21 a 23 de setembro, em Ouro Preto. Com um elenco que não deve nada aos de eventos similares realizados no exterior, o festival destaca expoentes do gênero, como o baixista inglês Dave Holland, o pianista norte-americano Jason Moran e o saxofonista italiano Francesco Cafiso.

"Não é um festival de massa", admite a produtora, atenta aos limites da cidade. Com custo aproximado de R$ 1,2 milhão, o festival tem apoio do Ministério do Turismo e patrocínio da Gerdau Açomimas, que entra com metade da verba por meio de leis de incentivo à Cultura. "Trazendo turistas de qualidade, em vez de predadores, contribuímos para uma cidade mais segura e organizada."

Outro evento desse gênero que já se estabeleceu com sucesso é o de Guaramiranga, cidade de 5.000 habitantes (a 108 km de Fortaleza, no Ceará), que já prepara a oitava edição de seu Festival de Jazz & Blues para fevereiro de 2007. Neste ano, cerca de 15 mil visitantes freqüentaram os shows do evento.

Impulso econômico

"Guaramiranga é uma reserva de mata atlântica e não tem vocação agrícola, nem comercio ou indústria fortes", descreve a produtora Rachel Gadelha, que chegou a ser desestimulada por moradores da cidade, quando lançou o festival, só com o apoio da secretaria estadual de Cultura, em 2000. Naquela época, a cidade nem tinha hotéis e restaurantes suficientes para atender os turistas.

Hoje, o evento contribui para o desenvolvimento econômico de Guaramiranga. "O festival movimenta não só a cidade, mas toda a região", diz a produtora, mencionando dados do Sebrae. "Os quatro dias do festival chegam a movimentar o equivalente a dez meses da arrecadação anual da cidade."

Para atrair turistas ou mesmo fãs locais de jazz, alguns festivais recorrem até a soluções pouco comuns. Como o Londrina Jazz Festival, no Paraná, que vai sediar sua quarta edição, de 7 a 12 de novembro, no centro de eventos de um shopping. "Levamos em conta a boa infra-estrutura, o fluxo diário de 25 mil pessoas e a possibilidade de aliar aos shows uma programação de filmes de jazz nas salas de cinema", justifica o produtor Eduardo Martins.

"O Brasil não é só o eixo Rio-São Paulo", diz Robério Braga, secretário da Cultura do Estado do Amazonas, que realizou há pouco seu primeiro festival de jazz e já o inclui no calendário cultural do Estado para 2007. "O apelo do Teatro Amazonas e da floresta amazônica é forte, e nós temos que utilizá-lo para criar empregos e renda para a população. Esses eventos geram atividade econômica."

Até turistas argentinos e chilenos foram a Búzios, no litoral do Estado do Rio de Janeiro, durante seu festival, em julho. "O público que vem à cidade, nesta época, é formado por pessoas entre 25 e 40 anos, de bom nível econômico, que preferem jazz e blues a rock", diz o produtor Mario Fernandez."

Confira os principais eventos:

5º Festival Tudo É Jazz
Onde: Ouro Preto (MG)
Quando: de 21 a 23/9
Concertos: gratuitos, ao ar livre, no Largo do Rosário; com ingressos entre R$ 10 e R$ 140, no Teatro Ouro Preto e no Salão Diamantina
Atividades paralelas: oficinas de música, debates, mostra de filmes e feira de culinária mineira
Destaques: Dave Holland, Jason Moran, Kurt Elling, Preservation Hall Jazz Band, Francesco Cafiso, Kurt Rosenwinkel, Richard Galliano, Garage à Trois, Zack Broch, Toninho Horta, Leny Andrade, Raul de Souza
Informações: www.tudoejazz.com.br

4º Londrina Jazz Festival
Onde: Londrina (PR)
Quando: de 7 a 12/11
Concertos: gratuitos, ao ar livre, na Concha Acústica; com ingressos pagos, no Centro de Eventos do Catuaí Shopping
Atividades paralelas: oficinas de música e mostra de filmes
Elenco (a confirmar): Lee Ritenour, Rubin Steiner, Naná Vasconcelos, André Geraissati, Marcio Montarroyos, Arthur Maia, Tom Zé, Mombojó
Informações: www.londrinajazzfestival.com

8º Festival de Jazz & Blues
Onde: Guaramiranga e Fortaleza (CE)
Quando: de 17 a 25/2/2007
Concertos: gratuitos, ao ar livre; com venda de ingressos, no Teatro Rachel de Queiroz (Guaramiranga) e no Centro Cultural Sesc Luiz Severiano Ribeiro (Fortaleza)
Atividades paralelas: oficinas de música e feira de artesanato
Elenco: ainda não definido
Informações: www.jazzeblues.com.br

5º Rio das Ostras Jazz & Blues Festival
Onde: Rio das Ostras (RJ)
Quando: de 7 a 11/6/2007
Concertos: gratuitos, ao ar livre, na praia da Tartaruga, em Costazul e na Lagoa de Iriry
Atividades paralelas: workshops, exposição de fotos e mostra de filmes
Elenco (a confirmar): Nicholas Payton, Ravi Coltrane, Soulive, Robben Ford e Scott Henderson
Informações: www.riodasostrasjazzeblues.com

5º Joinville Jazz Festival
Onde: Joinville (SC)
Quando: de 5 a 8/07/2007
Concertos: gratuitos, em dois shoppings; com venda de ingressos, no Teatro da Harmonia Lyra
Atividades paralelas: oficinas e jam sessions
Elenco: ainda não definido
Informações: www.joinvillejazz.com.br

2º Festival Amazonas Jazz
Onde: Manaus (AM)
Quando: julho de 2007
Concertos: gratuitos, no Teatro Amazonas e no Largo de São Sebastião
Atividades paralelas: oficinas de música, palestras, mostra de artes plásticas e exibição de filmes
Elenco: ainda não definido
Informações: www.festivalamazonasjazz.com.br

10º Búzios Jazz & Blues
Onde: Búzios (RJ)
Quando: julho de 2007
Concertos: gratuitos, na praça Santos Dumont e nos restaurantes Chez Michou e Pátio Havana
Elenco: ainda não definido
Informações: www.buziosjazzeblues.com.br


Em suma, se investe e se faz jazz no Brasil.

Fica o registro da interessante matéria.

"HISTÓRIAS DO JAZZ" - UMA DO DIZZY

Conforme promessa feita ao Mau Nah, tendo recuperado a minha matrícula, passo a contar algumas histórias vividas por mim, durante visitas de musicos estrangeiros ao Rio de Janeiro. Corria o ano de 1956, mês de agosto e a turma das "Lojas Murray" ficou ansiosa com a notícia trazida pelo mestre Sylvio Tullio Cardoso: a orquestra de Dizzy Gillespie chegaria ao Rio, contratada pelo empresário Dante Viggiani para uma temporada de uma semana com exibições no Teatro República (hoje estúdios da TVA). Em 7 de agosto, a Embaixada Americana ofereceu um coquetel à imprensa no Clube de Seguradores e Banqueiros (Rua Senador Dantas) para apresentar a orquestra. Lá fomos nós, com um grupo de amigos, conhecer de perto o famoso "criador do bebop". A duração do coquetel foi um bálsamo para todos, entrando em contacto pela primeira vez com músicos que em breve estariam famosos (Phil Woods, Benny Golson, Quincy Jones, Melba Liston, Walter Davis Jr., Charlie Persip, etc.)

Gillespie divertia a todos com suas momices. Contava piadas e as descrevia com caretas e sons guturais muito engraçados. De repente, soubemos que a estréia não seria no dia seguinte no República mas, naquela mesma noite, nos estúdios da TV Tupi, na Urca. Havia uma greve de taxi e fomos no velho ônibus URCA, levando Quincy Jones. Ao chegarmos na Tupi surgiu o primeiro problema. Um porteiro barrou a entrada de todos nós, informando que, por ordem da direção, ninguem entraria. Argumentamos que não havia ingressos para comprar e não entendiamos "as ordi". Não houve jeito. Em altos brados o robusto porteiro informava "SÓ ENTRAM OS MÚSICOS"...

Foi quando chegou Dizzy acompanhado por alguns fans e vendo a aglomeração na porta indagou o que estava ocorrendo. Alguem explicou que o porteiro informara que só entrariam os músicos. Dizzy, tirando o cachimbo da boca exclamou: "Shit, Brazil is the land of difficulties!". E pegando cada um de nós pelo braço, disse:
"this man plays trombone", "this man plays trumpet", "this man plays bass" e assim por diante até que todos tivéssemos entrado.

O porteiro apenas, como se diz no box, arriou os braços...

Para quem quiser anotar, eis a formação da banda:
Dizzy, Emmett V. Perry, Carl "Bama" Warwick, Quincy Jones (tp); Rod Lewitt, Frank Rehack, Melba Liston (tb); Phil Woods, James Powell (as); Benny Golson, Billy Mitchell (ts); Marty Flax (bs); Walter Davis Jr. (p); Nelson Boyd (b); Charlie Persip (dr); Austin Cromer (vo).

Por enquanto é só.

A MÚSICA DE QUALIDADE PERDE UM EXPOENTE:
MORREU O MAESTRO MOACIR SANTOS

Morreu no domingo, em Los Angeles, um dos grandes nomes da música, considerado o mundo todo. Foi ele, indiretamente, um dos responsáveis pela criação deste espaço, sem que jamais tivesse sido informado disso. Por conta da forte e veemente indicação do disco Ouro Negro, todo de composições suas (e produzido brilhantemente por Mario Adnet e Zé Nogueira), pelos confrades Sazz e DeFrag, ainda em 2002 e a minha então descoberta desse verdadeiro tesouro musical, é que decidi criar o blog para dar visibilidade a informações desse tipo.

Neste link há uma curiosa entrevista com o Maestro, que reconta suas origens e história de vida.

A dimensão efetiva de Moacir Santos não cabe neste post. A rede fornece muito material sobre ele, para quem se dispuser a conhecê-lo.

Só nos resta registrar que foi um verdadeiro gênio e que sua obra de altíssima qualidade ainda vai encantar a muita gente, por muito tempo, como me encanta a cada audição.

Maestro Moacir José dos Santos, descanse em paz!

P.S.: incluí, às pressas, na playlist, uma faixa do Ouro Negro. Destaca-se ali, além do vocal inconfundível de Djavan, do belo sopro do trombone do Vittor Santos, a voz grave e doce do Maestro.

GUITARRISTA MARCOS AMORIM NA JAZZIZ

07 agosto 2006

A edição deste mês da Revista JAZZIZ traz um CD contendo uma coletânea de 12 guitarristas, sendo que um deles é o músico brasileiro Marcos Amorim, o qual já participou de uma das edições dos Concertos produzidos pelo CJUB.

Seguem abaixo os comentários sobre Marcos Amorim:

A bilingual musician if there ever was one, MARCOS AMORIM includes both English and Portuguese spellings on his American debut CD, Coisas Demais Por Fazer/Many Things To Do (Adventure Music). The Brazilian guitarist also translates song titles like “Sete Capelas/Seven Chapels,” a piece featuring soothing melodies by himself and flutist Nivaldo Ornelas. These augment the stuttering, off-timed rhythms of bassist Ney Conceição and drummer/percussionist Robertinho Silva. Amorim has become a favorite on both the touring and instructional circuits in Brazil since releasing his 1993 debut CD. Boto/The Pink Dolphin was named the Best Instrumental CD of the Year by O Globo, Rio de Janeiro’s leading newspaper.

