Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

Mais polêmica: Norah Jones

15 setembro 2003

Transcrevo aqui artigo de Steve Greenlee, jornalista americano do "Globe", sobre as últimas façanhas da Senhorita Jones.

Norah Jones mostra seu alcance nas notas de jazz
Por Steve Greenlee, Globe Staff, 1 Set 2003

A rápida ascensão de Norah Jones à realeza musical trouxe uma porção de debates ridículos sobre se ela era uma vocalista de jazz ou uma cantora pop. Nenhuma dessas matracas estaria batendo se Norah tivesse assinado com a Warner ou com a Arista, mas seu álbum de estréia, "Come Away With Me," foi editado pelo venerável selo de jazz Blue Note. O disco em si é um disco pop que emprega músicos e estilos de jazz mas, de fato, quem se importa? É bom e isso, sim, importa.
Mas aí é que está a parada: Jones, depois disso tudo, está realmente se tornando uma cantora de jazz danada de boa.
No sábado à tarde, no Tanglewood Jazz Festival, Jones chocou um público recorde de 5.000 pessoas no Ozawa Hall com um "set" intimista de "standards", de tirar a respiração, acompanhada por duas pianistas -ela mesma e Marian McPartland. O evento foi uma gravação do show "Piano Jazz" de McPartland para a National Public Radio, mas ficou mais para um recital do que um concerto ou um programa de rádio.
O papo entre as canções foi mínimo, com as questões básicas sobre quando Norah havia começado a tocar piano (aos 7 anos) e quais eram suas cantoras favoritas (Billie, Sarah, Dinah e Aretha). Mas McPartland não parecia saber o que mais perguntar e Jones parecia tímida e nervosa quando não estava se apresentando. Enquanto cantou, porém, ela comandou as atenções.
Já chegamos ao ponto da carreira de Norah no qual paramos de compará-la a outras cantoras. (Será que já estamos começando a nos referir a ela pelo primeiro nome, apenas?) Ela pode ter soado um pouco como Billie Holiday nos seus fraseados e entonação mas a cantora com quem ela mais se assemelhou no recital foi com a Norah Jones de "Come Away With Me", cantando "standards". Delicada, intimista, suave.
Jones e McPartland interpretaram quase tudo como blues, começando com "Mean to Me," uma música tão antiga que McPartland se disse surpresa por Jones conhecê-la. (McPartland está com 85; Jones com 24). Elas diminuiram o ritmo para uma bela levada de "Loverman" e mergulharam num verdadeiro recital dos "melhores dos standards", incluindo "Tenderly," "Summertime," "Easy Living," "A Foggy Day" (Billie Holiday teria adorado esse set), e "Spring Can Really Hang You Up the Most."
Cada canção deixou de ser meramenta cantada, foi interoretada com beleza e graça. E, pode apostar, ninguém no Ozawa Hall reclamou que Jones não tenha improvisado o bastante para que as músicas fossem consideradas jazz.
Jones e McPartland ignoraram os veementes apelos por um "encore"- e a choradeira por pelo menos uma das músicas do disco de Norah, "Come Away With Me" - mas seu set incluiu pelo menos uma boa surpresa: "Melancholia," de Duke Ellington, para a qual Jones escreveu uma letra. McPartland deixou o palco nesta, permitindo a Jones se acompanhar e foi uma soberba peça minimalista - uma bela melodia, uso frugal do piano, e vocais de arrepiar todos os pelos do corpo.
Era para ser somente um primeiro e belo set no dia, por uma vocalista e intérprete sem igual.
Mas Cassandra Wilson, que também está entre as influências de Jones, tocou no Ozawa Hall na noite desse sábado, e foi um evento de deixar as pessoas de boca aberta. Ela foi acompanhada por um trio, mas o uso, por Cassandra, do incrível percussionista Jeffrey Haynes no lugar do baterista, fez com que o concerto ficasse ainda mais íntimo.
Wilson está com um disco novo, "Glamoured," saindo em outubro, mas ela tocou apenas três músicas dele, incluindo uma versão suave de "Lay Lady Lay", de Bob Dylan. Os pontos altos do set incluíram uma versão soul-jazz do sucesso dos "The Monkees", "Last Train to Clarksville" e um par de músicas de Antonio Carlos Jobim, "Corcovado" e "Waters of March."
O espírito de Jobim também havia pairado na sala, mais cedo naquela tarde, quando o pianista Kenny Barron abriu o concerto com seu "Canta Brasil Project", no qual se apresenta, na seção rítmica, o Trio da Paz e ainda a flautista Anne Drummond. Seu set de quatro músicas incluiu ainda um elegante e enérgica levada de "Manhã de Carnaval", de Luís Bonfá.

Nenhum comentário: