Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

Aniversário de um monstro vivo

31 março 2004

Será entre os dias 13 e 15 de abril, no Iridium Jazz Club em Nova Iorque, a celebração do 66o. aniversário de Freddie Hubbard, figurando nada mais nada menos do que o seguinte dream-team: Joe Chambers, Craig Handy, Myron Walden, David Weiss, Chris Karlic, Steve Davis, Xavier Davis e Dwayne Burno, sendo esse octeto chamado de The New Jazz Composers.

O trompetista (tocava também flugelhorn) Frederick Dewayne (Freddie) Hubbard (nascido em 1938) saiu de Indianapolis no final dos anos 50 quase que para o estrelato absoluto, como parte das novidades do jazz: o hard-bop, e além, a interpretação modal, a liberdade de expressão, o soul jazz e em poucos anos, os primeiros passos do fusion.

Em meio aos anos 60, Hubbard já havia tocado com Sonny Rollins, Eric Dolphy, Ornette Coleman e Oliver Nelson e passado vários anos apresesentando-se com os Art Blakey's Jazz Messengers. Ele figurou em alguns dos mais importantes albuns daquela década (Free Jazz, de Coleman; Out to Lunch de Dolphy; East Broadway Rundown, de Rollins; Blues and the Abstract Truth, de Nelson; Mosaic, Free for All, Ugestsu e Kyoto, de Art Blakey; Ascension, de John Coltrane e Maiden Voyage, de Herbie Hancock.
Suas próprias gravações pelos selos Blue Note, Atlantic e CTI firmaram Freddie Hubbard como um dos GRANDES trompetistas do jazz.

Dedicado à participação coletiva, o New Jazz Composers Octet nutre as capacidades individuais e explora a técnica e a criatividade sempre em expansão de todos os seus componentes. O conjunto foi fundado em 1996, quando o trompetista David Weiss reconheceu a falta de oportunidades para que novos compositores apresentassem composições originais de jazz ditas "sérias". Assim, juntou forças com o pianista Xavier Davis, o saxofonista Myron Walden e o baixista Dwayne Burno. Recrutaram então mais quatro dos músicos mais bem considerados em Nova Iorque e formaram o New Jazz Composers Octet.

A linha de frente com cinco metais provê uma formação ideal para que os compositores consigam realizar plenamente suas aptidões composicionais pois uma gama assim de instrumentos permite um conjunto extremamente versátil.

A apresentação apaixonada, pelo conjunto, de arranjos intrincados e suas firmes raízes na tradição, rapidamente estabeleceram o octeto como "o som da nova corrente do jazz", como os definiu Ben Ratliff, do jornal The New York Times, por sua capacidade de "esticar a formula tipo não-esticável do hard-bop", segundo Jim Macnie, do Village Voice.

Dá tempo de ir festejar esse papa do trompete com o que é considerado um dos melhores conjuntos improvisadores em apresentação no momento. Basta ligar, reservar primeiro, comprar as passagens depois e ser feliz cantando parabéns para Freddie Hubbard em Nova Iorque. Why not?

IRIDIUM JAZZ CLUB
RESERVAS: 212-582-2121
www.iridiumjazzclub.com

Pano rápido

(Excêrto da entrevista do DJ Marky, à Playboy deste mês:)

P: Você não toca instrumento?

R: Não toco porra nenhuma. Um dia vou estudar bateria. Nasci para tocar jazz para 50 tiozinhos velhos e barrigudos, sentados, tomando uísque e fumando charuto. É o meu sonho.

MEUS 10 DISCOS

Aqui vai a minha lista:
1-PAT METHENY GROUP- OFFRAMP
2-HERBIE HANCOCK- MAIDEN VOYAGE
3-CHICK COREA- REMEMBERING BUD POWELL
4-MILTJACKSON & JOHN COLTRANE- BAGS & TRANE
5-STAN GETZ- BLUE SKIES
6-DIZZY/HUBBARD/TERRY/PETERSON- THE TRUMPET SUMMIT MEETS THE OSCAR PETERSON BIG FOUR
7-BILL EVANS- WE WILL MEET AGAIN
8-BILL EVANS- YOU MUST BELIEVE IN SPRING
9-DAVE BRUBECK- TIME OUT
10- MILT JACKSON- SUNFLOWER

Gostaria de sugerir um lista de 10 uísques para acompanhar.
Abs,
Marcelón

JAZZ – Mutatis Mutandis

O JAZZ foi sempre assunto de uma minoria. Ainda na época do swing, nos anos trinta, foram poucos os que reconheciam o valor do jazz dos criativos músicos negros, exceto por uns poucos discos. Não obstante, quem se interessa por jazz e o defende, trabalha em favor de uma maioria, porque o jazz nutre a música popular de nosso século. Todas as músicas que ouvimos nos seriados de televisão, nos lobbies dos hotéis, nos sucessos musicais do dia, nos filmes, nas músicas que dançamos, desde o Charleston até o Rock, o funk e as músicas de discotecas, todos os sons que nos rodeiam na música de consumo de nossa época se originaram no Jazz (porque o beat chegou à música ocidental através do Jazz).

Quem fica aficionado pelo Jazz eleva, com sua atitude, o nível dos “sons que nos rodeiam”, é dizer, em nível musical, o que significa – dito de outra maneira não teria sentido falar de nível musical – o nível espiritual, intelectual e humano: o nível da consciência.

Existe uma relação direta e comprovável em todos os seus detalhes, por um lado entre as diferentes classes, formas e estilos de jazz e por outro lado as épocas e as etapas em que foram criados.

Sem contar o seu valor musical, o mais importante no jazz, sem dúvidas, é seu desenvolvimento estilístico.

Estamos plenamente convencidos de que os estilos do jazz são estilos verdadeiros: se encontram na evolução do jazz na mesma posição que ocupam na música de concerto européia, por exemplo: o barroco e o classicismo, o romantismo e o impressionismo; é dizer, pertencem à sua época.

Muitos dos grandes músicos de jazz sentiram a relação entre o estilo que tocam e a época em que vivem. A alegria, livre de toda a preocupação, do Dixieland, corresponde ao período prévio da primeira Guerra Mundial. No estilo de Chicago se percebe a intranquilidade dos “alegres anos vinte”. O Swing materializa a segurança e a massificação da vida pouco antes da segunda Grande Guerra e, conforme palavras de Marshall Stearns, o "love of bigness", tipicamente americano e no fundo, tão humano. O Bebop capta o intranquilo nervosismo dos anos quarenta. O Cool jazz expressa, em boa medida, a resignação dos seres humanos que vivem bem, mesmo sabendo que já se produz a bomba H. O Hard bop está repleto de protestos, que de imediato se converteu ao conformismo pela moda do funk e do soul, conduzindo protestos, livres de compromissos, do Free jazz dos movimentos negros por direitos civis e as revoltas estudantis. Com o jazz dos anos se inicia uma fase nova de consolidação: o bastante para que o jazz-rock coincida com a credulidade que existia naquela época com a tecnologia. Em troca, o jazz dos anos oitenta inclui muito do ceticismo dos homens que vivem com bem estar, mas não ignoram quando lhes foi levado um progresso permanente e não questionado.
Por isso muitos músicos de jazz consideraram com ceticismo a reconstrução de estilos de jazz do passado pois sabem que a historia contradiz o espirito do jazz; o jazz vive e morre com sua vitalidade. O que está vivo muda. Quando a música de Count Basie alcançou exito mundial durante os anos cinquenta, foi pedido a Lester Young – o solista mais destacado da velha orquestra de Basie – para tocar com um grupo de músicos que pertenceram a esta orquestra e reviver o estilo dos anos trinta para a gravação de um álbum. “Não posso faze-lo”, disse Lester, "eu já não toco assim. Toco de outra maneira, vivo de outra maneira. Agora é tarde, isso era então."

Nós mudamos, movemos. Obviamente, o mesmo se pode dizer das reconstruções contemporâneas dos estilos históricos do jazz.

NOTÍCIA SENSACIONAL

30 março 2004

Gostaria de informar aos confrades que os convites feitos a três potenciais musas do CJUB, FORAM ACEITOS!!!


Em breve, portanto, contaremos com a inteligência, graça, beleza e sensibilidade das nossas novas companheiras, BETH MARTINELLI, CLAUDIA FIALHO e LUCIANA PEGORER.


Todas muito mais do que bem-vindas, para, na companhia de nossa inefável Marzita, brindar-nos a todos com suas visões e opiniões, e ainda alegrarem os corações destes empedernidos gladiadores pela sobrevivência do jazz como forma de arte.

O CJUB, em festa, as saúda com fogos de artifício.

10 MARCAS CLASSICAS DE "HABANOS"

27 março 2004

Não é uma tarefa fácil tentar descrever com palavras, algo tão subjetivo quanto o sabor de um "puro".
A melhor maneira de educar seu paladar é desgustando diferentes "puros", até descobrir a sua preferência.

Eis aqui 10 marcas clássicas dentre as várias que existem.

COHIBA - (SABOR : LINEA CLÁSICA = Mediano a Forte; LINEA 1492 = Mediano)
Foi criada em 1966, como a melhor marca de "Habanos" reservada exclusivamente para uso diplomático.
A partir de 1982 foi oferecida ao público em 3 bitolas: LANCEROS, CORONAS ESPECIALES e PANETELAS. Em 1989 adicionou-se mais 3 bitolas ESPLENDIDOS, ROBUSTOS e EXQUISITOS para complementar a Línea Clásica.
Em 1992 foi lançada a Línea 1492 com 5 bitolas: SIGLO I , II , III , IV e V.

MONTECRISTO - (SABOR = De Mediano a Forte)
Fundada em 1935 pela fábrica H. UPMANN, MONTECRISTO lançou primeiramente 5 bitolas descritas com números em vez de nomes.
As outras bitolas como a "A " e ESPECIALES foram lançadas no início dos anos 70. O sabor diferenciado do MONTECRISTO encantou tanto os apreciadores , que por mais de 20 anos tornou o mais popular dos "Habanos".

ROMEO Y JULIETA - (SABOR = Mediano )
Fundada por Alvarez y Garcia em 1875, ROMEO Y JULIETA só se desenvolveria a partir de 1903, quando foi adquirida por "Pepin" Fernandez Gonzalez.
Ingressou na Europa com seus "puros" produzindo uma vaira seleção de anilhas personalizadas para as celebridades de sua época.

BOLÍVAR - (SABOR = Forte )
Simón Bolívar, uma das figuras mais românticas do século 19, teve forte influência para libertar a América do Sul do domínio espanhol.
Em 1901, 71 anos depois de sua morte, a Companhia Rocha, de Havana, lhe rende uma homenagem ao colocar seu nome em seus "puros".
São feitos com tabacos cuja característica simboliza sua forte personalidade.

PUNCH - (SABOR = Mediano)
Don Manuel López de J. Valle fundou a PUNCH em 1840 visando o mercado britânico. Nesta época, uma revista de humor fazia muito sucesso, e se chamava " O Simpático Sr. Punch" (sempre com um charuto na mão) sendo a figura de destaque nas caixas desse "puro".

HOYO DE MONTERREY - (série HOYO DE MONTERREY - SABOR = Mediano; série LE HOYO - SABOR = Mediano a Forte)
No povoado de San Juan de Martinez, na região de Vuelta Abajo, há uma inscrição "Hoyo de Monterrey, José Gener, 1860 " o que indica que o Sr. Gener esteve alí antes de fundar sua fábrica, em 1865.
A série "LE HOYO" foi lançada nos anos 70 para responder a uma demanda por "puros" de sabor mais acentuado.

H. UPMANN - (SABOR= Suave)
H. Upmann foi um banqueiro. Se apaixonou de tal forma pelos "puros" que recebía de Cuba que resolveu transferir-se para Havana, estabelecendo-se não só como banqueiro mas também como fabricante de "puros".
Seu banco logo encerrou as atividades, porém seus "puros", cujas caixas levam a sua assinatura, permanecem como um exemplo vivo de um "puro' suave e de sabor diferenciado.

PARTAGÁS - (SABOR = Forte)
Em 1845, Don Jaime Partagás abriu pela primeira vez as portas de sua fábrica localizada na Calle Industria, 520, em Havana, atrás do Capitólio. Atualmente, é a única fábrica aberta para visitação. Seus "puros"jamais deixaram de ser fabricados alí, exceto entre 1987 e 1990, quando ficou fechada para restauração. esta poderosa marca de "habanos" conserva uma mescla de tabacos setecionados.

QUINTERO - (SABOR = Suave)
Em meados dos anos 20, Agustin Quintero abre sua pequena fábrica em Cienfuegos, próximo à região de Remédios.
A reputação de seus "puros' permitiu que fundasse, em 1940, a Companhia
Quintero y Hermano, em Havana junto com seu irmão mais velho.
A delicadeza de sua liga de tabacos de Vuelta Abajo o tranforma na marca ideal para aqueles que desejam iniciar-se neste mundo dos "puros".

EL REY DEL MUNDO - (SABOR = Suave a Mediano)
Em 1882, a fábrica de Antonio Allones lança uma nova marca de primeiríssima qualidade e de preços elevados. Com grande confiança no futuro e pouca modéstia, dá-lhe o nome de "EL REY DEL MUNDO".
O êxito não o fez esperar e rapidamente mudou o nme da fábrica para
"EL REY DEL MUNDO CIGAR CO."
Uma mescla delicada de tabacos de fino aroma continua sendo sua principal característica.

É ISSO AÍ.

DEGUSTE COM MODERAÇÃO

Zénrik

9° CHIVAS JAZZ LOUNGE

26 março 2004

Nivaldo Ornelas, Kiko Continentino, Sérgio Barroso, Pascoal Meireles
Cheguei por volta das 8:40 e tinha pouca gente, mas pela agitação do eficiente Mario, previ casa cheia. Encontrei com o nosso Marcelink que me apresentou à Claudia Fialho e seu simpático marido. Ficamos numa gostosa conversa sobre a deliciosa pessoa de Jorginho Guinle quando chegou a estrela da noite, a sempre bonita Marzita que, para dizer o mínimo, estava deslumbrante. Marzita nos deu a única nota triste da noite, a ausência do nosso Raf, que me tranquilizou, por telefone, dizendo ser apenas um mal estar. Nós três, mais Zé Henrique, partimos para o camarim e, logo ao entrar, pelo semblante do Nivaldo, tive a certeza do sucesso. Nivaldo e os demais músicos estavam num clima muito bom.

Quando chegou a hora do show, a casa estava lotada e podía-se sentir o clima de expectativa. E ninguém se decepcionou. Nivaldo, acompanhado de Kiko Continentino, Pascoal Meireles e Sergio Barroso, conduziu um primeiro set que deixou a platéia elétrica. No segundo set, houve o reforço de Marcelo Martins e Idriss Boudrioua num empolgante duelo que levou os demais músicos, destacando-se o Kiko, a se superarem para acompanhar e a platéia ao delírio.
No encerramento, com Nivaldo tocando uma composição sua, via-se muitas pessoas dançando nas suas cadeiras e a nossa Marzita estava com um sorriso de quem sabia que tinha produzido um dos grandes shows do CJL.

Voltamos com todo o gás e aquilo que começou como uma brincadeira de amigos, já é um evento carimbado na noite do Rio. Acho que os nossos horizontes estão se alargando e o céu é de brigadeiro. Parabéns, Marzita.

Os 10 Petardos de Mestre Goltinho

1. Brilliant Corners - Thelonious Monk
2. South America '56 - Dizzie Gillespie
3. Amazing Bud Powell - Bud Powell
4. A Night at Birdland - Art Blakey & The Jazz Messengers
5. Gershwin Live - Sarah Vaughn
6. The Hot Fives and The Hot Sevens - Louis Armstrong
7. Take the A Train - Duke Ellington
8. Jazz at Massey Hall - Charlie Parker
9. Manhattan Symphony - Dexter Gordon
10. Supersax & L.A. Voices

Luiz Orlando Carneiro, no JB de Hoje

25 março 2004

A informação recém-chegada do Mistura Fina dá conta de que todas as mesas estão reservadas para o concerto de hoje à noite.

Nada mais justo, considerando que a produção, "Tributo a John Coltrane", ficou a cargo de Marzita, musa inconteste deste muro, que nos brindará com uma noite inesquecível, com toda a certeza.

Noite, aliás, já abençoada por Mestre Luiz Orlando Carneiro, que nos honrou com a nota abaixo transcrita:

"A confraria CJUB (Charutos, Jazz, Uísque e Blog) promove hoje, às 21h, no Mistura Fina, um Tributo a John Coltrane, com o saxofonista Nivaldo Ornellas à frente de seu quarteto (Kiko Continentino, piano; Sérgio Barrozo, baixo; Pascoal Meirelles, bateria). O expert Mauro Nahoum envia um recado: ''Tendo assistido ao Nivaldo na casa de amigos e posso afirmar que ele está em plena forma, tocando como poucas vezes vi, com um timbre soberbo e uma fluência invejável"

Saravá!

UM PRESENTE RARO

24 março 2004

Mario “Coitado”, grande filósofo contemporâneo de Londrina, costuma dizer entre amigos: ”Não existe mulher feia; existe homem que não bebe”. Diante desta máxima chauvinista, tomei algumas precauções para postar este texto. Faz pelo menos dois meses que venho escutando quase que diariamente um CD do pianista Randy Waldman chamado “Wigged Out”. Confesso que nas primeiras vezes embalado por um Trapiche Medalla e outras por um sempre oportuno Cardhu. Quase uma obra-prima? Para ter certeza da constatação, resolvi ouvi-lo sóbrio. E só não o é por único detalhe. Uma das faixas, “Beethoven’s 5th Symphony”, recebeu um arranjo não muito feliz. Caso contrário, admitiria ser um dos mais fascinantes discos de jazz que ouvi nos últimos tempos. Um comentarista de futebol escalou seu ataque de todos os séculos: Garrincha, Zizinho, Zico, Pelé e Gilson Nunes. A presença do Gilson, claro, causou reação violenta. Mas ele explicou:” Péra aíííí...Mas alguém tem que perder a bola!”. No caso do CD, a tal faixa é precisamente o Gilson Nunes.

Já postei um outro CD do Waldman, “UnReel” (Concord Jazz 2001 - @@@@1/2), também um exercício magnífico de criatividade e competência. “Wigged Out” foi um desafio muito mais instigante e sedutor para este brilhante pianista e arranjador, já que os temas, sem exceção, vieram da música clássica – e todos bastante conhecidos.
Randy Waldman desde os 5 anos estudou piano. Enquanto seus amiguinhos brincavam, ele aproveitava qualquer folga para tocar. Aos 12, como primeiro emprego, testava pianos numa loja especializada para qualquer suposto cliente. Embora apaixonado por jazz, iniciou carreira ao lado de grandes astros da música pop, como Frank Sinatra, The Letterman, Lou Rawls, Minnie Riperton e Paul Anka, entre outros. Mas foi com George Benson, durante 7 anos, que passou a ser conhecido entre os jazzistas, não só como pianista mas como arranjador, quase uma figura carimbada nos estúdios de Los Angeles. Até ser provocado por amigos para um CD próprio. E assim nasceu o então Randy Waldman Trio. E duas absolutas feras ao lado; John Patitucci, baixo, e Vinnie Colaiuta, bateria. E o CD de estréia, “Wigged Out” (Whirly Bird 1998).
Peter And The Wolf” (Prokoviev), “Minuet In G” (Beethoven), “Dance Of The Sugar Plum Fairies" (Tchaikovsky), “Flight Of The Bumble Bee” (Rimsky/Korsakov), “Prelude In C# Minor” (Rachmaninov), “Waltz Of The Flowers/Botanical Intro” (Tchaikovisky), “Ride Of The Valkiries” (Wagner), “Jesu, Joy Of Man’s Desiring” (Bach), “Beethoven 5th Symphony” e “Les Sylphides" (Chopin) são os temas. A criatividade de Waldman para transfomar o repertório em jazz deixaria Monk de barba e queixo caidos. O trio improvisa e balança o tempo inteiro, com algumas participações especialíssimas de Freddie Hubbard (flugel), Michael Brecker (tenor sax), Arturo Sandoval (trumpet) e do saudoso saxofonista tenor Bob Berg. Outros menos cotados ajudaram a compor os arranjos. Waldman deixa passar em seu piano algumas influências nítidas: Monk, Bud Powell, Bill Evans, Chick Corea e Herbie Hancock. Seu estilo mesmo assim é quase único entre os pianistas contemporâneos – a última faixa, em solo, mostra isso.
Coisa complicada é dar presente. Principalmente quando o presenteado, no caso de um jazzófilo, é exigente e qualificado. Não só por não se achar em lojas brasileiras – conferi isso na Modern Sound -, “Wigged Out” seria um desses “mimos” que eu daria a um jazzista com a confiança de que no dia seguinte receberia um telefonema de sinceros agradecimentos – e não mera gentileza.
PS: A cotação no Allmusic Guide é @@@@, só não máxima talvez pelo Gilson Nunes, o que me fez também por pouco não o incluir na lista da ilha. No Penguin não há qualquer referência a Randy Waldman - já esperava por se tratar de um novo músico norte-americano.

PSII: Outro CD imperdível é do romano Stefano Di Battista (alto & soprano sax) chamado "Round About Roma" (Blue Note 2003). Destaque para o cada vez mais surpreendente Vince Mendoza, o mesmo arranjador do apaixonante "Both Sides Now" da Joni Mitchell. Comentarei oportunamente. Para quem não sabe, é o atual CD de cabeceira do Ivan Lins - fonte segura.

O FEEDBACK QUE TODOS BUSCAMOS

Transcrevo, abaixo, a amável mensagem recebida de nosso leitor, Moisés, a qual, penso, representa exatamente a contrapartida que o blog sempre quis e, felizmente, vem obtendo.

Parabéns, Moisés, e continue a nos prestigiar com seus benvindos comentários.

"Olá,

Primeiramente, gostaria de dizer que o Blog é incrível. Não achei nada parecido na Web, quanto mais em sites brasileiros. Esse espaço é uma forma de valorizar, não só a boa música, como os grandes músicos, principalmente os brasileiros.

E, falando em músicos brasileiros, estou muito contente em ver o sucesso do meu ex-professor de bateria - que me fez gostar de jazz - Kiko Freitas. Bem, acompanho a carreira dele desde o início, pois sou gaúcho. Posso dizer que nunca vi um músico como ele aqui no Sul. Os grandes bateristas gaúchos, como Nenê, saíram daqui antes de eu pensar em tocar bateria. Com o Kiko foi diferente: vi ele tocar ao vivo várias vezes. Que bom que o país e o mundo - Michel Legrand que o diga - estão conhecendo o seu talento.

Dificilmente temos bons shows de jazz aqui no sul. Não quero entrar no porquê disto. O que me resta é ficar sabendo dos shows à distância. Você poderia me ajudar? Li a resenha da apresentação do Michel no blog. Mas gostaria de, se possível, ter uma descrição mais detalhada do que foi o show. Falo principalmente da atuação da banda e, especificamente, da atuação do Kiko. Não concordo que ele seja substituto de Duduka da Fonseca, até porque este está em plena atividade! Duduka é o grande baterista brasileiro vivo na minha opinião, mas o que falta para o Kiko chegar até o nível dele? Você que viu o show - e entende de jazz pra caramba - tem alguma observação sobre a maneira do Kiko de acompanhar alguém do naipe de um Legrand.

Bah, tche! Gostaria de ter visto este show... E o Ivan Lins dando uma canja...Deve ter sido sensacional. Se você puder, BeneX, me mande mais detalhes de como foi a apresentação. Houve muito espaço para improvisação? Como foi o Idriss? Como foi o Sérgio? Aguardo ansioso sua resposta. Se eu não pude ficar com os charutos e o Uísque, gostaria de ficar, ao menos, com o Jazz! Mais uma vez, parabéns pelo Blog.

Um grande abraço!

Moisés
"

SET-LIST do 9o. CONCERTO CHIVAS JAZZ LOUNGE, em 25/03/04

22 março 2004

Repetimos aqui parte da nota de divulgação (a completa, postada em 13/3, está em Arquivos), e ao final a set-list enviada pelo Nivaldo, para seu tributo desta quinta feira.
O Concerto está bastante abrangente, com inúmeros dos mais importantes temas que o tributado John Coltrane compôs ou interpretou.

Quem quiser comprar antecipadamente tem agora a possibilidade de fazê-lo pelo site do Ticketronics, bastando escolher "Mistura Fina"e a data do Chivas Jazz Lounge correspondente.

...............................

Dando continuidade à série de Concertos Chivas Jazz Lounge, patrocinada pelo Whisky Chivas Regal, o CJUB retoma suas produções e apresenta seu 9º CONCERTO, com um TRIBUTO A JOHN COLTRANE, a ser realizado em 25 de março às 21:00h no Mistura Fina (Av. Borges de Medeiros, 3207 - Lagoa - fone 2537.2844).

O saxofonista Nivaldo Ornelas será a atração da noite (saxes tenor e soprano), acompanhado de seu grupo integrado por Kiko Continentino no piano, Sérgio Barrozo no baixo acústico e Pascoal Meirelles na bateria. No final do segundo set do concerto, Nivaldo contará ainda com a participação, como convidados especiais, dos músicos Marcelo Martins (sax tenor), Ricardo Leão (piano), Adriano Trindade (bateria) e Marcelo Mariano (baixo).
A produção desta noite é de Marzia Esposito, membro do CJUB. O repertório é baseado na obra do músico John Coltrane, com novos arranjos e também algumas músicas dos últimos dois álbuns de Nivaldo, “Reciclagem ao Vivo” e “Arredores”.

Set-list:

De Coltrane:
Naima; Giant Steps; Syeeda's Song Flute , do disco Giant Steps;
Mr. Day, de Coltrane Plays the Blues;
Central Park West de Heavyweight Champion: The Complete Atlantic Recordings;
Equinox , de The Last Giant: Anthology.

De outros compositores:
My Favorite Things (Rodgers/Hart); Body'N'Soul (B.Green); Nature Boy (Eden Ahbez); Lush Life (Billy Strayhorn); The Look of Love (B.Bacharat); Milestones (Miles Davis); Soul Eyes (Mal Waldron); On the Trail (Ferde Grofe); Laura (J.Mercer/D.Raskin); You Stepped Out of a Dream (G.Kahn/H.Brown)

Composições de Ornelas:
Roque Novo; Renascença; Variações sobre a música de John Coltrane; Rua Genebra.

A MISSA DE JORGE GUINLE

20 março 2004

Terça-feira, sete da noite. Toca meu celular e começo a conversar com a Claudia Fialho, relações públicas do Copacabana Palace. Ela inicia a conversa dizendo que conseguiu meu número com o Arlindo Coutinho, que por estar em São Paulo não poderia ajuda-la neste momento. Ela estava organizando uma missa em memória do Jorginho Guinle que seria realizada na quinta-feira, ou seja apenas dois dias depois do seu telefonema. Como Jorge Guinle era ateu, alguém sugeriu que na missa, ao invés de se tocar músicas sacras, tocasse jazz. Por isso a Claudia estava me telefonando, ela queria que eu encontrasse músicos e montasse um repertório para a missa. A tarefa estava destinada ao Coutinho, amigo de longa data da Claudia, mas lá de São Paulo seria impossível. Aceitei a tarefa, até porque além de ser um pedido do Couto e do modo gentil como a Claudia me pediu, poderia dizer um dia aos meus netos que eu fiz a produção musical da missa do Jorge Guinle (!).
Porém tinha apenas dois dias para encontrar e contratar dois bons músicos, um pianista e um saxofonista, montar um repertório condizente com o momento, que fosse de agrado do finado Jorginho, que fosse ainda conhecido pelos músicos, pelo público e que fosse aceito pelo padre. Não teria tempo para ensaios e só na hora os músicos saberiam em qual local iriam tocar na igreja.
Quando cheguei em casa liguei para o Bene-X para conseguir algumas sugestões, ele por sua vez ligou para o Mau Nah e no dia seguinte liguei para o mestre Raffaelli. Como o tempo era curtíssimo e normalmente os músicos tocam as quintas, estava difícil montar a dupla. Para piorar meu dia estava repleto de compromissos e passei o dia todo ao celular. Meu amigo Dôdo me passou o telefone do saxofonista Daniel Garcia que por sua vez conseguiu localizar o pianista Dario Gallante. Na quarta à noite a dupla estava formada. Na quinta pela manhã, depois de ouvir diversas sugestões do Bene-X e do Raffaelli decidi montar o repertório com “Body And Soul” na entrada, “Solitude” no ofertório, “In a Sentimental Mood” na comunhão e “When the Saints Go Marchin In’” na saída.
Quando cheguei na Igreja já estavam o Dário e o Daniel que conversavam com a Claudia. Passei as instruções aos músicos, conversamos com o padre e na hora da missa o que ouvimos foi divino. A música se encaixou perfeitamente no clima da missa e os presentes se emocionaram com a surpresa feita pela Claudia, já que ninguém sabia que iria ter jazz naquele momento. No final da missa os músicos tocaram por quase dez minutos “When The Saints Go Marchin In’” com vários improvisos e citações, enquanto os presentes se abraçavam, se despediam e se emocionavam. Muitos vieram parabenizar os músicos. Foi, sem dúvida, uma grande homenagem e fiquei muito feliz em poder ter participado dela.

Abraços,

Marcelink

N.do E.: Peço desculpas pela intromissão no post do Marcelink, mas o motivo é nobre. Saiu hoje uma nota na Coluna Gente Boa - de Joaquim Ferreira dos Santos, no segundo caderno do O Globo - a respeito da bela produção de nosso "faz-tudo". E a despeito de não citarem o autor do feito, considerado "emocionante", aqui está o link para a mesma, para quem quiser ler. Basta rolar a coluna até quase o final e lá está, realçado em vermelho. Bravo, Marceliiiiink!

JAZZ BEST-SELLERS

Aqui está a lista, segundo a Tower Records, dos 20 CDs de jazz mais vendidos atualmente em sua lojas.
1. THE MAGIC HOUR - WYNTON MARSALIS (BLUE NOTE 2004)
2. KIND OF BLUE (REMASTER) - MILES DAVIS (LEGACY 1997)
3. UP FRONT - PAUL BROWN (GRP 2004)
4. ANYTHING GOES - BRAD MEHLDAU (WARNER 2004)
5. COSITAS BUENAS - PACO DE LUCIA (BLUE THUMB 2004)
6. SKETCHES OF SPAIN (REMASTER) - MILES DAVIS (LEGACY 97)
7. SAPPHIRE BLUE - LARRY CARLTON (BLUEBIRD 2004)
8. TIME OUT (REMASTER) - DAVE BRUBECK QUARTET (COLUMBIA 94)
9. MICHAEL BUBLÉ (REPRISE 2003)
10. A THOUSAND KISSES DEEP - CHRIS BOTTI (COLUMBIA 2003)
11. SAXOPHONIC - DAVE KOZ (EMI 2003)
12. LIVE IN PARIS - DIANA KRALL (VERVE 2002)
13. JAZZ AFTER DARK - PLAYBOY JAZZ (PLAYBOY JAZZ 2003)
14. THE ESSENTIAL MILES DAVIS (LEGACY 2001)
15. THE ESSENTIAL DAVE BRUBECK (LEGACY 2003)
16. THE GREATEST HITS - NAT KING COLE (EMI 94)
17. BUENA VISTA SOCIAL CLUB (NOVESUCH 97)
18. DANCING IN THE DARK - TIERNEY SUTTON (TELARC 2004)
19. 20TH CENTURY MASTERS - ETTA JAMES (MCA 99)
20. JACO PASTORIUS (REMASTER) - (EPIC 2000)

Foram desconsiderados (por mim) os CDs da Norah Jones, Rod Stewart e do atual Harry Connick Jr por motivos óbvios, embora carimbados como discos de jazz pela famosa loja.

MICHEL LEGRAND, 18/3/2004, 1o. SET, MISTURA FINA - @@


Michel Legrand, o songwriter, está acima do bem e do mal. Legrand, o cantor, abaixo da crítica. E o Legrand pianista, ontem pelo menos, passou por média, mas "raspando".

Difícil começar assim, porque, afinal, everybody loves Legrand.

A própria persona do compositor, carismático e sempre bem humorado, parece suficiente para conquistar a audiência. Na verdade, ele já entra com a platéia conquistada.

E não é para menos. Se já é uma glória para qualquer um, conseguir compor um único tema que perdure no inconsciente coletivo por mais de dez anos, imaginem aquele que emplaca 10, 20 canções por cinco décadas ! Canções que se provaram verdadeiras "cúmplices", às quais a gente recorre a todo momento, geralmente sem se dar conta, cantando ou assobiando.

No panteão dos songwiters, Legrand estará ao lado dos americanos clássicos - Gershwin, Porter, Rodgers, Berlin, Mercer, Kern, Ellington - além de Jobim, entre nós, e, mais modernamente, Stevie Wonder, McCartney e outros "contados nos dedos".

Todos donos não de uma, mas de uma série de melodias simples, mas de trama genial, capazes de resistir ao tempo e aos modismos, seduzindo ouvintes de ontem, hoje e amanhã.

Mas nem só de carisma vive um músico, muito menos um show, principalmente quando a carreira de Legrand quase sempre esteve associada também ao mister de pianista de jazz, embora nisto evidentemente ofuscada por sua excelência como compositor e arranjador.

O Legrand pianista a que assistimos, no mesmo Mistura, na década passada, estava em boa forma, preocupado em manter sempre criativas suas intervenções e sabendo usar dos resquícios da ótima técnica que outrora demonstrou, advinda de suas origens no piano clássico.

Aos 72 anos, o Legrand do 1o. set de ontem, entretanto, não parecia disposto a oferecer mais que uma costura de clichês jazzísticos, mal apoiados nos discretos Sérgio Barrozo (contra-baixo) e Kiko Freitas (bateria).

Até Idriss Boudrioua (sax alto), destaque habitual em qualquer contexto, viu-se "amarrado" a um ou dois choruses que os "arranjos" lhe destinaram. Quando, afinal, ganhou maior espaço, em Dingo Rock - na verdade um funk - o show perigou mudar de dono, ao menos para quem a música era o que realmente importava.

Além daquele, outros temas menos conhecidos integraram o set-list, como Dingo Lament, também da trilha sonora co-assinada por Miles Davis e acertadamente exposto em andamento mais lento; a fraquíssima Ray Blues; e Family Fugue, anunciada como Fuga em Ré menor e que, embora produto da já batida fusão do Jazz com o Barroco, serviu para provar a atração do compositor pelo cromatismo, principal ingrediente em inúmeros de seus sucessos.

E as "cúmplices" ? Vieram, claro, desde a abertura, com Watch What Happens, passando por La Valse des Lilas (com direito até a scat singing); What Are You Doing the Rest of Your Life; Summer of 42 ( L'été 42); terminando com Windmills of Your Mind (Le Moulins de Mon Coeur) no bis; ou seja, simplesmente quatro das baladas mais lindas já feitas até hoje.

Exatamente para elas - e só para elas - vão as duas "orelhas" (@@). O capricho da verdadeira arte é que a obra, por sua grandeza, acaba se independendo do criador. No caso do Legrand de hoje, a música resiste - em ambos os sentidos - ao performer.

Um tanto frustrado e já no carro, fui logo apertando o play e McCoy Tyner - apenas seis anos mais jovem que o colega francês, mas tocando como nunca (v. Tim Festival) - tratou de discorrer majestoso no idioma em que Michel Legrand um dia tão bem se exercitou.

PROGRAMAÇÃO INTERNACIONAL DO MISTURA FINA, ANUNCIADA PARA 2004

19 março 2004

Os que estiveram no show de Michel Legrand receberam a seguinte lista de atrações, previstas para este ano:

ABRIL - LUCHO GATICA

MAIO - FREDDY COLE

JUNHO - CAROL WELSMAN & OSCAR CASTRO NEVES

JULHO - JANE MONHEIT
STANLEY JORDAN

SETEMBRO - PETER CINCOTTI
CÉSAR C. MARIANO & ROMERO LUBAMBO
RON CARTER TRIO

OUTUBRO - JOHN PIZZARELLI

NOVEMBRO - MIKE STERN

DEZEMBRO - TRIO DA PAZ & HÉLIO ALVES

Os 10 Empilhados, Hoje, na Mesa de Cabeceira

1. John Coltrane & Johnny Hartman - John Coltrane & Johnny Hartman
2. Dexter Gordon – Gotham City
3. J.J.Johnson – The Eminent, vol. 1
4. Curtis Fuller – The Blue Note/UA Sessions
5. Arturo Sandoval – Dream Come True
6. Zoot Sims – Passion Flower
7. Art Blakey & The Jazz Messengers – Live in Leverkusen 1995
8. Johnny Alf – Olhos Negros
9. Ike Quebec – Heavy Soul
10. Johnny Hodges – With Billy Strayhorn and The Orchestra.
10 ½ Michel Petrucciani – Solo (Festival d’Antibes Juan les Pins 1993)

Saravá!

BALLADS NO PAREDÃO !

A razão desse texto deve-se à lista dos 10 (dez) álbuns de jazz escolhidos pelo cejubiano Zé Henrique para acompanhá-lo a uma ilha deserta. Entre os eleitos estão 2 (dois) de um músico conceitualmente pop chamado Donald Fagen - leia-se Steely Dan também. Pergunto: afinal, o que é jazz?
Um instrumentista carimbado como jazzista necessariamente sempre faz um disco de jazz? Definitivamente não. Jazz não é apenas ritmo e melodia. O que mais vale é a intenção, ou melhor, a criatividade para se transformar o óbvio com harmonias anormais e, claro, solos improvisados. Kind Of Blue (59), de Miles Davis, é um exemplo de jazz em sua mais pura concepção. Além de um revolucionário tratamento harmônico, via Bill Evans, John Coltrane brilha com solos agressivamente emocionantes, não muito usuais para a época. Todas as faixas do então LP passam de 9 (nove) minutos em média, tempo suficiente para todos do grupo solarem. Outra dose inequívoca de jazz vem a seguir com os mesmos Miles Davis e John Coltrane em Someday My Prince Will Come(61), moldes idênticos e até, no meu conceito, melhorados. O próprio Coltrane, no mesmo ano, apareceria ao vivo no Village Vanguard ao lado de outras feras, como Eric Dolphy. Uma das faixas, Chasin' The Trane quase chega aos 17 (dezessete) minutos. Um exercício espetacular de improvisação, mola-mestre do jazz.
Chego em São Paulo e no tempo livre, claro, loja de discos importados. Vejo, em destaque, um novo álbum de um dos meus grandes ídolos - até hoje -, John Coltrane. Lacrado, mesmo assim vejo que os temas são standards. E só poderia ser - o disco tinha o título de Ballads. Não se pode abrir disco lacrado. E daí? Coltrane, McCoy, Elvin e Reggie (ou Jimmy Garrison) garantem a mercadoria. Em casa, empolgado, abro o LP. E o primeiro sintoma de dúvida surge: as faixas em média quase 4(quatro) minutos - uma delas com apenas 2:49. Antes de ouvir, adianto duas possibilidades: ou já entram improvisando - e aí me lembro do Bird em Just Friends, Charlie Parker & Strings - ou apenas a mera execução dos temas. E prevaleceu, para meu desespero, a segunda hipótese. Dia seguinte passei o LP prá frente. Foi fácil. Afinal, era um disco novíssimo do Coltrane.
Isto posto, e acho que bem - só se alguém me provar o contrário - se não há improvisos, ou estes são raros; se não há arranjos harmonicamente anormais; não tenho qualquer dúvida que os 2 (dois) álbuns selecionados pelo Zé Henrique e que envolvem Donald Fagen
são jazzisticamente bem mais honestos do que o tão badalado Ballads
do meu ídolo John Coltrane, que o próprio, por imposição da gravadora, estaria se vivo com vergonha do que fez. Ballads não é na essência jazz (ou apenas se tocar os temas como foram compostos é?). Trata-se de um chiclete musical. Na primeira mastigada, perde o gosto. Gostaria que o Coltrane estivesse ainda entre nós para contar a verdadeira história do disco.
PS: Conheci pessoalmente o saxofonista Zoot Sims em 72, Chicago, Rick's American Cafe. E conversamos sobre Coltrane, quando me arrisquei a dizer que tinha detestado o Ballads - em se tratando de Coltrane. E ele sorriu, comentando que entre os músicos - só entre eles - havia uma versão de que a Impulse (Bob Thiele)teria exigido um disco comercial ao Coltrane para compensar o fracasso daquele gravado ao vivo no Village Vanguard, quando ele pediu liberdade para fazer o que bem quisesse. E o próprio Zoot admitiu que entre os músicos o Ballads foi uma verdadeira piada. Será que o cara mentiria só para me agradar? Pouco provável.
PS 2: Confesso que desde que li o blog pela primeira vez e dei com o Ballads na ilha, sinto vontade de expor meu ponto-de-vista sobre o disco. E como percebo que ele vai voltar lá, não pude segurar esse quase desabafo. Em tempo, reconheço que serei contestado. Mas, pode um álbum normal do Coltrane com oito faixas durar somente 32 minutos?

Meus CDs p/ 1 ilha (não necessariamente deserta)

18 março 2004

Olá Pessoal !
Eis aí a minha relação de CDs. A ordem é aleatória, não significa preferência.

1 - Kind of Blue - Miles Davis
2 - Ballads - John Coltrane
3 - Nightfly - Donald Fagen
4 - Aja - Steely Dan
5 - Here and There - Cal Tjader
6 - In A Sentimental Mood - Mac "Dr. John" Rebenack
7 - Un Piano Un Nombre - Jesus " Chucho " Valdés
8 - McCoy Tyner and The Latin All Stars - McCoy Tyner
9 - Standards - Ray Charles
10 - Live at The Blue Note - Michel Camilo


É isso aí.

Zénrik

OS DEZ E OUTRAS COSITAS MAS

Ano de 1969 após uma estada em N. York no auge da loucura hippie, onde assisti ao vivo e a cores literalmente a Jimi Hendrix & Band of Gypsies, Janis Joplin e Iron Butterfly entre outros, cheguei a L.A. e fui apresentado por Wanda e Edu (Lobo), que lá viviam, ao Blood, Sweat & Tears no Hollwood Bowl, onde passei a entender "Variations On a Theme by Eric Satie" e a ouvir e gostar dos solos de Lew Soloff, Fred Lipsius e Dick Halligan. Daí para o jazz foi um pulo, ou melhor, um empurrão do Edu, que me presenteou na mesma hora os LPs "Marquis of Sade", do Lalo Schifrin, seu professor de orquestração na epoca, que lá conheci, e o "Kind of Blue", que foram assim meus primeiros discos de jazz aos 17 anos.

Quanto aos 10 segunda edição, seguem abaixo em ordem alfabética, a saber:

1) After Midnight ( Nat King "Cole" )
2) Miles "Davis" and the Modern Jazz Giants
3) Unknown Sessions ( Duke "Ellington" )
4) Waltz for Debby ( Bill "Evans" )
5) Tokyo 96 ( Keith "Jarrett" )
6) Two Loves ( Duke "Jordan" )
7) The October Suite ( Steve"Kuhn" & Gary McFarland )
8) Live At The Lighthouse ( Lee "Morgan" )
9) The Widow In The Window ( Kenny "Wheeler" )
10) Denny "Zeitlin" At The Trident


Fazendo ainda menção a duas coleções, sendo uma de 10 CDs, o que por si só invalidaria a lista acima, e que são "The Complete On Verve" ( de Billie Holiday ) e "The Complete Columbia Sessions" (de JJ Johnson ).

NAT KING COLE, O INESQUECÍVEL CANTOR ROMÃNTICO

Para muitos, Nat King Cole (1917-1965) foi o maior cantor romântico de todos os tempos, reconhecido mundialmente como criador de sucessos eternos, deixando uma obra imorredoura. Invariavelmente, as canções que selecionava eram belas melodias que primavam pelo bom gosto. Suas interpretações ficaram para sempre. Sua voz de timbre original e de qualidade melódica excepcional projetava uma intensa gama de emoções, através da forma instintiva de transmitir autenticidade a cada palavra.

Cole alcançou seu ponto culminante como cantor de baladas a partir dos anos 40. Sua carreira começou como pianista de jazz em meados da década de 30, em plena Era do Swing, sendo constantemente requisitado para gravações com os maiores nomes da época, entre os quais Lester Young, Lionel Hampton, Coleman Hawkins, Benny Carter, Charlie Shavers e Buddy Rich. Ele liderou um trio que ficou famoso pela sofisticação e criatividade musical, e fez parte da renomada trupe do Jazz at the Philarmonic, um grupo criado pelo produtor Norman Granz, que se especializou em promover concertos de jazz em teatros e grandes auditórios. Sua morte, em 15 de fevereiro de 1965 (algumas fontes dão a data de 12 de fevereiro), silenciou um dos artistas mais originais de todos os tempos.
Começando no conjunto do seu irmão Eddie Cole, um baixista que não chegou a ser conhecido, com ele Nat gravou seu primeiro disco em 1936, aos 19 anos. Imediatamente chamou a atenção dos jazzmen para o seu talento, com frases improvisadas coerentes e imaginativas, revelando a influência do patriarcal Earl Hines. Aos poucos ele se destacava e, em 1939, partiu para a grande aventura, organizando seu trio que ficou famoso com o concurso de Oscar Moore (guitarra) e Johnny Miller (baixo).
A instrumentação piano-baixo-bateria era revolucionária, sendo adotada mais tarde pelos pianistas Art Tatum, Page Cavanaugh, Oscar Peterson, Ray Charles, Ahmad Jamal, Ray Ellington, George Shearing e até o brasileiro Dick Farney. Todos, em diferentes graus, foram influenciados por ele, sendo que Ray Charles, Oscar Peterson e Ray Ellington também o imitaram cantando.
Uma história fantasiosa divulgou sua origem como cantor. Estaria ele apresentando-se numa boate quando um dos presentes, visivelmente alcoolizado, exigiu em altos brados que cantasse “Sweet Lorraine”. A verdade, todavia, foi outra: Cole tocava num clube noturno, cujo proprietário lamentou não ter um cantor para atrair mais público e melhorar seus negócios. Cole conversou a respeito com o arranjador Phil Moore, que lhe sugeriu: “Por que não canta você mesmo ?”. Foi assim que ele começou a cantar.
Alguns dos seus primeiros discos foram sucessos, principalmente “Straighten Up and Fly Right”, “Sweet Lorraine” (durante muito tempo foi seu carro-chefe), “This Will Make You Laugh” e “That Ain’t Right”, gravados em 1943. Sua maneira pessoal de interpretar, acentuando as frases com timbre e dicção característicos, muitas vezes estendendo a última nota de uma frase, adicionando um tempo extra ao compasso, um artifício adotado por Mel Tormé, Carmen McRae, Della Resse, Buddy Grecco, Johnny Alf, Leny Andrade e outros, encantou o público. Ao mesmo tempo, aperfeiçoou um estilo de acompanhar-se ao piano utilizando acordes sincopados que complementavam suas frases cantadas, com harmonizações bem mais complexas e inventivas das que se ouviam habitualmente, criando o que se convencionou chamar de comping, mais tarde imitado à exaustão por inúmeros cantores-pianistas, inclusive Dick Farney e Johnny Alf.
Mas, o sucesso espetacular ainda estava para acontecer. Depois de assinar contrato com a Capitol - uma gravadora nova de Hollywood que buscava grandes talentos no início dos anos 40, ganhando impulso extraordinário no mercado americano -, Cole conheceria o auge da popularidade. A Capitol surgiu com uma proposta agressiva, contratando Benny Goodman, Stan Kenton e Benny Carter, três dos mais populares band leaders da época, solistas de renome como Coleman Hawkins e Jack Teagarden, e vários vocalistas, incluindo Jo Stafford, Kay Starr, Dean Martin e Margaret Whiting, entre outros.
Cole assinou com a Capitol em 1943, em meio à primeira greve decretada pelo poderoso Sindicato dos Músicos, quando estavam proibidas as gravações de estúdio.
Significativamente, os discos que mais contribuíram para solidificar sua reputação como pianista de jazz não foram com seu trio, nem para a Capitol. Foram gravações com o saxofonista Lester Young, em 1942, para o selo Alladin (“I Can’t Get Started” e “Body and Soul”); com o Jazz at The Philarmonic, em julho de 1944, nos antológicos “Body and Soul” e “Blues”; e, em 1945, com um conjunto intitulado Sunset All Stars, ao lado de Charlie Shavers, Herbie Haymer, John Simmons e Buddy Rich. Esses discos chegaram às lojas somente em 1945, depois que o trio de Cole estabelecera seu prestígio como um dos pequenos conjuntos de maior vendagem nos Estados Unidos.
Paralelamente àquelas sessões, ele continuou gravando com o trio. Em “It’s Only A Paper Moon”, gravado em 1943, ele tocou acordes muito parecidos com os que George Shearing utilizou no seu mega-sucesso “September in the Rain”, de 1949. Por outro lado, seu trio gerava uma instigante interação constante muito mais freqüente que a do trio de Ahmad Jamal, a quem creditaram erroneamente essa inovação.
A partir de 1947, quando Cole gravou “Nature Boy” com uma orquestra de estúdio, os produtores decidiram mantê-lo à frente das grandes formações com seção de cordas, em arranjos cuidadosamente elaborados, assumindo definitivamente sua condição de cantor romântico.
Em meados dos anos 50, o trio era apenas uma lembrança do passado e o jazz perdera definitivamente um dos seus mais brilhantes pianistas. Trabalhando com arranjadores do nível de Nelson Riddle, Frank DeVol, Billy May, Gordon Jenkins, Dave Cavanaugh, Pete Rugolo e Ralph Carmichael, Cole perpetuou uma série de clássicos: além de “Nature Boy”, surgiram “Mona Lisa”, “Lush Life”, “Blue Gardenia”, “Unforgettable”, “Too Young”, ”Lost April”, Non Dimenticar”, “When I Fall In Love”, “Fascination”, “An Affair to Remember”, “Stardust”, “Handful of Stars”, “September Song”, “To the End of the Earth” e inúmeros outros.
Segundo consta, os executivos da Capitol tentaram impedir que Cole gravasse “Lush Life”, e ele precisou insistir muito para conseguir essa autorização. Depois que a gravou, a canção tornou-se um standard da música americana. Na opinião de alguns críticos, Cole jamais gravou qualquer música com tanto sentimento e tanta força de expressão como em “Lush Life”.
Cole também tinha certa preferência pelos ritmos exóticos, especialmente os de atmosfera levemente oriental. Alguns desses ritmos aparecem em “Haji Baba”, “Land of Making Believe”, “The Ruby and the Pearl”, “Song of Delillah” e “Land of Love”. Ao mesmo tempo, a Capitol descobriu que ele poderia alcançar maior sucesso interpretando canções supostamente religiosas, como “Answer Me, My Love”, “Faith Can Move Mountains” e “Make Her Mine”. Na ânsia do sucesso desenfreado para atender ao mercado pop da época, os executivos da Capitol obrigaram Cole a gravar músicas totalmente incompatíveis com sua personalidade: “Rumblin’ Rose” e “Those Lazy-Hazy-Crazy Days of Summer”.
Um hiato nas sessões com orquestras de estúdio permitiram-lhe voltar às origens ao gravar os álbuns “After Midnight”, inteiramente jazzístico, com um conjunto destacando Juan Tizol (trombone-de-válvula), Harry Edison (trompete) e Stuff Smith (violino), e “Welcome to the Club”, acompanhado por nada menos que a orquestra de Count Basie, sem o líder.
Uma das personalidades mais populares da música americana, Cole foi o primeiro artista negro a comandar seu próprio programa de TV. Ele apareceu em inúmeros filmes, excursionou à Europa e à América Latina, apresentando-se no Brasil em 1959. Um dos seus shows levou ao delírio o público que lotou o ginásio do Maracanãzinho, no Rio.
Nessa turnê, ele gravou discos de músicas brasileiras e mexicanas, em português e espanhol, cujo sentido nitidamente comercial destoa da sua obra. Esse oportunismo foi outra imposição dos executivos da Capitol para aumentar sua popularidade entre o público latino.
Nat King Cole casou-se duas vezes. A primeira, com Nadine Robinson, durou pouco tempo; a segunda, com a cantora Marie Ellington, que atuou na orquestra de Duke Ellington e abandonou a carreira para cuidar da família. Mesmo bem casado, não faltaram os mexericos que o ligaram a mulheres famosas, incluindo as atrizes Zsa Zsa Gabor e Dorothy Dandridge, além da cantora Eartha Kitt.

Fumante inveterado, Cole consumia três maços de cigarros por dia. Em meados de 1964, foi detectado um câncer no pulmão. Sucessivas internações e tratamento com radiações de cobalto apenas retardaram o inevitável.
Decorridos 39 anos da sua morte, embora quase completamente esquecido no Brasil, os discos de Nat King Cole continuam sendo vendidos em todo o mundo. Usufruindo de processos tecnológicos modernos, sua filha Natalie Cole gravou em duo com ele o antigo sucesso “Unforgettable”, que voltou às paradas 42 anos depois da sua gravação original. Um ano depois, ela repetiu a fórmula com “When I Fall in Love”.
Entre inúmeras das suas reedições em CD, a caixa “Songs We Will Never Forget” inclui 90 dos sucessos que lhe garantiram a eternidade artística.

85 ANOS DE UM GÊNIO

17 março 2004

No dia 19 de março de 1919 nascia NATHANIEL ADAMS COLES, mais conhecido como NAT KING COLE, em Montgomery, Alabama. Sem dúvida alguma , um dos maiores músicos do século 20. Muito conhecido pela sua voz, Nat era também um belíssimo pianista. Com o guitarrista Oscar Moore e o baixista Johnny Miller, Nat formou um dos pioneiros trios no jazz e que, posteriormente, chegou a ser um dos grupos mais bem pagos dos EUA. Qualquer um conhece Mona Lisa e Unforgetable, mas todo apreciador de jazz deveria conhecer as gravações em trio.

A BIBLIA DO JAZZ

16 março 2004

Pode não ser o melhor ( muitos acham que sim ), mas é o mais vendido e o maior guia de CDs de jazz existente; " THE PENGUIN GUIDE TO JAZZ ON CD ", realizado pelos críticos Richard Cook e Brian Morton.
É uma publicação inglesa editada de 2 em 2 anos, sendo a 1a. de 1992, indo agora para sua 7a. edição (2004), recémm lançada em Londres.
Sim, trata-se da verdadeira Biblia do jazzófilo, com leitores em todo o mundo, pois é distribuido nos EUA, Austrália, Canadá, Nova Zelandia e África do Sul.
O guia é atualizado, constando ali a maioria dos lançamentos de jazz até o final do ano subsequente ao da edição, sempre em ano par.
São analisados e criticados primordialmente pela qualidade musical do "CD", além de constar pequena biografia de cada artista.
As avaliações vão de @ até @@@@ (estrêlas), que é a cotação máxima segundo os já citados criticos, porém existem CDs coroados, o que significa, segundo seus criterios, aqueles que não podem faltar em qualquer coleção, ou que devem ser ouvidos pelos amantes do bom jazz, segundo Richard Cook e Brian Morton.

Assim, vou relacionar abaixo alguns dos CDs (40) coroados pelo Guia Penguin, a saber:


1) Louis Armstong " The Hot Fives & Hot Sevens "
2) Albert Ayler " Spiritual Unity "
3) Count Basie " The Original Decca Recordings "
4) Art Blakey " Jazz Messengers with Thelonious Monk "
5) Arthur Blythe " Lenox Avenue Breakdown "
6) Betty Carter " The Audience with B.C. "
7) Ornette Coleman " Beauty Is a Rare Thing "
8) John Coltrane " A Love Supreme "
9) Miles Davis " Kind of Blue " / " Miles and Gil Evans "
10) Eric Dolphy " Out of Lunch "
11) Bill Evans " Sunday At V.Vanguard " / " Waltz for Debby "
12) Art Farmer " Blame It On My Youth "
13) Charles Gayle " Touchin On Trane "
14) Stan Getz " The Roost Recordings "
15) Dizzy Gillespie " Complete RCA Recordings "
16) Jimmy Giuffre " Free Fall "
17) Herbie Hancock " Maiden Voyage "
18) George Lewis " Homage To Charlie Parker "
19) John Lewis " The Modern Jazz Presents a Concert of Contemporary Music "
20) London Jazz Composers Orchestra " Ode "
21) Joe Lovano " From the Soul "
22) John Mc Laughlin " Extrapolation "
23) Charles Mingus " Mingus Ah Um " / " The Black Saint & The Sinner Lady "
24) Thelonious Monk " The Complete Blue Note / Complete Riverside Recordings "
25) Lee Morgan " The Sidewinder "
26) Sam Morgan " Papa Celestin & Sam Morgan "
27) Charlie Parker " The C.P. Story / The Legendary Dial Masters "
28) Evan Parker " 50th Birthday Concert "
29) Howard Riley " The Day Will Come "
30) Max Roach " We Insist ! Freedom Suite "
31) Sonny Rollins " Saxophone Colossus " / " A Night At Village Vanguard "
32) Tomasz Stanko " Leosia "
33) Sun Ra " Jazz In Silhouette "
34) John Surman " Tales of Algonquin "
35) Horace Tapscott " The Dark Tree "
36) Cecil Taylor " Nefertiti, The Beautiful One Has Come "
37) Sarah Vaughan " Sarah Vaughan "
38) Bobby Watson " Love Remains "
39) Larry Young " Unity "
40) John Zorn " The Big Gundown "

Cabe observar que além dos acima citados existem mais uns poucos, que ficam desta vez na geladeira.
É isso aí quer gostem ou não...

OS 10 DISCOS PARA A ILHA DESERTA

A idéia da seleção para a ilha deserta é um fascinante exercício de escolha, extremamente dificultado pelo número reduzidíssimo de itens dentro do universo infinito constituído por milhões de discos/CDs dos melhores músicos que povoam/povoaram nosso planeta. Minha relação obviamente será bastante diferente da maioria de vocês e certamente despertará aquela reação a que me habituei ao longo dos anos: “Isso é lista de quem vive do passado”.

Data vênia, como dizem nossos preclaros amigos advogados, garanto que não é lista de quem vive do passado, mas de quem já ouviu mais de 90% dos músicos que gravaram em todos os estilos do jazz. Minha lista inclui 10 discos fundamentais da história do jazz, do cream of the crop, obras-primas indispensáveis que marcaram indelevelmente a grandeza da música dos músicos, apontando novos caminhos para sua evolução. De pouco adianta apreciar o que se ouve hoje sem conhecer o que foi feito anteriormente pelos grandes pioneiros e inovadores que lançaram as fundações indispensáveis para tudo o que veio depois. Esta é a maior lição que o jazz me ensinou: nada podemos apreciar em sua devida grandeza e profundidade se não conhecermos a verdadeira essência do jazz, ou seja, o que realizaram os grandes criadores da sua história.

Eis a lista sem ordem de preferência:

Louis Armstrong – The Hot Fives and Hot Sevens - Sony Music
Duke Ellington – The Blanton/Webster Band - RCA/BMG
Count Basie - The Best of Count Basie with Lester Young - Decca/MCA
Dizzy Gillespie – Groovin’ High - Savoy
Charlie Parker – The Savoy and Dial Recordings - Stash
Thelonious Monk – Genius of Modern Music - Blue Note
Bud Powell – The Genius of Bud Powell - Verve
Fats Navarro – The Complete Blue Note and Capitol Recordings - Blue Note
Miles Davis – The Birth of the Cool - Capitol/Blue Note
Clifford Brown – The Complete Blue Note and Pacific Jazz Recordings - Blue Note


É com tristeza que sou obrigado a eliminar este itens maravilhosos:

Duke Jordan – Live in Japan (um dos melhores e mais inventivos álbuns de piano-baixo-bateria que conheço)
Charlie Parker & Dizzy Gillespie - The Quintet - Jazz at the Massey Hall
Benny Goodman – The Carnegie Hall Jazz Concert

Caso fosse obrigado a escolher UM ÚNICO DISCO para a ilha deserta, elegeria “Jazz Scene”, que reúne Charlie Parker, Duke Ellington, Bud Powell, Lester Young, Art Tatum, Billy Strayhorn, George Handy, Ralph Burns, Willie Smith, Benny Carter, Coleman Hawkins, Harry Carney, Flip Phillips, Howard McGhee, Hank Jones, etc, etc, etc. Sem dúvida, Norman Granz concebeu um disco para a posteridade quando produziu este álbum.

ANA ZINGER E DÔDO FERREIRA TRIO INTERPRETAM DUKE ELLINGTON E BILLY STRAYHORN

Nos dias 19 e 20 de março, sexta e sábado, a cantora Ana Zinger e o Dôdo Ferreira Trio, composto por João Cortez na bateria, Gabriel Geszti no piano e por Dôdo Ferreira no contrabaixo acústico, estarão interpretando Duke Ellington e Billy Strayhorn no Partitura Bar (Av. Epitácio Pessoa, 5030 - Lagoa - Tel. 2539-3648) às 22h 30 min.

Dôdo Ferreira, que está lançando seu segundo CD e liderou a segunda apresentação do Chivas Jazz Lounge, assina a direção músical das apresentações. Para quem gosta de jazz e sobretudo de boa música, este show é imperdível!

Abraços,

Marcelink

JOFLAVIO, NÁUFRAGO

15 março 2004

O espírito da coisa seria a solidão de uma ilha. Claro que o jazz se encaixa perfeitamente à situação. Alguns discos praticamente sei de coração, nota por nota. E poderia ser bom tê-los ao lado, mas em poucos casos. Outros, quem sabe mais recentes, despertariam aquela curiosidade e atenção necessárias ao náufrago, como um oxigênio poderoso de novas tendências, estilos e técnicas, plenamente pertinentes. Assim sendo,com a única intenção de agradar a mim mesmo – e mais ninguém - segue a minha lista dos dez, sem medo de ser feliz e de sobreviver à solidão da ilha - a ordem é alfabética e não por preferência.

1. ALFIE – SONNY ROLLINS (OLIVER NELSON) – IMPULSE 66
2. CLAP HANDS HERE COMES CHARLIE! – ELLA FIZGERALD –VERVE 61
3. IN PARIS – BUD POWELL – REPRISE 64
4. INCEPTION – MCCOY TYNER – IMPULSE 62
5. 3 – JIMMY GIUFFRE - ATLANTIC 56
6. 3 BLIND MICE – ART BLAKEY JAZZ MESSENGERS – BLUE NOTE 62
7. MAIDEN VOYAGE – HERBIE HANCOCK – BLUE NOTE 64
8. SOMEDAY MY PRINCE WILL COME – MILES DAVIS – COLUMBIA 61
9. THE COMPLETE 1961 VILLAGE VANGUARD RECORDINGS– JOHN COLTRANE – IMPULSE 62
10. YOU WON’T FORGET ME – SHIRLEY HORN – VERVE 90


PS. Conferindo alguns livros e sites, percebo que há opiniões contrastantes em relação a alguns dos discos citados. A minha não mudará nunca. Mas se a Krall aparecesse, faria algumas alterações táticas. Até mesmo um CD do chato do Costello.
PS II. Já que alguns colocaram suplentes, mando um só: UNITY - LARRY YOUNG (BLUE NOTE 1965)

PARA JOGAR ALGUMA LENHA NA FOGUEIRA

Em tempo de eleições a coisa fica séria. Para descontrair, gostaria de informar que o disco cuja capa aparece aqui ainda não foi lançado. É esperado para o dia 27 de abril, nos EUA. E que, independente do conteúdo, jazz ou não-jazz, gostaria de levá-la para a minha ilha deserta.
Mas não pode, vocês dirão! Sob a alegação de que eu já disse antes quais eram os meus 10 discos e tal e coisa, e que eu estou agora quebrando as regras. Calma!

Leiam de novo, com atenção. O que eu acabei de afirmar linhas acima é que eu gostaria de levá-la, (a capa, pelo menos) para me fazer companhia enquanto ouvisse os 10 CDs regulamentares.

Santíssima Diana Krall, vai tocar piano com essa carinha lânguida assim lá pros lados do Bornéu porque se por acaso baixar em Fernando de Noronha, vais é ser devorada por um bando de náufragos interessados em ...jazz, mas que certamente abririam uma exceção para suas outras qualidades sonoras. E se isso tudo não é jazz, alguém que me explique o que é.

A TRILHA SONORA DA MINHA ILHA

Alfreeeeeedo, sabe o que eu estou ouvindo?
Pois é como na anedota, se não pudermos contar pros outros o que estamos ouvindo na nossa ilha deserta, não há graça nenhuma.
O que movimenta nossos diálogos jazzísticos do dia-a-dia é exatamente a tentativa, mais do que positiva, de cooptar os demais para ouvirem os mesmos discos/músicos que estão merecendo a nossa atenção.
Minha lista leva em consideração tão-somente o fator diversificação, para que a audição dos temas não se transforme num exercício maçante depois de alguns dias, semanas, meses, sei lá, até que chegue o socorro com outros tantos 10 discos.
Pois não há melhor lugar para escutar jazz, depois das CJL, do que numa ilha deserta.
Aí segue a dita, sem qualquer ordem de preferência. E os anos mencionados são os das últimas edições em CD.

1. Kind of Blue - Miiles Davis - Sony, 1997
2. Ballads - John Coltrane - Impulse, 1995;
3. Interplay - Bill Evans, Riverside, 1962
4. Trio & Quintet - Elmo Hope - Blue Note, 1991;
5. Blue Serge - Serge Chaloff, Blue Note, 1998;
6. Talk That Talk - Johnny "Hammond" Smith, Prestige, 1995
7. King Size - André Previn, Contemporary, 1992;
8. Song for my Father - Horace Silver, Blue Note, 1997
9. Ella Fitzgerald sings The Cole Porter Songbook, Verve, 1997
10. Les Liaisons Dangereuses - Art Blakey, Polygram Intnt'l, 1999


Particularmente acho que será pouco provável a presença de álbuns "outsiders" na lista final. Deverá ocorrer, como na anterior, e por força da enormidade de opções disponíveis, uma concentração nos discos mais conhecidos dos jazzistas mais tradicionais. Mandem as suas.

Radio Blue Note

Ao fazer uma pesquisa buscando informações sobre um disco de Elmo Hope, "Trio and Quintet", detentor de nada menos do que 5 estrelas (cotação máxima) no site All Music Guide - cujo link "mora" na coluna da esquerda desde blog, descobri duas coisas: a primeira é que, embora sensacional, o disco continua fora do catálogo dessa prestigiosa gravadora. A segunda é que a Blue Note disponibiliza uma estação de rádio para que os internautas possam navegar ouvindo músicas, logicamente geradas de discos de seus artistas.
Como é uma tradicional gravadora de jazz, dá para ouvir sem muito susto, a despeito de algumas faixas com Norah Jones ou Van Morrison, que para os aficionados por boa música, não xiitas, podem soar até refrescantes em alguns momentos.
Vale a conferida. Se houver apoio, seguirá para a coluna da esquerda como mais uma possibilidade de se ouvir boa música.

OS 10 DISCOS DE JAZZ PARA SE LEVAR PARA UMA ILHA DESERTA

Iniciaremos agora a atualização do nosso Altar da Fama começando pelos 10 Discos de Jazz que Levaríamos Para Uma Ilha Deserta. Nossa primeira listagem foi feita em 2002 e depois de dois anos e de alguns novos confrades no CJUB resolvemos fazer uma nova votação. Cada confrade irá votar em apenas 10 discos em posts publicados aqui no Blog e após o último voto iremos fazer a relação com os dez mais. O visitante poderá comentar, apoiar ou discordar de cada voto através dos comentários.

Aproveito para listar os meus 10:

1) Art Blakey Quintet - A Night at Birdland - Blue Note - 1954
2) Clifford Brown And Max Roach - Idem - EmArcy - 1954
3) Sonny Rollins - Saxofone Colossus - Prestige - 1956
4) Coleman Hawkins - The Hawk Flies High - Riverside - 1957
5) Dizzy Gillespie, Stan Getz, Sonny Stitt - For Musicians Only - Verve - 1958
6) John Coltrane Quartet - Ballads - Impulse - 1961
7) Dexter Gordon - GO - Blue Note - 1962
8) Chet Baker - The Most Important Jazz Album of 1964/65 - Roulette - 1964,65
9) Ben Webster - Stormy Weather - Black Lion - 1965
10) Ella Fitzgerald, Count Basie - Jazz At The Santa Mônica Civic' 72 - Pablo - 1972


É claro que muitos outros poderiam figurar em minha lista e certamente logo mais pensarei até em trocar, mas a graça está aí! São os melhores discos de jazz? Os mais emblemáticos? Certamente que não, mas neste momento seriam os 10 discos que me acompanhariam numa ilha deserta.

Abraços,

Marcelink

COMO FOI O PROGRAMA DE NELSON TOLIPAN COM JORGE GUINLE

13 março 2004

Sensacional é pouco.

Por coincidência, no mesmo horário, a TV Cultura veiculou entrevista feita com o Jorginho pelo Roberto D´Ávila.

No rádio, Tolipan focou o programa em vários discos raros, pertencentes à famosa coleção de Jorginho, da qual, infelizmente, teve de se desfazer depois.

Incrível como, até na escolha dos LP´s, Jorginho manteve o didatismo de seu "Jazz Panorama", dando maior relevo, como seria natural, à fase pre-bebop do Jazz.

Sidney Bechet, Louis Armstrong, Jelly Roll Morton, Duke Ellington, Cab Calloway, Coleman Hawkins, tudo se seguia em cronologia perfeita, porém derivada de uma seleção absolutamente espontânea e escolhida no momento, via-se pelo andamento do programa.

Digna de nota, a gravação em vinil de um programa de jazz comandado por um tal de ... ORSON WELLES, dos maiores experts em Jazz que já houve, segundo Guinle, que contou, também, como viu seu amigo e genial cineasta "ensinar" ao famoso maestro Leopold Stokowsky o que era Jazz.

Impressionante a paixão de Welles pela música, demonstrada no modo poético e reverencial com que introduzia os músicos e as canções.

Encerrando o programa, um registro antológico de Lester Young, em forma mais que exuberante.

Considerando que Jorginho testemunhou de perto também o nascimento e desenvolvimento do bebop, acho que nem mais 10 programas como o de ontem seriam o bastante para fazer-lhe suficiente homenagem.

Mas Nelson Tolipan, Luiz Orlando Carneiro e o CJUB fizeram sua parte.

9o.CONCERTO CHIVAS JAZZ LOUNGE - NIVALDO ORNELAS E GRUPO
TRIBUTO A JOHN COLTRANE - 25/3, MISTURA FINA

12 março 2004

Dando continuidade à série de Concertos Chivas Jazz Lounge, patrocinada pelo Whisky Chivas Regal, o CJUB retoma suas produções e apresenta seu 9º CONCERTO, com um TRIBUTO A JOHN COLTRANE, a ser realizado em 25 de março às 21:00h no Mistura Fina (Av. Borges de Medeiros, 3207 - Lagoa - fone 2537.2844).

O saxofonista Nivaldo Ornelas será a atração da noite (saxes tenor e soprano), acompanhado de seu grupo integrado por Kiko Continentino no piano, Sérgio Barrozo no baixo acústico e Pascoal Meirelles na bateria. No final do segundo set do concerto, Nivaldo contará ainda com a participação, como convidados especiais, dos músicos Marcelo Martins (sax tenor), Ricardo Leão (piano), Adriano Trindade (bateria) e Marcelo Mariano (baixo).
A produção desta noite é de Marzia Esposito, membro do CJUB. O repertório é baseado na obra do músico John Coltrane, com novos arranjos e também algumas músicas dos últimos dois álbuns de Nivaldo, “Reciclagem ao Vivo” e “Arredores”.

Nivaldo Ornelas é um dos mais importantes saxofonistas brasileiros, além de ser compositor e arranjador. Sua trajetória é longa e permeada de encontros com grandes músicos, muitas experiências e o reconhecimento do público. Desde 1964, no Clube Berimbau, no movimento que deu origem ao Clube de Esquina, ou integrando o Quarteto Contemporâneo em Belo Horizonte, em 1967. Como muitos músicos jovens e talentosos, seguiu para o Rio de Janeiro e passou a tocar na Banda Jovem de Paulo Moura e integrou o Clube da Esquina no Rio de Janeiro em 1973.

Desde então, vem participando de inúmeros shows, tais como: Milagre dos Peixes/Milton Nascimento (Rio de Janeiro - 1974/75); Academia de Dança/Egberto Gismonti (Rio - 1976); Som Imaginário (Turnê instrumental - 1977); Flora Purim/Airto Moreira (U.S.A. - 1978); Montreux ao vivo/Hermeto Pascoal (1979); Milton na Europa (1982); Turnê com Quarteto de Jazz pelo Brasil (1984); Academia de Danças/Egberto Gismonti (Europa - 1986/88/89); Participou também do Projeto Brahma Instrumental (1988), no Teatro Municipal (RJ) com a participação dos principais músicos brasileiros, considerando este o maior evento realizado até então;

Em 1996 participou como solista de 2 importantes eventos com Milton Nascimento: em New York, na Universidade de Música do Brooklin, com a Orquestra Sinfônica da cidade; na Inglaterra, no Royal Albert Hall, com a Orquestra Sinfônica de Londres, Coro infantil, no evento "Minas Além das Gerais".

Tem participação importante, em diversos dos mais relevantes concertos musicais do Brasil, entre outros: Concertos Brasil Musical (Tom Brasil), como solista e arranjador das principais orquestras sinfônicas do Brasil (1995 a 1998); na Ópera Popular "Fogueira do Divino", de T. Moura e F. Brant, como arranjador (2000), entre outros;

Nivaldo gravou vários álbuns em carreira solo: Portal dos Anjos - Polygram, 1978; Viagem Através de Um Sonho - Independente, 1981; À Tarde - Syracuse, França, 1982; Som/Fantasia - Ariola, 1984; Som/Fantasia - Polygram, 1986; Planeta Terra - IBM, 1989; Colheita do Trigo - Chorus, 1990; Projeto Brasil Musical (4 Cds) - Tom Brasil, 1993, 94, 95, 99; As Canções de Milton Nascimento - Visom, 1995; A Obra de Ary Barroso - Independente, 1996/97; Arredores - Independente, 1998; Nivaldo Ornelas, ao vivo - Reciclagem - 1999 (Tetra Pak); Fogo e Ouro - independente - 2002 (Anglo-Gold); e Variações e Improvisações (a ser lançado em 2004).

Trabalhando com outros artistas, Nivaldo gravou com Hermeto Pascoal, Egberto Gismonti (em 8 discos), Milton Nascimento (em 10 discos); Wagner Tiso (em 4 discos); Toninho Horta (em 3 discos),Túlio Mourão (5 discos), Caetano Veloso (1disco), João Bosco (Esquinas), Gal Costa (Gal de Tantos Amores), Aito Moreira e Flora Purim, entre outros. Participou ainda da gravação do disco de musicas brasileiras gravado por Sarah Vaughn em 1986.

Ganhador de diversos prêmios em sua carreira, desde 1979 com seu disco de estréia, Portal dos Anjos, vencedor do Troféu Villa-Lobos, Nivaldo viu acumularem-se as premiações. Em trilhas sonoras foram 3, com destaque para o do filme "A Dança dos Bonecos", no Festival de Brasília, em 1984. Em 1983, foi escolhido o "melhor instrumentista do ano" pela prestigiosa Associação de Críticos de Arte de SP, e recebeu também o Troféu Chiquinha Gonzaga pelo disco "Viagem Através de um Sonho"; em 1999, recebeu o Prêmio SHARP de Música, na categoria "disco instrumental do ano", com seu disco "Arredores".

A lista de prêmios e troféus de Nivaldo Ornelas é extensa e representativa, fazendo justiça a um dos mais completos e consistentes artistas da música instrumental brasileira.


Kiko Continentino, 34 anos, é pianista, tecladista e compositor. Reconhecido como um excelente músico por grandes nomes da MPB, tem atuado como instrumentista, arranjador e produtor musical, Kiko começou a tocar cedo. Aos 15, já se apresentava profissionalmente no Pianíssimo Studio Bar, casa noturna que marcou época em BH. Daí em diante veio solidificando uma brilhante carreira. Sua principal escola foi ouvir e tocar jazz, bossa-nova, samba e muita música brasileira, entre outras influências, como a soul music e rock.
Integra, há mais de seis anos, a banda de Milton Nascimento, desde o show "Tambores de Minas", do qual assina todas as faixas do CD ao vivo. Participou da temporada do show "Crooner", adicionando alguns arranjos seus aos anteriores, de Wagner Tiso. Gravou o CD de Gil & Milton, excursionando com os artistas pelo mundo afora, incluindo o Rock in Rio 2001. Está presente também no último disco de Milton, "Pietá", trabalho que lhe reservou ótimas experiências pois teve duas músicas suas incluídas no repertório do disco: "Imagem e Semelhança" (Kiko, Bena Lobo e Milton) e "Vozes do Vento" (Kiko e Milton). Participou ativamente dos arranjos, inclusive com a grata satisfação de ter um arranjo de cordas regido pelo maestro Eumir Deodato.
Ainda com Milton, gravou o especial "A Sede do Peixe", produzido pela Conspiração Filmes/HBO, atuando com convidados como Alaíde Costa, Gilberto Gil, Alcione e Zélia Duncan. Gravou pelo MultiShow os especiais"Tambores de Minas", "Crooner" e "Gil & Milton". De 97 a 2002 esteve com Milton em turnês pela América do Sul, Caribe, Estados Unidos e Europa, onde tocou no Montreux Jazz Festival (duas edições), entre outros festivais importantes. Participou dos shows do cantor com Fito Paes, Marisa Monte e Ana Carolina. Está finalizando com Milton e alguns músicos da banda, as partituras do songbook oficial do cantor, com mais de 300 composições.

Como pianista e arranjador também realizou trabalhos expressivos ao lado de grandes nomes da música brasileira. Em 2000, foi convidado a compor o Quarteto Jobim Morelenbaum, participando de shows por todo o país e exterior. Com Djavan, esteve em turnês pela Europa, nos mais importantes festivais de jazz e assina duas faixas no songbook do artista, como produtor, intérprete e arranjador. Com Fernanda Abreu, participou do Hollywood Rock de 94, além da turnê pelo Brasil. Trabalhou como instrumentista e arranjador no Prêmio Sharp (edição de 94) que homenageou Gilberto Gil, onde tocou também com Jorge Benjor, Nana Caymmi, Dione Warwick, Elba Ramalho e Dominguinhos. Além de outros trabalhos com Emílio Santiago, Edu & Bena Lobo, João Bosco, Claudio Zoli, Ivete Sangalo, Pepeu Gomes, entre outros. Gravou com João Bosco o CD "Na Esquina"; participou do CD "Beat Beleza", da cantora Ivete Sangalo (piano em "A Lua Que Te Dei", de Herbert Vianna, trilha sonora da novela "Porto dos Milagres"); fez arranjos e produção musical para Bernardo Lobo, Beth Bruno, Zé Ricardo, Edu Lobo, Claudio Zoli, Be Happy, Jane Duboc, Bukassa, Arthur Maia, Chico Buarque, Seu Jorge, entre outros.

Teve grande, ainda, colaboração em shows e gravações com alguns dos mais importantes instrumentistas brasileiros como Arthur Maia, Chico Batera, Pepeu Gomes, Vítor Biglione, Nivaldo Ornelas, Pascoal Meirelles, Bebeto Castilho (do fantástico Tamba Trio), Alex Malheiros, Juarez Araújo, Idriss Boudrioua, Raul Mascarenhas, Nico Assumpção, Robertinho Silva, entre outros.

Como compositor Kiko também compôs canções em parceria com Milton Nascimento, Simone Guimarães, Chico Amaral, Murilo Antunes, Bernardo Lobo e Altay Veloso. Recentemente compôs com Seu Jorge "Planeta Musica", música título do último CD de Arthur Maia. Duas músicas suas também foram gravadas no CD "Virada pra Lua", da cantora e compositora Simone Guimarães: "Imagem e Semelhança" (música de Kiko e Bernardo Lobo com letra de Milton Nascimento) e "Night Club", bolero de Kiko com letra da própria Simone.

Formou com seus irmãos Jorge(sopros) & Alberto(baixos) Continentino o grupo instrumental ContinenTrio, que toca composições e arranjos dos três, com uma concepção arrojada e experimental. A banda vem se apresentando em vários espaços por todo o país, tendo inclusive recebido o prêmio Pró-música de melhor grupo instrumental mineiro em 2000. Recentemente lançaram o CD "ContinenTrio", em setembro de 2003.

O CD "O Pulo do Gato" (Niterói Discos) é seu primeiro trabalho solo instrumental, e nele Kiko mostra uma visão ampla de vários estilos que compõem seu universo sonoro. Com uma sonoridade moderna, passeia pelo jazz, samba, soul e funk com muito swing e competência. Utilizando instrumentos como Fender Rhodes, Hammond e piano acústico em contraponto com teclados digitais e samplers, ele consegue integrar arranjos ora sofisticados e elegantes, ora ousados e dissonantes, unindo a estes elementos a combustão espontânea da improvisação jazzística.


Sergio Barrozo começou tocando contrabaixo profissionalmente com o conjunto de Roberto Menescal em 1962, com o qual atuou em vários pocket-shows acompanhando cantores da época como Nara Leão e Maysa. Com Menescal participou de várias gravações da etiqueta Elenco, de Aloisio de Oliveira.
Em 1965 juntou-se a Edson Machado e Dom Salvador, formando o Rio 65 Trio, que gravou dois discos. Com Salvador, gravou também um terceiro, "Salvador Trio". O Rio 65 Trio participou de vários shows na época, como o de Marcos Valle e Leny de Andrade na boite Bacará no Beco das Garrafas. O trio também gravou com Elis Regina o disco "Samba Eu Canto Assim".
Participou de outros trios, entre eles, o 3D trio com Antonio Adolfo e Nelson Serra. Com essa formação participaram de vários shows com o bailarino Lennie Dale, no Rio e em São Paulo.
Trabalhou também em vários pocket-shows dirigidos pela dupla Miéle e Boscoli, com Silvia Telles, Maysa, Eliana Pittman e outros.
Em 66 viajou para a Europa em tourné com um grupo de musica brasileira, dentre os quais estavam Edú Lobo, Rosinha de Valença, JT Meirelles, Chico Batera, Dom Salvador, Marly Tavares, Jorge Arena, Rubens Basini.
Em 68 viajou para os Estados Unidos e México acompanhando a cantora Elza Soares.
Na década de 70 trabalhou com o grupo de Elis Regina e Wilson Simonal, participando de tournées por todo o Brasil e também México.
Sérgio também articipou do grupo de Elizete Cardoso, com a qual gravou discos e viajou ao Japão em 1977. Então já atuava bastante em estúdios de gravação, tocando para vários artistas como Egberto Gismonti, Dick Farney, Edu Lobo, Tom Jobim, Paulo Moura, Elis Regina, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Toninho Horta, JT Meirelles, Wanda Sá, Victor Assis Brasil, Martinho da Vila, Eumir Deodato, Durval Ferreira, Erlon Chaves, Paul Mauriat, Emilio Santiago, Francis Hime, Ithamara Koorax, Max de Castro, Luis Eça, Wilson Simonal e outros. Participou também da gravação do primeiro disco de Sarah Vaugham produzido no Brasil. Em shows, sua lista inclui Vinicius de Moraes, Maysa, Dori Caymi, Elis Regina, Wilson Simonal, Elizete Cardoso e Eliana Pittman.
Já tocou e atualmente toca com vários músicos conhecidos como Osmar Milito, Edson Frederico, Mauro Senise, Nivaldo Ornelas, Pascoal Meirelles, Idriss Boudrioua, Marcos Resende, Kiko Continentino, Helio Delmiro, Raulzinho, Paulinho Trumpete, Paulo Moura, José Boto, Victor Assis Brasil, Haroldo Mauro, Victor Biglione, Marcio Montarroyos, Paulinho Braga, Luis Carlos Cunha, Hamleto Stamato, Dario Galante e vai apresentar-se nas próximas duas semanas com Michel Legrand no Mistura Fina, junto com Kiko Freitas e Idriss Boudrioua. Em janeiro de 2004, formou com o pianista Helio Celso e com o baterista Alfredo Marques o grupo que tocou no Tributo a Bill Evans produzido pelo CJUB no mesmo Mistura Fina.


Pascoal Meirelles é baterista, percussionista e compositor. Estudou e graduou-se no Berklee College of Music, em Boston, EUA. Começou a carreira profissional aos 18 anos, tocando em bailes e casas noturnas, tendo formado em 1966 o grupo Tempo Trio, com o qual gravou um LP para a Odeon. No ano seguinte mudou-se para o Rio de Janeiro, convidado para participar do grupo de Paulo Moura, tendo atuado também em shows e gravações com vários outros artistas. Em 1974, ao lado de Simone, Tenório Jr, Chiquito Braga e João de Aquino formava o grupo Festa Brasil, que excursionou pelos EUA.
Em 1975, obteve bolsa de estudos para Berklee, onde estudou até 1979, época em que atuou em clubes de jazz e participou do espetáculo "Saravá" apresentado na Broadway, além de ter gravado o álbum duplo "Terra Brasilis" de Tom Jobim. Após sua volta ao Brasil, tocou por mais de 10 anos com Gonzaguinha e trabalhou com Hélio Delmiro, Wagner Tiso, Chico Buarque, Edu Lobo, Luís Bonfá, entre muitos outros.
Paschoal é um dos fundadores do grupo Cama de Gato, juntamente com Mauro Senise, Arthur Maia e Rique Pantoja, aclamado pela crítica como o mais bem sucedido grupo instrumental brasileiro dos anos 80, que já se apresentou em festivais e palcos do Brasil, Espanha, França, Bélgica e EUA. Paralelamente, o artista deu início, em 1981, à sua carreira solo, tendo lançado o disco "Considerações a Respeito". Em seguida vieram "Tambá" de 1983, "Anna" de 1987, "Paula" de 1992, "Forró Brabo" de 1998 e "Considerações", um CD compilação dos melhores momentos dos três primeiros trabalhos. "Paula" e "Considerações" foram ambos indicados para o Prêmio Sharp.
Entre 1994 e 1996, participou como professor do Curso Internacional de Verão da Escola de Música de Brasilia, ministrou treze workshops na Dinamarca e Suécia e fez dois concertos no Kopenhagen Jazz House. Em 1996, deu cursos nos Festivais de Ouro Preto, em Minas Gerais, e em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, durante o II Encontro Latino de Percussão. Gravou a trilha composta por Edu Lobo para o filme "Guerra dos Canudos", executando percussão clássica com orquestra de câmera. Deu aulas no Berklee Percussion Festival, em Boston e lecionou também no I Festival de Música de Natal.
Em 1999, apresentou-se com Paulo Moura em Roma, Milão, Tel Aviv e Jerusalém, tocou com o grupo do trumpetista Claudio Roditi no Bern Jazz Festival na Suíça e deu workshops na Suécia. Seu projetos mais recentes foram o lançamento do Cd "Forró Brabo", a formação de um trio com Nelson Faria (guitarra) e Alberto Continentino (baixo), gravações com Ed Motta, a participação na série Tributos do Jazz no CCBB em 2001 e 2002.
Em 2002 encerrou, ao lado de Robertinho Silva, o Festival Latino Americano de Musica Instrumental, no Museu da República, no Rio de Janeiro.

O CJUB acredita que Nivaldo Ornelas, com sua bagagem e profissionalismo amplamente reconhecidos, acompanhado desse elenco de instrumentistas de primeira grandeza, será excelente intérprete para a intrincada obra de John Coltrane e recomenda que se reserve, com antecedência, os lugares para essa noite, que se afigura, desde já, um marco nas realizações jazzísticas do grupo.

N. E.: os artistas em itálicos já se apresentaram nos Concertos Chivas Jazz Lounge

E quem diria que charutos poderiam caber numa poesia...

11 março 2004

Nunca pensei encontrar meus baforáveis companheiros envolvivos com amores, paixões, dores-de-cotovelo, ciúmes, conquistas, e etc..., entre tudo o mais que habita o universo dos poetas e seus via-de-regra delicados sentimentos. Até descobrir, mero acaso, Álvares de Azevedo e seu poema "Spleen" e Charutos, cujas estrofes mencionam a estes ou sua fumaça de modo peculiarmente romantico.

(...)
Triste de noite na janela a vejo
E de seus lábios o gemido escuto,
É leve a criatura vaporosa
Como a frouxa fumaça de um charuto.

... Mas quis a minha sina que seu peito
Não batesse por mim nem um minuto,...
E que ela fosse leviana e bela
Como a leve fumaça de um charuto!

... E vejo além, na sombra do horizonte,
Como viúva moça envolta em luto,
Brilhando em nuvem negra estrela viva
Como na treva a ponta de um charuto. (...)

Quem quiser poderá ler a íntegra do poema seguindo o link abaixo:

Alvares de Azevedo, em "Spleen e Charutos"

Luiz Orlando Carneiro no JB de hoje, sobre Jorge Guinle

Como dizem nossos confrades advogados - que se não são a maioria absoluta entre os CJUBianos, têm os melhores argumentos - peço venia ao nosso futuro-membro-satélite, mestre remoto e excelente figura, Luiz Orlando Carneiro, para transcrever aqui sua coluna desta data no JB, sobre figura das mais queridas das hostes jazzófilas deste blog. Aí segue:
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"O jazzófilo Jorginho Guinle

Os amigos jazzófilos de Jorge Guinle - o lendário mestre do savoir vivre, que nos deixou, aos 88 anos, com uma tocante lição de savoir mourir - sempre insistiam com ele para que deixasse registradas em livro as memórias do mais profundo e estável de seus relacionamentos - o casamento de mais de 70 anos com o jazz.

Em 2002, a José Olympio resolveu reeditar o seu Jazz panorama, o primeiro livro didático sobre o assunto em língua portuguesa, publicado em 1953. Fui convidado para escrever a introdução à terceira edição. Mas ponderei que seria mais interessante publicar, como apêndice do livro, uma entrevista com Jorge sobre sua convivência com músicos de jazz.

A entrevista - gravada em dois relaxados encontros, no apartamento em que Jorge estava morando, na Gávea - saiu como um espécie de contraponto ao texto de Jazz panorama, de acordo com original projeto gráfico de Sérgio Liuzzi e Flavio Sendin.

A seguir, alguns highlights (como Jorge teria dito) dessas breves memórias do brasileiro que viveu, com mais intimidade do que qualquer outro, grande parte da história do jazz:

LOC - Como e quando o jazz entrou no seu ouvido, passou pela sua mente e atingiu o seu coração?
JG - Foi em 1928. Eu tinha 12 anos de idade e ouvi um disco de Duke Ellington. Era, eu me lembro, Jubilee stomp. Tem até aquele finalzinho que ainda é uma improvisação coletiva a la Nova Orleans. O disco me impressionou tanto que eu quase entrei em transe. ''Não é possível o que estou ouvindo! Não acredito!''

LOC - Portanto, você ouviu Duke Ellington antes de Louis Armstrong e de Joe ''King'' Oliver...
JG - É verdade! Armstrong logo depois de Ellington. Foi em 1928 que Armstrong gravou West End blues , com o segundo Hot Five e com o pianista Earl Hines. Essa gravação significa para o jazz aquilo que a Mona Lisa significa para a pintura.

LOC - Então, pode-se dizer que lá pelos 15, 16 anos, você já tinha ouvido bastante jazz?
JG - Ah, sim! Em 1934, quando li o livro de Hughes Panassié [Le Jazz Hot], que foi, aliás, editado por um brasileiro, o Alvim Corrêa, vi que, modéstia à parte, eu entendia tanto de jazz quanto ele. Modéstia à parte...

LOC - Pessoalmente, como você conheceu Louis Armstrong?
JG - (...) por intermédio de Bud Freeman. Ele esteve lá em casa, no Rio, com a banda dele. Aquela turma toda: Trummy Young, Arvell Shaw, Edmond Hall... Conversamos muito, e até lhe mostrei um disco, daqueles antigos de dez polegadas, do Bunk Johnson. Give me the record. Pegou o disco e escreveu na etiqueta: ''Bunk had always a beautiful tone''. Assinado: Louis Armstrong. Não foi propriamente uma dedicatória. Ele quis fazer, no selo do disco, um statement, uma declaração.

LOC - Qual foi a primeira vez que você foi aos Estados Unidos para ouvir jazz?
JG - Abril de 1939.

LOC - E o que ficou na sua memória?
JG - Meu primeiro dia de jazz em Nova York. Eu me precipitei para a Rua 52. Estavam por lá um triozinho do Bud Freeman e acho que um quinteto do Pete Brown. Depois, saímos Bud Freman, Pete Brown e eu e fomos para o Café Society, em Downtown. Quem cantava na orquestra era Billie Holiday. A banda era do trompetista Frankie Newton. O pianista da casa era Art Tatum. Além disso, havia três pianistas tocando boogie-woogie - os grandes James P. Johnson, Albert Ammons e Meade Lux Lewis. Imagine! Tudo isso na primeira noite! Billie Holiday cantando Strange fruit! Foi demais!

LOC - E você saiu com a Billie Holiday?
JG - Não, nunca saí, infelizmente. Gostaria muito de ter pelo menos conversado com ela sobre jazz. Ela se sentou à mesa, mas não houve nenhuma conseqüência - jazzística ou de qualquer outro tipo.

LOC - (...) você passou décadas curtindo o chamado jazz clássico e, de repente, passou a botar no toca-discos álbuns de Ornette Coleman, Don Cherry, Eric Dolphy e John Coltrane?
JG - Foi diferente. Eu achei interessantíssimo no começo, mas não era a coisa de que eu mais gostava que botava na vitrola. Eu preferia, honestamente, ouvir um disco do Lester Young a um de Ornette Coleman. Entre um Duke Ellington e um Mingus - que, aliás, tem uma relação muito forte com Ellington - eu preferia o Duke. Mas, depois, logo assimilei o negócio e gostei muito.

Estas são apenas algumas das respostas dadas pelo inesquecível Jorge Guinle a 105 perguntas nessa entrevista que ele me concedeu há dois anos, inserida na última edição de Jazz panorama.

Quem quiser saber os discos que ele teria levado na bagagem, para ouvir em sua derradeira viagem, é só consultar o livro."
Jorginho Guinle e Arlindo Coutinho no tributo que o CJUB lhe prestou, Nov 03

INFORME E UTILIDADE PÚBLICA

10 março 2004

Amigos, informo que na próxima sexta, dia 12, às 23: horas, na rádio MEC, Nelson Tolipan vai reapresentar o programa de jazz que ele fez com Jorginho Guinle em 1989. Para todo amante do jazz, IMPERDÍVEL!
Abs,
Marcelón

EUA - Leste e Oeste brigando pela maior audiência de Jazz

Duas estações top de rádio dedicadas ao Jazz, a KJAZZ do sul da California e a WBGO de New York, disputaram para ver quem tem a melhor audiência de Jazz nos EUA. Ganharia quem conseguisse primeiro arrecadar um milhão de dólares em doações dos ouvintes (supporters). A disputa começou em 30 de Janeiro de 2004 e terminou na data estabelecida com uma vantagem para a WBGO de 987,702 a 625,386 dólares, provando que a estação da Costa Leste com seus 400 mil ouvintes conquista uma horda de seguidores mais fiel.

Manim

Jorge Guinle (1916-2004)

09 março 2004

O hercúleo esforço para subir os degraus do Mistura Fina, naquela noite de antologia, já era um prenúncio do estado de debilidade física que acometia Jorginho Guinle, no dia daquela que talvez tenha sido a última homenagem prestada a este homem único.

A preciosa concepção dada por Bene-X ao "Jazz Panorama" teve em Marcelink a expressão maior de todas as nossas produções até aqui – não tratemos de aspectos técnicos -, dada a aura de emotividade que pairou em todo o Mistura Fina.

Estive com Jorginho Guinle uma única vez em minha vida, numa noite iluminada, em que, durante aquelas horas, consegui compreender, em toda a sua extensão, o significado da palavra elegância. Seu sorriso contagiante revelava o estado de felicidade com a justa homenagem, e a foto histórica de todos nós o ladeando, ele soprando o saxofone, em pleno palco do Mistura Fina, deve ser eleita como a referência definitiva do CJUB, perpetuando aquela velha amizade de algumas horas.

Lembro-me que a homenagem de Marcelink a cada um de nós, dias antes do memorável evento, estampava a real fraternidade que impera no CJUB; agora, refletindo a respeito da sentida perda, tenho certeza que Jorginho Guinle foi mais que um membro honorário do CJUB, talvez o marco de uma nova etapa, em que alçaremos vôos mais altos, com produções mais ousadas, e tendo como norte o jazz, paixão de toda a sua vida.

Hoje, revendo a dedicatória feita naquela noite em meu exemplar do Jazz Panorama – “ao nosso Fraguinha, saudações do Jorginho” -, fico imaginando a recepção feita no céu, com solos do próprio Charlie Parker e dry martinis servidos, com paixão, por Ava Gardner.

Descanse em paz, companheiro.

Amém.
Transcrevo aqui mais um artigo, no qual os americanos continuam considerando Norah Jones como uma cantora de jazz. Confesso que fui um dos primeiros a postar aqui uma nota sobre ela há cerca um ano, quando seu disco estava récem-lançado nos EUA, na qual dizia que Mrs. Jones tinha algum valor. Até tem. Mas está a uma distância bem grande de poder ser chamada de cantora de jazz. Billie, Ella, Sarah, Dinah e Carmen devem, onde estiverem, estar muito zangadas. Principalmente com o faturamento astronômico dessa dita "diva".

LOS ANGELES (Reuters) - por Sue Zeidler
A cantora de jazz Norah Jones pode ter uma voz macia mas seu disco "Feels Like Home," está rugindo outra vez nas caixas registradoras, encimando as listas pela terceira semana seguida, de acordo com dados divulgados pela Nielsen SoundScan na última quarta-feira, dia 3.
Segundo estes, o segundo disco da sensual cantora vendeu cerca de 280 mil cópias na semana até 29 de fevereiro, elevando o total das 3 semanas a 1,7 millhões. O album vendeu mais de um milhão de CDs na primeira semana de lançamento, sendo o primeiro a passar essa marca na primeira semana desde que "Celebrity", do 'N 'Sinc, vendeu quase 1,9 millhões de copias em Julho de 2001, informou a companhia especializada em pesquisas de consumo.
O disco que deu sequencia ao arrasa-quarteirão de estréia de Norah Jones, "Come Away With Me", então hiper-premiado no Grammy, também vendeu muito no domínio digital, com nada menos do que 4 faixas constando das 200 mais vendidas nesse mercado de faixas digitais, de acordo com o selo Jones' Blue Note label, pertencente à EMI Group Plc .
A novaiorquina Jones, que cresceu no Texas, tem hoje 24 anos. Filha do mestre indiano da cítara Ravi Shankar e da então divulgadora musical Sue Jones, ela vem promovendo as vendas de seu disco através de pesadas promoções e aparições maciças na imprensa. Neste fim de semana, a cantora e pianista de cabelos escuros, que dá tons rurais a algumas de suas músicas, deve aparecer como convidada musical do programa "Saturday Night Live", na gigante cadeia de TV NBC.
O novo disco de Norah também deu algum empuxo adicional ao seu anterior "Come Away With Me," que permaneceu entre os 30 mais nos EUA.