Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

Dizzy Gillespie no Brasil, 1956 - Série, por Arlindo Coutinho

19 julho 2004

(continuação)

II.

O segundo dia começou tranqüilo para os músicos, era a primeira folga desde a chegada. Munidos de suas cameras e outros apetrechos de turistas, lá se foram para os mais variados lugares do Rio. John e Lorraine, Boo Frazier e o Padre John Crowley foram ao Pão de Açúcar e, se desse tempo, iriam ao Corcovado.

Mas Roberto Côrte Real, na época presidente da Columbia no Brasil, havia programado um almoço com John e seus acompanhantes e executivos da gravadora, e a visita ao Corcovado foi de imediato descartada.

Às 19:30 dei uma passada no hotel e encontrei Austin Cromer, Benny Golson, Melba Liston e Phil Woods. Benny me saudou, dizendo aos músicos: "Esse é um dos amigos brasileiros de John, o outro ainda não apareceu". Referia-se a Clélio Ribeiro.

Pouco antes das nove horas encontrei dois saudosos amigos, Sérgio Porto, que me telefonara cedo dizendo que gostaria muito de conhecer a Gillespie; e Silvio Túlio Cardoso, cronista musical de grande prestígio que assinava, no "O GLOBO", a coluna "Discos Populares".

Eu, como sempre, estava sem ingresso para aquela noite e marquei encontro com eles após o concerto, nos camarins. Vi a banda da coxia do teatro e mais uma vez o concerto foi memorável, sendo que o arranjo do trombonista Melba Liston para "Stella by Starlight" me pareceu o ponto alto da noite.

Pouco antes da banda entrar no palco, o pianista Walter Davis Jr. perguntou-me se havia visto a Austin Cromer, o vocalista, cujo timbre era uma mistura de Billy Eckstine com Al Hibbler. Cromer estava escalado para cantar na segunda parte do show os temas "Flamingo" e "Seems Like You Don't Care". Todos procuravam por ele e ninguém parecia saber seu paradeiro. Faltando muito pouco tempo para assumir seu lugar na banda, ei-lo que surge, trôpego, e ao ser perguntado, disse que estava com uns amigos no boteco ao lado, tomando "samba". Boo Frazier quis saber o que era aquilo. Estando perto, expliquei que era uma bebida popular no Brasil àquela época, chamada de "Samba em Berlim", mistura de cachaça com Coca-Cola.

Boo perguntou então a Austin quais eram suas condições e ele disse: "As melhores". Efetivamente, chamado ao palco, Austin deu seu recado com extrema competência, sendo muito aplaudido. Terminados os dois números, voltou ao bar e a seus amigos e não mais foi visto aquela noite.

Ao fim do concerto, lá estava a tropa de choque jazzística do Rio de Janeiro, composta de jornalistas e radialistas, além de outros aficionados: Paulo Santos (Em Tempo de Jazz), Waldyr Finotti (Hora da Broadway), Anfilóphio Rocha Mello, José Domingos Raffaelli, Luis Carlos Antunes, Jonas Silva (Lojas Murray), Ary Vasconcellos (O Cruzeiro), Silvio Túlio Cardoso (O Globo), Sérgio Porto (Última Hora). E lá estava também um grupo de músicos, o que havia de melhor no meio musical da cidade, liderado pelo Maestro Cipó (sax tenor), que mais tarde levaria Gillespie para dar uma "canja na boate Beguine, onde se apresentava liderando um sensacional quinteto. Mas essa história ficará mais para a frente.

Palco, camarins e corredores foram invadidos por uma multidão que buscava autógrafos, fotos ou conversar com os músicos, estes já integrados naquela esbórnia que se instalou no Teatro. Falar com o "chefe", no entanto, era praticamente impossível.

No meio do tumulto, surgiram Paulo Santos e Luiz Carlos Antunes com Quincy Jones e Phil Woods a tiracolo, interessados em pegar umas donas. Isso era algo que àquela hora só se encontrava disponível na Rua Julio do Carmo, na popularmente chamada "Zona do Mangue". E lá fomos nós para a "zona". Depois de muito andar e sem beber nada, entramos na casa que parecia ter o melhor aspecto, onde aconteceram várias rodadas de negociação, com nossa intermediação junto à cafetina, uma senhora de péssimo humor.

Phil e Quincy finalmente escolheram suas eleitas e desapareceram pelos corredores mal iluminados da casa. A farra durou mais ou menos uma hora, tendo o pagamento sido feito à senhora de maus bofes que ainda nos olhava de soslaio, ainda muito desconfiada. Sem maiores problemas, voltamos ao hotel.

No lobby, ainda loucos por um drinque, soubemos que "the boss" estava na boate ao lado, dando uma "canja" com o Maestro Cipó.

Sem pensar duas vezes, seguimos todos para a boate Beguine.

(continua - Gillespie encontra Cipó e o assunto é samba)

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