Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

Encontro para a história do CJUB

31 maio 2003

Foi no restaurante da Associação Comercial do Rio, no já habitual almoço das sextas feiras, que os membros do CJUB tiveram a honra e o prazer de ter consigo a presença de outro Grande-Mestre da crônica jazzística deste país. Juntou-se aos queridos Mestres-Residentes Raffaelli e Coutinho, a figura simpaticíssima de Luiz Orlando Carneiro, que, a despeito de sua posição de destaque no mundo jornalístico nacional, como editorialista do Jornal do Brasil e também influente crítico de jazz - sua coluna das quintas-feiras é sempre aguardada com ansiedade pelos leitores do Caderno B - surpreendeu a todos os presentes que ainda não o conheciam pessoalmente com suas simplicidade e atenção, distribuídas de forma generosa e equitativa.
Pequenos mas preciosos excêrtos de histórias de sua vida, suas viagens e experiências pessoais, contados para a platéia avidamente atenta, foram suficientes para lamentarmos lá não haver um gravador para registrá-las. O sabor dos causos superou largamente o do repasto, relegado a plano terciário perante as novidades trazidas à mesa e o encadeamento muito peculiar que Luiz Orlando utiliza para reportá-los. Foi uma tarde que não merecia ter fim pois à medida que histórias eram desfiadas, mais lembranças evocavam nos demais Mestres. Poderia perfeitamente ter-se transformado numa inapreciável maratona de relatos, não fosse a necessidade de alguns voltarem ao trabalho e à vida real, e aos preparativos para a noite de jazz que todos compartilhariam dali a algumas horas. Fica aqui o registro de uma tarde encantadora, que esperamos poder repetir em outras oportunidades, na companhia desse nosso novo velho conhecido.

Eric Alexander Quartet

30 maio 2003

por José Domingos Raffaelli


- Sucesso sem precedentes de Eric Alexander na 2ª noite do CHIVAS JAZZ FESTIVAL, no Rio –

Foi uma noite mágica para ficar não somente na história do CHIVAS JAZZ FESTIVAL, mas em todos os concertos realizados no Brasil. A apresentação do quarteto do saxofonista Eric Alexander, quinta-feira, com a Marina da Glória superlotada, levou a platéia ao delírio desde a primeira música, reiterando, se ainda houvesse alguma dúvida, ser ele o maior nome do sax-tenor atual.

A Electric Bebop Band do lendário baterista Paul Motian surpreendeu e também empolgou o público, abrindo a noite com sua música altamente provocante, densa, repleta de explosões sonoras e arranjos audaciosos como representante do jazz contemporâneo. O sexteto de Motian tem uma formação inusitada, integrado por dois sax-tenores (Tony Malaby e Chris Cheek), duas guitarras (Jakob Bro e Steve Cardenas), baixo elétrico (Anders Christensen) e a bateria do líder. Os arranjos, quase todos bastante complexos, intrincados e repletos de explosões sonoras, utilizam engenhosamente os saxes e as guitarras como se fossem dois naipes distintos, cada qual tocando em separado quase sempre simultaneamente, mesmo durante a maioria dos solos improvisados, dando um inesperado colorido adicional ao contexto. O sexteto é absolutamente integrado, conduzido por Motian com sua patriarcal eficiência, discreto nos movimentos e avesso a extroversões, porém enfatizando vigorosamente as passagens mais explosivas com múltiplas figuras rítmicas.
Destacar grandes momentos seria difícil. A música excitante do grupo manteve o público em suspenso até o último compasso de “Bill”, o bis para o set da EBB.
Apesar da dificuldade em selecionar grandes momentos, duas interpretações merecem amplo destaque: “Brilliant Corners”, de Thelonious Monk, e “Quasimodo”, de Charlie Parker, composições criadas por esses dois gênios em 1956 e 1947, respectivamente, que seguem mantendo sua contemporaneidade, desafiando o passar dos tempos porque ainda soam adiante da nossa época.
O intrincadíssimo “Brillant Corners”, de estrutura composicional totalmente não ortodoxa, com linhas melódicas sinuosas dissonantes, bem ao estilo original de Monk, e inúmeras alterações de andamentos e climas, sempre foi um perigoso desafio para qualquer músico. O solo de Malaby evocou inequivocamente o Sonny Rollins da gravação original de Monk, repleto de notas explosivas, enquanto Cheek dava a réplica com subidas à região aguda do instrumento, disparando uma sucessão de notas reiterativas entremeadas por frases superiormente articuladas.
O clássico “Quasimodo”, em andamento médio, uma engenhosa paráfrase de Parker sobre as harmonias do standard “Embraceable You”, teve eletrizantes solos simultâneos dos saxofonistas e depois dos guitarristas, culminando com uma troca de quatro compassos entre Motian e o baixista Christensen.
A introspecção da EBB desabrochou na irrepreensível interpretação da balada “It Never Entered My Mind”, autêntico poema tonal enriquecido pelo feeling generoso dos solistas.
O complexamente dissonante “Free Forms” foi interpretado com o beat acelerado progressivamente por Motian até chegar ao andamento supersônico sublinhando os dois saxes e as duas guitarras, cada qual tocando em direção diferente dos demais, criando um clima de forte tensão; adiante sofreu um processo progressivo de desaceleração até a música desaparecer como se evaporasse literalmente no ar.
O breve “Ornettish”, com solo vibrante de Motian, foi a despedida do sexteto, que voltou para atender o bis com a lírica “Bill”.

O quarteto de Eric Alexander desencadeou um efeito fulminante na platéia. Acompanhado pelo brilhante, mas ainda subestimado Harold Mabern (piano), John Webber (baixo) e Joe Farnsworth (bateria), uma seção rítmica que toca junto há anos, Eric e seus músicos colocaram o público em alvoroço até o final do concerto.
Abrindo o set com o eletrizante “Matchmaker, Matchmaker”, no primeiro chorus o saxofonista já tinha o público na mão. Daí por diante, foi uma ebulição constante que perdurou a noite inteira, com Eric construindo sua improvisação de inesgotável fluxo de idéias num andamento tão rápido que poucos poderiam manter sua consistência patriarcal, fazendo o difícil parecer fácil.
Seguiu-se “I Haven´t Got Anything Better To Do”, com uma introdução de Mabern fora do andamento normal precedendo seu exuberante solo que impressionou pela técnica aplicada em função da idéias, como deve ser norteada qualquer improvisação jazzística. O balanço coletivo, apoiado no suporte de Webber e Farnsworth, inspirou Eric a construir outro solo coerente num andamento velocíssimo que poucos se atreveriam enfrentar. Farnsworth deu numa amostra das suas habilidades numa longa intervenção; com a bateria equipada somente com 2 pratos, 3 tambores e o hi-hat, obteve mais sons e ritmos que outros bateristas com equipamento até três vezes maior que o seu.
Ao contrário do que alguns pensavam, “Corcovado” não foi preparado para agradar ao público brasileiro, mas integra o repertório do quarteto há algum tempo. O saxofonista ornamentou a música com inúmeros embelezamentos melódicos e inflexões sugestivas, trilhando caminhos jamais imaginados por Tom Jobim. Sua proverbial continuidade desafia descrições e análises. Mabern alinhavou grande variedade de idéias num solo coordenado com stamina e entusiasmo, colorido por acordes superpostos em várias passagens.
O ritmo shuffle levou o público a acompanhar “Stan´s Blues”, de Stanley Turrentine, com palmas ritmadas, contribuindo para aumentar ainda mais a alta temperatura do concerto. O destaque foi para John Webber, que coordenou suas idéias com o clima do blues; em certo ponto do seu longo solo, com o calor que fazia, Eric levou-lhe uma lata de cerveja, que ele sorveu um gole com a mão esquerda, sem interromper o solo com a direita, motivando, por nossa conta e risco, dar ao tema o subtítulo “Beer Bass Blues”. Mabern e Eric também se entregaram de corpo e alma ao espírito do blues com intervenções soberbas.
Poucas vezes no jazz ouvimos um andamento tão alucinante como o de “In the Still of the Night”, com o primeiro chorus de Eric em stop-time, engrenando a todo vapor com total descontração, fazendo, mais uma vez, o difícil parecer fácil. Farnsworth novamente exibiu seu vasto repertório, explorando criativamente todo seu equipamento com baquetas, vassourinhas e mallets para a euforia indescritível da platéia.
Antecedendo ao final, aí sim, o quarteto preparou “Aquarela do Brasil” para o nosso público, que acompanhou com grande entusiasmo. Mas, ainda foi pouco porque exigiram mais dois bis para encerrar essa noite memorável sob todos os aspectos.
No final, dezenas de pessoas cercaram Eric e seus músicos na entrada da Marina da Glória, retendo-os por mais de uma hora, solicitando autógrafos, cumprimentando-os efusivamente, fazendo perguntas e pedindo que voltassem a tocar brevemente em nosso país. Ainda assim, quase não o deixam ir embora para descansar no hotel. Talvez tenhamos de esperar alguns festivais para ouvirmos um conjunto com a categoria e inventividade do quarteto de Eric Alexander.

AMY DUNCAN

28 maio 2003

Deu ontem no Globo que a pianista, radicada no Rio, Amy Duncan está lançando um cd. Confesso que nunca ouvi falar. Alguém tem algunma coisa a dizer?
Marcelón

MARATONA

Hoje começa a "maratona" CHIVAS JAZZ FESTIVAL. E tenho certeza que será uma maratona de Chivas e Jazz. Como eu gosto de maratona! Espero ver todos por lá.
Abs., Marcelón

DÔDO FERREIRA E MARCO TOMASO - UM APERITIVO

No último sábado, dia 24, estive, a convite do nosso mestre Raffaelli, na Igreja Presbiteriana de Botafogo, da qual ele faz parte, para participar do Encontro das Artes promovido pela comunidade local. Fui com a Suzana, minha mulher, que gosta muito deste tipo de evento. Lá chegando encontrei, ainda na calçada, com o mestre e o baixista Dôdo Ferreira, próxima atração do Chivas Jazz Lounge. Conversamos um pouco e depois nos dirigimos ao salão de festas da igreja. Fomos muito bem recebidos, principalmente quando souberam que éramos convidados do Raffaelli. Nos deram a melhor mesa e ficamos aguardando o evento começar. Crianças tocando violino, coral da Igreja, jovens cantando Djavan, canto lírico, poesias... Várias apresentações, curtas, mas muito bem realizadas se sucediam e encantavam a platéia. No final um membro da Igreja chama o Raffaelli para apresentar a próxima atração, antes porém, diz à todos que nosso confrade é uma das maiores autoridades sobre jazz em nosso país. Raffaelli então apresenta o Dôdo e o Marco Tomaso, que se parece com tudo menos com um pianista, e diz que eles estão ali de graça, apenas pela vontade de tocar uma boa música em companhia do amigo. Eles tomam seus lugares e o Dôdo, com sua simpatia peculiar, diz à platéia que selecionaram um repertório de "spirituals" para ficar mais no clima da festa. Didaticamente ele explica que esses hinos religiosos foram decisivos para a formação do jazz. Dôdo e Tomaso começam a tocar de uma forma vibrante e que emociona logo de inicio a platéia. Dôdo solta sua voz de barítono e começa a entoar os cântigos e a platéia respondeu fazendo um coro muito bonito. Tomaso simplesmente arrasa no piano, numa técnica ímpar difícil de se encontrar por aí. Seu jeito meio calado, as vezes até tímido, esconde um verdadeiro mestre. Dôdo ja havia conquistado a platéia, principalmente as velhinhas, com suas histórias sobre as músicas apresentadas, sua simpatia e seu inegável talento. Com o arco deu ao ambiente uma atmosfera de pura emoção onde presenciamos olhos marejados por toda parte. Deram um bis e depois do lanche servido voltaram para um novo set de meia hora, onde senhoras do coral e canto lírico juntamente com jovens que antes cantavam música pop, juntaram-se ao duo e promoveram o ápice do evento, onde todos participavam, inclusive a platéia. Me senti nas igrejas protestantes americanas com suas músicas características e pelo clima total de cordialidade, felicidade e fraternidade. Dôdo terminou o show com um "spiritual fake" de Oscar Peterson completamente tomado pelo suor e Tomaso com um largo sorriso no rosto. Todos vieram cumprimentá-los, principalmente as velhinhas. Foi uma tarde magnífica e surpreendente. Os dois são excepcionais músicos e Dôdo um verdadeiro showman. Tocaram um repertório que não estão acostumados e deram um verdadeiro show. Imagino o que nos aguarda no mês que vem, quando em quarteto, eles se apresentarão pra valer! Agradeço ao mestre Raffaelli por ter nos dado a oportunidade de compartilhar este momento tão emocionante.
Ah! Está tudo gravado em DV...

Abraços,

Marcelink

UMA VISITA AO ARLINDO

27 maio 2003

Hoje pela manhã, liguei para nosso amigo Coutinho para lhe dizer que a fita do nosso concerto, que tinha prometido a ele, já estava pronta e que iria levar à sua casa. Chegando em seu prédio, em virtude de diversos outros compromissos, pensei em deixar a fita com o porteiro mas o Coutinho pediu que eu subisse. Ao sair do elevador, lá estava ele com seu generoso sorriso me pedindo que entrasse um pouco. Disse lhe que estava super atrasado mas como ele gentilmente insistiu, fiz sua vontade. Em sua casa, nosso amigo começou a me mostrar sua "Galeria Tony Bennett" composta com quadros do famoso cantor, inclusive um desenho do próprio Coutinho durante uma cochilada sua num vôo em que ambos estavam. Cada quadro uma história. Logo já tinha esquecido a pressa e os compromissos. As histórias iam surgindo com riquezas de detalhes e um fato puxava outro. Couto foi até o quarto para pegar umas fotos e eu hipnotizado pelos CDs que me cercavam já nem olhava mais para o relógio. Ele chega com fotos suas ao lado de artistas como Dizzy, Marsalis, pai e filho, Herbie Hancock, Stan Getz e muitos outros. Cada foto uma história. Fomos para o corredor de sua casa, e entre um pedreiro e outro, já que sua casa estava em obras, ele ia me mostrando seus quadros e fotos interessantíssimas. Vi coisas que até Deus duvida! Vocês sabiam que o Couto já foi segurança do Gugu Liberato??!! Bem, depois perguntem a ele que ele explica melhor...
Em vinte minutos pude conhecer não só um pouco da casa e da história do nosso amigo, mas ter a certeza de que o Arlindo é, além de um grande amigo, um patrimônio do Rio de Janeiro e um patrimônio do CJUB.

Marcelink

CIGARS & JAZZ - WHAT A COMBO!!!

Contact: Corey Weiss (310) 289-7279
http://fujipub.com/smokinrecords
SMOKIN’ RECORDS PRESENTS THE ULTIMATE CIGAR SMOKING CD

S M O K I N ’ J A Z Z
LIGHTS UP STORES EVERYWHERE!!!

Beverly Hills, Calif. - Paying tribute to both the smoked-filled jazz clubs of yesteryear and the time-honored synergy between cigar smokers and jazz aficionados, Smokin’ Records proudly presents their debut release SMOKIN’ JAZZ. A jazz compilation featuring the best of the best -- Duke Ellington, Louis Armstrong, Dave Brubeck, Ella Fitzgerald, Count Basie and Benny Goodman, among others -- SMOKIN’ JAZZ is designed to enhance the cigar smoking experience by offering a complimentary sensory delight.

SMOKIN’ JAZZ fortuitously coincides with the current cigar craze which now claims more than 10 million cigar smokers in the United States. Among the high-profile contingency of stogie lovers are Arnold Schwarzenegger, Demi Moore, Milton Berle, Jack Nicholson, Madonna, Sharon Stone and President Clinton

SMOKIN’ JAZZ is the brainchild of Smokin’ Records founder Corey Weiss. "When I smoke cigars I listen to jazz, which compelled me to create a CD of some of my favorites." Weiss adds, "Nowhere has a jazz compilation encompassed the art of smoking cigars. Whether your listening to this album in a crowded bar or relaxing on your back porch, SMOKIN’ JAZZ adds that extra touch to make your smoking experience special." Manufactured by Sony Music, SMOKIN’ JAZZ features Mack the Knife (Louis Armstrong), Take Five (Dave Brubeck), Lazy River (Pete Fountain), Poor Butterfly (Erroll Garner), A-Tisket A-Tasket (Ella Fitzgerald), The "In" Crowd (Ramsey Lewis), One O’Clock Jump (Count Basie), South Rampart Street Parade (Al Hirt), Sing Sing Sing (Benny Goodman) and Satin Doll (Duke Ellington). Smokin’ Records has chosen Fuji Publishing Group, home of the hottest cigar page on the net, to put SMOKIN’ JAZZ online.

# # #
For artwork, please call (310) 289-7279
For more information about SMOKIN’ RECORDS
go to http://fujipub.com/smokinrecords


Artigo copiado de
http://www.prweb.com/releases/1998/7/prweb5338.php

Bene-X

Almir Chediak (1950-2003)

Uma lágrima por Chediak; várias pelo desgoverno do Rio.

Dos Maltes, Dos Páreos

26 maio 2003

Cheguei em casa há pouco, servi meu primeiro uisquinho (Chivas, por supuesto) nessa noite fria, e comecei a rever, pela enésima vez, o vídeo de nossa primeira produção.
Mais que o orgulho, existente por motivos óbvios, pensei um pequeno retrospecto de como havíamos chegado até ali (ou até aqui, como queiram), e ratifiquei uma opinião minha de tempos, de que as relações se tornam muito mais consistentes quando geradas nos momentos de dúvida ou insegurança. Explico.
Hoje, passada uma semana da histórica data, verdadeiro marco para todos nós, constato que as manifestações "oportunísticas" sempre aparecem depois de o páreo já ter corrido - quando já se conhece o cavalinho vencedor - ou alguém poderia supor que a repercussão de nosso primeiro projeto tivesse a dimensão que vimos observando?
Nesse contexto, quero, uma vez mais, desde já tomando a liberdade de falar em nome de todos, agradecer à Pernod Ricard do Brasil, na pessoa do CJUBiano Rodrigo Mattoso, a confiança depositada em nós de forma inconteste, em especial por antever a possibilidade de consagrar a primeira noite Chivas Jazz Lounge como uma prévia oportuna para o grande Chivas Jazz Festival, festival mais importante da América Latina, que se inicia depois de amanhã.
Fazendo uma remissão - agora aberta - ao gentilíssimo comentário postado pelo Eric Sampers, constato que não poderíamos imaginar, há pouco, que CJUB e Chivas pudessem constituir tão auspicioso casamento.
Aguardando, ansioso, as resenhas de Mestre JDR e Bene-X acerca do Chivas Jazz Festival, não vejo a hora de chegar o próximo Chivas Jazz Lounge, em 25 de junho, com produção do próprio Mestre JDR.
Saravá!

77o. Aniversário de Miles Davis

Se fosse vivo, Miles Davis estaria completando hoje 77 anos. Nascido em Alton, no Estado de Illinois, nos EUA, Miles ganhou um trompete de seu pai quando fez 13 anos. Embora haja inúmeros livros que dão sua data de nascimento como sendo no dia 25, Miles corrigiu isso definitivamente em sua autobiografia de 1989. Miles morreu em 1991 aos 65 anos, portanto, e apenas dois meses após ter-se apresentado em concertos na Suíça e na França (em Paris) onde, inesperadamente, tocou suas mais tradicionais composições de jazz, depois de ter-se mantido afastado da corrente tradicionalista por cerca de 20 anos para dedicar-se ao mundo da fusão do jazz com o pop e o rock. (fonte: UPI)

KARRIN ALLYSON , 23/04/2003, MISTURA FINA - @@@

25 maio 2003

A cantora americana Karrin Allyson encerrou, ontem, temporada de dois dias no Mistura Fina, para onde se anunciava o lançamento de seu último CD, “In Blue”, pela gravadora Concord.

Apesar do timbre atraente, associado ao modo naive, às vezes childish, de cantar (como, p.e., Fátima Guedes), a jazz singer não conseguiu se livrar de uma incômoda rouquidão, que prejudicou - em poucos momentos, é verdade - até a afinação, sem, contudo, comprometer, no todo, o ótimo rendimento da artista e seu quarteto.

Allyson, além da boa técnica e desenvolta musicalidade (possivelmente por tocar piano, também), tem aquilo que é mais essencial no jazz cantado: a classe, nem tanto na postura, mas na forma de dizer as letras, a inflexão na emissão.

Uma cantora de jazz pode apresentar voz linda e não se arriscar no espinhoso terreno dos scats (Krall, Monheit); ou dominar a arte do improviso vocal, sem gozar de timbre privilegiado (Betty Carter); pouquíssimas reúnem ambos os atributos (Ella e Sarah) e a considerada maior de todas, Billie, nem um nem outro tinha. Mas em todas, sem exceção, se reconhece a classe, tanto que frequentemente chamadas de divas. Sem classe, pode-se até virar cantora, mas, certamente, nunca de jazz.

O repertório do 2º set incluiu:

- S´Wonderful (Gershwin), apresentando o ótimo guitarrista Danny Embrey;
- Samba da Benção (B. Powell/V. Moraes), com letra em francês,
- Ask Me Now e I Mean You, ambas de T. Monk, com solos inspirados do pianista Paul Smith e, novamente, Embrey;
- Coração Vagabundo (C. Veloso), toda cantada em surpreendentemente bom português, com arranjo simples mas absolutamente encantador, fazendo do piano o verniz da sonoridade do grupo;
- Let´s Fall in Love (Arlen/Koehler), novamente trazendo bons solos;
- Tema principal de Cinema Paradiso (Morricone), o ponto fraco da noite, com Allyson ao piano, numa versão uma tanto quanto “Disney” da lacrimosa melodia;
- Sunday in New York (Coates/Nero), aí sim, o melhor do espetáculo, a começar pela qualidade deste tema soulful, gravado, entre outros, por Shirley Horn para a Impulse nos anos 60 (Travellin´Light);
- Emily (Mandel), apenas instrumental e sem a cantora, destacando o quarteto composto, ainda, por Jeff Johnson, no baixo, e Ron Vincent, na bateria, ambos discretos mas eficientes; e, por fim,
- It Might As Well Be Spring (Hammerstein/Rodgers), em ritmo francamente de samba, bem mais acelerado do que o registro de Astrud Gilberto e Stan Getz para a Verve, também na década de 60.


Gentilmente, ela ainda voltou para Evil Gal Blues (Feather/Hampton), única canção que de fato integra o álbum ali supostamente “em lançamento”, chegando a tocar a quatro mãos com Smith, num energético e bem humorado finale.

Karrin Allyson trouxe ao Rio um jazz straight, profissional e emocionante por vezes, mas, infelizmente, ainda raro entre nós.

Bene-X

CJUB-CHIVAS JAZZ LOUNGE, 20/5/2003, EPITÁCIO - @@@@

Por iniciativa do CJUB – Charutos, Jazz, Uísque & Blog, e com patrocínio do Whisky Chivas Regall, iniciou-se este mês, na cidade, uma série de concertos dedicados ao verdadeiro Jazz, motivo de euforia para os fãs do gênero e amantes, em geral, da boa música, que lotaram o Epitácio, na noite da última 3ª feira.


Para o primeiro Chivas Jazz Lounge, praticamente uma avant-premiere do Chivas Jazz Festival (com início no próximo dia 28), o veterano jornalista e produtor musical Arlindo Coutinho reuniu um quinteto estelar, liderado pelo pianista Dario Galante e apresentando, no sax alto, Idriss Boudrioua; Jesse Sadoc, no trompete; o contrabaixista Augusto Mattoso e Guilherme Gonçalves, na bateria, todos expoentes em seus instrumentos e que, em dois sets generosos e inspirados, ofereceram à platéia carioca uma blowing session sem precedentes, em matéria de improvisação, nos último 5 (cinco) anos, pelo menos entre músicos brasileiros ou aqui radicados.


O combo, fiel ao espírito do evento, escolheu o - nada fácil - idioma do be-bop, e seu dialeto mais próximo, o hard-bop, como veículo constante para obras-primas como a Yardbird Suite (C. Parker), que abriu o 1º set e na qual logo foi possível reconhecer, na excepcional bateria de Guilherme Gonçalves, o som característico de Art Blakey, em especial pela ambiência de sustain na condução do prato, aumentando o “peso” rítmico, num recurso desenvolvido, depois, por Elvin Jones e Tony Williams.


À abertura, mais apropriada impossível, sucedeu Stablemates, tema clássico do saxofonista Benny Golson, e, em seguida, as belíssimas Love is a Many Splendored Thing (Fain/Webster), Have You Met Miss Jones (Rodgers/Hart) e I Remember Clifford, do mesmo Benny Golson, talvez o mais lírico, à exceção de Bill Evans, dentre os compositores genuinamente de Jazz, e dos poucos capazes de transformar originals em standards. Nesta última balada, Sadoc acresceu a seu trompete sempre destacado o vibrato típico da swing era, pontuado por brilhante floating de Galante, cujo solo, depois, culminou com seqüências de oitavas rápidas por ambas as mãos, marca registrada de Bobby Timmons.

A esta altura - Think of One (T. Monk) encerrando o 1º set com a obstinação típica da música do "Sumo Sacerdote" - nem a acústica algo desastrada nem o alvoroço vindo do bar seriam capazes de ofuscar tantas visitas ilustres: cats, como os citados Blakey e Timmons, além de Clifford Brown, Lee Morgan, Art Farmer, Freddie Hubbard, Bird, Phil Woods, Monk, Red Garland, John Hicks, Buster Williams, Ray Drummond e Jimmy Cobb, entre outros, incendiaram o recinto, invocados pelos sensacionais “jazz messengers” que o CJUB arregimentou para a 1ª edição do Chivas Jazz Longe.

Já agora sem o som como antagonista e com a platéia conquistada, os primeiros acordes da emblemática Moanin (B. Timmons) ajudaram a aumentar, ainda mais, a temperatura no último set, complementado por Joy Spring (C. Brown), registrada em disco por Idriss e que rendeu solos “arrasa quarteirão” e um duelo entre os sopros, e, no fim, fours trocados num desfecho apoteótico. Viriam, então, You and the Night and the Music (Dietz/Schwartz), em uptempo; a célebre Over the Rainbow (Arlen/Harburg), abrigando diálogo reflexivo entre piano e sax, e My Little Suede Shoes (C. Parker), com surpreendente e irrestível arranjo “latin” e febris improvisos da front line, destacando-se, no chorus de Boudrioua, os efeitos edge do fraseado coltraneano, e, no de Sadoc, a mão servindo de surdina plunger, à moda das big bands.

No bis, Billie´s Bounce (C. Parker) instalou um autêntico clima de battle, com solos de todos, saindo “vitorioso” Idriss, que ofereceu uma verdadeira antologia do sax alto e fez tremer o recinto, tendo como âncora, neste e em todos os demais temas, a consistência, bom gosto e personalidade do jovem Augusto Mattoso, no baixo, e a inteligência e musicalidade do baterista Guilherme Gonçalves, tudo sempre sob a enciclopédica liderança de Dario Galante.

Mais duas ou três noites tocando juntos levariam este grupo à estratosfera.

Havia, ainda, fôlego para um jam, que contou com convidados para lá de especiais, como Eloir de Moraes (bateria), Nivaldo Ornelas (sax tenor) e José Staneck (gaita), em All the Things You Are (Hammerstein/Kern).

Considerando, em quase todos os aspectos, o alto nível atingido já neste primeiro evento, grande expectativa se cria para os próximos, que, a julgar pelo entusiasmo e competência revelados em apenas um ano de CJUB, nos reservam não só noites memoráveis de grande jazz, mas, sobretudo, o resgate da valorização do jazzista brasileiro, tratado não mais como mero “ambiente”, mas como o artista que o mundo inteiro merece conhecer.

Bene-X

QUE MÊS !!!

Que maio espetacular, este !

CJUB-Chivas Jazz Lounge, Karrin Allyson, Chivas Jazz Festival ...

Assim, a gente se acostuma mal ...

Seguem, acima, modestas resenhas do que já aconteceu.

A palavra “crítica” nem uso nem ouso, porque de domínio exclusivo do Mestre Raf.

Bene-X

Saudade do Miles

Ontem estava lendo o jornal e o meu carrossel de 51 discos (placar: 49 de jazz, 2 Eric Satie), na função "random", sorteou um disco que fazia tempo eu não escutava, tendo, coisa raríssima inclusive, executado 2 músicas do mesmo CD em sequência (talvez, diria alguém que acredita piamente nas forças mágicas do imponderável, para compensar o tempo que levou sem executá-lo). Era "Fiesta", trilha sonora feita em colaboração por Miles e Marcus Miller para o filme do mesmo nome. Um filme "noir" de caráter. Mesmo passado em pleno deserto do Arizona, à luz do sol escorchante, a história é de traição, permeada de tristeza e melancolia extremas. Entretanto, a interpretação, o sentimento, impressos no sopro de Davis dão às músicas uma dimensão extraordinária, dentro do contexto jazzístico a que nos acostumamos a associar à simples menção de seu nome. Mas desta vez com um "twist" intimista, como poucas vezes pude ouvir ao longo da obra desse gigante. Foi-se o jornal para o chão. E eu na direção de devaneios assaz longínqüos daquele mero sofá.

A Terrinha que nos prestigia

24 maio 2003

Mais um blog português nos coloca em seus links. O Paragem de Autocarro, cuja página inicial conta com uma excelente ilustração tem servido de ponto de partida para que diversos tugas, sejam eles charutonautas, jazzonautas ou uísquenautas, venham nos visitar. A todos esses passageiros do Autocarro, nossas boas vindas.

Uma banda de música - jazz, naturalmente - para receber nossa mais nova editora

23 maio 2003

Queria informar a todo(a)s que este pedaço de paraíso vertical, situado virtualmente na sagrada terra do Rio de Janeiro, acaba de ser contemplado com a adesão de uma outra editora, a Marzia Esposito. Já com o "nickname" atribuído de Marzita (cabendo recurso), é uma competente advogada e poliglota, figura de grande delicadeza e presença tão tranqüila quanto o tom de sua literata voz. Vem juntar esses seus predicados a esta nossa turma de marmanjos deseducados e barulhentos, e assim conferir um pouco de humanidade, charme e beleza a este tão necessitado exército de Brancaleone jazzístico.
Que soem os clarins, ou melhor, todos os trompetes e flugelhorns, todos os saxofones sopranos, altos, tenores e baritonos, todos os trombones de vara e de válvulas, todos os clarinetes, flautas, bombardinos e tubas em uníssono, para saudar sua chegada ao nosso recanto.
(E Marzita, por favor, não se recrimine por perder seu primeiro e acabado "post" nos desvãos do blog. Isso já aconteceu mais de uma vez com todos nós, no início de nossas trajetórias de modernos escrivinhadores de notas eletrônicas.
Mãos à obra, portanto. Aguardamos ansiosamente suas impressões.)
Bem-vinda.

A César o que é de César (ou Pérolas da Imprensa Carioca)

Folheava eu tranquilamente meu "O Globo" ontem quando, para meu espanto, reparei que numa das colunas ("Pessoas") havia uma foto de Eliana Pittman com Maria Alice Medina, assim impagavelmente legendada: "Fulana e Beltrana, num dos coquetéis de lançamento do Chivas Jazz Festival" (hehehe). Como a área cultural do referido jornal tornou-se uma caricatura desde que o Sr. Xexéo assumiu sua direção (vivas a Rosinha Garotinho e egüinha Pocotó !!), passei batido, dada a insignificância da nota.

Hoje, entretanto, pensei ter dormido - afinal foram tantos os posts falando de sonhos - por 10 dias seguidos e acordado após a edição do Chivas Jazz Festival, visto que a linda foto da Wanda Sá com nosso querido Mestre JDR (sugiro obtê-la, a cores, para postar aqui no muro), publicada no Boechat (leia-se Jornal do Brasil), trazia a hilariante legenda: "A cantora Wanda Sá e o crítico Domingos Raffaelli, confraternizando nos bastidores do Chivas Jazz, na Marina da Glória". (sic)
Das duas, uma: ou quem fez o texto é um E.T., que caiu ontem na Terra e não soube do evento CJUB Chivas Jazz Lounge havido no Epitácio, ou trata-se de um autista que não sabe sequer onde fotografou os personagens.

Quem quer que seja o responsável pela autoria, a hilariante nota comprova a falta de revisão crônica por que passa nossa imprensa, e imagino que o Zózimo deva estar se revirando na tumba.

CJUB " CHIVAS LOUNGE "

21 maio 2003

Tendo me restado muito pouco a dizer, após comentários de quase todos, só não li ou vi o do Benex, venho parabenizar e congratular a todos pela noite maravilhosamente musical, com muito poucos arranhões ( esses não envolvendo o nosso time evidentemente ) e na certeza que o CJUB capitaneado pelo Mau Nah lançou seu primeiro torpedo no cenário do Rio de Janeiro, e mostrando que com amor e dedicação poderemos nos aventurar muito mais.
Um viva a todos e em particular ao Coutinho pela forma impar de condução e escolha, e ao nosso mestre menino e amigo Raffaelli e aos demais sem distinção só uma única palavra M A R A V I L H A .
Beijos em todos.

CJUB+CHIVAS+EPITÁCIO=SUCESSO TOTAL

Amigos, o que aconteceu ontem foi uma noite dos sonhos. Arlindo montou um time campeão com um roteiro maravilhoso. E o que eu via nos olhos dos fraternos amigos do CJUB era mais que entusiasmo por um grande show de jazz. Era,como disse Mau Nah, a realização de um sonho e, mesmo não tendo participado da produção, eu me sentia realizado por fazer parte do CJUB. Provamos que o Rio pode ter música de altíssima qualidade com casa cheia. Provamos que os sonhos são possíveis quando se junta um grupo de pessoas unidas por um objetivo. Ontem foi a nossa primeira produção e não poderia sido melhor. Coutinho, Dario Galante, Jessé Sadoc, Idriss Boudriioua, Augusto Mattoso e Guilherme Gonçalves apresentaram um show impecável desde o set list até os acordes finais. Vamos aguardar o próximo.
Abraços, Marcelón

SUCESSO ABSOLUTO NA ESTRÉIA DO CHIVAS JAZZ LOUNGE

por José Domingos Raffaelli

Os organizadores e produtores do CHIVAS JAZZ LOUNGE não poderiam desejar sucesso mais expressivo na estréia do seu projeto como ocorreu na noite de terça-feira, dia 20 de maio, no Bar Epitácio, na aprazível Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro.
O projeto foi idealizado pelos integrantes do CHARUTOS JAZZ UISQUE BLOG, reunindo dedicados aficionados do jazz, que decidiram levar adiante a idéia de implantarem de forma regular um evento de jazz no Rio de Janeiro, imediatamente viabilizado pelo patrocínio da empresa Pernod – Ricard Brasil, fabricante do Whisky Chivas Regal.
Foi uma noite memorável, com casa superlotada por um público entusiasta e vibrante, que aplaudiu demoradamente todos os solos em todas as músicas.
O produtor Arlindo Coutinho arregimentou um quinteto de categoria internacional liderado pelo pianista Dario Galante. Para essa vitoriosa jornada, Galante convocou Jessé Sadoc (trompete), Idriss Boudrioua (sax-alto), Augusto Mattoso (baixo) e Guilherme Gonçalves (bateria), músicos experientes que dominam o idioma do jazz moderno, especialmente da vertente hard-bop, e integram-se ao espírito coletivo, funcionando como uma única célula. Em muitos momentos o grupo extravasou a música extrovertida do conjunto Jazz Messengers, que foi liderado pelo baterista Art Blakey.

O italiano Dario Galante dedicou toda sua carreira ao jazz, sendo influenciado particularmente por Thelonious Monk e Bud Powell, dois dos mais originais pianistas da história do jazz. Sua categoria aflora a todo momento, em solo ou nos acompanhamentos. Seu estilo possui graça melódica e controle instrumental próximo da perfeição, destilando fluência e continuidade de idéias através das linhas melódicas sempre coerentes que brotam da sua rica imaginação, com um poder de comunicação baseado aparentemente na organização, no conteúdo e na convicção do poder de sua execução. Demonstrando que Powell e Monk não foram suas únicas influências, ele criou um clima etéreo dentro de linha de Bill Evans, na balada “Over the Rainbow”.
Na linha de frente, o quinteto tem em Sadoc e Boudrioua dois expoentes que dominam a massa sonora dos respectivos instrumentos. Além de criativos, com fraseados recheados de stamina nos andamentos rápidos e de elegância impecável nas baladas, não se limitaram a expor vários temas com simples uníssonos, mas elaboraram sutis harmonizações com instigante revezamento entre ambos.
Jessé Sadoc projeta vibração contínua, movido por uma indômita força de expressão e altas doses de inventividade; articulado e imaginativo, suas improvisações são ornamentadas por frases variadas em termos tonais e rítmicos, revelando a benéfica influência de Lee Morgan, de quem aparentemente herdou o ataque vigoroso, cuja sonoridade virtualmente reproduziu na emocionante interpretação de “I Remember Clifford” e nos ousados vôos em “Stablemates”.
O francês Idriss Boudrioua possui uma sonoridade sedutora e “redondinha”, como diz o linguajar dos músicos, construindo solos com a habilidade de esmerado artesão, dando a cada nota um valor essencial dentro do seu discurso. Influenciado por Phil Woods, sempre surpreende o ouvinte com a direção das suas improvisações. Mesmo nas frases mais complexas, porém sempre lógicas e coerentes, deixa a estampa da sua aparentemente inesgotável invenção melódica.
Augusto Mattoso é uma sólida rocha que funciona como o pêndulo da seção rítmica. Ele toca para o grupo, sem jamais pretender sobressair, dando confiança e segurança contínuas aos companheiros, além da sua pulsação ser impulsionada pela sua excelente escolha de notas. Ele teve oportunidade de brilhar em “Think of One”, seu único solo.
Guilherme Gonçalves é um dínamo incansável, propulsionando seus companheiros a altos vôos com seu incessante drumming repleto de “rim shots”, acentuações rítmicas deslocadas, ritmos cruzados e outros artifícios que usufrui da sua completa independência de pés e mãos. Usando as vassourinhas, criou desenhos rítmicos sugestivos, dando maior colorido aos acompanhamentos. É lícito destacar que, no final de “Think of One”, ele surpreendeu ao repetir na tarol a intrincada frase rítmica tocada por Galante. Em determinada passagem de “Over the Rainbow”, sustentou três ritmos simultâneos com total descontração, com a mão direita no grande-prato (high cymbal), a esquerda alternando entre o tarol e outro prato (cymbal), e o terceiro com acentuações do pedal no high-hat. Um portento.

O repertório, muito bem-selecionado, incluiu composições originais de alguns dos maiores jazzmen entremeado por canções standards. Os arranjos funcionais foram veículos sob medida que serviram de trampolim para os solistas darem asas à imaginação. Em muitos momentos, as execuções pegaram fogo, literalmente, transbordantes do generoso entusiasmo que contagiou a platéia.
”Yardbird Suíte”, clássico do genial Charlie Parker, foi o ponto de partida da noite, mostrando imediatamente a categoria do quinteto.
Outro clássico, “Stablemates”, tema do saxofonista Benny Golson em tom menor elaborado em 12 compassos com uma “tag”, ensejou a Sadoc construir um solo primoroso, inicialmente comedido, porém crescendo de intensidade e ousadia na medida do seu desenvolvimento. Boudrioua demonstrou elegância de estilo em curta intervenção, e Gonçalves utilizou as vassourinhas com discrição e bom gosto.
O standard “Love Is A Many Splendored Thing” foi transformando numa usina de suingue. Inicialmente, Sadoc direcionou seu solo com economia de notas, mas, aos poucos, incrementou gradativamente a tensão, criando um clímax perfeito para coroar suas idéias. O final foi valorizado devido à harmonização do tema pelos sopros.
A bela “Have You Met Miss Jones ?”, em andamento médio, trouxe à baila a facilidade com que Boudrioua articula suas intervenções, literalmente empurrado pelo balanço da integrada seção rítmica. Uma eletrizante passagem foi a troca de quatro compassos entre Sadoc, Boudrioua, Galante e Gonçalves durante dois choruses, num total de 64 compassos.
”I Remember Clifford”, de Benny Golson, é uma das peças mais líricas do jazz, em tributo ao excepcional trompetista Clifford Brown. Sua força melódica marcante desafia a improvisação, mas não foi obstáculo para estes músicos. A exposição ofereceu um engenhoso revezamento entre Sadoc e Boudrioua, cabendo ao trompetista seu solo mais emocionante da noite, com inflexões e variações de rara beleza. Boudrioua não fez por menos, com uma declaração musical não menos apaixonante. O final foi à la Charlie Parker.
O intrincado, complexo, dissonante e ritmicamente excitante “Think of One” só poderia ser escrito por Thelonious Monk, um dos ídolos de Galante, que fez jus ao compositor inserindo acentuações “monkeanas” e digressões do tema. Foi um dos números mais explosivos da noite, deixando a platéia em ebulição.
”Moanin´”, do pianista Bobby Timmons, clássico do soul jazz, foi outra explosão de entusiasmo. O quinteto reproduziu o arranjo original dos Jazz Messengers com reverência e espírito. A introdução incisiva de Sadoc reviveu o som de Lee Morgan, ponto de partida para outra de suas evoluções. Em meio à sua investigação, Galante evocou Bobby Timmons numa passagem em acordes.
Outro clássico, “Joy Spring”, de Clifford Brown, cujas harmonias são bastante familiares a Boudrioua, que contribuiu com outra declaração musical construída pela alma e pelo coração. Sadoc manteve o mesmo diapasão. Novo momento eletrizante precedeu o final com troca de quatro compassos entre Boudrioua e Sadoc.
“You and the Night and the Music”, brilhantemente harmonizado por Galante, em andamento velocíssimo, foi coroado por Gonçalves. Utilizando quase todo seu equipamento, evidenciou sua impecável distribuição, optando por um rodízio pelos tambores, de grande efeito, em vez da habitual alternância entre pratos e tambores.
”Over the Rainbow”, outro clássico da canção americana, teve sua bridge harmonizada de forma diferente pelos sopros. Galante expôs seu lado lírico com delicadeza, graça,coloridos tonais, inflexões e belos acordes.
Duas composições de Charlie Parker encerraram o programa. Na latina “My Little Suede Shoes”, com a bridge em andamento 4/4, Galante tocou dois choruses provocantes, Boudrioua exercitou sua ousadia exploratória e Sadoc compareceu com seu solo mais diversificado, incluindo efeitos com a língua e com a garganta.
O intrincado blues “Billie´s Bounce”, de Charlie Parker, que atendeu ao bis, foi coroado por longas intervenções. Sadoc tocou abstrações do blues em 25 choruses elaborados com flama e convicção; Boudrioua foi mais longe, tocando 28 choruses, e Galante, algo modesto, mas não menos expressivo, apenas 20.
Uma jam session final reuniu os convidados Nivaldo Ornelas (sax-tenor), José Staneck (harmônica-de-boca) e Eloir de Moraes (bateria) a Galante e Mattoso para um longo “All the Things You Are”, fecho para uma noite inesquecível.
Resumindo, foi um evento de jazz para entrar na história da noite carioca.
A próxima atração do projeto CHIVAS JAZZ LOUNGE, que nasceu vitorioso, será o quarteto do baixista Dôdo Ferreira, dia 25 de Junho, no mesmo local.

Agradecimentos

Sonhos que viram planos que viram projetos que se transformam em realidade. Esse encadeamento de coisas sofre, desde o nescedouro, todos os tipos de influências, em todas as direções. Vão desde os incentivos, as frases de aprovação, o júbilo por uma simples idéia, pelo lado positivo, até os mais variados temores, preocupações e desânimo, pelo outro lado, sendo ambas as vertentes naturais e divergentes como só mesmo a realidade nos apresenta, todos os dias.

Considero a noite de ontem um verdadeiro sucesso, sem modéstia de nossa parte, e falo aqui pelo grupo do CJUB como um todo, pois pudemos realizar, baseados simplesmente em nossas vontades, a reunião das coisas que mais gostamos, tudo ao mesmo tempo, ali naquelas horas. Que no entanto passaram-se muito rápidas pois tudo aconteceu como nos sonhos bons, curtos por definição. Mas cuja intensidade e prazer, entretanto, saborearemos pelo resto de nossas vidas.

E para que aquela seqüência inicial de eventos etéreos tenha se materializado, foi fundamental, em nossa noite de estréia, a mágica sinergia do grupo de instrumentistas que ali se apresentou. A despeito de alguns pequenos percalços iniciais com a amplificação, o quinteto escalado, de garra e presença excepcionais, soube superar a curta adversidade técnica. E como se por isso movidos, os músicos decidiram dar ainda mais de si mesmos para conquistar o coração dos presentes, fazendo fluir a corrente de eletricidade que buscamos atingir num concerto musical, a cumplicidade entre músicos e platéia sem a qual um espetáculo esfria. A eles, os verdadeiros donos da noite, nosso particular agradecimento, pelo empenho e pelo clima altamente profissional, em nível mundial, diga-se - não considerando aqui as características técnicas que outros editores com mais conhecimento certamente avaliarão - conseguidos ontem.

Concorreu fundamentalmente para o brilho desse primeiro concerto CHIVAS JAZZ LOUNGE o interesse demonstrado no projeto, desde o início, pelo sempre atento e dedicado Rodrigo Mattoso, da Pernod Ricard Brasil, que, inclusive, já é o mais novo grande entusiasta do jazz "puro" que pretendemos mostrar. Desde que nos conheceu, virou leitor atento do CJUB e pôde, em curto espaço de tempo, compreender necessidades aparentemente desimportantes mas decisivas para a perfeita execução do concerto. Mais ainda, conseguiu, junto à sua direção, vincular nosso projeto ao outro e maior evento nacional de jazz no país, que é o Chivas Jazz Festival. Decisivo também foi o encampamento dessa idéia pela Márcia Locachevic, que soube bem captar a oportunidade e nos brindou com sua amistosa presença, vindo de São Paulo especialmente para acompanhar a noite. Foi muito honrosa para nós, igualmente, ter conosco outros executivos da Pernod Ricard, entre eles o sr. Francesco Tadonio, presidente da companhia para a América Latina. A todos, o nosso agradecimento, até por terem acreditado que sonhos podem virar realidade.

Nosso agradecimento ao Epitácio, casa de clima caloroso em meio à excepcional climatização, o que se traduz em temperatura civilizadíssima, gerando conforto aos músicos e audiência. Desnecessário comentar o empenho do Claudio Sieira e equipe em deixar todos assistidos em suas necessidades básicas, i.e. bebidas e gelo, comidas e sabor, atenção e bom atendimento.

Ao produtor desta noite em particular, nosso Arlindo "Goltinho" Coutinho, que com sua experiência e amor ao melhor do jazz não só escalou um quinteto primoroso mas reservou-nos uma lista de músicas de elevado gosto musical, entremeando temas rápidos e vigorosos a outros mais calmos, em dosagem precisa, nosso eterno agradecimento pelo profissionalismo e pelo que nos brindou em termos de jazz. A seu lado, discretamente operosa, Marzia Esposito. Parabéns!

A todos os demais presentes que lá estiveram nos apreciando ou trabalhando, amigos em geral, membros da classe músical e profissionais da imprensa que lá compareceram e outros envolvidos direta ou indiretamente com o evento, nossa gratidão pelo apoio, pela participação e mais importante ainda, pela empolgação.

Tenham todos a certeza de que estamos começando um percurso que tende a melhorar a cada passo. Vamos corrigir eventuais falhas e fazer o que for preciso para proporcionar aos aficcionados o melhor jazz possível no Rio de Janeiro.

Lembrando apenas que os maiores interessados, por coincidência, somos nós mesmos. E que esse é o nosso sonho.

A MARAVILHOSA NOITE DE 20 DE MAIO

Amigos,
Hoje acordei sem saber realmente o que aconteceu ontem à noite. Confesso que ainda não despertei... Uma noite mágica, inesquecível com certeza. Os amigos, os sorrisos abertos, a felicidade em cada rosto, os olhos de cada um refletindo a emoção de ver um sonho ali realizado. Mestre Goltinho merece uma estátua pela produção, com um repertório de altíssimo nível e músicos que mereciam estar na noite principal do Chivas Jazz Festival, creio que o primeiro concerto do CJUB entrará para a história dos jazzófilos cariocas.
Tive o privilégio de estar no palco, colado aos músicos, registrando em minha câmera todo o concerto. Embora esteja com minhas costas em frangalhos, em virtude de quase três horas de gravações, o orgulho que senti por estar ali compensa qualquer coisa. No final conversei com os músicos, na condição de fã, e todos foram de uma extrema simpatia e simplicidade. Prometi uma cópia da filmagem para eles o que farei com grande prazer.
Amigos, esse foi o primeiro. Que venham outros!! Nós precisamos, nossa cidade merece !!
Viva o CJUB, Viva o Jazz !!

Abraços,

Marcelink

Um clima perfeito para jazz de primeiríssima

Uma foto panoramica do palco da Chivas Jazz lounge de ontem.
As demais serão adicionadas ao longo do dia. Aguardem.

Dos Sons, Dos Sonhos

O CHARUTO era um doble robusto Trinidad, antológico; o JAZZ, com repertório iniciado e concluído em Parker, teve a iluminada produção de Mestre Goltinho; o UÍSQUE, que dispensa apresentações e comentários, um Chivas 12; e o BLOG ... bem, o blog será o tema da presente resenha.

A inegável ansiedade que não nos abandonou ao longo dos últimos dias – afinal, era nossa primeira produção – teve o que se pode chamar de final feliz. Aliás, mais que feliz.

Creio que a maciça presença dos amantes da boa música, entre os quais fraternos amigos de cada um de nós, transformou o Epitácio, na inesquecível noite de ontem, num autêntico “blog” falado, em que a alegria estampada em cada um dos presentes traduzia o real espírito desse muro.

Ou não terá sido essa a sensação de Mestre Goltinho, um autêntico gentleman na produção, condução e apresentação da emblemática noite? E que dizer da contagiante emoção manifestada por Mestre JDR e Bene-X, que vibraram a cada nota, ambos, de caderninho em punho, prontos para nos brindar com as sempre saborosas - e de inigualável conhecimento - resenhas? E Marcelink, já eleito nosso produtor visual oficial, câmera na mão, não perdendo um detalhe sequer? Os demais, Mau Nah, Sazz, Marcelón, Zénrik e eu embevecidos com a presença de tantos convivas, e literalmente absortos com a antológica apresentação, não conseguíamos reduzir a palavras o significado de tão estupendo evento.

Realmente, o que quer que se diga será escasso para traduzir o que se viveu ontem, às margens da Lagoa, em plena noite de terça-feira, mas posso adiantar que os sons se traduziram em sonhos, sonhos de uma fraterna amizade nascida a partir do jazz, e que através dele fará perpetuar o que a vida tem de melhor.

Parabéns ao CJUB, que brindou o Rio de Janeiro com uma apresentação que será lembrada ao longo dos tempos, e que, espero, seja a primeira de muitas.

Saravá!

CHIVAS JAZZ LOUNGE, produção CJUB, em clima de contagem regressiva

19 maio 2003

A produção do concerto, a cargo do CJUB, finaliza detalhes para que a noite de amanhã seja muito especial. Além de estar trabalhando incansavelmente na confecção de uma "set-list" que possa agradar a todos os tipos de jazzistas, começa agora a dedicar-se às minúcias para que toda a experiência transcorra dentro do elevado padrão de qualidade técnica que se pretende. A chegada do piano acústico Yamaha (meia-cauda, em vista do espaço disponível) e seu afinador, está prevista para o meio da manhã. A passagem de som iniciar-se-á às 14 horas.

E está confirmadíssimo o sorteio a ser realizado após o concerto, de 2 ingressos para cada dia do CHIVAS JAZZ FESTIVAL, que por sua vez, se inicia na semana que vem, na Marina da Glória.

Lembro ainda que, além de participarem do sorteio dos ingressos, os aficionados estarão recebendo como brinde, CDs das edições anteriores daquele Festival, como já comentado aqui em post anterior (abaixo).

Todo mundo lá, portanto!

Um espetáculo, já antes mesmo de começar!

16 maio 2003

A temperatura do primeiro concerto Chivas Jazz Lounge na próxima terça, no Epitácio, não pára de subir. Além das ótimas notícias que nos chegam quanto às reservas já efetuadas, acabamos de saber que iremos dispor, para distribuir ao público presente a essa noite que já se afigura antológica, nada menos que 100 CDs com as coletâneas dos Chivas Jazz Festival de 2002 e de 2001.

Como esses CDs são itens absolutamente imprescindíveis nas discotecas dos amantes de jazz, por se tratar dos registros históricos e exclusivos daqueles acontecimentos, e em vista do número de pessoas esperado, seria interessante que os verdadeiros amantes se preparassem para lá chegar cedo, assim assegurando os seus brindes.

CJUB - FELIZ ANIVERSÁRIO

Há muito anos atrás, em frente às Lojas Murray, em uma reunião semanal onde, evidentemente, o assunto era jazz, este cronista mais Luiz Carlos Antunes, Luiz Orlando Carneiro, Sylvio Tulio Cardoso e alguns outros, frequentávamos uma espécie de "mercado paralelo", no qual tínhamos acesso a LPs de Jazz, com lançamentos quase imediatos.

Nosso fornecedor era a figura extraordinária de Estevão Thomas Hermann, nosso elo com as novidades jazzísticas saídas nos EUA.

Desnecessário dizer que aguardávamos a chegada do amigo, o que acontecia pontualmente às 17:30 hs., naquele local.

Era uma verdadeira "batalha campal". Discos disputados quase "a tapa", cujos preços eram o de menos. O que nos importava era o prazer de possuí-los.

Iniciava-se, ali, uma cumplicidade jazzística entre todos, destituídos de egoísmo, pois as trocas e o empréstimo se faziam necessárias, vez que raramente havia discos em duplicata.

Formou-se, então, um grupo fechado, em que todos disputavam entre si a primazia de divulgar ao máximo algo que, para nós, além de inusitado, era extraordinariamente sonoro, em qualidade e musicalidade.

Isso tudo aconteceu no início dos anos 50, durante o "boom" jazzístico, graças ao programa "Em Tempo de Jazz", apresentado por Paulo Santos, na Rádio Ministério da Educação.

Daí surgiram clubes de jazz ou agremiações jazzísticas como os "Saúvas de Niterói", liderados por Luiz Carlos Antunes, o "Lula", general de uma tropa de choque encarregada de vasculhar novidades jazzísticas em lojas como a já citada "Murray" e a "Telétrica", na Rua Senador Dantas.

Em contrapartida, o grupo do Rio de Janeiro partiu para o contra-ataque com um time formado por mim, Oswaldo Oliveira Castro, Lousada, Oswaldo Rosa, Filipino (que, mais tarde, tornou-se um "tycoon" de discos de jazz importados).

Com todo esse movimento, as emissoras de rádio apostaram no filão "jazz". Estevão Hermann passou a apresentar um programa na Rádio Jornal do Brasil e Anphilófio Rocha Melo, na Rádio Eldorado, sendo ele o pioneiro em apresentar uma série de programas dedicados a Charlie Parker.

Surgiram, então, as famosas "jam sessions" reunindo a nata dos músicos brasileiros na época, tais como Cipó, Júlio Barbosa, Vidal, Sut Chagas, Jorginho, e muitos outros.

Nascia, no Rio de Janeiro, a primeira grande manifestação jazzística no Brasil.

O CJUB, completando um ano, certamente irá reviver esse excepcional período da década de 50, pois remanescentes daquela época integram hoje a mais nova força de divulgação do jazz.

Vale lembrar uma frase de Luiz Carlos Antunes: "O jazz é a música que faz amigos. Por isso, continuamos sendo uma grande família".

Vida longa ao CJUB !

Arlindo Coutinho

In memoriam: Sérgio Porto, Anphilofio Rocha Melo, Aramis Millarch, Armando Aflalo, Waldir Finotti. A esses, a nossa saudade.

AGORA É OFICIAL. O PROJETO DOS SONHOS DO CJUB GANHA VIDA!!! O WHISKY CHIVAS REGAL e o EPITÁCIO são os parceiros.

15 maio 2003

Estará se transformando em realidade, no próximo dia 20 de maio, a partir das 21 horas, no "lounge" do Restaurante Epitácio (Av. Epitácio Pessoa nº 980 - tel.2522.1999), o sonho surgido na idéia dos membros deste blog, como vocês já sabem, todos grandes aficionados pelo jazz, entre os quais os nossos queridos e renomados jornalistas José Domingos Raffaelli e Arlindo Coutinho, ambos com carreiras de mais de 40 anos dedicados a esse gênero musical.
Esses verdadeiros "mestres" no assunto irão se encarregar da produção de uma noite por mês, totalmente dedicada a jazz de excelente qualidade, fazendo a escolha dos músicos e dos temas a serem apresentados.

Com essa idéia na cabeça e a determinação de lutar para transformá-la em realidade, os membros deste CJUB decidiram procurar um ambiente agradável, refinado e confortável para abrigá-la. Descobriram que o segundo andar do Epitácio, um amplo "lounge" dotado de confortáveis mesas e sofás, além da deslumbrante vista da Lagoa, poderia ser a alternativa ideal para abrigar uma noite de perfil tão sofisticado. Depois de algumas reuniões com a direção da casa, que endossou a idéia, o formato ficou estabelecido: as produções serão dedicadas exclusivamente ao jazz instrumental e preparadas por esses entusiastas do gênero de forma a agradar aos mais exigentes ouvidos e padrões musicais, e ocorrerão na última (quarta) quarta-feira de cada mês.

Através dessa periodicidade, pretende-se atender a uma demanda por espetáculos mais elaborados e de elevado nível profissional, de parcela do público com gosto musical mais sofisticado, o que se atingirá através da contratação dos mais preparados instrumentistas disponíveis no Rio de Janeiro em cada especialidade, adequados a cada concerto segundo a concepção do produtor de cada noite.

Contando com o patrocínio exclusivo do Whisky Chivas Regal (Pernod-Ricard Brasil), a noite inicial foi antecipada, excepcionalmente, para o próximo dia 20, terça-feira, e servirá como "aquecimento" para outro evento jazzístico a ser realizado na cidade, o consagrado CHIVAS JAZZ FESTIVAL, já considerado o maior acontecimento do gênero do Brasil, em termos qualitativos, e que se inicia no dia 28 de maio.

Para a primeira noite CHIVAS JAZZ LOUNGE, como vai se chamar a série de concertos no Epitácio, a produção do CJUB convidou um quinteto composto por Dario Galante, piano, Idriss Boudrioua, saxofone, Jessé Sadock, trompete e flugelhorn, Augusto Mattoso, contrabaixo acústico e Guilherme Gonçalves, bateria. Trata-se de uma formação excepcional, que deverá proporcionar, aos amantes do jazz, momentos de rara criatividade musical.

Estaremos permanentemente publicando aqui mais informações sobre esse evento, tais como detalhes sobre os músicos e suas realizações, as expectativas e comentários sobre a repercussão do mesmo no panorama musical do Rio de Janeiro, assim como outros detalhes sobre a programação das noites CHIVAS JAZZ LOUNGE. Não deixem de voltar aqui para obtê-las.

As noites, como idealizadas, que estarão se transformando nos concertos CHIVAS JAZZ LOUNGE:

Pensadas inicialmente como uma possibilidade de divertimento para nosso grupo de aficionados "pesados" de jazz instrumental, todos carentes de apresentações de qualidade indiscutível, vinhamos sonhando com reuniões onde se apresentariam instrumentistas do melhor nível possível, disponíveis no Rio de Janeiro (alguns sonham ainda, em incluir alguns expoentes paulistas, pela proximidade) e um programa diferente dos habitualmente apresentados nos locais que ainda abrigam o jazz na nossa cidade.

A idéia dos membros do CJUB era, portanto, a de poder unir, num local agradável e de fácil acesso, o melhor em termos de jazz aos charutos que muitos dentro da turma apreciam. Procuravam, adicionalmente, por esta "liberdade" ambiental, coisa rara hoje em dia com os diversos patrulhamentos a que as pessoas estão submetidas. Assim imaginou-se idealmente um lugar, preferencialmente um bar (onde as imposições a fumantes normalmente inexistem) onde quem quisesse poderia fumar um bom charuto durante aquelas audições, e também beber o que lhes parecesse mais convidativo. Ou alguém em sã consciência poderia imaginar jazz impoluto, sem fumaça e sem bebidas?

A política "cigar-friendly" do Restaurante (e lounge) Epitácio conquistou-nos boa parte dos corações. Seu lounge-bar, completa e profissionalmente fornido de bebidas, confortabilíssimo e com seu pessoal bem treinado, uma outra parte. A bela vista da Lagoa encarregou-se de ocupar o restante.

Esse "projeto-de-sonho" tomou corpo e estará se transformando em realidade já no próximo dia 20 de maio, com um time de músicos de nível internacional, que certamente vão se apresentar completamente à vontade, por saberem que estarão dividindo sua arte e técnica com pessoas que, como eles próprios, são amantes incondicionais do jazz - a propósito, o pianista Dario Galante, escalado para a primeira apresentação, declarou que dorme e acorda pensando em jazz -.

Estamos nos dedicando com tudo para que essa experiência se torne não apenas uma apresentação musical de jazz, mas, principalmente, um ponto de encontro de pessoas cujo espírito esteja ligado a essa sofisticada forma de manifestação musical. E, como nossa própria experiência no CJUB atesta, um fórum para formação de novas amizades, unidas em torno do que a vida tem de melhor: jazz, uísque, charutos, torneados por um papo inteligente.

Quem irá tocar na primeira noite CHIVAS JAZZ LOUNGE

Sem nenhum favor, trata-se de um poderoso time. E se é forte o sentido de conjunto, não há nenhum prejuízo das preciosas habilidades individuais. Os craques convidados para o primeiro concerto poderiam figurar em qualquer escalação de instrumentistas de jazz da atualidade. Conheçam a seleção:

O pianista Dario Galante é italiano de Nápoles, e segundo a opinião dos críticos, o mais aplicado discípulo de um dos gênios do jazz, o pianista Thelonious Monk. Como se não bastasse, Dario incursiona com muita facilidade por quase toda a escola pianística negra. Sua dedicação ao jazz, segundo ele, é "durante as 24 horas do dia". Formado em arquitetura em Florença, é autodidata em música, professor de Harmonia e Improvisação.

O saxofonista Idriss Boudrioua é francês. É músico de excepcional criatividade e além de ter uma sonoridade ímpar, Idriss é, sem dúvida alguma, na atualidade, um dos melhores saxofonistas de jazz da América do Sul. Professor e também arranjador, é dono de expressiva fluência sonora na escola jazzística do saxofone, acentuadamente a parkeriana.

Jessé Sadock é um dos mais completos trompetistas brasileiros. Desfruta de uma sonoridade personalizada, fraseado brilhante e inventivo, tanto no trompete como no flugelhorn. Jessé, além de músico completo de jazz, atua ainda na Orquestra do Theatro Municipal, liderando o naipe de metais. Suas influências mais importantes foram Dizzy Gillespie e Clifford Brown.

O baixista Augusto Mattoso é um discípulo de um dos maiores mestres do contrabaixo brasileiro, Paulo Russo. Já tocou na Rio Jazz Orchestra, na Orquestra e Coro Brasil Barroco e no grupo Tríade, além de ter-se apresentado com outros músicos importantes no cenário brasileiro. Reputa sua maior influência no contrabaixo como sendo a recebida de Eddie Gomez.

Guilherme Gonçalves é, sem dúvida alguma, o melhor baterista "bopper" do Brasil. Formado em Música na Universidade de Berklee, em Boston, foi aluno de Alan Dawson e Max Roach, e admite influencias deste, de Art Blakey e Tony Williams. Guilherme possui cursos de Regência e Arranjo e é professor de percussão na Escola de Música Villa-Lobos, no Rio, desde 1986, e de percussão e bateria do Conservatório de Música Popular Brasileira, em Curitiba, desde 1994.

Notícias sobre a CHIVAS JAZZ LOUNGE, produzida pelo CJUB

13 maio 2003

Reparem o momento de abstração do Mestre Arlindo Coutinho, enquanto ouvia e selecionava o repertório da primeira noite Chivas Jazz Lounge. Sua dedicação ao projeto, desde os primeiros momentos da idéia surgida, vem sendo completa. A imagem anexa dá conta, melhor do que qualquer descrição, do seu grau de envolvimento. Um show!

JAZZ EM TEMPOS DE GUERRA (HISTORINHA)

O recente conflito Estados Unidos-Iraque nos lembra um episódio emocionante ocorrido na Segunda Guerra Mundial, no campo de batalha, que vários historiadores garantem ser verdadeiro. O relato que se segue prova que o jazz só faz amigos.
Americanos e alemães fizeram uma trégua entre o Natal de 1944 e o Ano Novo de 1945. No primeiro dia, alguns soldados americanos aproveitaram o cessar-fogo temporário para ouvir discos numa vitrola portátil movida por uma manivela que acionava o motor.
No dia seguinte, um soldado alemão caminhou rumo à trincheira americana empunhando uma enorme bandeira branca. Recebido com desconfiança e falando inglês razoavelmente, o inimigo disse que, no silêncio da noite anterior, ouvira a música de alguns
discos de jazz que vinha da trincheira americana. Identificando-se como pianista de jazz, pediu para juntar-se a eles a fim de compartilhar a audição da música que ele mais amava.
Recebido cordialmente, passaram o resto do dia ouvindo alguns V-Discs que o governo americano prensara especialmente para os soldados no campo de batalha. O alemão ouviu fascinado gravações que nem supunha existirem. No fim da tarde, voltou para a sua trincheira, não sem antes pedir para voltar no dia seguinte, sendo prontamente aceito.
Nos dias subseqüentes, os americanos e o alemão continuaram ouvindo jazz, conversavam animadamente, comentavam a música e trocavam idéias sobre jazz, começando a brotar uma amizade entre eles, protagonistas de uma guerra estúpida que o destino colocou-os como inimigos.
Essa confraternização prolongou-se por toda a trégua, terminando ao entardecer do dia de Ano Novo de 1945, porque as hostilidades recomeçariam no dia seguinte.
Segundo os relatos, a despedida entre eles foi comovente. Todos se abraçaram formando um círculo. Chorando emocionados, despediram-se como velhos amigos, prometendo que depois da guerra se encontrariam para festejarem a paz e poderem ouvir muitos discos de jazz.

Raf

Before I get the boot...

12 maio 2003

After the delicate greeting the boss made to me, I send you this because I think it is noteworthy news. Yours, "Vanishing" Conchita.

Pianist Keith Jarrett will receive his Polar Music Prize from King Carl XVI Gustaf of Sweden at a gala ceremony at Berwaldhallen in Stockholm tonight, followed by a celebratory banquet at Grand Hotel. The Citation about his selection as the 2003 recipient cites Jarrett's "ability to effortlessly cross boundaries in the world of music."

The Polar Music Prize is one of the world's more significant music awards. The award of 1 million Swedish Crowns is given to individuals, groups or institutions for exceptional achievement in the creation and advancement of music. Past winners have included Pierre Boulez, Bob Dylan, Ravi Shankar, Joni Mitchell, Karlheinz Stockhausen, Dizzy Gillespie, Paul McCartney, Mstislav Rostropovich, Quincy Jones, Miriam Makeba, Stevie Wonder, Robert Moog and Isaac Stern.

CHIVAS JAZZ LOUNGE - Outra boa notícia

Ainda sobre a noite da próxima terça, dia 20/5, no Epitácio, (vide os posts específicos mais abaixo) fomos comunicados que serão sorteados ingressos para o grande CHIVAS JAZZ FESTIVAL a iniciar-se na semana seguinte à nossa primeira data.
A gentileza do sorteio, que ocorrerá logo após o segundo set da apresentação, é da Pernod-Ricard do Brasil, através da pessoa do Rodrigo Mattoso, que a cada dia se demonstra mais empenhado para que todo o acontecimento se transforme num experiência de sucesso.
Não sei se isto já havia sido mencionado aqui, mas os concertos das noites Chivas Jazz Lounge serão divididos em 2 sets de 45 minutos cada, com um intervalo de 15 minutos entre eles, para o descanso dos músicos, uma circulada para esticar as pernas e trocar umas palavras com os amigos presentes e para reabastecimento geral.

ANIVERSÁRIO

10 maio 2003

Queridos Amigos,
O CJUB está comemorando hoje 1 ano de vida. Para muitos que lêem e não participam pode parecer um fato como outro qualquer, mas, para nós que fazemos parte do CJUB, é um fato muito importante. O CJUB faz parte da nossa vida. Eu ligo o computador todo dia e a primeira coisa que abro é a nossa página, depois eu vejo os meus emails.
Antigamente eu me sentia só, isolado por gostar de jazz. Quantos shows eu fui sózinho. Alguns anos atrás conheci Mestre Bene-X e passamos a compartilhar do nosso entusiasmo pelo jazz. Bene-X , depois, conseguiu fazer o que eu não tinha conseguido: apresentar o jazz ao Marcelink, amigo de longa data. E Bene-X nos apresentou ao blog. Conheci pessoas maravilhosas como Mau Nah, Sazinho, Fraga, Coutinho, Raffaelli e, mais recentemente, Zé Henrique e Sampaio.
Hoje, estou super feliz pelo nosso Grande Líder Mau Nah, o criador, que deve estar super feliz com o CJUB e estou mais feliz ainda por fazer parte desse grupo maravilhoso. Esse é o primeiro aniversário e vários projetos começam a tomar forma, como é o caso do Chivas Jazz Lounge. Muitos outro vem aí.
PARABÉNS AO CJUB!
Abs., Marcelón

10 de maio de 2003

09 maio 2003

Chovia a cântaros naquele domingo de maio, e o magnífico bobó de camarão oferecido por Mau Nah e Silvia já prenunciava o que estava por vir, pois, convenhamos, não é todo dia que se pode desfrutar da companhia de Mau Nah e Sazinho, outro dos convivas, para não falar, é claro, da luminosa companhia de Wanda Sá, também presente àquele evento.

Lembro-me que Mau Nah havia nos dito que após o lauto almoço alguns amigos também aficionados por jazz estariam se juntando a nós para degustarmos, juntos, algumas pérolas musicais acompanhadas, evidentemente, de um bom puro e uísque idem. Iniciados os trabalhos etílico-tabaco-musicais, juntaram-se a nós dois dos hoje mais queridos e fraternos amigos, Bene-X e Arlindo Coutinho (a quem só conhecia do histórico programa Jazz + Jazz), que me deixaram fascinado pela erudição, bom gosto e simpatia. Àquela altura, evidentemente, não nos seria possível imaginar a comemoração desse primeiro de muitos, espero, aniversários – estava nascendo, ali, o CJUB.

O pequeno embrião, magistralmente lançado por Mau Nah, frutificou ao longo desse primeiro ano, e outras grandes amizades foram formadas com a chegada dos queridos Marcelón e Marcelink, ambos a nós apresentados numa das inesquecíveis jornadas jazzísticas havidas nos domínios de Bene-X. Aqui, entretanto, peço licença a todos os demais confrades para abrir um parágrafo à parte – preciso mencionar a importância de José Domingos Raffaelli nesse contexto.

Desde minha adolescência, sempre tive como bússola musical Mestre JDR, que considero o mais erudito e preciso de nossos críticos musicais. Quis a vida me dar o privilégio de conhecê-lo através das jornadas CJUBianas, que me fizeram constatar que sua erudição não passa de traço se comparada a suas generosidade e elegância. Fonte jazzística inesgotável, Mestre JDR funciona como verdadeiro dínamo, mantendo aceso o entusiasmo que nos contagia a cada encontro, e eu, particularmente, passo a semana ansioso, na expectativa de saber que grande novidade ou raridade nos será trazida para o almoço das sextas-feiras.

A existência do CJUB, inicialmente concebido como um muro para que não deixássemos de manter contato entre nós – Mau Nah cunhou a precisa obervação de que não conseguimos ficar um dia sem nos dizermos ao menos um alô –, adquiriu dimensão muito mais ampla do que a originalmente imaginada, e hoje nos propicia a gestação de nosso primeiro projeto de real significância – o Chivas Jazz Lounge –, que, estou certo, tem a silhueta de um presente de aniversário bem-vindo, e que provavelmente terá significado mais elástico, talvez por nos fazer acreditar na possibilidade de inúmeros outros projetos.

Além disso, e igualmente, temos certeza que as inúmeras novas amizades trazidas a bordo – como é o caso de DePires, Zenrik (craque dos puros e ritmos caribenhos), nosso mais novo co-editor, e Alex Sampaio (enciclopédia em Bill Evans, apenas para atestar o bom gosto) –, além, evidentemente, de outras tantas manifestadas pelos precisos e amistosos comentários de amigos não tão próximos em nosso dia-a-dia (abraços especiais ao Jefferson Teixeira, em Sampa, e ao João Fernandes, amigo d’além Mar), constituem o combustível fundamental para que possamos difundir, mais e mais, a paixão de todos nós pelo jazz.

Tenho certeza que as mais de 5.000 visitas havidas nos tornam mais que responsáveis pela manutenção do muro, e torço para que o êxito em nossa iniciativa simbolize a esperança em novos e melhores tempos, onde o jazz e a amizade voltem a ter a importância que lhes é devida.

Fraternos abraços a todos, keep swinging, e até sempre.

FELIZ ANIVERSÁRIO, CJUB ! ! !

Feliz aniversário, CJUB, a mais simpática - e agora empreendedora - confraria etílico-tabaco-jazzística da cidade. E parabéns, em especial, ao fundador do Blog e nosso Editor-Chefe, Mau Nah, por tão ímpar iniciativa, que, reunindo pessoas ao mesmo tempo tão diferentes e afins, acabou resgando, em todos, o entusiasmo e mesmo uma euforia, quase perdidos outrora, no "saara" cultural (e de inteligência, em geral) em que, infelizmente, (quase) nos acostumamos a viver.

Aniversários muitos virão; alegrias, surpresas e adesões também. Neste canto modesto da Rede, estejam certos, a verdadeira amizade e fidalguia, aqui cultivadas com tanto cuidado e carinho, serão a companhia fiel de todos os dias, onde quer que estejamos.

É só achar o micro mais próximo.

CJUB 2003: estamos só começando !

Bene-X

O que vem à frente

06 maio 2003

Nos dias 23 e 24 do corrente, vinda de San Paolo, o país civilizado mais próximo do Brasil, estará se apresentando aqui no Mistura Fina a cantora americana Karrin Alysson considerada um dos novos talentos no "scat-singing", e que vem recebendo críticas favoráveis principalmente por conta de suas modulações inventivas. Não sendo uma cantora exclusivamente de jazz, vem no entanto dando preferência a temas jassísticos em suas mais recentes apresentações.

Estão programados até o momento, exclusivamente para a casa paulista Bourbon Street, em 10 e 11 de junho, o conjunto vocal New York Voices que conta com inúmeros apreciadores dentro do mundo jazzístico.

E em 23 e 24 de julho, irá se apresentar ali o jovem e talentoso vibrafonista Stefon Harris que, segundo as palavras de Dan Ouelette no livreto que acompanha o disco "Kindred" (lançamento de 2001 que foi indicado ao Grammy), ao lado do pianista Jacky Terrason, literalmente incendiou o Village Vanguard na primeira vez em que ali tocaram juntos. Harris vem obtendo excelentes críticas sobre seu trabalho. Não há, ainda, menção de quem o acompanhará no Bourbon Street.


Resta agora saber se estas duas últimas atrações encontrarão local para se apresentarem no Rio, também, ou se simplesmente vamos ficar a ver navios, sentados no Pier Mauá, como vem ocorrendo seguidamente com artistas que vem a São Paulo e nem mesmo passam aqui para dar um mergulho, que dirá cantar ou tocar.

E para quem gosta de ouvir jazz, poder babar um pouco

03 maio 2003

Há dias em que a gente nem devia ler as notícias. Sob pena de descobrir o que está perdendo. Enquanto aqui no Rio, hoje, apresentam-se "Bebeto e convidados" no Ballroom, o grupo "Segredo Sensual" no Olimpo e Roberta Miranda no Canecão, até dá para se chorar ao saber o que está rolando hoje, na matriz, segundo a UPI. Senão, confiram com seus próprios e marejados olhos:

On the New York jazz scene... Hank Jones is at Iridium through Sunday. The Makoto Ozone trio is at the Jazz Standard through Sunday. The Manhattan Transfer is at the Blue Note through Sunday. The Tom Harrell quintet is at the Village Vanguard this week. Saxophonist Jim Snidero is at Smoke tonight.

The Three Altos -- Sonny Fortune, Gary Bartz and Vincent Herring -- are at Sweet Rhythm through Sunday with George Cables, Cecil McBee and Billy Hart. Lee Konitz is at Birdland tonight. The Bad Plus, Charlie Hunter and Bobby Previte are at the Knitting Factory tonight.

The Center for Jazz Studies at Columbia University presents "Africa Jazz" with Wynton Marsalis and the Lincoln Center Jazz Orchestra featuring African drum master Jacub Addy and Odadaa! tonight at Columbia's Miller Theater. It follows a daylong symposium on drums in jazz. The discussions feature Steve Berrios, Andrew Cyrille, Roy Haynes, Eddie Locke, Herlin Riley and Leroy Williams...

On the California jazz scene... the Dave Holland quintet is at Humphrey's by the Bay in San Diego tonight. Pianist Cyrus Chestnut's trio is at the Jazz Bakery in Los Angeles through Sunday. The Fred Ramirez Latin jazz band is at Steamers Jazz Cafe in Fullerton. The Bill Watrous quartet is at Spazio in Sherman Oaks. Saxophonist Bill Perkins is at Charlie O's in Valley Glen tonight with the John Heard trio. The Bob DeSena Latin jazz group is at The Deck in Palm Springs tonight.

The Kenny Garrett quartet is at Yoshi's in Oakland through Sunday. The music of pianist Omar Sosa is featured tonight during Dimensions Dance Theater's large-scale, multi-disciplinary work "From Africa to America: Legacies" at the Calvin Simmons Theater in Oakland. The SFJAZZ spring season features the Joshua Redman Elastic Band tonight at the Palace of Fine Arts Theatre in San Francisco.

E quem quiser que conte outra. Snif, snif.

BOMBA, BOMBA, BOMBA: Aqui a porção "Caras" do CJUB

E atenção, última notícia: segundo o jornal australiano Herald Sun desta data, vão se casar a bela cantora e pianista de jazz, a canadense Diana Krall, 38, e o roqueiro britânico, dublê de compositor e cantor Elvis Costello, 48.
Segundo o pai da cantora, que ganhou um Grammy de melhor album de jazz vocal, em fevereiro último, com o seu Live in Paris, "eles estão noivos, mas onde será o casamento, nem eu sei".
Será esta mais uma extravagância na vida da jazzista loura e bonita, que já foi casada anteriormente com o guitarrista negro Russel Malone, com quem veio ao Brasil para o finado Free Jazz Festival de 1997 e que participou de vários de seus discos anteriores como sideman?
Só o tempo dirá.

JOSÉ SÁ, 29/5/2003, MISTURA FINA - * * * * *

01 maio 2003

Deixei de dizer o que mais me emocionou naquela noite.

Foi o Sazz. O Sazz, a Beth e a Wanda, para fazer justiça.

Nosso co-editor, logo na primeira música, entrou, como poucos, naquele redemoinho de sensações confusas (descritas no post abaixo) e, ali, coladinho na mulher, chorou muito e deu aula de sensibilidade e amor à Música.

O mesmo amor - quase uma obsessão - que desde garoto descobri em mim e demorei tanto a encontrar, com tanto "parecença", tanta afinidade, em cada um dos colegas de CJUB.

Claro que, no caso dele e da própria Wanda, razões pessoais, a convivência com Elis, tiveram peso. E com que intensidade afloraram !

Wanda tentou, o quanto pôde, manter-se "neutra", "curtir" o show, apenas. Mas não deu. Maria Rita não deixou. Terminado o set, só fazia repetir, a meu lado, "estou muito confusa ...".

A ela agradeço as ponderações sempre sensatas, a clarevidência, durante o espetáculo, que só mesmo uma artista verdadeira - e maior - consegue demonstrar, ainda mais nas circunstâncias.

Da noite artisticamente frustrante, levei comigo, todavia, o modelo de sinceridade e beleza da emoção do Sazz, porque nela acabei vendo a mim mesmo, na relação passional e incondicional com a Música e na felicidade de encontrar aqui, o lugar, dentro todos, onde essa paixão é melhor compreendida.

Bene-X