Beto Kessel

EXCEPCIONAL NOTÍCIA: JAZZ SEMANAL NA PARADISO FM

05 agosto 2006

Soubemos da grande notícia hoje, durante nosso almoço mensal. O Arlindo Coutinho, um dos confrades cjubianos, informou que estréia na próxima quinta-feira, às 22 hrs. um programa dedicado ao jazz, na Rádio Paradiso 95,7 FM. Dono de uma larga experiência anterior na condução do "Jazz+Jazz", que ficou na Globo FM por cerca de 10 anos, nosso Goltinho volta a soltar sua voz grave, conduzindo uma programação que vai atender a uma fatia da audiência bastante exigente e sofisticada.

Podemos esperar belos e emocionantes momentos, pinçados na vasta discoteca (cdteca?) do Arlindo, que certamente surpreenderá os ouvintes com suas raridades bem guardadas e seu bom gosto de sempre.
Ganham, com o retorno dele ao ar, todos os aficionados por música de alta qualidade, que hoje não tem muitas alternativas. Pois com a brava exceção do longevo programa de Nelson Tolipan na Rádio MEC, nada mais restava dedicado ao jazz no Rio de Janeiro.

Isso agora muda, e daqui desejamos ao Coutinho e à Paradiso uma longa convivência, em prol não só dos jazzófilos de carteirinha mas da "música para pensar". Feita em qualquer lugar do mundo, inclusive e com boa dose de qualidade, aqui no Brasil. E se depender do nosso confrade, é bem provável que os músicos brasileiros que tocam jazz venham a ter uma boa parcela de exposição ao grande público, por suas mãos competentes.
Aguardamos, pois, com boa ansiedade, a re-estréia do Arlindo em Rádio. E daqui enviamos nossa saudação à direção da Paradiso FM pela boa idéia de dar prestígio ao jazz dentro de sua programação. Parabéns!

FESTIVAL DE JAZZ DE OURO PRETO

Saiu a programação do mais esperado festival de jazz do Brasil, o Festival Internacional de Jazz de Ouro Preto - Tudo é Jazz.

Em sua quinta edição, o festival já é referência no que há de melhor no panorama musical e confirma, mais uma vez, o interesse pela boa música e sempre com novidades, apresentando tanto nomes expressivos do jazz internacional quanto nacional, apesar do pouco e merecido espaço que nossos talentos tem para se apresentar.

O festival realiza-se de entre os dias 21 e 23 de setembro na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais.

Segue a programação :

Dia 21 setembro 2006

  • Palco Preservation Hall - Praça Largo do Rosário
18 horas - Matheus Von Krüger (violão) & Piero Grandi (guitarra)
19 horas - Grupo Trilos
Chiquinho Assis (violão), Márcio Lima (flauta) e Rodrigo Toffolo (violino) ;
20 horas - Celso Alves & Trio
Celso Alves (voz), Beto Lopes (baixo e violão), Wilson Lopes (violão) e André Queiroz (bateria);
21 horas - Chico Amaral & Banda
Chico Amaral (sax), André Queiroz (bateria), Magno (guitarra) e Enéias Xavier (baixo)
  • Teatro Ouro Preto
18 horas - Esdra Ferreira "Nenen" e Mauro Rodrigues
Esdra Ferreira 'Nenen' (bateria), Mauro Rodrigues (flauta), Ivan Corrêa (contrabaixo), Sérgio Aluotto (vibrafone), Ricardo Cheib e Guda (percussão);
19:30 horas - Celso Moreira
Celso Moreira (guitarra), Milton Ramos (contrabaixo) e, André 'Limão' Queiroz (bateria)
  • Salão Diamantinha - Parque Metalúrgico
21 horas - Jason Moran and the Bandwagons
Jason Moran (piano); Tarus Mateen (baixo);Nasheet Waits (bateria).
22:30 horas - Dave Holland Quintet
Dave Holland (contrabaixo), Robin Eubanks (Trombone), Chris Potter (sax soprano, alto & tenor), Steve Nelson (vibrafone) e Nate Smith (bateria)
24 horas - Toninho Horta
Robertinho Silva (bateria), André Dequech (piano) e Rudi Berger (violino)
Kurt Rosenwinkel Group
Kurt Rosenwinkel (guitarra), Aaron Parks (piano), Jeff Ballard (bateria) e Ben Street (baixo).

Dia 22 setembro 2006
  • Teatro Ouro Preto
18 horas - Garage à Trois
Stanton Moore (bateria), Charlie Hunter (guitarra), Eric Walton (saxophones) e Mike Dillon (vibraphone e percussão)
19:30 horas - Magic Malik Orchestra
Malik Mezzadri (flauta e vocal), Denis Guivarch (sax alto), Sarah Murcia (baixo), Jozef Dumoulin (piano e teclados) e Maxime Zampieri (bateria)
  • Salão Diamantinha - Parque Metalúrgico
21 horas - Francesco Cafiso
Francesco Cafiso (sax), Ricardo Arrighini (piano), Aldo Zunino (baixo) e Stefano Bagnoli (bateria)
22:30 horas - Richard Galliano "Tangaria Quartet"
Richard Galliano (acordeão), Rafael Mejias (percussão), Philippe Aerts (baixo) e
convidados Hamilton de Holanda (bandolim) e Amoy Ribas (percussão)
24 horas - Kurt Elling Quartet
Kurt Elling (voz), Rob Amster (baixo), Laurence Hobgood (piano), Kobie Watkins (bateria)

Dia 23 setembro 2006
  • Teatro Ouro Preto
18 horas - André Mehmari em piano solo
19:30 horas - Zack Broch & The Coffee Achievers
Zach Brock (violino), Sam Barsh (piano, melodica, keyboards), Matt Wigton (baixo elétrico e acústico) e Jon Deitemyer (bateria)
  • Salão Diamantina - Parque Metalúrgico
21 horas - Trio da Paz
Romero Lubambo (violão), Nilson Matta (baixo) e Duduka da Fonseca (bateria e percussão)
22:30 horas - Leny Andrade
Leny Andrade (voz), João Carlos Coutinho (piano), Lúcio Nascimento (baixo) e Adriano de Oliveira (bateria)
24 horas - Raul de Souza & Claire Michael Group
Raul de Souza (trombone), Claire Michael (saxofones), Jean-Michel Vallet (piano & fender Rhodes), Thierry Le Gall (bateria) e Patrick Chartol (baixo)

Acontece nos 3 dias de Festival :

Praça de Alimentação, Parque Metalúrgico
Shows com Denise De Miranda às 20 e 23:00 hs. nos 3 dias de Festival.

Jazz Tour com Russo Jazz Band
Ragtime, spirituals, marchas, canções populares e o bom e velho blues é a receita da Russo Jazz Band, banda especializada na pesquisa e reconstrução do jazz que vai para as ruas de Ouro Preto durante todo o Festival,
Os clássicos do jazz e de todas estas outras vertentes musicais passearão pelas ruas de Ouro Preto e pelo Trem da vale (que liga Mariana a Ouro Preto) durante os três dias do festival.
A facilidade de deslocamento da banda, que utiliza somente instrumentos acústicos, foi um dos motivos que fez com que ela fosse escolhida para encabeçar essa tour.
No repertório, clássicos como "Hello Dolly", "Ain't She Sweet", "When The Saint's Go Marchin' In" dentre outras dezenas de temas do cancioneiro popular norte-americano embalados por uma performance no mínimo inusitada, cheia de humor, criatividade e musicalidade.

Jazz Funeral
O grupo paulista Original Jazz Band estará em Ouro Preto, no dia 23 de setembro (sábado) às 16 horas na Praça Tiradentes, apresentando um autêntico "Funeral em New Orleans".
Os Funerais de New Orleans são conhecidos pela fusão do jazz, blues e spirituals com suas crenças, costumes afros, costumes locais e elementos históricos da região, cujas bandas atuavam como "bandas de funeral" com a finalidade de acompanhar os cortejos que saiam da cidade em direção ao cemitério e de lá voltavam embalando a pequena multidão.
A Cia de Música Jama adaptou os Funerais de New Orleans em duas versões: uma para rua e outra para teatro. O elenco básico inclui a Original Jazz Band (Trompete, Trombone, Clarinete, Tuba, Banjo e Wash Board), o pastor, a viúva e alguns acompanhantes fazendo as vezes das "outras companheiras do falecido", e amigos. Alguns elementos são típicos e fazem a marca de New Orleans: guarda-chuvas pretos, trajes pretos da época, chapéus floridos das mulheres, chapéus pretos e palhetas nos homens.
É um espetáculo divertido e resgata um legado cultural significativo da fusão de raças com seus costumes, tradições e crenças.

Festival Internacional de Jazz de Ouro Preto
21 a 23 de setembro de 2006
www.tudoejazz.com.br

JVC JAZZ FESTIVAL 2006

02 agosto 2006

Foi na noite de 23 de Junho pp em N. York, que Herbie Hancock comemorando 45 anos de carreira reuniu varios musicos amigos no lotado (sold out a varios meses) Carnegie Hall, durante o último JVC Festival para um programa já chamado como THE CARNEGIE NIGHT.
Hancock abriu a noite perguntando para a platéia se havia algum grande saxofonista na casa, e eis que surge da coxia para surpresa de todos, Michael Brecker fazendo sua 1a apresentação publica passado mais de ano, desde que contraiu a "Myelodyplastic Syndrome" e juntos tocaram "I Thought About You" e "One Finger Snap", após o que foram chamados ao palco Ron Carter e Jack DeJohnette para mais 3 temas, sendo o último uma nova composição de Brecker para celebrizar a vida e encerrar o set de forma arrebatadora.
Após um breve intervalo H.Hancock apresenta seu atual quinteto com; Lionel Loueke (guitarra), Lili Haydn (violino e vocal), Matthew Garrison (baixo elétrico) e Richie Barshay (bateria) para alguns standards próprios, notadamente "Sonrisa e Unfolding Grace", este com um vocalize e solos de Haydn.
A seguir na introdução de "Chameleon" Hancock convocou o baixista Marcus Miller que tomou conta da casa com solos e improvisos infernais.
Para amenizar a euforia dos mais entusiasmados fez em duo com Gonzalo Rubalcaba uma verdadeira suite juntando "Maiden Voyage" e "Footprints" de arrepiar o último fio de cabelo, de cada presente.
Na parte final do programa com quase 25 minutos foi tão somente com o aclamado quarteto, que ganhou todos os premios possíveis de 2004, ou seja; Wayne Shorter, Dave Holland e Brian Blade, que segundo o crítico da "DB" Ted Panken foi um verdadeiro extase em estado de arte musical, simplesmente definitivo e que para nós simples mortais resta esperar pelas possíveis gravações... (que oxalá venham)...

VI FESTIVAL DE JAZZ NO DRINK CAFÉ - LAGOA, RJ

O quiosque Drink Café na Lagoa dá sequencia ao seu festival de jazz e música instrumental neste mês de agosto.

Programação :

02/08 - quarta-feira – Dário Galante
03/08 - quinta-feira – Ney Conceição, Nelson Farias e Kiko Freitas
04/08 - sexta-feira – Paulinho Trompete convida Guinga
05/08 – sábado – Victor Biglione, Marcel Baden Powell e João de Aquino
06/08 – domingo – Taryn Spilman, Cláudio Infante, Glauton Campello e André Neivas

10/08 - quinta-feira – Wilson Meirelles
11/08 - sexta-feira – Yuri Popov
12/08 – sábado – Nivaldo Ornelas
13/08 – domingo – Bruce Henry

Os shows começarão sempre às 21h, com couvert a R$ 10,00.
O Drink Café tem capacidade para 160 pessoas.
Endereço: Av. Borges de Medeiros s/ nº . Parque dos Patins nº 5, Lagoa-RJ
Reservas: (21) 22394136