Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

MAIS DO NOSSO MESTRE-REMOTO - LUIZ ORLANDO CARNEIRO
COLUNA DO JORNAL DO BRASIL DE 30/06/2005

01 julho 2005

Impossibilitados de nos manter longe das palavras desse "scholar" do jazz, transcrevo o artigo de LOC no JB de ontem, para quem não leu.

Wayne Shorter se supera em novo álbum

"Neste mês que chega ao fim, depois de um longo período de abstinência em matéria de CDs de jazz de alta qualidade, para quem não tem condições de importá-los a peso de dólar ou euro, a Verve-Universal merece um "muito obrigado" pelo lançamento concomitante - lá fora e aqui - do novo disco do cada vez mais free e telepático grupo do saxofonista-compositor Wayne Shorter, 71 anos, intitulado Beyond The Sound Barrier.

Nenhum dos gigantes do jazz vem criando, neste início de século, com a naturalidade de quem respira, música tão livre, abstrata e cerebral - mas ao mesmo tempo tão irresistível, hipnótica e emocionante - como Shorter, em comunhão total com os soberbos integrantes de seu quarteto: Danilo Perez (piano), John Patitucci (baixo) e Brian Blade (bateria).

O álbum Footprints live! - oito momentos supremos do grupo, gravados em festivais europeus, em 2001 - foi eleito, justamente, o melhor do ano de 2002 pela maioria da crítica especializada. E, para surpresa dos jazzófilos brasileiros, o grand cru classé da Verve foi editado e distribuído por aqui naquele mesmo ano.

"Estamos tocando num esquema similar ao de Footprints em diferentes cidades, mas sempre indo bem mais longe do que qualquer coisa que fizemos nas noites anteriores. Não temos mandatos neste conjunto. Nossa atitude é pintar com aquarelas, usar boa tinta a óleo ou deixar a tela em branco, à vontade de cada um" - explicou Shorter em entrevista à Jazz Times de junho, a propósito da atual fase do quarteto e dos takes de Beyond the Sound Barrier, feitos entre novembro de 2002 e abril do ano passado, em apresentações nos Estados Unidos, na Europa e na Ásia.

Para ficar no campo da pintura, diríamos que o expressionismo abstrato de Shorter & Cia. não é tão contundente (para muitos agressivo) como a action-painting de Jackson Pollock, cuja tela White Light ilustrou a capa do LP Free jazz, com o qual Ornette Coleman e seu quarteto duplo escandalizaram o jazz establishment, no início dos anos 60. O fascinante quarteto de Shorter está em constante action-playing, mas as "pinceladas" de seus integrantes têm mais a ver com o abstracionismo incisivo, embora mais "composicional", de um Franz Kline.

Beyond the Sound Barrier contém oito faixas, das quais cinco são improvisações livres e interativas a partir de temas do saxofonista (três novos, como a faixa-título; Joy Ridere Over Shadow Hill Way são de 1988). Smiling Through vem de um filme de Arthur Penn e On Wings of Song baseia-se numa canção de Mendelssohn.

O saxofonista-líder emprega mais neste último disco seu cortante e imprevisível sax soprano, diferentemente de Footprints live!, em que predominava seu vaporoso tenor.

É difícil dizer qual dos dois álbuns é o melhor. Mas Beyond... reflete, evidentemente, que o pulsar permanente das especulações, comentários e declarações musicais dos quatro notáveis músicos ficou ainda mais livre, complexo e fluente, depois de um sem-número de concertos de um conjunto que nunca ensaia, apresentando-se sempre ao vivo, na base do aqui e agora. Ou nunca mais."

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