Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

JARRET, NA COLUNA DO MESTRE LUIZ ORLANDO: JB, 12/05/05

12 maio 2005

Keith Jarret é sagrado. Fenomenal. Daí não poder deixar passar em branco a coluna do nosso CJUBIANO-MESTRE-REMOTO, Luiz Orlando Carneiro, sobre ele no JB. Segue.

"Jarrett, mestre do improviso"

O garoto prodígio chamava-se Keith Jarrett, e nasceu em Allentown, Pennsylvania. Começou a estudar piano antes dos 4 anos; dava recitais aos 7; foi aluno de Nadia Boulanger e da Berkelle School of Music; aos 21 deixou os Jazz Messengers de Art Blakey e juntou-se ao quarteto hippie de Charles Lloyd; em 1970, Miles Davis convocou-o para o seu conjunto elétrico-fusionista; em 1975, espantou ao criar solo o mitológico Köln Concert, que vendeu mais de 2 milhões de cópias e tornou viável a etiqueta alemã ECM; nos anos 80 e 90 consagrou-se como o Glenn Gould do jazz, à frente do fascinante e interativo Standards Trio. E mais. Como Glenn Gould, trancou-se várias vezes nos estúdios para gravar as Variações Goldberg, o cravo bem temperado de Bach, Mozart, Händel ou os 24 prelúdios e fugas de Shostakovitch. Só que as interpretações dos clássicos por Jarrett foram consideradas, pela maioria da crítica, bem mais ''comportadas'' que as de Gould. Ou seja, Glenn Gould foi o Keith Jarrett da música clássica.

O garoto prodígio de Allentown virou sessentão domingo. Para comemorar a data, acaba de lançar o CD duplo Radiance (ECM 1960/61). É o primeiro álbum de improvisações solo desde a série encerrada com La Scala (ECM 1640) - registros de dois recitais de 1995 no templo da ópera, em Milão.

Radiance (gravado em Tóquio e Osaka em 2002) aparece portanto na discografia de Jarrett como uma nova reflexão solitária, depois de discos excepcionais com o Standards Trio (Jack DeJohnette, bateria; Gary Peacock, baixo), editados entre 2000 e 2003, sempre pelo selo de Manfred Eicher: Whisper not (1724/25); Inside out (1780), Always let me go: Live in Tokyo (1800/01) e Up for it (1860).

Nas notas do CD duplo comemorativo, o exigente virtuose do teclado - que é capaz de suspender uma apresentação ao escutar um ruído desagradável na platéia - chama a atenção de seus ouvintes para a necessidade de absoluta concentração, a fim de seguir os arriscados caminhos por ele trilhados e perceber ''os links às vezes muito sutis entre temas, espaços e invenção rítmico-harmônica'' (Thom Jurek, na review do All Music Guide).

Alguém já disse que Jarrett ''faz amor com o piano''. Daí os gemidos, exclamações de êxtase e até de dor, além dos contorcionismos corporais, que refletem a extraordinária intensidade emocional de suas performances. Em 2003, Keith Jarrett recebeu o cobiçado Polar Music Prize da Real Academia de Música da Suécia. O prêmio foi concedido ''ao músico americano Keith Jarrett, pianista, compo- sitor e mestre no campo da música improvisada'', tendo em vista que ''seu elevado grau de arte musical (...) é marcado por sua habilidade em cruzar, sem esforço, fronteiras no mundo da música''. "

P.S.: Embora tenha tido sua coluna relocada no Caderno B, da página 2 habitual para a última capa, teoricamente um local mais nobre do que o anterior, achei que o espaço para nosso Cjubiano-Mestre-Remoto diminuiu. Ficou tão pequeno que, no dia em que ele decidir ilustrar a coluna, pouco sobrará de espaço para as suas idéias, nosso maná semanal. Então, caríssimo LOC, ofereço-lhe mais uma vez este mural para que possa escrever tudo o que deseje, sem nenhum tipo de limitação de espaço. A coluna aqui é, em tamanho, incomensurável. Isto é, compatível com a sua cultura jazzística.

Nenhum comentário: