Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

KARRIN ALLYSON , 23/04/2003, MISTURA FINA - @@@

25 maio 2003

A cantora americana Karrin Allyson encerrou, ontem, temporada de dois dias no Mistura Fina, para onde se anunciava o lançamento de seu último CD, “In Blue”, pela gravadora Concord.

Apesar do timbre atraente, associado ao modo naive, às vezes childish, de cantar (como, p.e., Fátima Guedes), a jazz singer não conseguiu se livrar de uma incômoda rouquidão, que prejudicou - em poucos momentos, é verdade - até a afinação, sem, contudo, comprometer, no todo, o ótimo rendimento da artista e seu quarteto.

Allyson, além da boa técnica e desenvolta musicalidade (possivelmente por tocar piano, também), tem aquilo que é mais essencial no jazz cantado: a classe, nem tanto na postura, mas na forma de dizer as letras, a inflexão na emissão.

Uma cantora de jazz pode apresentar voz linda e não se arriscar no espinhoso terreno dos scats (Krall, Monheit); ou dominar a arte do improviso vocal, sem gozar de timbre privilegiado (Betty Carter); pouquíssimas reúnem ambos os atributos (Ella e Sarah) e a considerada maior de todas, Billie, nem um nem outro tinha. Mas em todas, sem exceção, se reconhece a classe, tanto que frequentemente chamadas de divas. Sem classe, pode-se até virar cantora, mas, certamente, nunca de jazz.

O repertório do 2º set incluiu:

- S´Wonderful (Gershwin), apresentando o ótimo guitarrista Danny Embrey;
- Samba da Benção (B. Powell/V. Moraes), com letra em francês,
- Ask Me Now e I Mean You, ambas de T. Monk, com solos inspirados do pianista Paul Smith e, novamente, Embrey;
- Coração Vagabundo (C. Veloso), toda cantada em surpreendentemente bom português, com arranjo simples mas absolutamente encantador, fazendo do piano o verniz da sonoridade do grupo;
- Let´s Fall in Love (Arlen/Koehler), novamente trazendo bons solos;
- Tema principal de Cinema Paradiso (Morricone), o ponto fraco da noite, com Allyson ao piano, numa versão uma tanto quanto “Disney” da lacrimosa melodia;
- Sunday in New York (Coates/Nero), aí sim, o melhor do espetáculo, a começar pela qualidade deste tema soulful, gravado, entre outros, por Shirley Horn para a Impulse nos anos 60 (Travellin´Light);
- Emily (Mandel), apenas instrumental e sem a cantora, destacando o quarteto composto, ainda, por Jeff Johnson, no baixo, e Ron Vincent, na bateria, ambos discretos mas eficientes; e, por fim,
- It Might As Well Be Spring (Hammerstein/Rodgers), em ritmo francamente de samba, bem mais acelerado do que o registro de Astrud Gilberto e Stan Getz para a Verve, também na década de 60.


Gentilmente, ela ainda voltou para Evil Gal Blues (Feather/Hampton), única canção que de fato integra o álbum ali supostamente “em lançamento”, chegando a tocar a quatro mãos com Smith, num energético e bem humorado finale.

Karrin Allyson trouxe ao Rio um jazz straight, profissional e emocionante por vezes, mas, infelizmente, ainda raro entre nós.

Bene-X

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