Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

MILTON, SEM RÓTULOS, IGUALA-SE AOS FIGURÕES DO JAZZ

13 abril 2006

Matéria publicada no jornal Folha de SP, 13/04/2006

Um fã desavisado poderia se surpreender ao ver Milton Nascimento cantar um clássico do jazz, dedilhando um baixo acústico. Foi exatamente assim que o compositor abriu seu show de anteontem pela série Credicard Vozes, no Bourbon Street, em São Paulo. Como outros artistas que já participaram desse projeto, Milton aceitou o desafio de interpretar um repertório diferente do habitual. Ou de reler seus sucessos num formato musical diverso do que o consagrou. Acompanhado por seu sexteto, ele foi direto ao assunto: já entrou em cena vocalizando a melodia de "Work Song" (de Nat Adderley), clássico do soul-jazz dos anos 60. E, sem largar o contrabaixo, emendou uma versão descontraída de outra pérola do gênero: "Far More Blue" (de Dave Brubeck). Quando tudo indicava que a seleção de clássicos do jazz continuaria, Milton virou o jogo. Trocou o baixo pelo violão e, com aquela voz sublime que emociona platéias há quatro décadas, relembrou a bela "Outubro" (parceria com Fernando Brant), lançada por ele em seu disco de estréia, em 1967. Para quem acompanha de perto a trajetória do carioca mais mineiro da MPB, esse foi o verdadeiro início do show. A relação de Milton com o jazz o segue desde cedo e transparece em boa parte de sua obra, especialmente na maneira de tratar melodias e harmonias. Mesmo sem ser um jazzista literal, Milton é um adepto do improviso como método de criação. Não foi à toa que ele incluiu no roteiro outras canções da fase inicial de sua carreira. Como a pungente "Tarde" (parceria com Márcio Borges), recriada com pulso de samba, em arranjo bem jazzístico. Ou a solar "Canção do Sal", que ressurge em versão mais vibrante do que a original. Também não é à toa que Milton escolhe para sua banda músicos com formação jazzística, como o tecladista Kiko Continentino, o guitarrista Wilson Lopes ou o baterista Lincoln Cheib, que já o acompanham há anos. Esse know-how ficou bem evidente na longa versão de "Vera Cruz" (parceria com Marcio Borges), repleta de improvisos, como numa "jam session". Outro momento conectado com o jazz veio com "Lilia", tema instrumental lançado originalmente no lendário álbum "Clube da Esquina" (1972), que Milton compôs em homenagem à sua mãe. A nova versão ganhou um sotaque oriental, insinuado pelo expressivo solo de Widor Santiago ao sax soprano.

Nenhum comentário: