Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

"COMO SABER GANHAR E PERDER (COLEÇÕES)" ou "JÁ POSSO ENCOSTAR O CAMINHÃO ?"

30 junho 2005

I. Primeiro modo:

Primeiro, vença por 3x1 em seu território.
Depois perca por 3x1 em terreno alheio.
Por fim, em campo neutro, humilhe o adversário aplicando-lhe inesquecível lição e deixando-o literalmente de 4. (Antes disto, porém, decida-se se v. torce pelo verde e amarelo ou pelo azul e branco).

II. Segundo modo:

Primeiro, teime que Ray Brown nunca tocou violoncelo (de fato nunca o fez decentemente - ao contrário de Sam Jones e Pettiford - mas vá lá) e, claro, fique com cara de tacho perante sua confraria, ao ser apresentado ao tal fatídico album "jazz cello" (Ah, sim, reconheça seu erro em publico e restaure sua dignidade).

Depois, veja seu colega editor precocemente asSÁssinar o ainda VIVÍSSIMO James Moody, escrevendo até que o último album de Joey Defrancesco acabou sendo "um trabalho post-mortem do grande jazzista (Moody)".

Finalmente, aposte - de novo - sua preciosa coleção de jazz, teimando, diante de vários confrades, que "O Globo nunca mencionou o SOULSEEK" (programa de troca de arquivos pela internet), na reportagem do dia 28 p.p., sobre a decisão da Suprema Corte Americana, condenando tais softwares:

"Jornal: O GLOBO
Autor: Editoria: Economia Tamanho: 618 palavras
Edição: 1 Página: 23
Coluna: Seção:
Caderno: Primeiro Caderno


SUPREMA CORTE DOS EUA DECIDE QUE SITES PODEM RESPONDER POR PIRATARIA
28/06/2005

Ação aberta por MGM é vista como vitória da indústria de entretenimento

WASHINGTON. A Suprema Corte dos Estados Unidos decidiu ontem, por unanimidade, que os estúdios de Hollywood e a indústria fonográfica podem processar por pirataria os sites e empresas que permitam a troca de arquivos de música e filme pela internet. Essa decisão derruba a de uma Corte de Apelações que estabelecia que as chamadas redes peer-to-peer (ou P2P, em que o site cede a tecnologia para que os usuários troquem arquivos entre si) não podiam ser acusadas de pirataria, porque podem ser usadas para atividades legais.

A decisão de ontem foi tomada no processo da Metro Goldwin-Mayer (MGM) contra a StreamCast, controladora dos sites Grokster e Morpheus. O caso agora volta à corte distrital para julgamento.

(...)

O pioneiro dos sites P2P, o Napster, foi fechado pela indústria fonográfica e hoje pertence a uma multinacional. A Corte de Apelações havia dito que o Grokster era diferente do Napster porque os arquivos não eram compartilhados por um servidor central. Há outros sistemas importantes de trocas de arquivos no mercado, como o Kazaa e o SOULSEEK.
" (texto publicado na edição IMPRESSA, conforme a seguir:




Amanhã, segue caminhão para o Jardim Botânico, Rua Eurico Cruz. Escolhi a companhia Mudanças GATO PRETO, certamente mais apropriada à aposta.

DOWN BEAT "CD REVIEWS"

29 junho 2005

Transcrevo abaixo as cotações de 12 CDs feitas pela Down Beat de Julho/2005, a saber:

1) Keith Jarrett " Radiance " ( ECM ) - @@@@
2) Terence Blanchard " Flow " ( Blue Note ) - @@@@
3) Eddie Palmieri " Listen Here " ( Concord ) - @@@@
4) Joe Lovano " Joyous Encounter " ( Blue Note ) - @@@@
5) Charlie Parker " Liveology " ( RE ) - @@@@
6) Gary Burton " Next Generation " ( Concord ) - @@@
7) Alexander Schlippenbach / Axel Dorner " Monks Casino " ( Intakt ) - @@@@
8) Jonas Kullhammar Quartet " Plays Loud For The People " ( Moseroble ) - @@@
9) Gebhard Ullmann " The Big Band Project " ( Soul Note ) - @@@@@
10) Anthony Braxton " Concepts Of Freedom " ( Hatology ) - @@@@
11) Dave Brubeck " London Flat, London Sharp " ( Telarc ) - @@@
12) James "Blood" Ulmer " Birthright " ( Hyena ) - @@@@@

ECOS DA PABLO: "Carter & Gillespie"

Dentro da minha vontade de dividir com os CJUBIANOS os sons que admiro e que foram importantes na consolidação do meu gosto musical, e se não me enganei de gravadora, há quase 30 anos atrás, a Pablo lançou um belo trabalho dos grandes músicos Benny Carter e Dizzy Gillespie.

O tema Night in Tunisia foi escrito por Gillespie em 1942, quando ele estava trabalhando com Benny Carter.

O CD (eu o tive em vinil) tem como acompanhantes nada menos que Joe Pass na guitarra, Al Mc Kibbon no baixo, Mickey Roker na bateria e Tommy Flanagan no piano.

O nome do trabalho (Sweet and Lovely) diz tudo. É muito bonito

Destaco o tema "The Courtship"de Carter (conhecido como The King /aliás título de outro trabalho espetacular lançado pela mesma Pablo).

Abraços,

Beto Kessel

NOTÍCIAS DE CHARUTOS, DA CIGAR AFICIONADO

27 junho 2005

Em seu número de junho (em papel) a revista Cigar Aficionado, uma referência no acompanhamento da indústria dos puros, traz um ranking, ainda não disponibilizado em seu site, no qual um grande destaque é dado às produções de países como Nicarágua, República Dominicana, Honduras e El Salvador, entre os principais destinos de sementes de fumo cubano de ótima categoria e capitais norte-americanos para a sua boa "adubagem". Em vista do embargo econômico a Cuba e ao enorme crescimento do mercado de charutos nos EUA, tudo refluiu para esses caribenhos vizinhos de clima assemelhado.

Os nítidos resultados já começam a aparecer nas notas que essas produções alternativas vem alcançando nos "tastings" às cegas - quando grupos de conhecedores e especialistas provam diversos produtos sem saber o que estão fumando, para poderem de maneira isenta, dar suas avaliações.

Há diversos charutos dessas procedências alcançando notas acima de 90, um patamar bastante elevado e inconcebível para charutos não-cubanos até uns 8 anos atrás. Foi com essa nota, inclusive, que na categoria Churchills, o nicaragüense Padrón 1964 Anniversary Series chegou em primeiro, seguido por outro conterrâneo, o Condega Cuban Seed Corojo 1999 com 89 pontos, enquanto o primeiro cubano, um Quai D'Orsay Imperiales, chegou em quarto com 88 pontos, empatado com o dominicano H.Upmann Chairman's Reserve, na última experimentação coletiva.

Como curiosidade, as demais 3 primeiras colocações, nas outras categorias:

Coronas: Em 1o., o hondurenho Hoyo de Monterrey Dark Sumatra Ebano (89 pts.); em 2o., o La Flor Dominicana Grand Maduro no. 7 (89 pts.) e em 3o. o dominicano Romeo y Julieta 1875 Cedros de Luxe no. 2, com a mesma pontuação, aparecendo em quarto lugar o primeiro cubano com a mesma nota, o Trinidad Coloniales.

Coronas Gordas: Empate triplo com 89 pontos, entre o cubano Flor de Rafael Gonzales Corona Extra, o hondurenho Gran Habano Connecticut Gran Robusto No.1, e outro cubano, o Punch Punch desta bitola. O charuto de Honduras, disponível para os americanos custa meros 3,80 dólares, enquanto os cubanos que o cercam custam entre 10 e 11 libras esterlinas em Londres.

Figurados: Nicarágua e Honduras empatam em primeiro lugar com 90 pontos, o Bucanero Salsa e o Camacho Corojo Diadema respectivamente representando seus países de origem, com o dominicano Arturo Fuente Hemingway Series Short Story vindo em terceiro com 89 pontos, precedendo o primeiro cubano, o Diplomaticos No.2, com 88 pontos.

Robustos: Neste calibre Cuba parece retomar sua liderança histórica, com os dois primeiros lugares, sendo o primeiro, o Vegas Robaina Famoso o de maior nota absoluta, com 92 pontos, seguido do H. Upmann Connoisseur No.1 com 91 pontos, e em terceiro aparece o dominicano Davidoff Millenium Blend Series Robusto. Daí em diante, supreendentemente, não aparecem outros cubanos nesta categoria, sendo que até o patamar de 84 pontos há uma profusão de nicaragüenses, dominicanos e hondurenhos.

Na ilustração, dados do nicaragüenho considerado destaque da semana passada pela revista. Um detalhe: perto dos preços internacionais dos puros cubanos, um figurado com essa alta nota de qualidade, pela baixa nota de US$6,00 (lá, claro), tem tudo para fazer a alegria dos amantes da fumaça espessa.

JAZZ AWARDS

25 junho 2005

Na última quinta feira, tivemos no JB os comentários do Luiz Orlando Carneiro sobre os melhores escolhidos pela Associação de Jornalistas de Jazz, com destaque para Maria Schneider.

Abaixo transcrevo os nomes dos demais ganhadores para conhecimento de voces

Jazz Awards from Jazz Journalists' Association.

The ceremony was held in New York City on June 14.The complete list of the ninth annual JJA (Jazz Journalists Association ) awards winners:
1) Lifetime Achievement in Jazz - Hank Jones
2) Musician of the Year - Dave Holland
3) Up & Coming Musician of the Year - Jeremy Pelt
4) Jazz Album of the Year - Maria Schneider, Concert In The Garden (ArtistShare)
5) Jazz Reissue of the Year, single CD - Coleman Hawkins, Centennial Collection (BMG Bluebird)
6) Jazz Reissue of the Year, boxed set - Albert Ayler, Holy Ghost (Revenant),
7) Jazz Record Label of the Year - Palmetto
8) Jazz Events Producer of the Year - Todd Barkan/Jazz at Lincoln Center
9) Jazz Composer of the Year - Maria Schneider
10) Jazz Arranger of the Year - Maria Schneider
11) Male Jazz Singer of the Year - Andy Bey
12) Female Jazz Singer of the Year - Luciana Souza
13) Latin Jazz Album of the Year - Jerry Gonzalez, Y Los Piratas del Flamenco (Sunnyside)
14) Small Ensemble Group of the Year - Jason Moran Trio
15) Large Ensemble of the Year - Maria Schneider Big Band
16) Trumpeter of the Year - Clark Terry
17) Trombonist of the Year - Roswell Rudd
18) Player of the Year of Instruments Rare in Jazz - Gregoire Maret, harmonica
19) Alto Saxophonist of the Year - Phil Woods
20) Tenor Saxophonist of the Year - Joe Lovano
21) Soprano Saxophonist of the Year - Wayne Shorter
22) Baritone Saxophonist of the Year - Claire Daly
23) Clarinetist of the Year - Don Byron
24) Flutist of the Year - Frank Wess
25) Pianist of the Year - Jason Moran
26) Organ-keyboards of the Year - Dr. Lonnie Smith
27) Guitarist of the Year - Jim Hall
28) Acoustic Bassist of the Year - Dave Holland
29) Electric Bassist of the Year - Steve Swallow
30) Strings Player of the Year - Regina Carter
31) Mallets Player of the Year - Stefon Harris
32) Percussionist of the Year - Kahil El'Zabar
33) Drummer of the Year - Roy Haynes

Jazz Journalism Awards:
1) Jazz Journalism Lifetime Achievement Award - Bob Blumenthal
2) Excellence in Jazz Broadcasting: The Willis Conover-Marian McPartland Award - Rhonda Hamilton (WBGO-FM)
3) Excellence in Photography: The Lona Foote-Bob Parent Award - Jack Vartoogian
4) Excellence in Newspaper, Magazine or Online Feature or Review Writing: The Helen Dance-Robert Palmer Award - Ben Ratliff (The New York Times)
5) Best Periodical Covering Jazz - JazzTimes
6) Best Website Concentrating on Jazz - Allaboutjazz.com
7) Best Book About Jazz - Living With Jazz, Dan Morgenstern (Oxford University Press) Photo of the Year - John Abbott

Temos uma brasileira na lista, cuja voz ainda não ouvi, que é a Luciana Souza.

