Aqui você vai encontrar as novidades sobre o panorama nacional e internacional do Jazz e da Bossa Nova, além de recomendações e críticas sobre o que anda acontecendo, escritas por um time de aficionados por esses estilos musicais. E você também ouve um notável programa de música de jazz e blues através dos PODCASTS.
Apreciando ou discordando, deixem-nos seus comentários.
NOSSO PATRONO: DICK FARNEY (Farnésio Dutra da Silva)
..: ESTE BLOG FOI CRIADO EM 10 DE MAIO DE 2002 :..
Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).
Mais um artista empresta sua arte ao CJUB
28 fevereiro 2003
Another artist lends its art to CJUB
CJUB has received today, from Nicole Etienne, californian-born painter with extensive studies in Europe mainly at Lorenzo de Medici School of Art, in Florence, and a beautiful international career, her authorization to let us use some of the images of her oeuvres posted on her site on the net, to enrich our texts. Any of the editors may, thus, go into her site and link an image -there are some remarkable ones under "lounge", that includes "jazz"- into their writings. Let's do it, then.
AGRADECIMENTOS, UM PEDIDO DE DESCULPAS, INTERPLAY E QUINTESSÊNCIA
26 fevereiro 2003
Escusas a parte, passo a (tardiamente, reconheço) agradecer a todos, indistintamente e sem exceção - menção honrosa, porém e data venia, ao Mestre JeDi - pelas palavras carinhosas quanto ao papel de anfitrião que me coube na memorável assembléia do último dia 16/2.
A casa, embora humilde, continua, claro, aberta, como sempre estará, a tão queridos e fraternos companheiros, para vindouros eventos, tão ou mais proveitosos, por certo, em se tratando da excepcional matéria-prima que cada um de nós - quiçá juntos (!) - representa para a formação de uma amizade emblemática e sem paralelo.
Em plena dicção jazzística, tenho que, passando o degrau do interplay - já raro de ser alcançado - alçamos à quintessência, amálgama de interação e intuição que só os combos hors-concours conseguem atingir.
A todos, portanto, perdão pelo serôdio reconhecimento, do qual me penitencio, e minha mais profunda gratidão pela peculiar amabilidade.
Charutos, para que os queremos...
A parte do Grammy que nos interessa(?)
24 fevereiro 2003
GRAMMY, categoria JAZZ:
Melhor Disco de Jazz Contemporâneo
"Speaking Of Now" - Pat Metheny Group
Melhor Disco de Jazz (com vocais)
"Live In Paris" - Diana Krall
Melhor Solista de Jazz Instrumental
Herbie Hancock - (por "My Ship", do disco "Directions In Music")
Melhor Disco de Jazz Instrumental
"Directions In Music" - Herbie Hancock, Michael Brecker & Roy Hargrove
Melhor Disco de Grande Conjunto de Jazz
"What Goes Around" - Dave Holland Big Band
Melhor Disco de Jazz Latino
"The Gathering" - Caribbean Jazz Project
8 - All Blues - por Dennis Rowland
21 fevereiro 2003
Fiz silêncio e prestei atenção. Enquanto uma voz rouca ribombava pelo ambiente, fui reconhecendo o tema de Miles, numa levada inusitada e rica. Quando, após a abertura cantada pelo desconhecido Dennis Rowland em tom bastante grave, explodiu o trompete cortante de Wallace Roney, eu já estava suando frio com aquela sensação de incompetência que acomete ao aficionado por jazz quando se depara com uma coisa muito boa e desconhecida. Como é que eu não conhecia aquilo?, perguntava-me aflito.
Para tornar a história curta, trata-se de um disco-tributo a Miles que não pode faltar em nenhuma coleção de amantes do jazz e já havia feito há tempos uma resenha dele aqui. Está em algum lugar dos arquivos.
No entanro ressoa até hoje na minha memória, mesmo depois de ouvi-la inúmeras vezes, a audição inicial dessa sensacional versão de All Blues. Obrigado, amigo Gon, pela bela apresentação.
Lembrando, o time desse disco chamado "Now Dig This" é composto por Joe Sample (p), Sal Marquez e Wallace Roney (tp), Terry Harrington (ts), Chuck Berghofer (b), Terry Harrington (d), além do magnífico Rowland no vocal.
Vale cada centavo (de dólar) empregado na sua aquisição.
"Now Dig This - A Vocal Celebration Of Miles Davis" Dennis Rowland - Concord Jazz - 1977
6. The Köln Concert, part I
20 fevereiro 2003
The Köln Concert, part I (Keith Jarrett)
ECM. The Köln Concert
5. Palhaço
Esta perda de rara significação me levou à busca de uma possível causa para tal. Lembro-me perfeitamente que absorvi, página por página, a monumental obra de Albert Camus, O Mito de Sísifo, sempre ao som de "Palhaço", numa homenagem à amiga e àquela noite, e uma lembrança que perdurou ao longo dos anos, para a qual conheci as mais diversas interpretações - em solo, duo, trio e orquestral.
Nenhuma delas, em minha opinião, se compara à interpretação, em duo, oferecida por Egberto Gismonti e Charlie Haden, gravada em 1989, no Festival de Jazz de Montreal, a qual, conforme resenha feita neste muro, me levou à auto-penitência de só vir a conhecer no ano passado.
Ainda que eu sinta superada aquela perda, a memória ainda me faz soluçar cada vez que ouço os acordes da preciosa música, harmônicos como as teclas negras e brancas de um piano.
Palhaço (Egberto Gismonti)
ECM. Charlie Haden & Egberto Gismonti In Montreal
7. What are you doing the rest of your life - por Shirley Bassey
Segue a letra em inglês, de autoria de Alan e Marilyn Bergman:
I want to see your face in every kind of light
In fields of dawn and forests of the night
And when you stand before the candles on a cake
Oh, let me be the one to hear the silent wish you make
What are you doing the rest of your life?
North and South and East and West of your life
I have only one request of your life
That you spend it all with me
All the seasons and the times of your days
All the nickels and the dimes of your days
Let the reasons and the rhymes of your days
All begin and end with me
I want to see your face in every kind of light
In the fields of dawn and the forests of the night
And when you stand before the candles on a cake
Oh, let me be the one to hear the silent wish you make
Those tomorrows waiting deep in your eyes
In the world of love that you keep in your eyes
I'll awaken what's asleep in your eyes
It may take a kiss or two
Through all of my life
Summer, Winter, Spring, and Fall of my life
All I ever will recall of my life
Is all of my life with you.
É isso aí!
19 fevereiro 2003
Depois quero informar que as cópias do Marcelon ( Barney Wilen e Frank Wess ) e do Coutinho ( Don Byron ), já estão feitas bem como as demais e como combinado espero entregar os originais ao Marcelink ou ao Mau Nah imediatamente.
MOTIVO DE MUITO ORGULHO PARA NÓS
17 fevereiro 2003
Nossos mestres Raf e Goltinho (apelido designado pelo próprio Raf para ser o pseudônimo do Arlindo aqui no blog) passam a figurar no time de editores do CJUB que dá as boas vindas aos leitores e cujos emails ora se disponibiliza para todos os aficionados que acompanham nosso entusiasmo pelo jazz (e também por alguns de seus bons acessórios como o uísque e os charutos).
Nosso dia hoje é festivo, não apenas pelos eflúvios musicas da excepcional noite de ontem, mas, e principalmente, pela integração da excepcional bagagem de conhecimento jazzístico, na acepção técnica e nas situações pessoais, únicas, vividas com inúmeros jazzmen que esses dois outros verdadeiros Homens do Jazz trazem para enriquecer nossas vidas.
E que o jazz seja a mais executada trilha musical da vida de todos nós, por muitos e muitos anos, amém!
Palavras do nosso Editor-Honorário, ora entronizado sob o pseudônimo RAF
Desejo expressar meus sinceros agradecimentos pela acolhida e pelas generosas palavras de carinho por parte de todos na maravilhosa reunião de ontem, domingo, dia 16 de fevereiro, data que guardarei para sempre como uma das mais gratas recordações de minha vida.
Foi uma alegria reencontrar David, nosso irrepreensível anfitrião, um perfeito cavalheiro que nos cercou das maiores atenções, deixando-nos inteiramente à vontade, servindo-nos bebida variada e comida, enfim, criando um maravilhoso clima da maior e saudável camaradagem, com alegria, entusiasmo e total descontração. Agradeço-lhe o honroso convite de participar da reunião.
Também reencontrei Mauro, a quem conheço há uns 20 anos, chefe inconteste de nosso blog, incentivador incansável de nossas atividades e fotógrafo quase oficial da reunião, esmerando-nos em imaginar criativas poses em febril atividade para a sua lente (ou a máquina é do Sá ?).
Outro que reencontrei foi o Sá, a quem conheço como presença marcante nos festivais de jazz, dinâmico personagem (no melhor sentido da palavra), cujo entusiasmo contagiante foi um fator a mais para animar nosso encontro. Sua animação é de causar inveja ao mais fanático torcedor de futebol – um dínamo gerador de energia.
E a presença do Gol-tinho, velho companheiro de batalha em prol do jazz, a extroversão em pessoa, personalidade agitada e frenética de incansável empreendedor cujos gritos de guerra sempre animaram alguns artistas e parte do público nas noites do Free Jazz e do Chivas Jazz deve ser enfatizada com entusiasmo. Como certa vez disse o Luiz Carlos Antunes, “se o Coutinho não existisse, alguém teria de inventá-lo”. Como dizem os americanos, ele é “one of a kind”.
Esse encontro proporcionou-me conhecer e compartilhar a alegria e o entusiasmo dos confrades Marcelão (que gentilmente deu-me confortável carona de ida-e-volta, fazendo questão de deixar-me o mais próximo possível de casa, além de um papo animadíssimo nas duas viagens ao som de fitas de jazz selecionadas pelo próprio – desnecessário dizer que nos conhecemos no momento em que ele veio buscar-me e já na ida conversávamos como velhos conhecidos, em papo natural e descontraído, como se retomássemos uma conversa de dias ou horas antes), Marcelinho (sempre sorridente – será ele o nosso smiling boy e nosso baby face, que me surpreendeu com o gentil pedido de escrever uma dedicatória no “Guia do Jazz em CD, outro jovem que extravasou sensibilidade no grupo) e Fraga (devotado jazzófilo, como os demais, que teima em me chamar de mestre a todo momento, e se insistir acabará alimentando meu ego, convencendo-me de que sou algo do gênero – senti o quilate de sua personalidade emotiva e altamente emocional em nosso abraço inicial e na despedida, demonstrando uma sensibilidade à flor da pele, uma alma de artista já revelada em seus diversos depoimentos em nosso blog).
Tenho uma dívida de gratidão com todos vocês. Foi uma noite inesquecível e vocês rejuvenesceram meu entusiasmo com o calor da acolhida que me emocionou. Não tenho palavras para expressar meus agradecimentos. Vocês mexeram com a alma e o coração deste jazzófilo combalido pela idade e por algumas decepções sofridas ultimamente, dando-me novo ânimo e uma ponta de esperança em dias melhores. Como disse ontem, repetindo uma velha frase, a música só faz amigos quando reúne pessoas genuinamente sinceras, despidas de interesses materiais, mas pensando unicamente num fraterno encontro entre companheiros que se unem em torno de um ideal em comum: o jazz, cuja magia acende e reacende a chama da verdade e da comunicação entre amigos que se reúnem para momentos de confraternização, enlevo e pura alegria. Saí de lá como se conhecesse todos há muito tempo, mas, ironicamente, foi nesse encontro que conheci alguns deles. Não é pura magia ?
Bem, sem mais delongas nem divagações, faltam-me as palavras. Parabéns a todos pelos seus conhecimento sobre jazz, demonstrados ao longo da reunião com comentários criteriosos e diretos ao ponto. Deus abençoe a todos e mantenha o grupo sempre unido em torno desse ideal. Apesar de ranzinza e rabugento (a idade me fez assim), orgulho-me de pertencer a esse grupo maravilhoso, agradecendo a todos pela receptividade, pelo carinho e pela bondade. Vocês restauraram minha fé no ser humano.
Long life to everybody, good health and keeping bearing the torch of jazz.
Raf, JDR ou JeDi (como queiram)
As 10 mais do Sazz
Gostaria também de propor que a cada evento elevassemos à categoria de pedestal, ou qq outro nome que se queira dar, àqueles cds eleitos durante a reunião, como por exemplo o do Barney Wilen ( Barney ) levado pelo "JDR", simplesmente monumental.
Quero registrar também as minhas 10 musicas favoritas independente da ordem e suas respectivas interpretações, a saber :
1) So What ( Miles ) - All Stars / Michel Petrucciani
2) Round Midnight ( Monk ) - Miles Davis cd Directions
3) Stormy Weather ( Arlen ) - Etta James
4) Sophisticated Lady ( Duke E. ) - Archie Shepp & Jeanne Lee
5) One For My Baby ( Arlen ) - Billie Holiday
6) What´s New ( Coltrane ) - Linda Ronstadt / Bill Evans
7) Never Let Me Go ( Livingston ) - Keith Jarrett
8) A Fala da Paixão ( Gismonti ) - Egberto Gismonti
9) Beatriz ( E.Lobo ) - Milton Nascimento
10) Chovendo na Roseira ( Jobim ) - Elis Regina
E, finalmente, a pergunta que não quer calar: Qual foi o barbeiro do Fraguinha ???
Post com enderêço certo...
13 fevereiro 2003
A conferir.
Resposta ao "quiz", que estava pendente:
12 fevereiro 2003
"...Para encerrar, um teste de difícil resposta: o que têm em comum as composições “At the Darktown Strutter´s Ball”, “Jersey Bounce”, “Intermission Riff”, “Desafinado”, “Take the A Train”, “Só Danço Samba”, “On the Alamo”, “O Pato”, “Disc Jockey Jump” e “Rhythm Is Our Business” ?"
E agora, nas palavras no nosso Grão-Mestre, a solução:
"Aí vai a resposta ao teste, aliás dificílimo, como frisei no meu email. A essas composições acrescento também “Yard Dog Mazurka”, do grande maestro-compositor-arranjador Gerald Wilson. Ainda há um tema de Gerry Mulligan que ele tocou aqui no Rio, em 1978, mas não lembro o nome, pois não tenho gravação do mesmo.
Sem mais delongas, TODAS elas são baseadas na seqüência harmônica de “Ring Dem Bells”, criada em 1930 pelo genial Duke Ellington – e de quem mais poderia ser ?
O objetivo do teste não era dificultar a percepção de quem quer que fosse, mas apenas registrar quantas músicas/temas/composições existem por aí com mesmas harmonias e muitas vezes nem nos damos conta.
Falando em Ellington, do qual sou fanático entusiasta e considero o maior músico do século XX, em minha vida de audiófilo detectei ter ele feito, pelo menos, 22 composições baseadas nos acordes do arcaico “Tiger Rag” entre os anos 20 e 40, cada qual com melodia inteiramente diferente das demais."
Aprenderam?
Alegrando os marmanjos
11 fevereiro 2003
6 - Someone to Watch Over Me - por Sting
Todo o desenrolar dessa filmagem inicial, de tirar o fôlego, acontece sublinhado pela interpretação de "Someone to Watch Over Me", de George Gershwin, uma das clássicas do Great American Songbook, já hoje com algumas centenas de gravações. Neste caso em particular é o roqueiro Sting transmutado aqui em cantor intimista quem produz uma das melhores interpretações que já ouvi dessa canção.
Procurei em vão, por uns 3 anos, encontrar o disco que a tinha. Comprei, via catálogo de algumas lojas, uns 3 ou 4 singles que os vendedores "abalizados" garantiam contê-la, só para me decepcionar com sua ausência ali. Só a consegui quando do advento do Napster, tão facilmente que nem acreditei direito. Esta versão está hoje num CD, acompanhada de 15 outras, com intérpretes diferentes, inclusive uma de 1926.
A propósito, o filme é ótimo.
Someone to Watch Over Me - Let Your Soul Be Your Pilot [Maxi Single] - A&M Records, 1996
EMails de J.D. Raffaelli - 00005
10 fevereiro 2003
"Não me considere ave de mau agouro, mas sou obrigado a informar o desaparecimento de dois jazzmen. Doente há algum tempo, desta vez foi o cornetista (palavra horrível para um músico de jazz, mas não posso usar trompetista) Ruby Braff. Morreu ontem, domingo, 9 de fevereiro, aos 75 anos.
O outro é Cy Touff, também aos 75 anos, o único executante do estranhíssimo bass trumpet, que se destacou na orquestra de Woody Herman nos anos 50. Ele gravou um álbum que julgo excelente para a Pacific Jazz, dividindo a liderança com o não menos excelente tenorista Richie Kamuca, um underrated que se foi muito cedo, aos 47 anos.
(Agora, a boa:)
Nesta manhã de segunda-feira o Free Jazz deu uma coletiva, em São Paulo, anunciando sua volta ainda este ano com novo patrocinador.
Ótima notícia, a comunidade agradece...
Búzios, sexta, 7/2/03 - Patio Havana
Poucas vezes vi uma cantora ousar tanto numa única apresentação. Pois a desconhecida Sillvana segurou 3 sets com sua banda de teclado, baixo e bateria, de uma maneira empolgante. Mais do que isso, foi sua personalidade vibrante e destemida que permitiu-lhe, ao cantar músicas conhecidíssimas do repertório internacional de grandes divas (mesclou acertadamente trechos onde cantava só jazz e trechos onde cantava só "pop"), desviar-se do óbvio em belas e personalíssimas variações, possíveis somente por sua boa técnica e domínio da voz. Mandou ótimas "Caravan" e "Night in Tunisia", além de hits dançantes, com muita garra.
O suporte a Sillvana foi dado pela tecladista Sheila Zagury, figura de aparência tímida, que, no entanto, transformava-se em uma "fera" quando de seus improvisos nos temas jazzísticos, demonstrando anos de estudo e uma capacidade de improvisar elegante e de ótimo nível melódico. No baixo elétrico de 5 cordas, Alex Rocha, além de uma atuação bem sólida nas bases, fazia ainda as vezes de solista em diversas oportunidades, com talento. Na bateria, o récem-agregado Xande Figueiredo soube dosar muito bem sua força nos temas de jazz, preferindo adequadamente as vassourinhas às baquetas que só utilizou, com competência, durantes os temas "pop" e dançantes.
Um belo e surpreendente espetáculo num paraíso à beira mar. Surpresa total numa noite não programada de sexta-feira, exatamente como costumam ocorrer as boas surpresas da vida.
Sillvana Agla - @@@
5. In the Wee Small Hours of the Morning - Stacey Kent
Há uns três anos atrás, procurando por "Sleep Warm", clássico dos anos '50, através do Napster, encontrei-a cantando essa música com inflexões raríssimas, num clima de lençóis que poucas vezes tinha ouvido. Daí a explorar todo o seu acervo foram algumas noites em claro, em busca de tudo o que pudesse encontrar. Depois de compilar um CD com 16 músicas suas, tive o prazer de apresentá-la aos demais editores do CJUB.
Foi, entretanto, a sua interpretação de "In the Wee Small Hours of the Morning", do disco Tender Trap, que me detonou o tampo da cabeça, fazendo com que minha admiração por seu jeito intimista e delicado de contar histórias de amor chegasse ao limite superior. É, das cantoras surgidas na década de 90, para mim a maior revelação. Pode-se tomar, aleatoriamente, qualquer das canções de um de seus 5 discos editados e encontraremos uma interpretação fresca, um timbre diferenciado e andamentos inusitados que a distinguem positivamente em relação a outras boas cantoras, mesmo que a música escolhida seja um surrado "standard".
Stacey Kent é, para mim, um sopro de sutil modernidade no panorama do jazz e é apaixonante. E Wee Small Hours a trilha sonora dessa paixão.
[Love is a] Tender Trap - Chiaroscuro, 1999
4 . Ruby My Dear - de Thelonious Monk, por John Coltrane ou Coleman Hawkins
3 - Moanin' (Bobby Timmons)
08 fevereiro 2003
Eu estava louco para ouvi-la ao vivo. Chegamos ao MAM naquela noite e fomos logo entrando. Como nossa mesa era bem distante o David com sua enorme cara-de-pau foi sentar na mesa 3C que estava vaga naquele instante. Já acomodados, David encontra nosso grande amigo e figuraça Arlindo Coutinho. Ele me apresenta e percebo logo de cara que se tratava de uma ótima pessoa. Quando começou o show do Benny Golson, várias doses de Johnny Walker depois, Coutinho começou a gritar nome por nome de todo o sexteto. Cada solo um berro. E todo mundo vibrando! Duas coisas me chamaram muita atenção naquela noite, além é claro do maravilhoso show em si. A interação da platéia com os músicos era tamanha, naquele momento todos nós sentíamos a música, transpirávamos junto com os músicos, era uma verdadeira união de sentimentos. Mas, o que me conquistou, e que nunca tinha visto em nenhum tipo de show, foi a total cumplicidade entre os músicos, eu só consegui entender isso quando eu li que o "Jazz é a música dos músicos". O show acabou. Eu estava meio sem saber o que tinha sido aquilo. Moanin` não foi tocada, mas dentro de mim ela não parava um segundo. Na volta pra casa de carona com o David, estavam o Coutinho, o Jorginho Guinle e o Estêvão Herman. Imaginem como estava esse carro! Cada um falava mais que o outro contando histórias mil e eu calado, surpreso, encantado... Foi difícil dormir naquela noite.
No dia seguinte, um domingo, tive de acordar cedo. Era a primeira comunhão do meu filho no Colégio Notre Dame. Lá fui eu. Durante a missa me lembrava do show, dos berros do Coutinho, do sorriso dos músicos, dos solos de cada um, no debate musical dentro do carro do David... Mas uma coisa não cessava em minha cabeça, era Moanin`, a música da minha conversão...
Agradeci a Deus pelo momento vivido e percebi que a partir daquele instante tinha me convertido definitivamente ao mundo do Jazz.
Marcelink
2 - What A Wonderful World (George Weiss / Bob Thiele)
07 fevereiro 2003
Ano passado fui ao show de lançamento do novo CD da Wanda, com minha mulher e com grande parte dos confrades. Um show delicioso, envolvente e emocionante. Já no finalzinho ela me surpreende com uma versão especialíssima de "What a Wonderful World" que me deixou em lágrimas. Foi a redenção desta canção. Percebi que uma música linda como essa e que lembrava uma pessoa tão querida para mim, não podia ser esquecida ou evitada. A dor passou e hoje quando a escuto me sinto feliz por ter meu pai um pouco mais perto de mim.
Marcelink
Convocação aos Mestres
06 fevereiro 2003
4. Strange Fruit
Billie Holiday é companhia frequente em minha vida, desde minha infância, quando, me recordo, papai chegava em casa diariamente com um disco e um livro. Naquele dia em que o vi com o "Songs for Distingué Lovers" percebi que ali estava a tradução mais perfeita do que eu poderia considerar como sentimento. Aquela voz rascante, que denunciava a mais sofrida das existências, me conquistou de imediato, e, ainda que o repertório daquela "bolacha" não incluísse a música aqui eleita, as baladas que o recheiam me causam arritmia desde então.
Confesso, ainda, que a música de Lady Day que mais emociona é "The Man I Love", uma canção que agrega, para mim, todas as nuances que a conjugação música/emoção pode oferecer.
Com "Strange Fruit", entretanto, acho que Billie deu a largada na onda de manifestos contra o infinito preconceito racial que havia (?) na sociedade americana. Na histórica noite de 20 de abril de 1939, no Café Society de Nova Iorque, Billie cantou esta balada pela primeira vez, antecipando, em décadas, a marcha que viria ser liderada por Martin Luther King em 1964. Muitos anos se passaram até que a música fosse cantada novamente, dada a repercussão contrária a partir daquela apresentação.
De letra tristíssima, as "frutas estranhas" eram, na verdade, os cadáveres de negros linchados e pendurados em árvores, e traduziam a indignação mais pujante contra a segregação social.
No disco Lady Day (1939-1944), selo Commodore, encontra-se a gravação da histórica noite no Café Society, em gravação que a Columbia se negou a registrar, e, se me fosse dada a capacidade de resumir o significado desta inesquecível canção, faria minhas as palavras de Tony Bennett: "Quando se ouve Billie Holiday cantando Strange Fruit é como ter uma audição de sua própria autobiografia".
Que felicidade ter a companhia de Billie Holiday durante toda uma encarnação...
"Southern trees bear a strange fruit,
Blood on the leaves and blood at the root,
Black body swinging in the Southern breeze,
Strange fruit hanging from the poplar tress (...)".
Homenagem
Todo sucesso e vida longa!
Marcelon
Em janeiro de 1977, estava c/ mochila às costas e pé nas estradas e ferrovias do cone sul. Após quase 1 mes, partimos p/ Buenos Aires p/ encerrar a viagem. Não era uma boa época p/ visitar a Argentina. No 4º ou 5º dia descobrimos uma pequena loja de música. Imaginem uma Arlequim reduzida, mais no estilo da Arquivo. Estávamos conhecendo a loja e o seu dono(se não me engano, Pablo), quando começou a rolar um som que me paralisou: Fire and Rain num arranjo de jazz e c/ flauta. Era o album CALIFORNIA CONCERT produzido por Creed Taylor gravado no Hollywood Palladium em 1971 c/ os seguintes músicos:
Freddie Hubbard, trumpet
Stanley Turrentine, tenor
Hank Crawford, alto
Hubert Laws, flauta
George Benson, guitarra
Johnny Hammond, teclados
Ron Carter, baixo
Billy Cobham, bateria
Airto Moreira, percussão
O disco é antológico e Fire and Rain ficou sendo marcante, pelo seguinte:
Eu cresci ouvindo muita música na minha casa, de tudo, mas, nos finais de semana, meu pai ouvia jazz acompanhado de um uísque(se estivesse vivo, participaria do blog): Oscar peterson, MJQ, Miles, Dave Brubeck, Sinatra e Ella.Muito Sinatra e muita Ella.
Em 1977, c/ 19 anos, era raro eu estar presente aos finais de semana e o que eu estava ouvindo era rock progressivo.
Quando eu escutei Fire and Rain, minha cabeça girou e posso dizer que esse disco me reencontrou c/ o jazz. Um jazz "novo" p/ mim que ma abriu as portas p/ tudo que estava rolando no jazz.
Foi uma experiência marcante e California Concert é um disco brilhante, sendo que Freddie Hubbard está extraordinário.
Marcelon
3. Les Feuilles Mortes (Autumn Leaves)
05 fevereiro 2003
Vivo um sofrimento psicológico toda vez que preciso de um digestivo naquela malfadada cidade - onde ir, ao Cafe Flore ou ao Aux Deux Magots? A entrada de Isabelle Adjani no Flore me fez tomar uma decisão mais rápida que a habitual, e o mundo parecia ter parado quando vi aquelas duas pérolas azuis na mesa ao lado.
Pedido o Calvados, passamos ao extraordinário Montecristo nº 2, um pirâmide de insuspeita categoria, e saboreamos aquele fim de tarde em silêncio quase sepulcral.
A vida adquire uma dimensão diferente após uma grande refeição compartilhada com pessoas queridas, e a companhia de um puro sempre traz uma alegria adicional ao espírito. O silêncio, entretanto, tornou-se, naquela tarde, um porta-voz da sensível versão desse grande clássico que é "Les Feuilles Mortes (Autumn Leaves)", cuja execução se iniciava no salão principal. O piano de Legrand, acompanhado do violino de Grapelli, deu outro colorido àqueles olhos tão lindos e fez com que eu nunca mais deixasse de fumar um pirâmide Montecristo nº 2, tudo em homenagem àquela lembrança.
A "bolacha" que abriga esta magnífica versão chama-se "Grapelli Legrand", disco gravado em duo, no dia 20 de abril de 1993, e, apesar da infinita quantidade de gravações existentes para esta obra-prima, não há nenhuma que me sensibilize da mesma forma.
Les Feuilles Mortes (Joseph Kosma / Jacques Prevert / Johnny Mercer)
Polygram. Grapelli Legrand
E para quem um dia duvidou da Conchita...
04 fevereiro 2003
Quanto à Conchita, que enviou faz tempo uma foto semelhante, mas que parecia eventualmente uma montagem bem elaborada, nossos agradecimentos e saudações por ter sido a pioneira nesse calibre. Continue mandando suas ilustrações e comentários, por favor. Um abraço da turma, e não esqueça de enviar as 10 músicas que você mais gosta!
Artigo do Luis Orlando Carneiro, JB, 4/4/03 - KEITH JARRET
P.S.: Não tenho nenhuma afinidade cultural com o sr. Gerald Thomas por desconhecer sua obra. Mas a partir desta data torno-me um admirador seu, tão somente porque em artigo também desta data no mesmo Caderno B do JB, desanca como pode ao mesmo Sr. Xexéu aqui mencionado. Sei lá, a briga é deles, mas se me chamassem para defender um lado, perfilar-me-ia nas fileiras Thomasianas, no escuro.
Mestre do improviso sem limites
Ganhador do Polar Music Prize deste ano, o pianista Keith Jarrett se consagra como um dos maiores nomes do jazz contemporâneo
Luiz Orlando Carneiro
"O pianista e compositor Keith Jarrett, 57 anos, uma das maiores expressões do jazz contemporâneo, foi escolhido pela Real Academia de Música da Suécia para receber, em maio, o Polar Music Prize 2003. Trata-se de um cobiçado prêmio internacional que corresponde, desde 1992, a um cheque de um milhão de coroas suecas (cerca de US$ 115 mil, pouco mais de R$ 400 mil no câmbio de hoje). O prêmio é destinado a músicos das áreas erudita e popular. Em anos anteriores, foram homenanegados, entre outros, Pierre Boulez, Stockhausen, Isaac Stern e o celista Mstislav Rostropovich, no campo da chamada música séria. Paul McCartney, Stevie Wonder, Miriam Makeba e Quincy Jones já ganharam o prêmio na categoria de música popular. Nesta divisão, só um gigante do jazz havia sido contemplado até hoje: Dizzy Gillespie (1917-1993).
O caso de Keith Jarrett é especial. Não se levou em conta a divisão do prêmio por áreas. De acordo com a Real Academia de Música sueca, o Polar Music Prize deste ano foi concedido ''ao músico americano Keith Jarrett, pianista, compositor e mestre no campo da música improvisada''. O comunicado acrescenta: ''O elevado grau da arte musical de Jarrett é caracterizado por sua habilidade em cruzar, sem esforço, fronteiras no mundo da música''.
O Polar Prize chega para Jarett no mesmo ano em que o seu trio Standards, com Jack DeJohnette (bateria) e Gary Peacock (baixo), está comemorando seu 20º aniversário. Esses 20 anos estão documentados em 15 álbuns da ECM, além da caixa de seis CDs intitulada At the Blue Note - The complete recordings (Três noites de gravações ao vivo, em 1994, no clube de Nova York).
O trio de Jarrett é, sem dúvida, o mais extraordinário pequeno conjunto de jazz em atividade, em termos de fluência, criatividade e interação com improvisação. Até bem recentemente, desde o primeiro volume de 1983, o grupo desconstruía e reconstruía apenas standards do cancioneiro norte-americano (All the things you are, The meaning of the blues, I'll remember april etc.). Jarrett, De Johnette e Peacock chegavam ao estúdio, ao clube ou à sala de concerto sem nenhuma idéia dos temas que desenvolveriam. A improvisação começava com a lembrança, no palco, de uma melodia ou passagem do rico American song book.
Nos dois últimos anos, a partir de Inside out, Jarrett modificou a concepção de seu trio. Deixou de partir de temas mais ou menos reconhecíveis (mesmo que só ao fim de algumas interpretações), para embarcar logo em improvisações livres cada vez mais audaciosas. Seu último CD (duplo), Always let me go - Live in Tokyo, é puro free jazz (sem dissonâncias agressivas que espantam os ouvidos mais comportados), e foi selecionado, pela maioria da crítica especializada, como um dos dez melhores discos lançados em 2002.
Virtuose do piano, Jarrett já era brilhante como sideman do saxofonista Charles Lloyd, aos 21 anos, em 1966. Mas ganhou notoriedade nos anos 70, quando passou a se apresentar, solo, em longos concertos totalmente improvisados. A obra-prima desse período foi o Köln concert (1975), carro-chefe do selo ECM, que vendeu mais de dois milhões de cópias.
Os gemidos e exclamações do pianista costumam acompanhar suas improvisações de grande intensidade emocional, mesmo nos tempos lentos. A técnica soberba de Jarrett e seu amor pela música erudita levaram-no a gravar, com grande sucesso crítico, os dois volumes do Cravo bem temperado e as Variações Goldberg, de J. S. Bach, além de três concertos para piano e orquestra de Mozart (os K.271, 453 e 466), mais os prelúdios e fugas de Shostakovitch.
Entre 1997 e início de 1999, Keith Jarrett esteve afastado do teclado em virtude de uma síndrome de fadiga crônica. Seu CD de retorno foi The melody, at night, with you - um disco plácido e intimista - contendo belíssimas versões de standards clássicos, como I loves you Porgy e Someone to watch over me."
1 - One World (Not Three) - Sting
Um Grande Abraço à Todos
Marcelink
2. Laetitia - um dos temas do filme Os Aventureiros, 1966.
03 fevereiro 2003
Ficha técnica: Laetitia - Música: François de Rubaix; Letra: Jean Pierre Lang - Disques Pathé Marconi, 1966.
1 - LAURIE
Marcelón
2. That's All
01 fevereiro 2003
Pois bem, de uma daquelas prateleiras impecavelmente organizadas foi sacado, como rara preciosidade - que o é -, um disco gravado em Nova Iorque, entre os dias 3 e 5 de abril de 1989, que vem sendo "gasto" ao longo de muitos anos. Chama-se "For Sentimental Reasons", de um multifacetado músico, belo pianista e vocalista, Bobby Scott, dispondo de uma formação impecável: Bucky Pizzarelli (guitarra), Steve La Spina (baixo) e Jimmy Young (bateria).
A primeira audição, macia e gostosamente embalada pelo Black & White ofertado, atingiu seu ápice na faixa 9, That's All, uma balada de rara inspiração, de nos fazer perder a respiração tantas as lembranças por ela evocadas.
Naquele dia mais que querido, além de vir a conhecer o grande Bobby Scott, ganhei um irmão para toda a vida, Mr. Sazz, co-editor deste blog e um dos donos da inesquecível All the Best.
That's All (Bob Haymes / Alan Brandt)
Musicmasters. For Sentimental Reasons