Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

Mais um blog da Terrinha nos prestigia: PASTILHAS

29 junho 2003

O Miguel Esteves Cardoso, que é o Doutor de plantão no site português Pastilhas fez um link para o CJUB, numa categoria que muito nos envaidece, dita "o poder da sabedoria é grande".

Nem tanto, caro Doutor Cardoso, pois muito poder também advém de "saber o dia". Hum, péssima, essa, confesso. Mas no nosso caso, serão sempre as últimas quartas-feiras de cada mês, e é claro que estou falando aqui das noites Chivas Jazz Lounge, produção aqui da casinha.

Se houver algum tuga perdido pelo Rio de Janeiro, que goste de jazz, numa dessas datas, pode recomendar que o programa é sempre muito bom, modestia à parte.

De qualquer forma, Dr. Cardoso, obrigado pelo link.

Agradecendo aos e pelos presentes

A segunda noite dos concertos Chivas Jazz Lounge foi não apenas uma sequência nessa iniciativa do CJUB de fazer eventos com o melhor do jazz instrumental no Rio de Janeiro, mas uma grande noite de consolidação, sob diversos aspectos.

A qualidade e a segurança da apresentação do Dôdo Ferreira Quarteto e a capacidade do líder de se comunicar com a platéia, trazendo-a mais para perto de si com algumas historinhas pessoais engraçadas, fizeram com que o clima geral ficasse bem aconchegante. No show, destaque absoluto, dentro do contexto geral, para a apresentação de uma balada plangente que Dôdo compôs para um ex-aluno e amigo que, segundo êle, "fez a desfeita de falecer", quando total silêncio se impôs no recinto - clima que nem mesmo os garçons e bartenders ousaram quebrar - durante a qual fluiu de fato uma energia muda que só a música é capaz de aglutinar em pessoas tão diferentes, um negócio de outro mundo. No geral, um belíssimo show de Dôdo e sua turma, a quem agradecemos a motivação e o profissionalismo.

Digna de nota, a contratação da Pro-Audio, do profissionalíssimo Fernando Capão, permitiu uma qualidade de som que satisfez plenamente às nossas necessidades básicas, enquanto ainda se mantinha reserva de potência para acalmar a palradores empedernidos caso fosse necessária. Não foi, o público da noite estava bem mais plácido do que o da estréia e a conversa paralela foi bem menor, denotando uma platéia mais respeitosa e atenta ao espetáculo, em benefício de todos. Pudemos contar com um som claro e limpo, sem interferências, o que em muito ajudou para a grandeza da noite.

Como novidade, além do patrocínio geral da Pernod-Ricard do Brasil que, ainda como parte de seu sempre amável suporte, cedeu para sorteio duas garrafas do seu uísque Chivas Regal, tivemos nessa etapa o apoio financeiro da ATL, que também, e gentilmente, segundo idéia de seu representante Ricardo Rodrigues, promoveu sorteio de um celular de última geração para os presentes. Cabe mencionar, mais uma vez aqui, a gentileza da Spiegelau, que mandou-nos dois jogos de copos de cristal para uísque que foram igualmente sorteados durante o intervalo. Obrigado ao André Wollny. Tais iniciativas fazem com que os amantes do bom jazz, além de ouvirem ótima música, ainda corram o risco de voltar para casa com algum presente de altíssimo nível.

Digna de nota, igualmente, a presença de inúmeros músicos de grande calibre fazendo parte da platéia, e que ao final do concerto puderam juntar-se aos músicos escalados para a noite em animada "jam-session", que foi seguindo até próximo das 3 horas da manhã. Estiveram lá prestigiando e abrilhantando a sessão que se seguiu ao show, os craques Franklin da Flauta, Luiz Avellar, Flávio Guimarães, Hamleto Stamato e Sheila Zagury, além do baterista Guilherme Gonçalves, que formou na CJL da estréia, em maio.

Aqui, ainda, nosso agradecimento à Marzia Esposito, sempre ajudando a cuidar dos detalhes junto à administração do Epitácio e ao seu proprietário e novo- entusiasta pelo jazz Claudio Sieira, pelo apoio que nos deu em todas as fases dos preparativos para essa noite.

Finalmente, um grande abraço público no nosso querido mestre RAF, que montou uma noite inesquecível dentro dos concertos Chivas Jazz Lounge.

E a todos os que foram lá para se divertir conosco, nosso abraço. Anotem, o próximo concerto será em 30 de julho. Até lá!

D. FERREIRA, CJUB-CHIVAS JAZZ LOUNGE, 25/6/2003, EPITÁCIO, 1º set @@@½

26 junho 2003

Noite memorável reservou-nos, ontem, a 2ª edição do Chivas Jazz Lounge, apresentando o quarteto do contrabaixista e compositor Dôdo Ferreira, num projeto que vem consolidando, a cada concerto com mais êxito, sua aspiração original, de reunir em torno do jazz sem concessões, os maiores expoentes do gênero no Brasil.

O primeiro set, quase que exclusivamente dedicado a temas do líder, desde o início com o slow bluesBlue Bia”, demonstrou a excelência de Dôdo como compositor, pródigo em estabelecer comunicação instantânea com a platéia, tal o equilíbrio entre objetividade e inventividade, que caracteriza sua música.

Confiadas, então, essas melodias, todas ótimas e de apelo direto, a um grupo que, ao talento individual, alia elevadíssima interação, tudo resultaria numa noite musicalmente vitoriosa e repleta de energia contagiante.

Parente do timbre encorpado, característico de grandes contrabaixistas negros como Sam Jones, Percy Heath e Ray Brown, o baixo de Dôdo foi sempre tocado com vigor intenso, "provocando" e “chamando” os demais músicos para o interplay, não raro desaguando em pequenos interlúdios de improvisação coletiva.

Fazendo um Balanço” evocou a sonoridade do quarteto clássico de Dave Brubeck, enquanto, em “Farofa Blues”, finalmente revelou-se plena a influência maior do artista - Charlie Mingus - tanto na estrutura da composição quanto no desenvolvimento dos chorus, com destaque para o excepcional pianista Marco Tommaso, de inesgotável criatividade e impressionante fluência de idéias.

Viriam, ainda, “Cradle Song”, pequeno exercício que se exaure no próprio tema; “José no Tempo Lógico”, ressaltando o belo timbre de Daniel Garcia (sax tenor e soprano); a insinuante “Debora Blues”, pontuada pelo formidável baterista Pedro Strasser e dobrando, no final, em uptempo; além de, por fim, “Jazz Friends, Boppers no More”, linda balada musicalmente divorciada da paródia do título e que acabou rendendo justa homenagem ao produtor da noite e incansável jazzófilo, José Domingos Raffaelli, cuja emoção prenunciava o que ainda de maravilhoso estava por vir nos sets seguintes.

Bene-X

ASSOCIAÇÃO DOS JORNALISTAS DE JAZZ ELEGE OS MELHORES DE 2002/2003

como reportado por José Domingos Raffaelli

A Associação dos Jornalistas de Jazz elegeu os melhores músicos do período entre 15 de Abril de 2002 e 15 de Abril de 2003. O grande vencedor foi Wayne Shorter, eleito em quatro categorias. Segue a relação dos ganhadores:

Conjunto da obra: Cecil Taylor
Músico: Wayne Shorter
Revelação: Jason Moran (2003)
Álbum: "Footprints Live!" - Wayne Shorter
Reedição: "A Love Supreme" - John Coltrane
Caixa de CD histórica: Charlie Christian - "Genius of the Electric Guitar"
Gravadora: Blue Note
Produtor de eventos: George Wein e Patricia Nicholson Parker
Compositor: Andrew Hill
Arranjador: Maria Schneider
Cantor: Andy Bey
Cantora: Cassandra Wilson
Álbum latino: "Cuban Odyssey" - Jane Bunnett and Spirits of Havana (Blue Note)
Pequeno conjunto: Wayne Shorter Quarteto
Big Band: Dave Holland Big Band
Trompete: Dave Douglas
Trombone: Roswell Rudd
Sax-Alto: Greg Osby
Sax-tenor: Wayne Shorter
Sax-Soprano: Jane Ira Bloom
Sax-Baritono: Hamiet Bluiett
Clarinete: Marty Ehrlich
Piano: Kenny Barron
Orgão: Dr. Lonnie Smith
Guitarra: Russell Malone
Baixo: Dave Holland
Baixo-elétrico: Steve Swallow
Instrumento de cordas: Regina Carter
Vibrafone: Stefon Harris
Percussão: Kahil El'Zabar
Bateria: Matt Wilson

CJUB no rádio 2

24 junho 2003

Por Sazz

O CJUB não só será homenageado no programa de rádio Londrina Jazz Club de hoje, como este será realizado com alguns dos CDs eleitos como favoritos de todos, a saber: Coltrane & Hartman, Billie Holiday, Charlie Parker with Strings e Bill Evans. Segundo me disse o J. Flavio, o CD com a gravação do programa será enviado diretamente ao Mau Nah, que terá a incumbência de divulgar entre os cejubianos, já me candidatando a uma cópia.

Sucesso ao José Flavio Garcia e ao Pedro Franciscon, responsáveis pelo programa e quem sabe futuros cejubianos.
Finalmente, continuo aguardando a resenha da bela e brilhante tarde/noite de domingo, proporcionada pelo J. Henrique, na maior concentração de músicos por metro cúbico, em prol de uma única causa, comemorar mais uma primavera do amigo em alegria e fraternidade.
QUE BELEZA !!! Valeu, xará!

Novidades do Concerto CJUB - Chivas Jazz Lounge de 25/6:
além do jazz

23 junho 2003

Apresentamos aqui, em primeira mão, com a autorização do pessoal da Pernod-Ricard do Brasil, o logo criado exclusivamente para a série de concertos Chivas Jazz Lounge.



Informamos aos amigos do CJUB e aos demais aficcionados pelo jazz de excelente qualidade que, segundo a Pernod-Ricard do Brasil, que detém a marca de uísque Chivas Regal, no intervalo da apresentação do Dôdo Ferreira Quarteto, haverá o sorteio de duas garrafas desse excelente 12 anos.

E participando pela primeira vez no apoio a esses concertos, a ATL, empresa de telefonia móvel que dispensa maiores apresentações, informa que sorteará entre os presentes, nessa mesma oportunidade, um aparelho Nokia 3520.

E por último, mas nem por isso menos importante, haverá também o sorteio adicional de jogos de copos de cristal, para uísque, naturalmente, da mundialmente famosa marca Spiegelau, numa cortesia de seu representante no Brasil, André Wollny.

ATENÇÃO:
Segundo Concerto CHIVAS JAZZ LOUNGE - 25 de Junho

20 junho 2003

Quarteto de Dôdo Ferreira apresenta-se no Epitácio

por José Domingos Raffaelli

O quarteto do baixista, compositor e arranjador Dôdo Ferreira será a atração de quarta-feira, dia 25, a partir das 21 horas, no lounge do Restaurante Epitácio (Av. Epitácio Pessoa nº 980, na Lagoa - tel. 2522.1999), dando seqüência ao Projeto Chivas Jazz Lounge, idealizado e produzido pelos membros aqui do CJUB - Charutos, Jazz, Uisque e Blog.
O quarteto será integrado, além de Dôdo, por Daniel Garcia (sax-tenor), Marco Tommaso (piano) e Pedro Strasser (bateria). Trata-se de um conjunto de jazz de categoria que deverá proporcionar um concerto dos mais estimulantes e inventivos. No repertório do quarteto, o jazz e os blues se misturam a composições modais, de atmosfera mais serena e reflexiva. Valorizando a atitude criativa, Dôdo incentiva a comunicação e a cumplicidade entre os músicos, com destaque para as improvisações coletivas; ao mesmo tempo, estabelecendo um contraste, algumas composições recebem arranjos escritos. Para essa noite, o repertório inclui, além de músicas inéditas e composições do CD de Dôdo - “Farofa Blues” - “Mood Indigo” (Duke Ellington), “Dizzy Moods” e “Wednesday Night Prayer Meeting” (Charles Mingus), uma versão da canção tradicional irlandesa “Danny Boy” e um arranjo jazzístico do spiritual “Joshua Fit the Battle of Jericho”, além de “Consolação”, este com participação especial do baterista João Cortez.

Dôdo Ferreira é um dos melhores baixistas brasileiros, com grande experiência em diversos gêneros, que incluem jazz, música popular brasileira e americana, rock e música clássica. Seu currículo inclui gravações e performances com Wagner Tiso, Leandro Braga, Vittor Santos, Tim Rescala, Marcos Leite, Paulo Moura e Martinho da Vila, Roberto Menescal e Wanda Sá, Claudete Soares, Marco Tommaso, Luiz Carlos Vinhas e Bossa Três, Jocy de Oliveira, Xicotinho e Salto Alto, Belô Velloso, Dora Vergueiro, Celso Blues Boy (com B.B. King), João Penca e Seus Miquinhos Amestrados, Alceu Valença & Jackson do Pandeiro, Garganta Profunda, Adriana Calcanhoto e outros. Ele também organizou o show 'In the Ellington' à frente de um grupo com Ana Zinger (cantora), Délia Fischer (piano) e Cacá Collon (bateria). Em 1992 reuniu-se com os ex-companheiros dos Miquinhos Amestrados para fundar o conjunto de rockabilly Love and The Lovers, que se tornou "cult" nas noites cariocas. Recentemente atuou nos musicais “Dolores”, “Somos Irmãs”, “Atlântida”, “O Reino da Chanchada”, “Theatro Musical Brasileiro”, “Clara Nunes/Brasil Mestiço”, “Carmen” (versão de Augusto Boal e Marcos Leite para a ópera de Bizet), “Os Cantores do Chuveiro Cantam e Contam 100 Anos de MPB” (de Ricardo Cravo Albim) e “Luz, Chuveiro... Ação!” (com os Cantores do Chuveiro e direção de Eduardo Dusek).
Seu trabalho de compositor engloba trilha para cinema (“Como ser solteiro”), teatro musical (“Splish-Splash”, de Flávio Marinho), comerciais e programas de TV (abertura da novela “O Sexo dos Anjos”, da Rede Globo, abertura dos programas “Milk Shake”, da apresentadora Angélica, na Rede Manchete, e “Rolo Extra”, de Pedro Bial, no Canal Brasil).
Em 1993 lançou seu primeiro CD, “Farofa Blues”, concorrendo ao Prêmio Sharp na categoria Revelação Instrumental. Com seu quarteto atuou nos clubes Mistura Fina e Jazzmania, no Teatro do BNDES e no Festival de Jazz de Vitória, entre outros.

Daniel Garcia - Saxofonista atuante na música instrumental brasileira, apresentou-se em shows e gravações com renomados artistas da MPB, como Edu Lobo, Caetano Veloso, Gonzaguinha, Marcos Valle, Johnny Alf, Eduardo Dusek, Elis Regina, Maria Bethânia, Alcione, Elba Ramalho, Nana Caymmi, Beth Carvalho, Virginia Rodrigues, Ana Carolina, Hebe Camargo, Ed Motta, Titãs e muitos outros. Na área da música instrumental, tocou ao lado de César Camargo Mariano, Luiz Eça, Pascoal Meirelles, Toninho Horta, Osmar Milito, Monique Aragão, Ronaldo Diamante e Henrique Cazes. Participou de várias edições do Free Jazz Festival com Marcos Ariel, Túlio Mourão, Stevie Wonder e a Víttor Santos Orquestra. Também acompanhou Stevie Wonder e Michel Legrand em suas turnês pelo Brasil, e, como convidado da Orquestra Sinfônica Brasileira, tocou como solista ao lado do trompetista cubano Arturo Sandoval. Fez parte da Orquestra da Rede Globo de Televisão, gravando trilhas para novelas e acompanhando artistas nacionais e internacionais . É fundador do quarteto de saxofones Saxofonia ao lado de Idriss Boudrioua. É o mais recente integrante do quarteto de Dôdo Ferreira.

Marco Tommaso – Ex-aluno de Luiz Eça, é o mais jovem integrante do quarteto. Com técnica exuberante e grande fluência de idéias, vem se destacando entre os novos pianistas de jazz do Rio de Janeiro. Trabalhou com Roberto Menescal, Claudette Soares, Paulo Moura, Ronaldo Diamante e Chico Costa, e há anos vem integrando outras formações lideradas por Dôdo Ferreira.

Pedro Strasser - Formado com louvor pelo P.I.T. (Percussion Institute of Technology), de Los Angeles, é baterista da banda Blues Etílicos e o integrante mais antigo do quarteto de Dôdo Ferreira. Também trabalhou com Celso Blues Boy, Orquestra de Sax e Paulo Moura, entre outros.

João Cortez – Ex-músico do grupo Modo Livre, que acompanhou Ivan Lins e Gonzaguinha na década de setenta. Tocou também com Elizeth Cardoso, Rildo Hora, Emilio Santiago, MPB-4, Joe Carter, Quarteto em Cy, Alceu Valença, Wanda Sá, Roberto Menescal, Antonio Adolfo, Mauricio Einhorn, Fernando Trocado, Lisa Ono e muitos outros. Lançou um disco solo com o violonista Sebastião Tapajós. Ao lado de Dôdo Ferreira, participou da última formação do Bossa Três, de Luiz Carlos Vinhas. Atualmente também integra o quarteto de Gilson Peranzetta.

Em vista da qualidade intrínseca e da integração dos músicos do quarteto de Dôdo, preveem-se altas temperaturas no concerto dessa segunda noite Chivas Jazz Lounge.

Boatos que correm por aí

Alguém me disse que leu mas não se lembra aonde, que o programa predileto de Gisele Bundchen e do Leonardo di Caprio, quando estão sozinhos em casa (ao contrário do muitos pensam ser, ficarem se olhando no espelho) é, enrodilhados sob uma manta na sala de som de Leozinho, e sempre com a cadelinha Vida por perto, ficarem quietinhos ali, ouvindo com toda a atenção o disco de Art Blakey e Jazz Messengers chamado "Les Liaisons Dangereuses", com a trilha gravada em 1959 para o filme homonimo do diretor Roger Vadim. Esse disco traz ainda no time Lee Morgan no trompete, Barney Wilen (um favorito do RAF) nos saxes tenor e soprano, Duke Jordan e Bobby Timmons alternando-se no piano, Jimmy Merrit no baixo, John Rodriguez nos bongôs e Tommy Lopez e William Rodriguez nas congas. Empurrando toda essa galera para a frente, com seu ritmo frenético, o bom e vigoroso Art Blakey dando seu show de competência e virtuosismo.
A ser verdade, já estou até achando o Di Caprio - com quem nunca simpatizei mesmo depois de conquistar essa nossa modelo categoria "alvoroço" - um cara legal.
Se isso se difunde, o jazz, como estilo musical, mantém a esperança de ser mais ouvido e entendido pelos jovens.
Outros boatos estão dando conta que nossa musa das passarelas vem estudando canto e que já está fazendo "covers" bastante interessantes de Diana Krall. A conferir.

A Turma do Londrina Jazz Club

13 junho 2003

Venho travando conhecimento, pela via epistolar eletrônica e pelo sistema de comentários do CJUB com o José Flávio Garcia, que produz e apresenta junto com o Pedro Franciscon, o programa Londrina Jazz Club, na Rádio Universidade FM, naquela cidade paranaense. Vejam aqui que logo de bom gosto eles arrumaram.

Meu primeiro contato com o programa foi através de um CD (agora mesmo recebi um segundo) gravado pelo nosso Sazz, que gentilmente o copiou para mim. Devo dizer que, além de ser uma raridade no país, o programa Londrina Jazz Club tem ótimos nível musical e de informação.

Não é para menos. Dissolvido o clube existente em Londrina com o mesmo nome, Zé Flavio e Pedro conseguiram manter-lhe o acervo de mais de 30 mil títulos em MP3, além de serem grandes entusiastas (e conhecedores) de jazz. Sem preconceitos, seu programa é aberto para todas as tendências e procura ser didático como forma de atrair novos ouvintes.

Zé Flavio já havia pilotado um programa de jazz numa outra rádio, a Cruzeiro do Sul FM, também em Londrina, que era produzido por Pedro. Embora tivesse gosto musical refinado, Pedro não era propriamente um conhecedor de jazz, o que passou a ocorrer ao longo de sua amizade, sendo hoje um estudioso e grande colecionador de CDs e DVDs do estilo.

Em novembro de 2001, foram ambos convidados, pela direção da Universidade Estadual de Londrina, a criar um novo programa de jazz. Toparam o desafio e irão completar 3 anos de programa, um marco em termos brasileiros, hoje.

A dobradinha funciona mais ou menos assim: Zé Flavio prepara o cardápio jazzístico e Pedro se encarrega da produção, edição, toda a parte técnica, na qual é craque, e também por deter, em casa, um estúdio de altíssimo nível. O resultado dessa união - o programa - já sai de lá, gravado em CD, direto para os estúdios da FM. Show.

Zé Flavio se declara um amante do jazz desde os primeiros discos comprados aos 11 anos, tem uma memória prodigiosa para nomes, datas e feições. Aramis Millarch, lendário jornalista de Curitiba, inúmeras vezes citado pelos Mestres Raffaelli e Coutinho nos nossos almoços das sextas-feiras, já o considerou um dos maiores experts em jazz no Brasil. Conhece a maioria dos músicos brasileiros, abrindo sua casa sempre que pintam por Londrina músicos e cantores, que já sabem, por tradicão, que vão encontrar por lá cordialidade e muitos bons tratos. Sólidos e líquidos.

Enfim, Zé Flavio e Pedro formam uma dupla de peso no cenário jazzístico brasileiro. Pretendo conhece-los muito mais e se possível, convidá-los a participar deste nosso grupo de amantes internetizados do jazz.

Aguardem.

NEW YORK VOICES NO MISTURA FINA

Apesar da sentida ausencia de outros membros do CJUB compareci ao 2o set no último sábado da estréia em palcos brasileiros (só me pergunto quando teremos outras opções na combalida cidade maravilhosa) do mais sofisticado e elegante quarteto vocal americano, apresentando um repertório basicamente jazzístico de Gerswhim a Jobim; com uma interpretação emocionante de retrato em branco e preto, passando por Ellington (Caravan) e até ao velho Bonfá (Gentle Rain).
O quarteto é composto por Darmon Meader (responsável pelos arranjos e sax), Peter Eldridge (novo Mel Torme), Lauren Kinhan e Kim Nazarian (dona de uma extensão inacreditável), acompanhados por um trio da pesada tipicamente Nova Iorquino, destacando se Alain Mallet (piano), que segundo informaram já esteve por aqui com o Phill Woods, Paul Nowinski (baixo) e o professor do Duduka da Fonseca (um dos muitos musicos presentes) Marcello Pellitteri, com uma micro bateria, que pelo visto virou moda.
Cabe observar a simplicidade e simpatia do grupo ao sermos apresentados, pelo gentil Pedro Paulo, como sempre fazendo as honras da casa.
Para encerrar essa mini resenha registro os shows e concertos desta semana no Rio, a começar por hoje no Cais do Oriente do Edison Lobo trio inaugurando (até que enfim) o horário das 18:00 hrs, bem como a partir de amanhã no Rival após longo tempo ausente da cidade, Flora Purim ao lado do marido Airto Moreira e finalmente na sexta feira a pianista argentina Martha Argerich acompanhada pelo Quarteto Fauré, como um programa imperdível na Sala Cecília Meireles.

CHICK COREA

Armando Anthony Corea nasceu em 12 de junho de 1941.
62 anos de boa música.
Abs. Marcelon

Facilitando o acesso

12 junho 2003

Para facilitar a memorização, registramos o site. Agora nossos leitores podem, alternativamente, chegar ao blog pelo endereço simplificado de www.cjub.com.br. Botem nos seus favoritos!

CJUB NO RADIO !!!

Amigos cejubianos, de fato fomos citados na radio de Londrina, no programa Londrina Jazz Club, do dia 25/05/03, programa esse dedicado a pianistas, de Steve Khun a Bill Evans; ou melhor, de Bill aos demais; e prometo fazer uma cópia do CD para entrega ao nosso editor tão logo possível. Uma das homenageadas ou tocadas foi a Shirley Horn, a qual recomendo aos amantes como um belo presente para o Dia dos Namorados pelo seu último trabalho " May The Music Never End " ( Verve ) gravado em Fevereiro deste ano, onde vem acompanhada de George Mesterhazy e Ahmad Jamal ( piano ), Ed Howard ( baixo ) e Steve Williams ( bateria ) e com participação de Roy Hargrove ( flugel ). Destaco as gravações de Never Let Me Go ( + 1 das minhas favoritas ), Watch What Happens e uma versão monumental para Yesterday, de Lennon e McCartney. Em resumo, um trabalho para se ouvir a 2 e de preferencia com um bom whisky, ou quem sabe aquele vinho, para celebrar o " Valentine's Day" com as respectivas caras metade.

FELIZ DIA DOS NAMORADOS a todos.

[N. E.]
O que a modéstia do nosso amigo Sazz impede que mencione é que além DELE ser citado nominalmente no programa, cuja gravação já ouvi e disponibilizo a todos os interessados, em CD, a programação toda foi "induzida" ou "sugerida"por ele. Ou seja nosso editor está mais afiado do que nunca e, de quebra, ainda passou uma série de informações que foram citadas no ar, para os aficcionados curitibanos de jazz. O programa, aliás, está muito bom.
Gostaria em breve de estar falando sobre essa iniciativa da Rádio Universitária de Londrina como um exemplo de bom gosto e amor ao jazz. (Mau Nah)

MORRE MAIS UM GRANDE DO JAZZ

No dia 13 de junho morreu HAROLD ASHBY. Ashby era saxofonista e trabalhou na orquestra de Count Basie e, de 1960 a 1975, na orquestra de Duke Ellington. Ele morreu com 78 anos.
Marcelón

Da Nossa Galeria de Clássicos(as)

10 junho 2003

Dizem que a História se repete. Daí a dizer que gestos também, é um pulo. Senão, vejam nosso produtor-editor Goltinho em 1990, em foto com o ótimo saxofonista-alto Phil Woods, e em 2003, nos bastidores do Chivas Jazz Festival, com o ótimo pianista Harold Maibern, que veio apresentar-se com Eric Alexander. Há algo de clássico em ambas, não acham?

CD DEDICADO AO ÍDOLO

05 junho 2003

De contrabaixo para contrabaixo, acabo de ouvir o novo trabalho de John Pattitucci pela Concord chamado "Songs, Stories & Spirituals", dedicado ao grande Ray Brown, que é segundo o próprio Pattitucci, o "master" do baixo, que inspirou e influenciou a todos.
No CD, toca baixo acústico em quase todas as faixas, salvo em 2 temas onde utiliza o elétrico, destacam-se a versão de Chovendo na Roseira ( uma das minhas favoritas !!! ) do maestro Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, tendo na voz da Luciana Souza uma interpretação bastante digna e afinada. Aliás, a Luciana, além desta, aparece em outras 5 faixas, incluindo um tema com cordas de Gustav Holst, no momento mais lírico do CD. Vale registrar também os temas de Richard Rodgers & Lorenz Hart "It Never Entered My Mind" e do John Coltrane ( assunto hoje da coluna do LOC ) "Wise One" em uma interpretação de duo, com o Brian Blade, baterista da moda no circuito jazzístico americano.
No restante do CD faixas do Patitucci e até da Luciana Souza chamada "Now the River" que é responsável também pelo arranjo.

Na próxima comentarei o último trabalho dos excelentes Enrico Rava e Paolo Fresu em homenagem ao Chet Baker chamado "Shades Of Chet".

Jazz Não Resiste ao Brasil
O Casamento entre o Jazz Americano e a Música Brasileira
copyright 2003 Josmar Lopes

Passeando pela rede, encontrei este artigo, que achei interessante reproduzir aqui. É uma declaração de amor à musica brasileira e suas influências históricas na música americana. Vale a leitura.

"Eu me lembro que foi em 1991, em Nova York, no escritório da bolsa de valores onde trabalhava, que me encontrei batendo um papo com Mike, um colega crioulo-americano. Estávamos discutindo entre outros assuntos a popularidade da música brasileira com os amantes do jazz americano e o fato de que o meu amigo era um grande fã de ambos os gêneros.
– Pois é, Joe – Mike comentou – Você não sabia que músicos brasileiros têm feito parte nas gravações de pop e jazz, há mais de 20 anos?
Ele ofereceu como prova três percussionistas cujas carreiras tinham começado nos anos sessenta e setenta: Airto Moreira, com a banda Return to Forever, de Chick Corea; Paulinho Da Costa, no álbum Thriller, produzido por Quincy Jones e Michael Jackson; e Naná Vasconcelos, participando das gravações com Pat Metheny, pela gravadora ECM.

– Você está brincando? – eu lhe disse, não muito convencido do que acabara de ouvir, mas logo depois da nossa conversa fiquei com a pulga atrás da orelha.
Fui pra casa e vasculhei todas as capas de cada um dos meus CDs, cassettes, fitas, e discos LP, com o objetivo único de desmentir o que o meu caro amigo tinha me dito repentinamente. Fiquei chocado ao constatar que Mike tinha razão. Lá, entre as letras minúsculas das anotações contidas dentro dos CDs, LPs e fitas, estavam os inconfundíveis nomes dos músicos brasileiros, como Gilson Peranzzetta, Nico Assumpção, Waltinho Anastácio, Duduka Da Fonseca, Claudio Roditi, Dori Caymmi, Leila Pinheiro, Paulo Braga e assim por diante.
Não preciso dizer que fiquei convencido.

Para dizer o óbvio, nenhum artista popular ou de jazz, do presente ou do passado, pôde resistir por completo ao incrível som maravilhoso do samba brasileiro ou de sua irmã gêmea, a bossa nova. Por muitas décadas, os shows ao vivo e gravações em estúdio feitos por cantores, bandas, solistas e outros talentos, como Frank Sinatra, Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan, Dionne Warwick, Stan Getz, Charlie Byrd, Vince Guaraldi, Joe Henderson, Pat Metheny, Paul Simon, David Byrne, Al Jarreau, Sting, Eric Clapton, e Sade, inclusive os menos conhecidos, tais como David Benoit, Bob James, Don e Dave Grusin, Larry Coryell, George Duke, Lee Ritenour, Michael Franks, Basia, Spyro Gyra, The Rippingtons e outros, incluíram em seus trabalhos a participação de artistas brasileiros ou sofreram a influência da “commodity” mais sublime e preciosa que o Brasil tem em abundância: sua música.

Bem, voltando ao meu estado de choque inicial, minha reação não deveria ter sido tão surpreendente, pois minha esposa havia me introduzido ao charme sensual e melodioso do jazz brasileiro, samba, bossa nova e MPB, mais ou menos pelos meados dos anos oitenta, quando nos casamos. Ela abriu meus olhos para este mundo vivo e cheio de sons, harmonias e rítmos animados, cantados e tocados por um número deslumbrante de artistas originais e, que na maioria das vêzes, é autodidata. Ela ouvia com freqüência uma estação de rádio, hoje extinta, cujo prefixo era “CD 101.9”, cool jazz, que apresentava constantemente rítmos favoritos e populares, com aquele jeitinho de bossa nova.

Como é que o jazz e o pop americano, especialmente o cool jazz, que teve sua origem na costa oeste da Califórnia nos anos cinquenta, influenciou e foi influenciado pela música de um país que foi considerado uma fonte seca, musical e culturalmente falando, se comparada com a indústria moderna de música feita pelos gringos ricos e poderosos?

Num artigo publicado anteriormente, no site Brazzil, o escritor Stephen Byrd relatou o caso das influências da música popular americana dos anos quarenta, na origem da futura bossa nova, que saiu do Brasil rumo aos Estados Unidos no final dos anos cinquenta e no comecinho dos anos sessenta. Ele descreveu o período de gestação de uma das canções clássicas mais famosas e amadas no mundo todo: “A Garota de Ipanema”, escrita por Tom Jobim e Vinícius de Moraes, como exemplo principal dessa influência. Além disso, também enfatizou o estilo de tocar de João Gilberto e a voz de sua ex-esposa, Astrud, como elementos popularizantes. Também devemos mencionar a maneira quase infantil de cantar de Astrud e o tom dócil de tocar do lendário saxofonista Stan Getz.

Dívida paga
Deste começo simples e quase primordial, os artistas e músicos brasileiros atingiram uma preeminência no mundo da música e já faz tempo que o Brasil pagou sua dívida ao pop americano, transformando a essência do jazz para as futuras gerações curtirem.
A participação de tantos músicos brasileiros nas gravações e estúdios dos EUA e no mundo todo, casualmente aludida pelo meu amigo Mike, pode ter contribuído para a presença, também, de tantos sons familiares, deste estilo de música tão infecciosa como o jazz, e que hoje faz parte do vocabulário de artistas multi-talentosos em lugares tão diversos como África, França, Itália, Alemanha, Bélgica, Holanda, Rússia e Japão.