Beto Kessel

Kind Of Blue, a improvisação no jazz (por Bill Evans)

23 junho 2005

Existe uma arte visual japonesa na qual o artista é obrigado a ser espontâneo. Com um pincel especial e tinta preta, ele deve pintar sobre um fino pergaminho esticado, de tal maneira que uma pincelada não natural ou interrompida virá a destruir a linha ou romper o pergaminho. Apagar ou fazer modificações é impossível. Tais artistas devem praticar um tipo especial de disciplina, que permite que a idéia se expresse na comunicação com as mãos tão direto que o pensamento não interfira. Os quadros que resultam não possuem a composição e as texturas da pintura usual, mas diz-se que aqueles que olham bem encontram algo capturado ali que desafia explicações.
Acredito que essa mesma convicção, de que a ação direta constitui a reflexão mais significativa, impulsionou a evolução das disciplinas extremamente severas e únicas do jazzista ou do músico improvisador. A improvisação em grupo coloca um desafio a mais.
À parte o problema técnico de pensar coletivamente de modo coerente, existe a necessidade muito humana, social até, de que a simpatia por parte de todos os integrantes se coadune em prol de um resultado comum. Penso que esse difícil problema é lindamente abordado e solucionado nesta gravação.
Assim como o pintor precisa do referencial da tela, o grupo de improvisação musical precisa de um referencial no tempo. Miles Davis apresenta aqui referenciais que são de suma simplicidade, e contudo encerram tudo aquilo que é necessário para estimular a execução, preservando a referência à concepção inicial. Miles concebeu esses esquemas apenas algumas horas antes das sessões de gravação, e chegou com esboços que indicavam ao grupo o que deveria ser tocado. Portanto, nestas execuções, você irá escutar algo que está próximo da pura espontaneidade. O grupo nunca havia tocado estas peças antes da gravação, e creio que, sem exceção, a primeira interpretação completa de cada uma foi formada como um “take”. Embora não seja incomum esperar que o músico de jazz improvise sobre material novo numa sessão de gravação, o caráter destas peças coloca um desafio especial.
De maneira breve, o caráter formal dos cinco esquemas é o seguinte: “So What” é uma figura simples, baseada em 16 compassos numa escala, 8 em outra e mais 8 na primeira, após uma introdução de caráter ritmicamente livre com piano e contrabaixo. “Freddie Freeloader” é uma forma de blues de 12 compassos que ganha uma personalidade nova através de uma efetiva simplicidade melódica e rítmica. “Blue In Green” é uma forma circular de 10 compassos, que se segue a uma introdução de 4 compassos, e que é tocada pelos solistas com diversos aumentos e diminuições dos valores temporais. “Flamenco Sketches” é uma forma de blues de 12 compassos em 6/8, que gera seu clima através de umas poucas mudanças modais e da concepção melódica livre de Miles Davis. “All Blues” é uma série de 5 escalas, cada uma podendo ser tocada pelo solista durante o tempo que ele desejar, até que tenha completado a série.

William John Evans
Aug 16, 1929 in Plainfield, NJ
Sep 15, 1980 in New York, NY

PS. Produzido por Teo Macero, Kind Of Blue (1959 Columbia) é um dos álbuns de estúdio definitivos na história do jazz – dos mais vendidos. Além de Miles Davis e Bill Evans, participaram das gravações Julian Cannonball Adderley (alto sax), John Coltrane (tenor sax), Paul Chambers (contrabaixo ), James (Jimmy) Cobb (bateria) e Wynton Kelly (piano). Não é à toa que lidera a lista cejubiana dos "10 discos de jazz para uma ilha deserta".

João de Deus, Michael Jackson, Toró e Afins

Por onde andará aquela ruidosa e animada rapaziada tricolor que frequentava este muro?

Sem Michael Jackson não há João de Deus que dê jeito ...

Saravá e vamos cantar (mp3, vale esperar) !
bandeiraescudomascote

A ESCÓCIA, COMO VISTA DE SANTA TERESA - final

21 junho 2005

Chegamos, enfim, à obra prima de Mr. Colin, o uísque de bela cor dourada chamado Chivas Eighteen Signature pois cada garrafa vem com a assinatura de seu criador. Esse dezoito foi degustado com nossas bocas repletas da mistura inusitada das passas com chocolate, e confesso que, de um completo ignorante no assunto, saí da experiência disposto a deixar de afirmar que “só gosto de uísque de 8 anos” para tentar, da próxima vez que escolher um, arriscar-me a perceber as riquezas e sutilezas dos espíritos de idades mais avançadas. Afinal, Mr. Scott me informou que além da mistura desses quatro principais, sua fórmula contém cerca de 30 outros uísques, sendo esse seu segredo particular e marca registrada. É, finalmente, um "cachorro engarrafado" com um tal pedigree que não dá para nenhum bebedor sério lhe botar defeito.

Ao final da apreciação horizontal, Mr. Colin foi aplaudido com grande entusiasmo pelos presentes, não apenas por sua arte mas pelas agradáveis sensações que nos fez experimentar. Notem que eu classificaria em no máximo quinze por cento, o efeito alcoólico causado na platéia pela ingestão das quantidades oferecidas até ali, para que fosse determinante em gerar tantos aplausos. A apresentação foi, sob todos os aspectos, sensacional. E todos os que ali estavam são, agora, conhecedores de pelo menos alguns dos mistérios da fabricação de um uísque especial, ouvidos diretamente de seu criador.

