Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

PARA QUEM NÃO LEU NO BLOG DO ANTONIO CARLOS MIGUEL
- SOBRE SHIRLEY HORN NO TIM FESTIVAL

11 novembro 2003

Tomo a liberdade de transcrever aqui alguns dos posts do blog do Antonio Carlos Miguel no Globo Online, que tratam do problema de som havido no palco Club do TIM Festival e as respostas, dadas por alguns dos responsáveis, ao artigo de ACM no Segundo Caderno do O Globo, no dia seguinte.

Pela ordem, aqui: (1) post do ACM, sobre o que ocorreu na última noite; (2) o email de Paulo Albuquerque; (3) o comentário de ACM a respeito deste; e, (4) a msg de Monique Gardenberg ao ACM.


(1) "... Ainda pretendo fazer um minibalanço do FesTIMval que acabou nessa manhã de domingo. O palco Afterhours começou cerca de 4h da manhã, e quem viu (ou 90% dos que conheço que viram) Peaches disse que é um fenômeno, o grande show dos últimos milênios...
Antes disso, o Club quase foi arrasado pelo temporal que desabou momentos depois de Meirelles e os Copa5 abrirem a programação de sábado, com show que chegou a ser interrompido por um raio que caiu muito perto e causou uma explosão no sistema de som.
Na seqüência, Walter Weiskopf Nonet, num jazz com bons arranjos, temas originais interessantes, clima entre Gil Evans e Miles Davis em "Kind of blue"...

Até o desastroso caso Shirley Horn. Não pela veterana dama do jazz, que entrou, de cadeira de rodas, totalmente vendida nessa história. Sou um entusiasta do festival no Museu de Arte Moderna, mas desde a transferência do finado Free Jazz para lá que o som do palco jazzístico, inicialmente localizado no prédio do museu, depois transferido para uma tenda, é prejudicado pelo vazamento de ruídos externos.

Shirley e seu trio, com uma música, como bem lembrou a cantora Joyce, que explora as pausas, o silêncio, foram massacrados pela potência sonora do Public Enemy, que entrou em cena no palco Stage perto do meio da apresentação da jazz singer. Ela bem que tentou seguir em frente, mas a situação ficou cada vez mais difícil. Atônita, ela perguntava: "What's goin' on?".

Monique Gardenberg, idealizadora e produtora desse evento há 16 anos, e seu diretor técnico, Maurice Hughes, deram convincentes explicações (o atraso no Club devido à chuva, a necessidade de o show no Stage começar, já que aquela tenda abrigaria em seguida a sessão Afterhours, com Peaches e DJ Marlboro), mas o que fica é o estrago. Jazzófilos saíram revoltados.

Os produtores já pensam em duas soluções para a próxima edição do TIM Festival (que como fora anunciado, vai para São Paulo, num rodízio anual): -shows de jazz em outro lugar, provavelmente em algum teatro da cidade; -uma tenda superprotegida acústicamente.

Desastre no Club à parte, o festival foi ótimo: bons shows nos quatro diferentes palcos e um Village (o espaço nos pilotis e nos jardins do MAM com bares, restaurantes, tendas com cinema, DJs, performance), agora com ingresso para o acesso, que concentrou a fauna noturna carioca."

(2) E-MAIL DE PAULO ALBUQUERQUE (curador do palco Club no TIM Festival)

"Meu caro Antonio Carlos,

A propósito de sua nota sobre os problemas de som com a Shirley Horn gostaria de informar-lhe: O episódio relatado por você de que ela "soltou os cachorros" em cima de mim nunca aconteceu, talvez até porque ela não tenha me encontrado. Não sei quem lhe deu essa informação. Isso, entretanto, não invalida a sua crítica ao insuportável vazamento sonoro no palco Club.
Outra coisa que é bom esclarecer: não sou, ao contrário do que você informa, UM DOS RESPONSÁVEIS PELA DESASTROSA PRODUÇÃO DO CLUB. Sou, sim, junto com meus amigos Zuza Homem de Mello e Zé Nogueira o responsável pela curadoria desse palco, isto é, pela escolha do elenco que passou (e sofreu) pelo palco Club.
E tenho bastante orgulho de termos selecionado um elenco de primeira que foi, infelizmente, prejudicado pelos problemas que você relatou.
Pode ficar certo que estou (eu, Zé Nogueira e Zuza) tão indignado quanto você, o público e os artistas com o ocorrido. E quero agradecer-lhe pelas críticas que, espero, ajudem a resolver esse problema para o futuro. Um abraço,
Paulo Albuquerque"

(3) "Caro Paulo,
três diferentes pessoas relataram-me o ocorrido nos bastidores, após a apresentação de Shirley Horn (quando foi literalmente varrida do palco pelo som que vazava do Stage com o Public Enemy), mas se dizes que não foi com você que a cantora soltou os cachorros, aceito. Vale a tua versão. Já o fato de não seres "um dos responsáveis pela desastrosa produção do Club", em parte, já que como um dos curadores, essa preocupação com a qualidade do som, da acústica também deveria ser uma das prioridades. E esse é um problema que se arrasta desde que o antigo Free Jazz mudou para o Museu de Arte Moderna.
De qualquer forma, o meu intuito com aquela crítica era construtivo, torço pelo festival, gosto do formato de diferentes tendas (mesmo que não consiga assistir a todos os shows que gostaria) e, principalmente, o palco Club é o que mais me identifico.
abraços e saiba que a publicação de teu e-mail no blog não elimina a publicação no Segundo Caderno. Continuo aguardando vaga na seção de cartas, que não sai todo o dia.

antonio"

(4) "Idealizadora e produtora do Free Jazz Festival, que este ano renasceu como TIM Festival, Monique Gardenberg envia e-mail sobre os problemas de som ocorridos no palco Club, a tenda que abrigou os artistas de jazz no Museu de Arte Moderna."

"oi antonio,
depois de alguns dias me refazendo da maratona (...), queria te dizer que os curadores do jazz tiveram sim preocupação com o vazamento do som. ficaram no meu pé e encheram a minha paciência e caixa postal durante meses.

a dueto fica bem limitada, pois somente um profissional no mercado tem a capacidade de montar toda aquela estrutura, que envolve não só as tendas, mas os esgotos, banheiros, rede elétrica, pisos, banheiros, bares, etc. a dueto vacilou ao confiar na sorte, ao confiar que todos os shows transcorreriam no horário. veio o diluvio e tudo saiu do controle...

quando algo tão sério acontece, como aconteceu com a shirley horn, é que nos damos conta do tamanho do nosso erro e passamos a considerar novas
possibilidades para a solução deste problema, que, como você bem disse ao paulo, já se arrasta há alguns anos. enfim, era prá te dizer que a produção foi alertada quanto ao perigo e confiou na sorte, achou que tinha tudo bem planejado para dar certo mas não contou com o imponderável.

vamos nos preparar de outra forma. o club terá sua construção, e apenas o tim club, a cargo de empresa especializada estrangeira em acustica e isolamento sonoro, já que a tim preferiu não afastar o club do espaço do festival, do MAM.

enfim, era só para ficar claro de quem foi o vacilo...
não tenho dúvida que você e o globo foram super bacanas e torceram totalmente a favor do evento. o episódio desastroso foi alvo de crítica de todos, imprensa e patrocinador. a mim cabe reconhecer e partir para achar a solução.
um beijão,
monique"

Nós do CJUB, presentes a todas as noites do palco Club, sofremos barbaramente com os problemas aqui relatados. Pessoalmente, avisei ao Zuza Homem de Mello da tragédia que se anunciava, tão logo terminou a apresentação de Nestor Marconi, ou seja, ao final da primeira atração do primeiro dia. Havia ali, sim, uma solução e era muito simples. Bastava tirar um DJ da tomada!
Pois o que mais me irritou foi que o som que estava vazando, ao contrário do que ocorreu na noite de sábado, com as conseqüências acima descritas, não era o de outra atração de outro palco - o que também não se justifica, mas que nossa querida Monique assumiu a responsabilidade de resolver no futuro - mas sim o som de baixa frequência, um inclassificável drum 'n' bass, oriundo de tenda no átrio do MAM cujo único propósito seria o de botar para dançar a alguns trogloditas de mentes vazias, o que não se justifica sob nenhuma ótica, por mais comercialmente benevolente que se queira ser.
E essa mesma tenda estava literalmente a pleno vapor no momento da nossa saída do Club no sábado, depois da desistência a meu ver tardia, de Shirley Horn lutar contra o barulho atordoante. Fotografei os beneficiários locais desse massacre sonoro: meia dúzia de malucos envoltos em fumaça institucional, público de nenhuma, repito, nenhuma importância, se comparado aos seiscentos e tantos amantes de jazz afrontados pela falta de visão - e de audição - da turma que produziu o evento, quem quer que tenha sido. Uma pena.

Resta-nos alertar, em socorro aos valores relevantes destinados às futuras produções, que os sons de baixa freqüência como os ali produzidos não são passíveis de vedação exceto pela distância. Qualquer tratamento resultará em gasto irrazoável, em soluções mirabolantes que, ao final, provar-se-ão ineficazes.
A única solução é que não se permita "raves" em festivais mistos, pelo menos até que as atrações jazzísticas já tenham terminado seu trabalho e que seu público já esteja a quilometros dali.

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