Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

Gabriel Yared e Orquestra Petrobrás Pró-Musica: Theatro Municipal, 25/11/02

27 novembro 2002

Quem não foi, deixou de apreciar ao vivo o excepcional trabalho desse compositor contemporâneo, o libanês Yared, que, tendo criado inúmeras trilhas sonoras de filmes importantes, de diretores de diversas nacionalidades, e ter faturado um Oscar com a de "O Paciente Inglês", mostrou-nos sua capacidade quase que infinita de criar temas tão inusitados quanto ricos, em todos os seus aspectos.

Trafegando por um sem número de referências outras que as de sua própria terra natal, praticamente engolfadas por sua musicalidade ocidental, Yared -que já morou inclusive no Rio, nos anos 70- consegue ser um competente compositor em todas as peças apresentadas, jamais resvalando para o lugar comum.

Cada um dos números tinha sua riqueza detalhada nas sonoridades, nos ritmos próprios e pelos intrincados arranjos que valorizaram durante todo o tempo os climas sugeridos. Pareciamos estar ouvindo a trilha do que se poderia chamar de "cinema-cego", onde cada um de nós pôde fazer mentalmente uma projeção de imagens particulares e queridas, conforme seus pensamentos e interesses correntes, para que se adaptassem e acompanhassem as trilhas, numa inusitada experiência reversa. Incrível.

A Orquestra da Petrobrás, embora afinada e coesa, revelou-se tímida, carente de um instrutor de vôo bem mais ousado a se encarregar de seu treinamento diário. Sem falhas no geral, faltou-lhe no entanto mais "punch", ousadia e mesmo a irreverência própria dos jovens, que ali estavam em maioria, levando o condutor, em diversos momentos, a gesticular com veemência em direção a naipes de sopros ou segmentos de cordas, exaltando-os a empenhar-se com mais vigor e garra de modo a entregar -como acredito, pretendia- passagens que idealizara vibrantes, mas que aportavam mornas aos ouvidos da platéia.

A entrada no palco da soprano Carolina Faria, dona de boa voz e bela figura feminina, de cabelos vermelhos e vestido e "écharpe" azuis, coloriu o monótono cenário em branco e preto dos componentes da Orquestra, quebrando a seqüência das peças instrumentais, o que só acresceu ao espetáculo. Interpretando, em sua entrada, um cântico tradicional libanês, possivelmente de origem religiosa, dada a introspecção do tema, voltou ao palco para duas intervenções adicionais, a primeira operística e a segunda mais popular e em inglês, quando interpretou a mesma parte que na trilha original havia sido apresentada por Sinéad O'Connor, e aqui um pouco aquém da original.

Ao final, aplaudidos de pé, compositor/maestro e Orquestra fizeram dois "encores". No derradeiro, repetiu-se a presença de um melífluo "bandoneón", que, presente burocraticamente num tema anterior desta feita desdobrou-se numa composição dolente e inebriante. O movimento, ao desenvolver-se em andamento sinfônico, pela magistral arte de Yared veio a culminar em um vibrante "tutti" (do qual participou inclusive uma tuba até então escondida) alçando o motivo geral a um patamar precioso, com término abrupto e emocionante, o qual ressoa até agora nos tímpanos dos que ali estiveram, trazendo-lhes, asseguro, alguns sorrisos às faces, por sua mera lembrança.

Uma experiência enriquecedora, e que teria sido imbatível se contasse com um conjunto orquestral mais ousado e experiente.
Nota: @@@

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