O anfitrião, em seguida, voltou ao microfone e chamou ao pequeno palco a elegante e bonita cantora e atriz Thalma de Freitas, dona de bela voz, que apresentou números de músicas brasileiras acompanhada ao piano por seu pai, Laércio de Freitas. Só não cantou, infelizmente, o "Samba do Avião", música que tem como tema exatamente a vista da cidade e que deveria, na minha modesta opinião, ser adotada como o hino desta, tão logo libertada do jugo imbecil a que está submetida. Mas isso é apenas um pensamento positivo.

Findo o set musical, foi servido o jantar, seguido de belíssimos "puros" para quem não se interessou pelos doces e queijos da sobremesa, como foi meu caso. Pude então, trocar definitivamente o honestíssimo espumante lá servido, pelo destaque daquela noite, o Chivas 18. A título de informação, vale mencionar que o bom sparkling da Almadén (marca tão tradicional quanto presa à fama negativa do passado, mas que, agora detida pela Pernod-Ricard, se pretende recuperar, com produtos de qualidade) será lançado em breve no mercado, e segundo o apurado, com um ótimo custo-benefício. Espero não estar

Embora, como disse antes, os uísques acima de 8 anos não estejam entre meus favoritos, confesso que a combinação Chivas-habanos foi muito prazerosa.
Aberta a pista de dança, um dos primeiros pares foram Thalma e Mr. Colin, animadíssimo este, a tentar dançar desajeitadamente um ritmo mais para o samba do que para uma marcha escocesa. Rapidamente, diante do entusiasmo do Master Blender - que como me disse estava muito feliz por estar no Rio, pois a apresentação na noite anterior, para 400 pessoas em São Paulo, tinha sido “boring” - inúmeros casais seguiram-lhe o exemplo e dançou-se animadamente por um bom tempo.

Eu já estava começando a ouvir, ao longe, alguns dos primeiros gaiteiros. Olhando na direção do Pão de Açúcar, achei ter visto algumas brumas. Decidi que era hora de voltar para o “meu castelo” (d’après Lou Rawls em “See You When I Git There”), situado no longínqüo condado de Itanhangashire. Pedi que me chamassem uma diligência.

Esteve tudo muito próximo da perfeição: a bela casa, a indescritível vista, a elegância discreta dos presentes, o competente serviço sob todos os angulos e, mais do que tudo, a maneira genuínamente calorosa e gentil de receber do Sr. e da Sra. Taddonio.

Um único senão: para que aquele lugar se transformasse, naquela bela noite, na filial carioca do paraíso celestial, era fundamental que lá houvesse, e então eu poderia descansar em paz, jazz.

A ESCÓCIA COMO VISTA DE SANTA TEREZA - parte II

20 junho 2005

(...continuação)

Fomos então levados a uma das mesas, sobre a qual se destacavam, à frente de cada pessoa, cinco pequenos copos com o formato dos de conhaque, todos com meio-dedo de líquidos em vários matizes de dourado, sendo que o da extrema direita tinha a coloração mais intensa, típica da de um uísque envelhecido. Achei que, muito provavelmente, seria aquele o Chivas 18 anos. Na frente dos copos, garrafas de água mineral e uma pequena caixa retangular, em papelão duro e cor escura, ostentando na tampa o brasão da destilaria, em dourado.

Em seguida, foi-nos apresentado o destaque daquela noitada, o próprio Chivas Master Blender, um mestre escocês das misturas alcoólicas que resultam no scotch e "pai" (da fórmula) do Chivas 18, o simpático e bem humorado Mr. Colin Scott, vestido com traje de gala escocês, a tradição do tartan contrastando com a modernidade do laptop e do microfone remoto à Madonna, que fez uma rápida introdução geográfica sobre a Escócia na qual não faltaram as piadas sobre as quase perenes chuvas e inclementes ventos que castigam seu país.

Com imagens do seu computador projetadas num telão, Mr. Colin mandou então que abríssemos as pequenas caixas à frente de nós, que continham, em cinco divisões internas, pela ordem: algumas sementes muito pequenas, um caramelo de leite, duas jujubas da cor lavanda, amêndoas torradas e, finalmente, uma certa quantidade de sultanas - pequenas passas amarelas - misturadas a algumas "gotas" de chocolate meio-amargo. Enquanto descrevia como é feito um blended whisky da qualidade do Chivas 18 (no qual, explicou, só se admitem na mistura final single malts e grain whiskies com um mínimo de 18 anos, até alguns de 30 anos de envelhecimento em barris de carvalho), conduziu-nos à degustação dos quatro mais importantes, que estavam diante de nós nas mesas. Sob sua orientação segura e competente, fomos levados a experimentar coisas que eu - e acho que a maioria dos convidados - jamais desconfiaria que faria nesta vida ou mesmo consideraria a elas ser submetido.

Sugerindo que puséssemos na boca algumas das sementes da caixa, e que diluíssemos o uísque do primeiro copo com um pouco de água - para mim uma coisa inimaginável, em vista dos relatos de “puristas” que já havia escutado até então, de que em uísques dessa idade não se colocava água, e sequer gelo, devendo ser bebidos puros de forma a não tisnar suas qualidades - que explicou, serviria para facilitar a percepção de seu aroma, falou sobre as características de “defumação” que tal néctar deveria passar aos olfatos dos presentes. Bingo, era exatamente a sensação que todos comentaram, na minha mesa e em todas as demais em torno. Até aí, fumaça, nada demais.

Ao apresentar o segundo uísque, e falar sobre sua cremosidade e perfeito equilíbrio, mandou que a platéia, já a esta altura olhando com total desconfiança para o caramelo de leite, o desembrulhasse e, mais uma vez adicionando água ao segundo copo, primeiro sentisse o aroma desse uísque, em seguida sorvesse um gole, então mordesse e mastigasse o caramelo e em seguida, desse um segundo gole com parte deste ainda na boca. Confesso que temi por uma grande embrulhada no estômago. Mas nem a casa Chivas nem Mr. Colin estavam ali de brincadeira. O resultado, a par de inusitado, era estranhamente agradável, os dois elementos não brigavam. Pura mágica ou alquimia escocesa?

Em seguida, os dois outros uísques seguiram o mesmo padrão de degustação, uísque+água+elementos da caixinha = aroma e sabor final, sendo o terceiro (o da jujuba) de aromas florais bastante perceptíveis e o quarto, um puro malte de 18 anos, chamado Strathisla - pronuncia-se Stratáila - fabricado exclusivamente para a Chivas (e o meu preferido dentre todos) degustado com as amêndoas torradas.

(segue...)

ARNALDO, BICÕES E O VERDADEIRO JAZZ II

Também confesso que não entendi a coluna do Arnaldo Bloch, mas o que sei é que essa discussão com certeza não tem fim, se é o verdadeiro jazz o "be bop", o "mainstream" ou o "traditional" para citar apenas algumas denominações já objeto de coluna anterior aqui mesmo e de grande controversia.
Sou de opinião de que todas são validas, e acho que o que deve prevalecer é o musico com sua improvisação e a musica que fale a alma e ao coração, que passe sentimento e emoção de Charlie Parker a Joshua Redman de Wes Montgomery a Pat Metheny, porque não ???
Ainda ontem no Manhattan Connection do GNT o crítico e professor de jazz português José Duarte, declarou que uma das principais razões do jazz ser maravilhoso é porque são poucos os jazzófilos infelizmente.
Agora com certeza não vou me calar perante ao brado do pensamento cultural brasileiro citado na coluna, pelo contrário quero gritar com toda minha força, que sim sou jazzófilo Graças a Deus e aprendiz do grande mestre RAFFAELLI.

ARNALDOS, BICÕES E "O VERDADEIRO JAZZ"

19 junho 2005

Sr. Arnaldo Bloch,

Pior do que nada aprender, só mesmo aprender errado.

Primeiro: Juarez “Teixeira” no “festão musical de (...) Wagner Tiso” (Segundo Caderno, 18/6/2005) ? Só se for outro “bicão” que lá apareceu, pois, letrado colunista, quem formou com o estelar time de violonistas e guitarristas, naquela noite, foi, salvo engano, Juarez Moreira !

Segundo: Ed Motta e Chico Pinheiro são “o verdadeiro jazz” ? Pior, seriam eles “o verdadeiro jazz” na “dinâmica” de José Domingos Raffaelli ?

Com todo o respeito, são “pérolas” como estas que fazem os até agora “calados jazzófilos” realmente se sentirem “no inferno”, lamentando que Raffaelli não mais “circule pela redação dO Globo”.

Acredite: a “dinâmica raffaelliana” nunca se prestaria a tamanhos descalabros.

Ed Motta ouve e (ao contrário do colunista) conhece jazz, realmente; mas seu pop atraente e até sofisticado não é e nunca foi jazz, quanto mais “o verdadeiro jazz”. Já o igualmente talentoso Chico Pinheiro, promissora revelação como instrumentista e compositor, nada tem de jazz, quiçá na “vociferante pompa professoral” de Bloch.

Jazz é coisa séria e escrever sobre Jazz, também.

Desculpem, mas nem mais 100 anos circulando pelas redações farão o agora “aluno” Bloch, aprender.

Afinal, embora duvide que o sempre polido Raffaelli tenha recorrido ao tal prosaísmo, eu mesmo não resisto (o meuelástico estourou”):

O jazz, definitivamente, não é para bicões e, mais do que nunca, desconfio, para poucos "Arnaldos".

A ESCÓCIA COMO VISTA DE SANTA TEREZA - parte I

Depois de alguns anos, subi até o bairro de Santa Tereza no sábado passado, à noite. Como a Angélica, fui de táxi pois não domino a geografia local e a crônica recente se refere às conseqüências imediatas de uma escolha errada de rua, naquele outrora aprazível bairro, como "altamente prejudiciais à saúde humana".

Convidado da Pernod-Ricard, na figura de seu presidente para a América Latina, o simpaticíssimo gentleman Francesco Taddonio (à coté, o bom CJUBiano Rodrink, ajudando a receber-nos), para conhecer seu novo lançamento mundial, o Chivas Regal 18 anos Signature, cheguei com minha mulher ao local onde se daria a apresentação pelo próprio Chivas Master Blender.

A residência do Sr. Taddonio, escolhida como cenário para a recepção aos convidados, fica localizada no alto da mais alta colina do bairro, dentro da propriedade da família Monteiro Aranha, cujos imóveis ali são lendários na cidade. Postado à porta da casa que aluga nesta sua estada carioca, para receber os convivas, o Sr. Taddonio fazia questão de levar cada um até o pátio da piscina, transformada em pista de dança por um piso de acrílico, em volta da qual estavam dispostas as diversas mesas e um pequeno palco, encimado por um piano de cauda. Ótimo sinal.

Perguntado do motivo da escolha daquele local para morar, ele, puxando-me gentilmente pelo braço e eu à Sílvia, conduziu-nos até o extremo oposto do pátio, enquanto nos contava que, ao chegar ao Rio, havia visitado cinco ou seis casas antes daquela, do Leblon à Barra da Tijuca, mas que havia se encantado mesmo ao ver... - e aí, eu e minha mulher também vimos -, AQUELA VISTA!!!



Qualquer adjetivo é pequeno para descrever a paisagem noturna dali, deixo isso para a imaginação do leitor. Digo apenas que, noite amena, a visibilidade era perfeita e a orientação da vista era na direção da Baía de Guanabara, estando o Iate Clube perceptível à extrema direita, o Pão de Açúcar com sua encosta iluminada, ao centro e o colar de pérolas representado pelo litoral niteroiense, à esquerda daquela composição visual. Quem cunhou o lema de que uma imagem vale mais que mil palavras, deveria estar por ali.
(continua)

Dario Galante - Novo trabalho - AWE

Aproveitando a ida ontem à tarde a Modern Sound para ouvir jazz de alta qualidade (atividade que tenho procurado tornar uma boa rotina nos sábados a tarde /de 12 às 16:00), pude reencontrar lá os cjubianos Coutinho e Mário.

A menção a Modern Sound se faz necessária, pois lá temos no sábado um grupo formado pelo Idriss Boudrioua (Sax Alto), Dario Galante (Piano), Sergio Barroso (baixo) e Boto (bateria), e quase sempre aparece alguem para dar uma canja (ontem destacaria a voz e o suingue do Nando Gabrielle). Nos outros dias, a música também se faz presente, com destque para o Mauro Senise nas quintas.

Este preâmbulo serve apenas como aperitivo para informar que o Dario Galante está com novo trabalho na praça.

Além do tradicional bom gosto, o CD é variado, trazendo desde valsa (Te voglio bene assale - faixa 1), que nos remete a Bill Evans, a um Bebop (Esperança), regravação de um tema belíssimo que o Idriss nos brindou no CD Esperança, nos anos 80, além de um tema (I-10, faixa 08), em em ritmo lento onde o clarinete de Ray Moore dá um toque especial..

O Dario tem o acompanhamento de luxo de grandes músicos (Augusto Matoso no baixo, Rafael Barata na bateria), e participações especiais do trumpete de Cláudio Roditi, dos Saxes alto de Idriss Boudrioua e Jean Pierre Zanella, do clarinete de Ray Moore, e da flauta indiana e do sax barítono de Carlos Malta

Espero nesta breve resenha ter deixado todos com aquela água na boca.

Corram, comprem o CD, ouçam e postem suas opiniões.

Aos mestres e ao Dario, me desculpem se cometi algum deslize.

Beto Kessel

DIANE IS HER NAME - @@@1/2

17 junho 2005

Em 1955, Julie London (26/09/1926, Santa Rosa, CA / 18/10/2000, Los Angeles, CA) lança o seu primeiro álbum. Dois detalhes chamam a atenção. Na capa, a mulher sexy, decote ousado para a época. A segunda ousadia fica por conta do acompanhamento musical, entregue apenas a Barney Kessel, guitarra, e Ray Leatherwood, contrabaixo, uma produção aparentemente modesta e sem pretensão. Engano. “Cry Me A River” (Arthur Hamilton), a faixa inicial, é um enorme sucesso. E o intimismo do disco, marcado pela levada elegante de Kessel, atravessa o continente para influenciar os mentores da Bossa-Nova. Quase meio século após o fato se repete, com novos ingredientes, via Diane Nalini, uma cantora canadense em seu CD de estréia.
Se a capa não ousa, ali está a mesma cozinha: somente guitarra e contrabaixo. O tempero diferente vem do repertório, com alguns temas da música brasileira e francesa. A coincidência é que After Duskjá aparece como um dos mais vendidos no gênero. Pelo menos no Canadá. Comenta a Elle Magazine:”She was born in Montreal, and is of Belgian and Goan descent.
She captures jazz at its most sophisticated and joyous level".

Mike Rud (guitarra) e Dave Watts (contrabaixo), embora desconhecidos, são músicos de primeiro time. Essa constatação é nítida no tema de abertura, um clássico sinatriano, “Stars Fell On Alabama” (Parish/Perkins). Os dois balançam do inicio ao fim, enquanto Diane exibe um timbre de voz suave, tal como Julie. O resultado é, sem dúvida, muito agradável. “My Funny Valentine” (Rodgers/Hart), onipresente, ganha uma versão criativa, mas morna. Os temas em francês mostram que Diane domina o idioma. “Quand Elle Rit Aux Éclats” (Klein/Lauzin/Prestigiacomo), “La Mer” (Trenet) e “La Maison Sous Les Arbres”(Becaud/Delanoé) recebem uma cobertura jazzística perfeita.
O mesmo não ocorre com “Carolina” (Chico Buarque). Além da pronúncia complicada, o clima de Bossa-Nova é frouxo. “After Dusk” e “Portrait On The Wall” são temas assinados pela própria Diane e em nada desmerecem o CD. Assim como os clássicos de Cole Porter, “Everytime We Say Goodbye” e de Gershwin, “How Long Has This Been Going On”.
After Dusk” é, no mínimo, um CD interessante. Como estréia, Diane Nalini opta pelo caminho inesquecível traçado por Julie London, tendo ao lado apenas uma guitarra e um contrabaixo. As notícias do Canadá, porém, já adiantam que a estratégia deu certo -“4 months on The Ray’s Jazz Shop Top 10 Bestseller List, as published in Jazzwise magazine”.

NA PALAVRA DO MESTRE L.O.C., NO JB DE HOJE: CONVOCAÇÃO GERAL AOS JAZZÓFILOS

16 junho 2005

O nosso grande Mestre-Cjubiano-Remoto, Luiz Orlando Carneiro, cujo texto é invariavelmente uma bela e elegante dissertação, em sua coluna do Jornal do Brasil de hoje, desde já avisa aos navegantes: todos a Ouro Preto, em setembro!

Quem quiser entender melhor porque, clique na ilustração ao lado, para ter acesso à matéria publicada.

Daqui só digo uma coisa. Vai estar concorrendo com a bela paisagem local a musa de diversos confrades do CJUB, a também pianista Eliane Elias, essa figura geradora de intenso calor, em contraponto ao clima fresco que se deverá encontrar nas noites setembrinas de Ouro Preto.

Até lá!

ALEGRIA JAZZÍSTICA

14 junho 2005

"First of all", quero agradecer o convite formal do Mauro e do David para ingressar oficialmente como membro do CJUB, e mais ainda ao José Domingos Rafaelli, que caso fosse enxadrista, certamente estaria na categoria de Grande Mestre.

O Raffaelli, com quem troquei e-mails há cerca de dois meses foi de grande generosidade e simpatia ao me apresentar a turma do CJUB.

Após esta "entrada" , tive o prazer de assistir a dois concertos do Chivas Lounge (os dois últimos) e também usufruir da companhia de todos em almoços na Associação Comercial, os quais pretendo comparecer sempre que possível.

Como amante do jazz, que descobri aos 15 anos através de um disco do Cannonball Aderley tocando com o Sexteto Bossa Rio do Sergio Mendes, tenho procurado ouvir o máximo que posso.

Aproveito desde já para recomendar o último trabalho do pianista italiano Dario Galante, que pode ser ouvido todos os sábados na Modern Sound tocando com o não menos brilhante Idriss Boudrioua.

Abraços e mais uma vez obrigado pela acolhida,

Beto Kessel

NÓS TEMOS

13 junho 2005

Nós temos José Domingos Raffaelli, Arlindo Coutinho, Luiz Carlos Antunes e Luiz Orlando Carneiro.

Nós temos amigos, verdadeiros e desinteressados.

Nós temos o orgulho dos músicos e de sua música.

Nós temos charutos, sim, e uísque, claro; e, acima de tudo, temos Jazz.

Temos o Jazz da alegria; o Jazz da solidariedade; o Jazz do abraço fraterno; o Jazz da sinceridade; e para com este Jazz, somos puristas, radicalmente puristas.

Temos o Bebop e o Free, o Traditional e o Fusion; sim, temos o Fusion também. Porque temos respeito. Somos puristas do respeito.

Nossos Mestres - eles sim - são educators, e, acima de tudo, têm educação. Nós temos educação.

A que mais poderíamos brindar, então ?

Ao que NÃO temos, claro ! O tribuno da ignorância; o tribuno da inveja; o tribuno da mentira; o tribuno da covardia.

O tribuno que não tem nada, que não é nada.

Cheers ...

FUSION E CONFUSION

Parece mentira, mas chegamos à conclusão de que todos estamos errados em matéria de Jazz. Lendo alguns jornais, fomos encontrar, num deles, as últimas descobertas do escriba quanto à nobre arte. Como Jazz Educator, informa que os puristas formam um "bando de idiotas" que não sabem nada, simplesmente porque não admitem a “fusion”.

Então, vamos jogar fora os mais de cem anos de história do jazz, para abraçarmos a nobre causa divulgada pelo “crítico”. Imaginamos, então, que, em suas palestras, deve informar aos incautos, que “Flora Purim é a maior cantora de Jazz de todos os tempos, deixando para trás divas como Sarah Vaughn e Ella Fitzgerald”. Na seqüência, deve ensinar, também na base do “para quem não sabe eu explico”, que Billie Holiday e Ben Webster tiveram relações musicais e sociais ao ponto de trocarem os apelidos de “Lady Day e The Prez”. E não fica por aí.

Devemos entrar de cabeça nas diferentes faces do “fusion” assistindo os DVDs de Miles Davis e Jaco Pastorius. Ali teremos as “diabruras de Miles”, incluindo um magnífico solo de baquetas, nos bongos. Isso sem falar na sensacional batida funk, que realmente é indispensável na música atual.

Como se não bastasse, o ilustre "crítico" alardeia a sua riqueza, menosprezando a situação dos puristas em relação ao seu patrimônio, sem perceber que na verdade não passa de um pobre de espírito.

Tem razão o jornalista Sérgio Augusto quando proferiu uma frase que define fielmente a situação do jornalismo cultural: “Os maiores pecados do jornalismo cultural são sua complacente aceitação do lixo, sua mentalidade adolescente e a ignorância de muitos que o fazem”. É só.

llulla

Playboy Jazz Festival - Mais Competente, Mais Sério

10 junho 2005

Começa hoje, 11 de junho, são dois dias de jazz, blues e world music, no Hollywood Bowl. Esse ano o festival ficou mais jazzistico. Bom pra quem pode ir.

Atrações de Sábado: Boney James - Ramsey Lewis Trio - Joshua Redman Elastic Band - Keb'Mo' - Norman Brown's Summer Storm starring Peabo Bryson, Brenda Russell e Everette Harp - The Thad Jones/Mel Lewis Jazz Orchestra Legacy: Israel "Cachao" Lopez, Dee Dee Bridgewater and Jon Faddis - Joey DeFrancesco/Kenny Burrell Quartet in tribute to Jimmy Smith - Stix Hooper & Viewpoint - Jazz Tap Ensemble and Caravan Project - L.A. Multi-School Jazz Band.

Atrações de Domingo: George Benson - The Saxophone Summit featuring Michael Brecker, Joe Lovano e Dave Liebman - Dr. John - Gilberto Santa Rosa - The Heath Brothers - Chico Hamilton & Euphoria - Roy Ayers - daKah Hip Hop Orchestra - Gordon Goodwin's Big Phat Band - Ledisi - North Hollywood High School Jazz Band.

MV

ÓTIMAS E MÁS NOTÍCIAS - WYNTON E L.C.J.O. NO BRASIL, I.E. SÃO PAULO

08 junho 2005

Tinha de ser. Quando uma atração jazzística mundial de peso, como o trompetista, educador e diretor artístico da organização Jazz at the Lincoln Center, Wynton Marsalis decide vir ao Brasil na turnê mundial em que lidera a Lincoln Center Jazz Orchestra, seu destino é, exclusivamente, São Paulo, para nossa grande decepção. Imaginem o que seria espetacular ouvi-lo e à magnífica orquestra que comanda, tendo por cenário qualquer lugar do Rio de Janeiro, do Leme ao Pontal.

Pelo lado otimista, diríamos "ah, pelo menos veio ao Brasil!" É uma verdade.

E estará na capital do país civilizado mais próximo deste nosso, apresentando-se nos dias 19, domingo, no Parque do Ibirapuera (pintem, mentalmente, o mesmo espetáculo no Aterro, com o Pão de Açucar ao fundo) e 20 e 21, na Sala São Paulo, templo da qualidade acústica e objeto de um post anterior aqui no blog.

É programa imperdível, ao qual deveriam acorrer todos os jazzófilos de bom senso e capacitação para estar em Sampa em qualquer das datas mencionadas. Essa apresentação não deverá repetir-se por aqui tão cedo.