Esta influência pode ser parcialmente atribuída à imigração, que na verdade começou durante e depois da segunda guerra mundial, com a vinda de figuras de destaque, como a atriz-cantora Carmem Miranda, o violonista Laurindo Almeida, e o poeta e diplomata Vinícius de Moraes. Esta época teria marcado a primeira onda de artistas à chegarem no meio musical e cultural americano.

A segunda onda migratória occorreu logo depois que a febre da bossa nova tomou conta do mundo, no inicio dos anos sessenta, com os desbravadores Jobim e Vinícius e tantos outros como Luiz Bonfá, Oscar Castro-Neves, Astrud e João Gilberto, Sérgio Mendes e Bola Sete. Esta segunda onda chegou justo na mesma época em que o Brasil tinha ganho as duas Copas Mundiais de 1958 e 1962, e coincidiu também com a chegada de minha família ao porto de Nova York, em setembro de 1959.

Com o crescimento da MPB e o movimento do tropicalismo nos fins dos anos sessenta e no começo dos setenta, diversos artistas como Caetano Veloso, sua irmã Maria Bethânia, Gilberto Gil, Gal Costa (todos do estado da Bahia) e Chico Buarque desenvolveram um tipo de música ecléctica que, embora popular, não deixou de fazer críticas ao governo militar de direita, e sua politica de censura repressiva. Juntos aos outros esquerdistas, como intelectuais, poetas, diretores de filmes, escritores e jornalistas, a maioria destes artistas foram presos ou exilados fora do país, em uma solene terceira onda de imigração, tendo Caetano e Gil entre eles, e inclusive o futuro presidente da república, Fernando Henrique Cardoso.

Abandono em Massa
A quarta e possívelmente maior saída de brasileiros, aconteceu em meados dos anos oitenta, quando a democracia engatinhava no país e foi seguida aos escândalos provocados pelo então Presidente Fernando Collor de Mello, que contribuíram para afundar ainda mais a economia brasileira, que já estava à beira de naufragar no início da década de noventa.
Indubitavelmente, a saída em massa do país de tantos brasileiros, legais e ilegais, para cidades como Nova York, Miami, Los Angeles, Boston, Dallas e Toronto, certamente aumentou o número de artistas e músicos no exterior, algo a que o jazz americano será eternamente grato.
Certamente essa leva de brasileiros que veio para os Estados Unidos ajudou a indústria de restaurantes. A boite em Manhattan chamada S.O.B’s (Sons do Brasil), por exemplo, afiliou-se com a jazzista Tânia Maria, outra imigrante, e virou chic entre os yuppies novaiorquinos, que sempre apreciaram a cozinha e a música brasileiras.

Nas grandes cidades, porém, estes expatriados juntaram-se em um grupo meio desorganizado e afastado, mais parecidos com os ciganos do velho mundo do que com os pioneiros do novo mundo. Eram tão desorganizados que sumiam e apareciam com muita facilidade. Viajavam para os States e para o Brasil aparentemente sem dificuldades apesar de não possuírem documentação apropriada. Eu mesmo encontrei com muitos deles, em Nova York, e a maioria era proveniente do Estado de Minas Gerais, onde nasceram o guitarista e compositor Toninho Horta e o cantor Milton Nascimento, outro artista muito conhecido pelos super fãs do jazz (vide o album de Wayne Shorter, Native Dancer, de 1975).

Mas estes padrões migratórios e pensamentos políticos não são suficientemente convincentes para explicar esta diversidade musical, e a forte aceitação do talento brasileiro. Um exemplo mais simples dessa situação, encontramos na pessoa de Edson da Silva, conhecido profissionalmente como Café. Café é um percussionista brasileiro que já apareceu em muitas gravações de jazz, mas começou sua associação longa e produtiva com a Chesky Records de Nova York, uma gravadora que se especializa em produções de alta qualidade sonora. Café chegou no pico da quarta onda de imigração, no meio dos anos oitenta.
Dono e produtor da gravadora, David Chesky é um talentoso músico, pianista e compositor, e um brasilianista de primeira. Ele contratou artistas diversos não tão conhecidos, como Ana Caram, Romero Lubambo e Badi Assad, para contrabalançar o elenco de artistas mais conhecidos, entre eles Luiz Bonfá e Leny Andrade, em suas super-produções digitais. O album de Chesky chamado Club de Sol (1989), é meu favorito, pois contém sua magnífica participação ao piano e os efeitos sonoros e percussivos de Café.

Sintonia de Amor
Eu e a minha esposa tivemos o grande prazer de conhercer o Café e sua namorada, no restaurante Brasília, em Manhattan, na primavera de 1988. Era uma reunião promovida pelo meu professor de português e seus alunos, da New School for Social Research, no Greenwich Village. Ao conhecê-lo, admirei-me de sua maneira gentil e legal, especialmente seu sorriso, que iluminou sua feição cor de café, que aliás, foi responsável pelo seu apelido. Não era tão alto quanto um americano, porém forte como a pedra da Gávea, no Rio, e era compacto como uma geladeira Brastemp.
Ele estava namorando com uma colega minha da classe, que era médica e morava em Roosevelt Island, um lugar meio inacessível de Nova York, entre os bairros de Manhattan e Queens.
Pela nossa conversa, percebi que Café era uma pessoa legal e cheia de charme, que aliás ele usava muito bem para disfarçar o fato de não dominar o inglês perfeitamente.
– Americanos são tão… "antipáteticos" – ele exclamou, pondo mais uma colherada de feijoada no seu prato. Ele, na verdade, estava tentando descrever a falta de simpatia dos novaiorquinos, então tropeçou mais uma vez no inglês, e usou um termo errado. Tanto faz, a gente entendeu assim mesmo.
– Não, nada a ver – argumentei, e a discussão já estava esquentando.
Enquanto estávamos conversando, sua namorada, uma loira encaracolada e de olhos azuis, observava Café, fascinada por seus tropeços no idioma, demonstrando assim, que estava apaixonda por ele, este homem cheio de alegria, sem preocupações, com cabelo pixaim estilo afro, que estava sentado à sua direita.
Foi a partir daí que compreendi a razão pela qual os artistas de jazz adoram tocar a música brasileira: eles simplesmentes adoram os brasileiros.Mas precisava testar esta teoria.

Pensei em outros “casamentos” entre artistas, tais como: o trompetista americano Randy Brecker e a tecladista Eliane Elias; o ator e diretor Robert Redford e a sereia-sexy Sônia Braga; o diretor Bruno Barreto e a atriz Amy Irving; o guitarrista jazz-funk Lee Ritenour e sua esposa brasileira Carmem; e tantos outros casos, inclusive o meu.

Lembrei-me que, quando Sérgio Mendes estava apenas no início de sua carreira, ele e o Brasil 66 gravaram a canção “The Look of Love”, de Burt Bacharach e Hal David, que era uma das melodias mais populares do grupo. Mendes teve um super sucesso na America com a sua estratégia revolucionária de misturar o rítmo brasiliero ao da música pop – um tipo de “matrimônio” musical – e acabou se tornando muito mais famoso aqui do que se ele estivesse ficado no seu país de origem.
Com isso acredito que minha teoria foi mais do que comprovada!

Este caso romântico entre os artistas de jazz e músicos pop com as harmonias, rítmos e texturas musicais brasileiras, existiu, existe e – se me permitem – continuará a existir para sempre, apesar das dificuldades e tropeços com o idioma. Os artistas americanos não gostam só da música brasileira, mas especialmente, do povo brasileiro. Existe um verdadeiro afeto refletido na maneira como os americanos se referem ao jeito solto, ingênuo e sincero do povo brasileiro. Este é o elemento que faltava para justificar esse verdadeiro casamento de conveniência e benefícios mútuos.

Pode-se justificar qualquer coisa na vida, desde que se reflita sobre ela o tempo suficiente. Então, lembrei-me do famoso escritor russo, Leon Tolstoy, que menciona em sua magnífica obra histórica, Guerra e Paz: "amar a vida é amar a Deus". Como muitos brasileiros creêm no velho ditado de que Deus é brasileiro, então lógicamente a afirmação é verdadeira: amar a vida é amar aos brasileiros e, por conseguinte, sua música, língua e cultura.

Se tudo na vida e na arte fosse assim tão lógico e simples!"

>>> Joe Lopes é cidadão americano, nascido no Brasil, criado e formado em Nova York, onde trabalhou por muitos anos no setor financeiro. Mudou-se para o Brasil em 1996 com sua esposa brasileira e suas duas filhas. Voltou para os Estados Unidos em janeiro de 2001, e hoje mora em Raleigh, North Carolina, com sua família. Aprecia todos os tipos de música, e é um amante insaciável do cinema em geral. Querendo entrar em contato com Joe, escreva para o endereço: JosmarLopes@msn.com <<<

O "boom" no jazz institucional -
por Ken Franckling, da United Press International

04 junho 2003

O mundo jazzístico é tão mutante como o próprio estilo musical. Para que se possa ter idéia do que rola no país que inventou o jazz e o exportou, felizmente, para o resto do mundo, traduzi livremente o artigo de ontem de Ken Franckling, publicado na UPI. Assim podemos notar como a iniciativa privada é, e será sempre, a grande provedora de recursos que permitem aos luminares de uma determinada arte, a liberdade criativa - sem a preocupação de como pagarão suas contas no final do mês - em prol do enriquecimento cultural de sua comunidade.

Ao contrário da Europa, onde grande parte do jazz é mantido por festivais subsidiados pelos governos e pelas orquestras fixas de emissoras de rádio e de TV, nas quais os músicos garantem salários lucrativos o ano todo, o cenário do jazz nos EUA vem experimentando uma economia da- mão-para-a-boca ao longo de grande parte de sua tradição mais do que centenária.
A primeira grande exceção foi "Jazz at Lincoln Center," que ao longo da última década solidificou seu status institucional, consolidando um fundo para receber doações, pagando à sua orquestra "estável" um salário, e caminha para a frente com planos de construir sua sede própria no Columbus Circle. O fato de que o diretor artístico do J@LC seja o trompetista Wynton Marsalis, um dos mais visíveis músicos do jazz e não mais apenas o precoce líder do movimento criado pelos "young lions" do jazz, do final dos anos 80, certamente ajudou.
A alta visibilidade da programação do Lincoln Center e o sucesso na captação de doações levou a dois experimentos similares porém distintos em New Orleans e São Francisco.
O trompetista Irvin Mayfield foi nomeado recentemente diretor da New Orleans Jazz Orchestra e diretor-executivo do Instituto de Cultura do Jazz da Dillard University. Mayfield é também o co-líder da banda Los Hombres Calientes, baseada em New Orleans, um dos conjuntos de jazz Afro-Caribenho considerados "top" no país.
Ele repudia acusações de que esteja pautando sua carreira e a de sua Instituição no sucesso de Marsalis no Lincoln Center, embora o conterrâneo seja um dos membros do conselho de administração da New Orleans Jazz Orchestra.
"Acho que algumas pessoas pensam que Wynton me deu essa posição. É tão ridículo para mim quanto é para ele. Eu acho que parte da tradição do jazz é a de aprender com os mais velhos." Se Louis Armstrong estivesse vivo, "eu tentaria colar nele", disse Mayfield à Revista Jazz Times. "Eu não estou criando nada disso para mim, é um esforço comunitário. Tem de ser."
SFJAZZ, a organização artística não-lucrativa que gere o San Francisco Jazz Festival a cada outono, tomou outro bordo diferente sob a liderança de seu diretor-executivo, Randall Kline.
Vários anos atrás, lançou uma ambiciosa Temporada de Primavera, com concertos de jazz cujas temáticas eram altamente criativas, sob a direção artística do saxofonista Joshua Redman, que recentemente voltou à sua cidade natal, vindo de Nova Iorque.
Nesta primavera, SFJAZZ também anunciou a criação de um conjunto de jazz residente, composto só de estrelas. Começando em Março próximo (2004), Redman vai liderar um grupo de gerações mistas, chamado de "SF Modern JAZZ Collective". Que incluirá Bobby Hutcherson, o decano dos vibrafonistas do jazz moderno, mais o trompetista Nicholas Payton, o saxofonista-alto Miguel Zenon, a pianista Renee Rosnes, o trombonista Josh Roseman, o baixista Robert Hurst e o baterista Brian Blade.
Isso ensejará a residência em São Francisco, por várias semanas, anualmente, para ensaios de novas composições ou novos arranjos de composições anteriores, apresentações em concertos, presença e liderança em eventos educacionais para jovens e adultos, entre outras atividades.
Após a temporada em SF, o grupo ganhará a estrada, rodando por outras cidades da Califórnia durante 2004 e, nos anos seguintes, através de outros estados do Oeste. Só então cruzará o país.
O repertório anual do grupo vai mesclar obras de um grande compositor de jazz da era moderna (i.e., de 1950 em diante) e novas composições encomendadas pela SFJAZZ à própria banda de oito elementos.
O tamanho da banda em concertos será tão flexível como a própria música, amoldando-se de um octeto completo a vários quartetos, trios ou duos, segundo exija a situação musical. As obras do grande compositor para o próximo ano serão as do saxofonista e revolucionário do jazz moderno Ornette Coleman.
"A química desta banda vai ser maravilhosa. Cada membro é um músico de jazz brilhante à sua própria maneira e um grande compositor e líder na cena do jazz de hoje. É uma grande sorte que estejam podendo dispensar um período de 5 semanas para esse projeto e contribuir com suas criatividades," diz Redman. "Todos nós temos um grande compromisso com a originalidade, a criatividade e a expressão, no momento. Todos comungamos no reconhecimento do jazz como uma música que está constante e contínuamente mudando, evoluindo e inovando-se ao longo do tempo. E acho que todos nós temos a vontade de fazer parte dessa mudança."
Esta nova iniciativa da SFJAZZ está sendo bancada por uma doação de trezentos mil dólares da James Irvine Foundation. [...]
Os componentes da SF Modern JAZZ Collective vão iniciar cada ano de residência em São Francisco com duas semanas completas de ensaios, sem as pressões de turnês ou apresentações.
"Graças ao respaldo institucional, teremos o luxo de iniciar a temporada com uma quantidade fenomenal de ensaios, improvisações livres e atividades musicais não-ligadas à performances públicas. A música terá então a chance de se desenvolver fora do contexto de show", diz Redman, "e eu acho que este modelo diferente de trabalho em conjunto vai ajudar a produzir musica muito boa, que talvez não aflorasse não fosse assim."
O mundo do jazz estará prestando a maior atenção.

WYNTON MARSALIS ASSINA COM A BLUE NOTE


O trompetista, compositor e arranjador Wynton Marsalis, um dos mais festejados e reconhecidos músicos de jazz dos últimos 20 anos, assinou contrato com a Blue Note, a mais importante gravadora de jazz de todos os tempos.
“Esta união marca o início de um relacionamento vital e criativo entre um dos maiores artistas do nosso tempo e nossa gravadora", declarou Bruce Lundvall, o presidente da Blue Note. “Acredito que Wynton iniciará esta nova fase dando continuidade à criatividade que sempre marcou sua brilhante carreira".
“Estou emocionado em fazer parte da família Blue Note,” disse Marsalis, que é diretor artístico de jazz do Lincoln Center e dirige sua big band.
Marsalis deixou a Columbia, hoje Sony Music, depois de duas décadas como seu artista exclusivo e gerente geral, para a qual deixou gravadas obras da maior importância em diferentes contextos.
"Este é um momento de grande orgulho para a minha carreira. Vinte e dois anos depois, ele transformou-se no grande mestre que conhecemos. Wynton começa a gravar seu primeiro álbum conosco no início de Junho", declarou Lundvall.
"Seguiremos o mesmo caminho de sempre porque nossos artistas continuam definindo o futuro do jazz", encerrou Lundvall.

Rapazes

02 junho 2003

Queridos Cjubianos,

Já com um certo atraso, gostaria de agradecer o convite para participar deste seletíssimo grupo de cavalheiros amantes de charutos, jazz, uísque e outros tantos pequenos prazeres da vida. Como todos sabem, a oportunidade de conhecê-los surgiu do convite feito pelo meu muito querido amigo Fraga para acompanhá-lo a um almoço “de sexta-feira”, em que eu poderia conhecer “pessoas maravilhosas”. De fato, foi mesmo assim. A elegância, simpatia e camaradagem do grupo para comigo e com outros invasores daquele almoço me deixaram encantada. Tanto assim foi, que ousei repetir a dose e comparacer a outros almoços. Apesar de ser apenas uma apreciadora entusiasta de música em geral e ainda pouco familiarizada com o mundo jazzístico, fui muito bem recepcionada por todos.Gostaria de fazer um agradecimento especial ao Arlindo Coutinho, que tão gentilmente me permitiu acompanhá-lo na produção do primeiro show idealizado pelos membros do CJUB e realizado no dia 20 de maio deste ano, no restaurante Epitácio, o Chivas Jazz Lounge. Esta oportunidade me proporcionou muitas boas coisas e me transformou na mais nova amante do Jazz….quero mais! E mais eu tive, pois adorei assistir ao show de sexta do Chivas Jazz Festival (graças ao sorteio comandado pelo Rodrigo Mattoso, da Pernod Ricard, durante o Chivas Jazz Lounge), com a apresentação do Arthur Blythe Trio (o que foi aquela tuba!!)e Dom salvador Quarteto. Confesso que me sinto uma pessoa extremamente afortunada por ter sido iniciada no mundo jazzístico em meio a pessoas com total conhecimento da causa. Rapazes, novamente agradeço pelo convite e pelas gentis palavras referentes ao meu ingresso ao CJUB, agradeço especialmente ao Fraga e Mau Nah, sem os quais eu não estaria aqui, nesse novo mundo. Beijos e “inté” o próximo almoço.
Marzita (sem necessidade de interposição de qualquer recurso)

CHIVAS JAZZ - BALANÇO FINAL

01 junho 2003

A crítica nem ouso fazer, deixo para os mestres Rafa e Bene-X que dão um banho em muitos por aí e sabem muito mais do que qualquer um de nós... Deixo aqui apenas uma avaliação pessoal do magnífico evento que ontem, infelizmente, terminou. Muito bem organizado, com uma seleta platéia que lá estava para ouvir e não para falar, o festival deste ano se equiparou ao do ano passado em termos técnicos. Tive gratas surpresas ano passado, como a do fantástico pianista Jean-Michel Pilc e do conjunto do Avishai Cohen. Este ano a surpresa ficou com a inusitada formação de sax alto, tuba e bateria que Arthur Blythe nos presenteou. Um show surpreendente e muito bom. O quarteto de Dom Salvador teve ao meu ver, um início de show comprometido pela excessiva participação do saxofonista Dick Oatts. Na segunda metade o show cresceu muito, principalmente com a entrada dos nossos Barrosinho e Serginho no trompete e trombone de válvulas. Com temas hipnotizantes e com Dom Salvador mas ambientado e solto, o show entrou para a galeria dos antológicos do Festival. Para mim, porém, nada se compara ao magnífico show de Eric Alexander, que o mestre Raffaelli tanto nos falara. Tendo o experiente Harold Mabern no piano, o quarteto fez o melhor show de todos que eu ja vi na história do Festival, definitivamente um show para entrar para história. Confesso que esperava mais do Konitz-Talmor Nonet. Fizeram um tipo de música que não me agrada muito, embora reconheça a inegável técnica de todo grupo.
Minhas avaliações pessoais:
- Jason Moran Trio - @@@
- Mary Stallings & Trio - @@
- Paul Motion & The Eletric Bebop Band - @@
- Eric Alexander Quartet - @@@@@
- Arthur Blythe Trio - @@@@
- Dom Salvador Quarteto - @@@@
- Paul Bley - @@
- Konitz Talmor Nonet - @@@

Abraços,

Marcelink