Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

LEO GANDELMAN NO ESPAÇO ARPOADOR

10 novembro 2003

Na última quarta-feira, dia 5/11, fui convidado a assistir ao show do Leo Gandelman no Espaço Arpoador, antigo Jazzmania. Cheguei às 21h 20min, dez minutos antes do horário marcado para o início do show. Já sabia porém, que a triste tradição de se nunca começar um espetáculo na hora seria mais uma vez obedecida. Observei na entrada que o show seria basicamente para convidados tamanha era a lista de nomes. Quando entrei, vi o produtor Paulo Renato e ao falar com ele logo me perguntou pelos outros convidados do CJUB que ainda não tinham chegado, Goltinho e Rodrink. Procurei uma mesa bem ao fundo para poder constatar de um outro ângulo a visibilidade do palco e a qualidade do som, já que no mês anterior estive presente no show do Montarroyo numa mesa defronte ao palco. Os garçons sempre atentos não deixavam uma mesa sem serviço, sendo um contraponto positivo a qualidade ruim do que foi servido.

Uma hora depois do horário previsto foi anunciado o show. Os músicos no palco começaram a tocar e Leo Gandelman surge por entre as mesas tocando seu sax alto numa entrada repleta de aplausos. As primeiras músicas são composições suas (Solar e Castelo de Areia) que estão presentes no DVD recém lançado, aliás o primeiro DVD brasileiro de música instrumental. Confesso que prefiro mais o Leo como intérprete de que como compositor, considero inclusive um dos melhores saxofonistas brasileiros, um músico versátil e que sabe como poucos conduzir de forma inteligente sua carreira. Gostaria muito de ouvi-lo tocando jazz tradicional, o que parece seu filho está fazendo nos Estados Unidos. Depois do sax alto, Leo tocou num sax soprano que possui um formato muito parecido com um sax alto em miniatura e em seguida exclamou sua qualidade musical num sax tenor. O som estava perfeito assim como a iluminação, que foi conduzida de forma segura pelo Paulo Renato.

Um dos grandes momentos da noite foi ouvir “A RÔ de João Donato, tendo ao fundo as ondas do Arpoador como cenário. Aliás, quando Gandelman falou com a platéia pela primeira vez, destacou a beleza e a importância do Jazzmania na música instrumental brasileira e na sua carreira, onde lançou seu primeiro CD. Outro ponto alto foi a belíssima interpretação com seu sax soprano de as “As Rosas Não Falam” de Cartola. Gandelman homenageou também outros ícones da música brasileira como Pixinguinha (Lamento) e Ari Barroso (Na Baixa do Sapateiro).

A platéia, que correspondia a cerca de 60% da capacidade da casa, foi a loucura mesmo no último número. “Maracatu Atômico” foi tocada por um inspirado Leo Gandelman que no meio da platéia parava de mesa em mesa e nos brindava com um show quase particular. Um final apoteótico. O show foi bem parecido ao que eu assisti no Rival, quando do lançamento do DVD e é sem dúvida uma boa pedida para quem gosta de música instrumental.

Fico feliz por constatar o belo trabalho que estão desenvolvendo no Espaço Arpoador. O ponto é maravilhoso, a paisagem deslumbrante e o local emblemático. A visão que temos do palco é muito boa, mesmo estando lá atrás, mas ainda acho que o palco poderia ser um pouco mais alto. O som como já disse estava perfeito, mas o que eu mais gostei tecnicamente foi a iluminação precisa e segura, valorizando a emoção de cada música e não deixando nenhum músico na penumbra. Senti falta de um sistema de exaustão como a que tínhamos no Epitácio o que evitaria a presença incômoda da fumaça para quem não fuma. A casa precisa melhorar também a qualidade dos petiscos que são servidos, pois não condizem com a importância do lugar.

A noite foi muito interessante, com boa música e num local muito agradável. O Coutinho chegou quase no final e quando o Leo Gandelman, já depois do show, o viu foi logo falar com ele. Sabem qual foi o diálogo? Leo: “Quanto foi o jogo do Palmeiras?” Coutinho: “Um a zero pro Palmeiras”, Leo: “Ihhh... Tá ficando difícil pro Fogão...”
Impagável!

Marcelo Siqueira

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