Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

MICHAEL CARNEY - GUILHERME GONÇALVES QUINTETO - Mistura Fina, 28/7/2005 - @@@1/2

08 agosto 2005

Para quem - como nós do CJUB, e os demais visitantes do site - já tinha sido adiantado o repertório, o ineditismo do vibrafone em concertos Chivas Lounge era, sem dúvida, atrativo especial, mas, com aquele set list, não há como negar, a XXII edição da série, acabou ganhando dimensão épica.
Fato semelhante, aliás, aconteceu na concerto anterior, no início do mesmo mês de agosto, quando José Staneck (gaita), não bastasse ladear-se ora de Henrique Band (sax soprano), ora de Marcos Amorim (guitarra), arregimentou portentosa sessão rítmica (Luiz Avellar, piano, Paulo Russo, contrabaixo e Rafael Barata, bateria), pela primeira vez reunida e que sustentou, com incomparável elan, o talento e virtuosismo do líder em temas dificílimos, como um inimaginável Blue Rondo a La Turk (Brubeck), sem contar as memoráveis renditions de dois dos inesquecíveis registros da emblemática união de Toots Thielemans e Bill Evans, no famoso album Affinity (1978, Warner).

Mas se as escolhas, quase nunca usuais, de Staneck, representaram verdadeiro tour-de-force para seu estelar grupo (cotação @@@1/2), a convocação da dupla Guilherme Gonçalves (bateria) / Michael Carney (vibraharp e steel drum) para a noite do último dia 28, parecia ainda mais desafiadora.

Afinal, não é para qualquer um abrir o set com Bolivia (C. Walton), com sua intrincada alternância rítmico-melódica; atacar, em seguida, Half Nelson, quase esquecido mas delicioso tema de Miles Davis, dos seus remotos tempos de Prestige; e reviver o hino de Charles Lloyd, Forest Flower, pena que, neste último caso, em equivocado arranjo, que deixou escapar a rara oportunidade de liberar os brazucas Glauton Campelo (piano), José Santa Roza (baixo), o próprio Gonçalvez e o radicado Idriss Boudrioua (sax alto), para consumarem a obra do americano na verdadeira bossa-nova como ela foi concebida (e quase nunca apropriadamente interpretada, sequer pelo grupo do próprio Lloyd).

Com Alone Together (Dietz/Schwartz), veio a finesse de Michael Carney no steel drum, por ele trazido para o universo jazzístico como tamanha propriedade que nem parecia o instrumento de percussão quase que unicamente associado à música caribenha.
Carney operou milagres no tambor, deixando atônita a platéia, não só com seu absoluto domínio do insólito instrumento, mas com a delicadeza dos sons que dele retirou, em inspiradíssimos solos, todos - senão superiores - no mínimo à altura de sua performance no vibrafone, esta timbristicamente associada a Milt Jackson (geralmente usando mallets pequenos e mais duros), mas com espectro musical muito pessoal, consistente e, acima de tudo, maduro.

Island Fantasy, composição de Carney originalmente escrita para o tambor de lata e orquestra, atingiu satisfatória redução para a formação jazzística do conjunto, que traduziu as variadas nuances da obra, aproximando o modalismo das músicas clássica e nordestina.

Embevecido pela balada pop A Remark You Made, logo reconhecida pelos saudosos do Weather Report, o publico passou do sonho à alucinação com um Cherokee (R. Noble) em usual uptempo - ma non troppo aqui - Gonçalves surpreendendo ao trocar o mood blakeyano a ele tanto peculiar, pela autêntica emulação do estilo de Max Roach, num dos pontos altos da noite.

Havia fôlego, ainda, para um Doxy (S. Rollins) em levada medium, bem marcada e sem pressa, para que Idriss e Campelo pudessem, em seus solos, desfilar quase todos os clichês do blues, culminando com a troca de pares de compassos apenas entre baixo e bateria, antes da volta ao tema, que encerrou a generosa 1ª sessão, só esta, de quase hora e meia.

(continua)

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