Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

NA PRAIA DE IPANEMA COM A NEW BIRTH BRASS BAND

06 outubro 2003

Ontem, por volta das 15h cheguei a Ipanema para ver a abertura do Jambalaya! 2003. A concentração marcada para as 14h 30min havia atrasado um pouco em virtude de um problema no gigantesco trio elétrico da prefeitura que serviria de palco para os músicos de Nova Orleans. O trio ficou parado, em frente ao canal do Jardim de Alah por um bom tempo. A praia, como de costume estava cheia e a pista fechada, como todo domingo, convidava os cariocas a desfilarem com seus filhos, cachorros, namorados, bicicletas, skates e patins. Todos, porém, não resistiam a uma olhada mais atenta no trio elétrico: “Vai ter samba?”, perguntava um, “Deve ser coisa do César Maia”, devolveu um velhinho. Fui tentar explicar e disse que era uma brass band de Nova Orleans. “Brass o que?” exclamou o senhor. Quando entendeu que era jazz e que iria ser tocado no trio elétrico, sua cara de surpresa foi inevitável: “Jazz, num trio elétrico, debaixo deste sol na praia de Ipanema? Isso é coisa do César Maia!”. Nem tentei explicar, até porque a prefeitura realmente apoiava o festival.

Resolvi andar um pouco e logo encontrei meu amigo Walmor Pamplona, que envolvido na produção, conferia o movimento. Depois de um fraterno abraço ele me apresentou ao curador brasileiro do festival, o simpático João Luiz de Albuquerque, que depois de uma troca de cartões prometeu conhecer melhor o CJUB.
O movimento frenético da produção adiantava a todos que breve teríamos música. O número de pessoas aumentava a cada instante e nos primeiros acordes de uma música que, juro, parecia mais um reggae, todo mundo parou. Era apenas um teste no som, excelente por sinal, mas conseguiu despertar a atenção de toda a praia. Pontualmente às 16h o narrador do evento anunciou a abertura do Jambalaya, tentando explicar o festival, divulgando as datas, os artistas e, é claro, os patrocinadores.

Às 16h 30min foi anunciada a New Birth Brass Band, com seus sete integrantes. Os caras começaram com tudo. O som contagiante fez com que a praia parasse. Das janelas e varandas as pessoas observavam incrédulas. Logo já tinha gente dançando, pulando, imitando os músicos e dava até para ouvir uns “yeahhh!!” de vez em quando. Na terceira ou quarta música, os organizadores começaram a jogar camisas para a multidão. Aí foi a festa! A música rolando pesada e a galera pulando, dançando e disputando as bonitas camisas. Minha altura pouco privilegiada me impediu de pegar uma, mas quando os caras mandaram um “St. Thomas” deixei de lado a inútil disputa para ligar para o celular do Bene-X, que tinha prometido ir também. Era impossível falar, mas queria dividir com ele o prazer de estar ouvindo Sonny Rollins de uma forma tão atípica. Nessa altura estava quase todo mundo com a camisa do Jambalaya. A Imprensa estava lá e pude ver no “Jornal das 10” da Globo News, uma ótima matéria. O clima do evento continuava a surpreender todo mundo, a praia, parada, só tinha olhos e ouvidos para a Brass Band. Todos sorrindo e se divertindo muito. Umas garotas conseguiram até sambar diante de um grupo de gringos avermelhados que não cansavam de tirar fotos, ou seja era um evento completamente sui generis.
Na altura da Farme de Amoedo os músicos deram uma parada, exaustos e molhados de suor. O trio elétrico deu uma acelerada em direção do Arpoador, pois em breve a pista teria de ser liberada para os carros. Pude ver nosso Paulo Moura, o diretor musical brasileiro do evento, sorrindo encantado com a impressionante receptividade do público.

Quando chegamos ao Arpoador, os músicos desceram do trio e começaram a tocar na calçada para uma multidão que vinha pedindo mais música desde a parada na Farme. Infelizmente o cordão de isolamento dos seguranças, todos com uns 3m de altura, impediu uma melhor visão dos músicos, mas nada que fizesse a platéia não delirar quando tocaram “When The Saints Go Marching In”. “Essa eu conheço!” exclamou um garotão. Foi um encerramento apoteótico e sem dúvida, uma grande divulgação para o festival que continua nos dias 8, 9, 10 e 11. No final fui dar os parabéns ao Walmor, ao João Luiz e ao Thomas André, o produtor e diretor executivo do festival. Thomas, que esteve no primeiro Chivas Jazz Lounge do CJUB, ficou muito feliz quando eu disse que tinha adorado o desfile.

Eventos como esse só demonstram que quando o público tem acesso à música de qualidade ele gosta e quer mais. Da mesma forma que quando a Orquestra Sinfônica toca na Quinta da Boa Vista e fica lotado, um desfile de uma Brass Band, tocando jazz e blues de qualidade num domingo em Ipanema é perfeitamente viável. Mas que foi surpreendente foi. E digo mais, foi inesquecível!

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