Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

JAMES CARTER, MISTURA FINA, SÁB., 17/8, 2º SET - @@

21 agosto 2002

Já tinha uma mesa reservada no Mistura, desde sexta, para ver o "organ trio" do James Carter. Decidir ir no último set, sáb., quando o Arlindo Coutinho me ligou, por volta das 22:20, lá do Mistura e disse que ele, o Estevão Herman e o Jorginho Guinle formaram uma mesa no primeiro set, de atônitos, após uma majestosa primeira sessão, o que os levaria a ficar para o segundo tempo. A eles me uni, minutos mais tarde, ansioso pela apresentação, sem no entanto esconder uma certa apreensão, já que o concerto dado por Carter no Free Jazz de alguns anos atrás foi, a meu sentir, decepcionante.

A formação de órgão, bateria e sax evidentemente induz forte acento de funk jazz e soul jazz, sobre atmosfera blues perene. Seguiram-se "Lover Man", "Garota de Ipanema", "Killer Joe", "Along Came Betty" e "Body and Soul". Tendo como parâmetros virtuosi como Jimmy Smith e Joey de Francesco, revelou-se opaca a participação do organista do grupo, abusando dos clichês do intrumento, como os riffs e trinados, em intervalos simples ou oitavados. O correto e vigoroso baterista completava a seção rítmica, mera figurante para que o leader brilhasse. O problema é que brilho demais, ofusca, incomoda.
Carter, claro, é um young lion do 1º time, dono de técnica apuradíssima, músico que domina todos os saxes, a clarineta e a flauta e que tem, no jeito de improvisar, como modelo, Sonny Rolllins. Abusa das variações na dinâmica, com pianíssimos líricos e geralmente debochados (com olhares marotos para a platéia), alternados a fortíssimos, não raro resvalando para o free. Vez por outra, recorre à respiração circular para alongar notas, em artifício já batido e que não passa de manobra circense. Boa música ? Ouviu-se, claro, ainda mais com a seleção de temas escolhidos. Regularidade ? Esta é uma virtude que lhe falta e, de outra parte, sobra nos grandes jazzmen. Consistência no estilo é o que ele não tem. Não bastam timbres atraentes em cada um dos saxes, é necessário ter uma identidade no som e, principalmente, no modo de tocar, de improvisar. Mais que isso, dentro desta identidade, surpreender o ouvinte, mas dentro do "seu" estilo. O artista que muito cedo chega ao virtuosismo tem dificuldades em consolidar seu estilo, sua "personalidade" musical. Isso tanto no Jazz como na música clássica, aliás. Virtuosismo demais cansa. Música de verdade, entretanto, nunca é demais. Cotação do 2º set de sábado: @@

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