SENSACIONAL CHARLES "BIRD" PARKER - ANIMAÇÃO COM SOM

07 junho 2005

Corram para ver e ouvir esse avatar animado de Parker, entoando "Yardbird Suite" e as decorrências inusitadas da interpretação dessa que é uma de suas obras mais conhecidas.

Cliquem AQUI, aumentem o volume do som e vejam que sensacional!

A criação é do artista americano Kevin Neireiter, cujo "link" já figura aqui na coluna da esquerda.

ALEGRANDO AOS CHARUTEIROS E OUTROS OBSERVADORES DO BELO

Movido talvez pelo aniversário do Goltinho ou pelo tempo que levei para botar fotos de belas charuteiras aqui, ou pura e exclusivamente pela sua excelsa beleza, termo que abduzo de forma descarada e definitiva da bela crônica recente do Mestre Llulla - ensinar, é para o que servem os Mestres e nós alunos apenas copiamos seus exemplos, não? - por encaixar-se claramente a ela, publico fotos do ensaio no site Paparazzo. Com vocês a ex-menina, hoje esse colosso, Fernanda Paes Leme e seu charuto.

Essa belíssima figura (aqui desculpo-me com apreciadores de turbinadas e artificiais amazonas louras, tão em moda nos dias de hoje), para quem não sabe, é uma jovem atriz de 21 anos, cuja carreira televisiva iniciou-se na Globo, se não me engano num programa matinal da dupla Sandy e Júnior. Fernandinha cresceu e agora aparece para o resto do universo como essa linda mulher, cuja beleza é assim como uma intrincada composição de jazz, daquelas que você vai descobrindo aos poucos e que melhora a cada audição/atenção que você lhe dá. Grande parte das fotos do ensaio foram feitas num bar, onde aparecem ao fundo diversas garrafas de "scotch", o que nós dá algumas esperanças.

Pois se ela nos informar, algum dia, que aprecia o santo malte das terras altas, e se o mesmo se der para com o jazz, mesmo que seja o fusion (ah, as concessões que somos obrigados a fazer nesta vida!), estará imediatamente entronizada como musa adicional deste pedaço.

Isso seria algo como uma megasena virtual, e nós a declararíamos incontinenti CJUBIANA HONORARIA MAXIMA, na categoria "Colirius Pulchrus Excelsus" e, em seguida, por votação na qual, se preciso, calaríamos os dissidentes à força - sempre os há, infelizmente - a alçaríamos à condição de rainha deste blog e suas adjacências, num raio de uns 4 milhões de
metros a partir da capital federal.

Por tudo isso, Ave, Fernandinha!!!

ANIVERSÁRIO DO MESTRE GOLTINHO

06 junho 2005

Foi ontem, e depois de falar com ele, até tentei postar alguma coisa aqui. Quase tudo pronto e escritinho, aparece uma telinha dizendo que o IE tinha gerado um erro e pfui!, fechou as 2 telas em que eu trabalhava. Mas, antes tarde do que nunca, aqui vão nossos cumprimentos ao Arlindo Carlos Coutinho, Mestre Goltinho, e o desejo de muita saúde e anos de vida, para alegrar e enriquecer a vida de seus inúmeros velhos e novos amigos, estes aos quais continua conquistando com aquela sua facilidade espantosa, onde quer que vá, em em qualquer das línguas que fala, do jargão engraçado dos jazzistas negros americanos ao dinamarquês com que se defende muito bem.

Em nome dos CJUBianos presentes e remotos, FELIZ ANIVERSÁRIO!

PETERSON POR PERANZZETTA - UMA NOITE FELIZ

02 junho 2005

Apresso-me a postar a resenha sobre o concerto da última terça, na estréia oficial aqui no blog do mais novo membro, e catedrático no assunto, Luiz Carlos Antunes, "el" Llulla. Tomo-lhe a frente por questões puramente informáticas, para não privar os demais leitores de suas impressões e também por estar com a matéria queimando-me as mãos. Sinto-me como um Bob Woodward, louco para publicar os fatos que acabo de receber do Deep Throat.

Aí vaí, portanto a primeira resenha de muitas que esperamos publicar de mais este Doutor em jazz, que nos dá essa grande honra.



Não era Natal mas, foi uma noite feliz. Não é sempre que se tem a oportunidade de ver e ouvir um grupo da qualidade do Trio de Gilson Peranzzetta.

Gilson dispensa comentários, é um daqueles músicos que, como diz Luiz Orlando Carneiro, respira música.

Seu piano chega a ser luxuoso com as invenções melódicas, harmônicas e rítmicas que emprega com rara eficiência. Seu “Somewhere” (Bernstein-Sondheim) que abriu o show em piano solo, já mostrou o que viria depois. Presente a escola impressionista com pitadas de Debussy e frases de excelsa beleza.



Os números de trio ultrapassaram toda e qualquer expectativa, com o eficiente Paulo Russo dominando o contrabaixo, ora em contraponto com o piano, ora no walkin e nos eficientes solos que apresentou com a competência de sempre. João Cortez é um baterista sóbrio e eficiente, mostrando sua competência tanto nos solos como nas alternâncias rítmicas propostas nos arranjos.

Era uma homenagem a Oscar Peterson mas, com um plus musical de muito bom gosto adicionado por Peranzzetta, que culminou com um “Tico Tico No Fubá” visitado por “Lígia” e voando até “I’ve Got You Under My Skin”. Esse Tico Tico tinha pedigree.

Fechando a conta, podemos dizer que além de Peterson os homenageados fomos nós do CJUB e o público presente, mostrando que a boa música, tão sonegada pela mídia, está presente e independente.

Abraços para Eliana, Gilson, Paulo Russo e João Cortez. Voltem sempre.

Luiz Carlos Antunes (Llulla)

[E para um gostinho do que foi o clima do mágico concerto do Maestro Peranzzetta, clique aqui - munido de alguma paciência, claro - para ver e ouvir alguns dos acordes finais de seu estupendo Maria.]